Cenário
Enviado: 31 Jul 2018, 16:23
A Marca de Minsk
A Marca de Minsk é um antigo território que já fazia parte do extinto Reino de Kor Kovith. Seus senhores, os Minsk, são um ramo próximo da extinta família real daquele país. Quando Yuden invadiu a nação os Minsk a princípio lutaram ao lado de seu rei, mas tão logo a derrota parecia mais próxima decidiram render-se e fazer um acordo – no processo convencendo outras famílias importantes. Embora alguns possam ver esta atitude como covardia tal ato salvou os Minsk e seus aliados da aniquilação completa e lhes deu esperança para o futuro.
Alguns membros da família uniram-se à Resistência nas montanhas ao norte, mas o núcleo central permaneceu leal aos Yudenach. Quando a Resistência foi esmagada, anos depois, os sobreviventes puderam contar com a ajuda dos Minsk para escaparem para Zakharov e Deheon através de seu porto. Deste modo deixaram claro que seu apoio ao invasor não era de modo algum motivado por sentimentos sinceros, mas sim por uma sólida paciência na certeza de que “o momento chegaria”.
Sem gastar recursos importantes em lutas inúteis, os Minsk investiram pesadamente em seu próprio domínio. Por conta disso hoje a cidade que também leva o nome do feudo é uma das maiores do país, com cerca de trezentos mil habitantes. Eles mantém o maior porto de Yuden e o Marquês Vladimir Minsk I foi o responsável pelo tratado comercial entre Zakharov e o Exército Com Uma Nação. Não à toa este tratado é chamado Tratado de Minsk, um acordo que já dura séculos.
A Marca é composta por uma grande cidade que também é chamada Minsk e por várias vilas e povoados menores habitados por camponeses. Também há algumas torres que servem de lar a cavaleiros com terras, vassalos dos Marqueses.
Cidade de Minsk
A sede do poder dos Minsk é a cidade que leva seu nome. Minsk é uma das maiores cidades do reino com cerca de trezentos mil habitantes. Destaca-se pelo seu enorme porto fluvial que serve de conexão com o reino de Zakharov – o principal ponto de entrada das armas daquele reino em Yuden. Por conta disso é uma cidade incomum, com um grande número de estrangeiros, não só zakharovianos, mas também de outros lugares. Foi erguida à beira do Rio Iörvaen, sobre um penhasco.
A cidade está organizada em seis Distritos. O maior deles é o Distrito da Planície, lar da maioria dos plebeus – principalmente artesãos e comerciantes. Construído na base da colina, neste distrito há várias estalagens e tavernas de qualidades variáveis, mas que em geral permanecem medianas. Também há alguns templos dedicados a divindades minoritárias como Lena e Thyatis. Também há pequenos templos (pouco mais que capelas) para Tibar e Rhond, o Deus Menor das Armas popular no reino vizinho. Também há grandes templos dedicados aos dois principais deuses do feudo: Khalmyr e Keenn. Entretanto, o templo de Keenn é frequentado principalmente por yudenianos de outras partes do país – o Deus principal dos minskianos é Khalmyr e aqui está o que deve ser o maior templo dedicado a ele em toda Yuden.
O Distrito do Rio é extramuros e aqui está o Porto e o Forte Célia Minsk, sede da milícia local e cadeia. O Forte possui seu próprio porto, fechado por poderosas comportas que só se abrem para saída e entrada de navios de patrulha fluvial que navegam por todo Iörvaen. O Porto por sua vez é agitado com toda sorte de navios mercantes. Também neste distrito estão algumas estalagens mais simples dedicadas aos trabalhadores temporários e estrangeiros em trânsito que não podem – ou não querem – pagar melhores acomodações na Planície. Também há tavernas de baixo calão e bordéis. Não é muito diferente de qualquer porto no continente, exceto pela grande limpeza e asseio que são característicos de toda cidade yudeniana. A milícia patrulha o Porto com o mesmo afinco que faz no resto da cidade.
O Distrito da Colina é uma parte da cidade construída na parte alta, subindo a colina. Este Distrito é habitado pelos cidadãos mais ricos da cidade, principalmente grandes mercadores. Aqui há duas Estalagens de alto gabarito para atender aos viajantes mais refinados, além de um templo dedicado a Khalmyr – o único deus realmente aceito por esta parcela da população mais próxima à família dominante.
