Romance: Fallout - Além da Vault 42

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Antonywillians
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Romance: Fallout - Além da Vault 42

Mensagem por Antonywillians » 28 Fev 2017, 16:20


____FALLOUT____
..Além do Vault 42..



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Sinopse: O ano é 2290, mais de dois séculos desde a Grande Guerra que levou ao fim do mundo. O grupo é formado por habitantes do abrigo subterrâneo Vault 42, onde vivem uma tradição militar quase religiosa, com os moradores comuns servindo entre si em uma feliz comunidade que teme os perigos além das Terras Devastadas do antigo Estado de Nova York.

O Vault possui uma hierarquia bem definida, onde o Supervisor é quase considerado uma entidade divina, que nunca foi visto, só conhecido como Presidente John Henry, e fala por alto falantes onisciente e onipresente a todos os habitantes os ajudando e confortando no dia-a-dia. Os militares são compostos por uma rede que começa desde a milícia do Vault que mantém a ordem, até os chamados Plasma Keepers, que trajam Power Armors X-01 MK II e armas de plasma, guardando o desenvolvimento de novas tecnologias em que os habitantes mais hábeis trabalham e o próprio supervisor.

A história começa quando é realizada a cerimônia de abertura do Vault em que um grupo de habitantes especializados será enviado a campo para explorar a região próxima atrás do cientista Dr. Patrick Comarc que teria ido comprar algumas peças nas proximidades.

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Prólogo


“Why does the sun go on shining?
Why does the sea rush to shore?
Don’t they know it’s the end of the world
‘Cause you don’t love me anymore?

Why do the birds go on singing?
Why does the stars glow above?
Don’t they know it’s the end of the world?
It ended when I lost your love.

I wake up in the morning and I wonder
Why everything’s the same as it was
I can’t understand, no, I can’t understand
How life goes on the way it does”


O alarme do meio dia então soava estridente, rompendo o ritmo da alegre música de um mundo há muito distante que tocava em seu Pip-Boy, aparelho no braço em forma de um bracelete com botões e tela, como um computador portátil. Debruçada mais uma vez em sua escrivaninha para ler um grande livro sobre as mais avançadas tecnologias descobertas recentemente, a moça de aspecto bem cuidado, cabelo ruivo preso em coque, e de olhar terno esticou o braço para parar o escândalo do pequeno relógio seguido de desligar a rádio.

Cassandra Falcon não tinha muito mais tempo sobrando. Logo que guardou o livro de “Tecnologias Pós-Guerra”, se adiantou pelo quarto trocando seu macacão azul daquele dia, guardando nos bolsos alguns cigarros Black Tortoise que conseguia esgueirar para longe da vigília dos guardas e colocando seu revolver na cintura. Penteava seu cabelo vermelho como fogo com o cuidado de deixa-lo ondulado e com uma mecha a frente, até que percebeu estar se demorando muito. Naquele dia, deveria atender ao chamado do anuncio de uma missão muito importante para o supervisor da Vault, o Sagrado Presidente John Henry Eden II, a entidade jamais vista pessoalmente pelos olhos mortais e que zelava onisciente e onipresente por todos ali através das inúmeras câmeras e auto-falantes pelos quais se manifestava.
A ruiva assim que terminou, prendeu alguns cintos de algibeiras e se retirou de seu quarto trancando a porta para que os vizinhos dos demais alojamentos não fuxicassem suas coisas enquanto estivesse fora.

- Mas o qu…

Seus passos foram interrompidos bruscamente quando deu de encontrão com a placa de metal escuro da armadura pesada que ELES sempre andavam e foi ao chão com peso.

- Mald… Oh, desculpe! Não era minha intenção esbarrar em você!