Próximo ao pico está o Distrito das Nuvens, chamado assim por sua próximade com o céu (e pela forte neblina que o cobre nos dias mais frios). Aqui está o Castelo Vigia do Poente, a magnífica fortaleza que serve de lar para o Marquês de Minsk e sua família. A fortaleza foi construída com auxílio dos anões de Doherimm em tempos primordiais, bem antes da invasão yudeniana, e traços de sua arquitetura estão por todos os lados. Tudo é grande e sólido, além de ter sido parcialmente escavado diretamente na rocha. Parte do castelo está mesmo dentro da colina, servindo como um refúgio em caso de invasão. Desde sua construção o castelo permanece inexpugnável, não tendo sido invadido mesmo quando o exército yudeniano saqueou a cidade durante a guerra. Ao redor do castelo há várias mansões menores que servem de residência para nobres menores vassalos da família dominante, principalmente cavaleiros com terras.
Por fim é importante falar da Cidade Baixa. Este distrito é na verdade um gueto para os não-humanos viverem. É separada do resto da cidade por uma muralha com um grande portão que serve de ligação. Os habitantes da Cidade Baixa podem viver aqui com relativa liberdade, possuindo inclusive uma milícia própria comandada por humanos mas composta principalmente por nativos. De resto não é muito diferente dos demais distritos, suas ruas são limpas e tudo é bem organizado. Dizem que a Cidade Baixa é apenas um modo dos Minsk mostrarem para Kannilar seu compromentimento com o ideal yudeniano de pureza racial.
A Praia Fluvial não é um distrito em si, mas é como se fosse. Trata-se de uma faixa de areia branca banhada por uma parte mais rasa e tranquila do rio. Este lugar é preferido para banhos e acessível tanto pela Cidade Baixa quanto pela Planície. Os nativos adotam o costume bárbaro de banhar-se no rio nus – para horror dos mais conservadores de Zakharov e outras paragens – e não possuem nenhuma vergonha de seus corpos. De fato, este é um bom lugar para os jovens exibirem-se uns para os outros. Também neste trecho do rio são realizadas competições e treinamentos militares de natação.
Há algumas tavernas aqui para servirem os banhistas, mas o lugar é mais movimentado nos fins de semana. Os minskianos também gostam de se banhar no inverno para provar sua resistência e há uma importante competição de natação nesta época do ano.
O Povo de Minsk
Os habitantes da Marca possuem muito em comum com um yudeniano típico. Há o forte senso de hierarquia militar e cada nativo é um soldado raso em potencial, recebendo treinamento básico com armas e outras particularidades como qualquer recruta de um exército, com alguns indivíduos mais capacitados para posições de sargento ou até baixo oficialato.
Mas há diferenças. O minskiano é mais aberto que a média da população, acostumado com a presença de estrangeiros principalmente por conta do movimentado porto que mantém. Embora não costumem ter relações mais próximas com estrangeiros (à exceção são prostitutas e outros trabalhadores do Porto), tratam-nos com respeito. Mesmo não-humanos são bem-vindos e não encontram aqui a animosidade que esperariam em outras partes de Yuden.
Apesar disso existe segregação. Aqui não serão encontrados mestiços nativos como meio-elfos e meio-orcs e as relações entre humanos e não-humanas é reservada, marcada por respeito mas também impessoalidade. A conduta dos não-humanos na Cidade Baixa, por outro lado, é bem mais aberta e franca e muitos estrangeiros que conhecem melhor a cidade preferem ir até lá para buscar algum diversão. Alguns humanos nativos também “escapolem” durante à noite para “fazer algo diferente” longe das vistas da sociedade.
Os minskianos adotaram o costume zakharoviano de portar armas e todos carregam alguma, mesmo que seja apenas um facão – crianças são acostumadas com armas de brinquedo até se provarem aptas a utilizarem armas verdadeiras com a devida responsabilidade (fato que marca sua passagem à vida adulta).
A religião predominante é o culto a Khalmyr, adorado na região desde a criação da Marca. Keenn é visto como “o deus do invasor” e seus devotos normalmente são “estrangeiros” (pessoas de outras parte de Yuden) ou seus descendentes. Os minskianos de linhagem mais antiga respeitam o Deus da Guerra, mas dão muito mais valor ao Deus da Justiça – que por aqui não é visto como fraco, mas sim como o deus mais importante entre todos. Também existe um culto minoritário à Lena.
Os minskianos preservam o antigo posto de Campeão utilizado pelos bárbaros de outrora. Mas eles não possuem Dançarino de Guerra, pois este serve à Keenn. Ao invés disso têm um Herói da Justiça. O Herói é escolhido após diversos testes que culminam em um torneio entre os candidatos restantes. O vencedor é abençoado por Khalmyr e torna-se o Herói. Esta posição dura enquanto o Herói for apto a mantê-lo. Normalmente ao atingir a velhice perde a benção – mas não o status social e outros benefícios políticos que adquiriu. A Casa Minsk aprecia ter o Herói entre os seus. Quando o Herói é alguém de fora é usual torná-lo parte da família o mais rápido possível, normalmente através de um casamento embora a adoção por parte do Marquês ou Marquesa já tenha sido utilizada. Antes da conquista por Yuden qualquer um poderia receber a chance de tornar-se o Herói, mas atualmente somente humanos nativos podem fazê-lo. Mas ninguém esqueceu dos grandes Heróis não-humanos do passado e eles ainda são lembrados em histórias e canções.
O papel de Campeão não é muito bem visto pelos yudenianos, encarado como uma excentricidade e primitivismo por parte do povo de Minsk. Os marqueses souberam lidar com isto junto à Coroa, garantindo a manutenção da tradição. O Herói, entretanto, tem pouco para fazer. Ele costuma ser visto apenas como um símbolo da antiga Kor Kovith, uma lembrança de seu tempo de liberdade.
Mas existe outra coisa em Minsk que não existe em toda Yuden. A palavra local é “jeitinho”. O jeitinho minskiano é essencialmente dissimulação. Os minskianos nunca perderam sua identidade kovithiana. Eles são kovithianos e não yudenianos e todos os nativos sabem disso. Mas é preciso fingir, é preciso agir como se estivessem plenamente integrados ao reino que os conquistou. Essa lição vem desde os próprios Minsk e espalha-se pela população num misto de cultura e senso militar em que os inferiores seguem o exemplo dos superiores. O minskiano típico vai dizer o que seu ouvinte quer ouvir mesmo que pense diferente. Vai sorrir mesmo quando quer meter uma espada no bucho do interlocutor. E só dirá a verdade àqueles que confiar completamente, só agirá como realmente quer se tiver certeza de que ninguém está olhando ou que não será punido. E vai proteger o segredo do outro, pois os minskianos são muito unidos. Eles olham para o outro lado se um ato não lhes faz mal direta ou indiretamente. Por isso ignoram as escapadas de seus filhos ou vizinhos à Cidade Baixa ou ao Rio, por exemplo.
Por agora os minskianos fingem e esperam pelo dia em que não precisarão fingir mais. O dia em que seus carcereiros serão punidos por seus crimes. O dia em que se vingarão de Yuden.
A Casa de Minsk
Tão antigos quanto a própria Kor Kovith, os Minsk foram fundados por Minsk Kovith, uma cruzada de Khalmyr que conduziu um grupo de colonos para a região que hoje compõe a Marca de Minsk. Ela conseguiu submeter os bárbaros que viviam na região, mas os tratou com justiça e respeito. Deste modo houve uma miscigenação entre os dois grupos e os minskianos surgiram daí.
A cruzada recebeu de seu irmão e rei o título de Marquesa e seu feudo tornou-se a Marca de Minsk. Com ajuda de amigos que ela havia conquistado entre os anões de Doherimm ela construiu a Vigia do Poente para poder vigiar o rio e ter certeza de que nenhuma ameaça viria de Zakharov para seu país.
A Casa de Minsk enfrentou os yudenianos quando estes atacaram o reino, mas o Marquês Vladimir I foi rápido em perceber a derrota iminente quando seu rei foi morto em batalha. Ao invés de jurar lealdade ao herdeiro – uma criança de seis anos – e continuar uma guerra que não podia ser vencida ele capturou a família real, negociou com outros lordes e fez um acordo de rendição com Yuden. O marquês disse aos yudenianos que a família real havia sido morta e apresentou cabeças como prova, mas na verdade entregou somente os resistentes e absorveu os demais dentro da própria família, dando-lhes o nome Minsk. Deste modo a Casa Kovith desapareceu.
Ao marquês e os que a ele se aliaram foi permitida a manutenção de sua posição e privilégios, mas eles tinham que se adequar ao modo dos Yudenach. Assim Vladimir I impôs reformas desagradáveis e conteve rebeliões enquanto esforçava-se para tornar a absorção a Yuden o menos traumática possível. Ele ajudou não-humanos a fugirem e tentou fazer com que os que ficaram fossem o melhor protegidos possível – para isso criou a Cidade Baixa, que recebeu uma sessão de muralha própria justamente para que os habitantes pudessem se proteger caso o pior o ocorresse. Poucas pessoas sabem que os subterrâneos daquele Distrito possuem saídas bem protegidas e que podem permitir à população local fugir caso seja necessário, além de armazéns para estoque de comida e outros bens para cercos longos. Vladimir I inaugurou o “jeitinho minskiano” que seria adotado por todo o povo ao longo das gerações seguintes. Podia não agradar a Khalmyr, mas era o único jeito.