Cassandra Falcon logo se desculpou enquanto se apoiava na parede para se levantar segurando o ombro que latejava. A coisa a olhou com uma espécie de silêncio desdenhoso. Seu elmo era na forma do que parecia a expressão de uma grande mosca mecânica com tubos que entravam pela nuca, a própria armadura lhe dava um aspecto sobre-humano com uma robustez metálica e quase dois metros de altura. A jovem sabia que não devia se meter com eles.

Plasma Keepers, os guardiões sagrados com armas que cuspiam plasma capaz de derreter o mais resistente metal, era como passaram a ser chamados quando há menos de uma década chegaram na Vault. Portando suas armaduras power armor, um módulo protetor que lhe reveste todo o corpo, deixando até mais robusto e maior que um humano, com a força de dez homens e a resistência de um tanque. Algo raro, que vinha da época das poderosas tecnologias da Grande Guerra. Entraram pela passagem da Vault como que em procissão e foram aceitos de imediato pelo divino presidente John Henry como que se fossem convocados por ele, sendo que hoje serviam como seu paladino, patrulhando os corredores, supervisionando com altivez os habitantes e as fabricações de armas das oficinas de andares inferiores e sempre se mantendo distante de nossa gente. Se não fosse os médicos, poderíamos até imaginar que eram feitos de máquina, tendo inclusive alojamentos próprios em que não se misturavam.


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“Oh, tome mais cuidado, senhorita Falcon!”, a voz simpática e macia veio de um alto-falante próximo, de maneira que a ruiva chegou a sentir um arrepio. Era ele… O deus “Venha! O anunciamento está quase começando! Ah sim, por favor não fume nas dependências públicas, sabe que pode incomodar os demais colegas e lhe faz mal a saúde! Hahah”

Cassandra de pronto ajeitou o cabelo e a roupa lembrando que sempre era observada pela entidade que guardava a Vault. Por instinto até procurou onde estava seu maço de black tortoise.

- Sim, excelentíssimo! Desculpe, já estou chegando.

“E senhorita Falcon, por favor passe no laboratório do Doutor Knighten… Não estou conseguindo convoca-lo. Salve à América!”

- Sim, senhor! Salve!

E ouviu o zunido do final da ligação. Logo apressou o passo.

- - - - -

A Vault 42 era um mundo. Forjada pela melhor tecnologia pré-guerra, tinha um número incrível de aposentos, câmaras, corredores e elevadores. Todos resfriados com um sistema próprio para uma boa qualidade da respiração humana e pra alimentação dos grandes armazéns subterrâneos em que ficavam toda a comida e máquinas que desde séculos produziam o alimento diário. Seus corredores eram vastos, com tetos altos dando para halls com até três andares que circundavam pelas paredes com muretas e um espaço aberto. Mesmo estando há muitos quilômetros abaixo do chão sob os bosques que circundam o Lago Burden, o local era bem acolhedor.

Os corredores subterrâneos de laboratórios já eram mais apertados, e escuros, coisa dos cientistas com sua mania mais introvertida, preferindo pequenos espaços e pouca circulação para manter a concentração. Havia um número considerável de escritórios, oficinas e áreas de pesquisa, dos mais variados assuntos, alguns estudavam sobre novas bactérias e vírus, outros venenos, alguns até serviam para recolher informações em grandes discos sobre as condições do mundo além do portão do Vault, mas o que tinha em maior número sem dúvidas eram os de desenvolvimento de novas tecnologias, fosse de melhores computadores portáteis Pip-boy ou armamentos, este último com especialidades trazidas pelos Plasma Keepers.

- Cabelos de fogo!! Não a esperava por aqui hoje – a voz sorrateira e arrastada com todo o peso de sonos mal dormidos trazendo o apelido que muitas vezes a senhorita Falcon ouvira revelava a voz da Senhora Christie, uma senhorinha até muito bem conservada que hoje gerenciava os arquivos da Vault e conhecia grande parte de seus maiores segredos muito bem guardados em algum de seus vários disquetes colecionados em sua biblioteca digital – Eu e o Senhor Rowling iremos logo logo para o chamado do Presidente! Não se atrase querida!

- Obrigada, não me atrasarei… Ao contrário do Dr. Knighten!

A senhora continuou andando meio curvada sobre uma caixa cheia de papeladas enquanto ria.

- Ah sim, esse jovem virou duas noites novamente!

Cassandra gostava muito da Srª Christie, era uma das mais simpáticas em todo o lugar, que fugia ao regimento militar pregado na Vault sendo mais preocupada em ser caridosa do que obedecer todas as ordens, ainda que isso criasse um mal boato de fofoqueira e conspiradora.
A porta do escritório não estava mais tão longe, e nela já havia alguém batendo incessantemente. Marie Marvingt, irmã de Knighten, não de sangue, mas adotiva… e que odiava Cassandra desde a infância. Ela socava a porta metálica sem parar chamando pelo nome do irmão.

- Ah não! Agora essa?! Rubra saia daqui que eu quem irei tirá-lo dali.

Cassandra ignorou o pedido e fez um sorriso irônico enquanto retirava um prendedor de cabelo do bolso e o entortava para ficar reto.

- Vocês e seus apelidos por causa do meu cabelo! Bem que podiam me chamar pelo nome – zombou de Marie que irritava batia o pé e tentava lhe impedir de chegar na porta.

- Difícil quando se fica mostrando toda hora com esse cabelo esquisito em nossa Vault! Papai diz sempre que nem seus pais tinham esse cabelo quand…

Cassandra visivelmente se irritou, ou melhor, fisicamente como Marie pode sentir quando um soco atingiu seu maxilar dolorosamente. A luva na mão da ruiva ficou um pouco manchada de sangue, mas parecia mais satisfeita.

- Nunca… Fale… DELES!

Calada, Marie se escorou na parede fria assustada com a reação, e sabia ter ido um pouco além demais da linha da paciência que Cassandra tinha. Observou-a enquanto irritada procurava a fechadura e destrancava arrombando-a manual, sabendo que Kinghten sempre esquecia de trancar com senha. Alguns minutos, e impaciente Marie já se preparava para falar da demora até sentir a dor do soco e preferir ficar calada.
A porta automática soltou um trinco e logo Cassandra passou a mão por baixo dela, erguendo com peso até a metade.

- Não fique parada! Me ajude!

Marie contrariada ajudou e conseguiram levantar até que ficasse presa no alto do arco de passagem. No interior do laboratório vários papéis cheios de anotações e projetos se espalhavam para todo lado misturados com inúmeros fios e placas de metal ou mesmo partes de robôs em conserto. Era uma verdadeira algazarra, onde em meio àquilo tudo, deitado sobre uma escrivaninha estava Dr Michel Knighten roncando com sua barba por fazer e os ouvidos cobertos por um aparelho esquisito que era interligado por um fio ao Pip-boy pessoal. Um barulho veio dos metais entulhados, logo Cassandra com seu instinto militar se colocou diante de Marie e sacou seu revolver apontando para o vulto que emergia do lago de projetos e sucata. Aos poucos tomava a forma de um globo com três extensões como olhos e diversos braços metálicos que saiam debaixo de si enquanto flutuava com uma chama que lhe permitia suspender no ar: era um Mr. Handy, um robô domestico que servia ao Vault das mais diversas maneiras, fazendo sua proteção, manutenção e auxílio aos habitantes.

“Oh-hoh! Lady Cassandra, por favor não atire!”, o robô emitiu sua voz com ascendência de leve sotaque britânico, “Estava apenas aguardando meu senhor despertar”

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- Não nos dê um susto desses! – bradou Marie jogando uma peça de metal próxima no robô que balançou em pleno ar. Cassandra lhe olhou com reprovação.

- Sem problemas, Pennyworth! Porém estamos atrasados. Desculpe, mas vou acordá-lo!