Vladimir também viu alguns de seus parentes e também parte dos Kovith que havia abrigado fugirem para as Montanhas Kovith iniciar a Resistência. Ele sabia que não daria certo e quando os sobreviventes retornaram ele os embarcou rapidamente para Zakharov e Deheon. Foi seu último grande ato antes de falecer e sua memória causa sentimentos contraditórios – alguns o veem como entreguista, mas outros o consideram um homem sábio que agiu da melhor forma possível diante de uma situação extremamente difícil. Para seus descendentes, Vladimir I foi um grande homem e eles buscam honrá-lo mantendo seus modos e lições de governo que transmitiu. Não à toa houveram tantos homens com o nome Vladimir na família desde então.
A Casa de Minsk busca manter a “pureza” ao casar seus membros somente com outras famílias nobres da Antiga Kor Kovith. Às vezes eles abrem exceções e criam laços com clãs “do invasor”, mas são muito raros.
O atual chefe da família é Klaus Minsk III. Um nobre e guerreiro respeitado, mas principalmente um conhecido diplomata e hábil negociador, Klaus é responsável por uma onda de prosperidade que há no domínio e também por ter mantido o Príncipe Mitkov longe de suas terras durante anos. Ele é um vigoroso apoiador de Shivara Sharpblade, mas sabe que a roda do poder gira e consegue “navegar” bem entre outras facções – inclusive os Puristas (que em segredo detesta). Mantém um verdadeiro aliado e amigo na figura de Dhurs Hasttenfar e seus Soldados da Justiça possuem uma base na cidade e franco acesso ao Castelo, além de terem nos Minsk um grande financiador. Alguns membros da família fazem parte da organização.
Ele é casado com Olívia Minsk, egressa de uma família kovithiana do extremo norte, além das Montanhas Kovith. Como seu marido, Olívia é devota de Khalmyr e uma espadachim talentosa.
O casal possui quatro filhos. O mais velho é Vladimir XI, jovem de vinte anos e herdeiro. Em seguida vem sua irmã, Catarina, que aos 18 serve como sacerdotisa de Khalmyr e inicia carreira como magistrada. O terceiro, Illya, é um jovem de doze anos com um temperamento difícil e uma conduta que mais o aproxima dos yudenianos típicos (chamados “invasores” pelas costas) e traz preocupação aos pais. Em seguida vem Célia IV, um bebê de apenas dois anos de idade.
Lorde Klaus e Lady Olívia
A História de Minsk
Vladimir Minsk XI
KOR KOVITH
Kor Kovith foi fundada por nobres de quatro casas menores que optaram por continuar viajando ao invés de fixar-se ao redor da estátua de Valkaria. Chegando à região tiveram conflitos com os nativos e muitos problemas, mas a situação resolveu-se melhor do que em outros lugares. No fim os colonos uniram-se aos nativos e o reino foi batizado com o nome nativo de Kor Kovith, cujo significado se perdeu. A família reinante, originada de um casamento entre um príncipe lamnorense e uma princesa nativa, adotou o sobrenome das montanhas: Kovith. Sua capital foi erguida aos pés das Montanhas Kovith.
MINSK KOVITH
Minsk Kovith foi uma das filhas do casal original. Liderou um grupo de colonos até a sudoeste do país, às margens do Rio Iörvaen. Ali a paladina de Khalmyr ergueu um castelo, o Vigia do Poente, e construiu um porto – teve auxílio de anões de Doherimm com que havia feito amizade durante sua juventude como aventureira. Deste modo ambas os complexos carregam traços anões, como uma estrutura sólida e imponente. Outras construções posteriores, como o Templo de Khalmyr, seguiram-lhe o exemplo. Inclusive durante muito tempo houve uma estátua anã de Khalmyr em uma capela dentro do Templo – ela foi retirada com a conquista yudeniana e hoje está desaparecida. Há quem diga que a estátua possui poderes únicos legados pelo Deus da Justiça, mas muitos suspeitam ser apenas uma lenda.
A influência anã se faz sentir até os dias de hoje, com estruturas que são erguidas seguindo o mesmo espírito, com ruas amplas e prédios grandiosos (pequenas casas construídas por particulares ficam “apertadas” entre estas estruturas enquanto tentam imitá-las de algum modo).