Rápido como sempre foi com seus movimentos, Cassandra esticou a perna e puxou a cadeira de rodinhas do doutor, o deixando se estabacar no chão enquanto acordava assustado e engasgando.

“Oh, senhor! Estás bem!?”, o Pennyworth rapidamente se aproximou e ajudou seu senhor a levantar.

- Seu… Seu… - Marie tentou insultá-lo, mas nem encontrava palavras – Sabe o que acontecerá se papai souber que nos atrasamos para o anúncio do presidente??

Dr Knighten ainda estava zonzo. Apesar do título, era até mais novo que as duas, trazia os cabelos castanhos encaracolados todo desgrenhados e os olhos vermelhos de noites ruins de sono por trás de óculos remendados. Cassandra inegavelmente tinha uma queda pelo rapaz desde a infância. Apesar da idade, ele tinha seu respeito na Vault como mestre da informática, capaz de consertar e explorar qualquer coisa digital. Cassandra tinha muita simpatia por ele, pois assim como tal perdera os pais desde cedo, os seus haviam abandonado a Vault e a deixado sozinha ainda em berço quando nascera, já ele viu os pais cometerem um perverso crime tentando hackear a própria Vault e espalhar boatos ruins sobre as ações do presidente, tendo sido banidos para fora da Vault para sempre até ser adotado pela família de Marvingt. Assim que tomou noção da realidade, as cumprimentou como sempre ensinaram, batendo os calcanhares e prestando continência.

- Desculpem, senhoritas! Estive preso em meu mais recente trabalho! Descobri que há outras rádios para além de nossa morada, no mundo da superfície e além de tentar acessá-las, estou terminando um projeto! Terminarei em poucos dias o protótipo de Eyebot ED-E 756. E sem cont…

Marie pegou pelo braço e começou a puxar interrompendo sua inspiração em falar das criações.

- Tá, já entendemos! Vamos!

Cassandra pegou a pistola do doutor em cima da mesa e o entregou enquanto saíam pelo corredor, aos sons das reclamações de Pennyworth que começava a arrumar toda a oficina.

- Não esqueça sua pistola, Knighten! Se verem que não a está levando a um encontro cerimonial poderá ter que explicar muita coisa para o presidente! – sorriu para o doutor.

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O atrium já estava lotado. Todos se misturavam civilizadamente sentando em cadeiras dispostas em todos os pontos do salão, diante do altar onde a cima podiam ver a pequena janela circular de vidro esfumaçado em que a figura embaçada do supervisor, o próprio Presidente John Henry Eden II deixava aparecer sua silhueta de um homem alto sempre com as mãos atrás das costas. Cassandra ficava impressionada com a possibilidade de quase o ver, assim como logo a cima, a abóbada do atrium trazia uma grande pintura representando um céu azul de nuvens onde as lâmpadas iluminavam similar ao que diziam ser o sol. Nascera na Vault e nunca sequer chegou perto dos grandes portões, mas sempre imaginava como eram os céus.

Não era permitido a ninguém da Vault ver o próprio presidente pessoalmente, apenas os Plasma Keepers tinham acesso a sua sala, o que é algo que todos sempre comentavam, pois o Presidente tinha a mesma voz e os mesmos maneirismos há séculos, ao menos desde pouco antes de 2077, quando o grande portão se fechou para a catástrofe que viria da guerra. Primeiro veio o som do hino em que todos escutaram com altivez batendo continência e apresentando as armas, de pistolas até fuzis, sendo que os Plasma Keepers, espalhados pelo atrium permaneciam imóveis como robôs. Cassandra estava curiosa, havia poucos motivos que o presidente convocava as pessoas para um anúncio: escassez de recursos, punição de banimento sobre habitantes criminosos, dias festivos ou quando escolhia com quem algum jovem casaria. Apreensiva, trocou olhares com Dr Knighten.

“Caros habitantes da Vault 42! Sejam bem vindos a essa reunião”, a voz começou a sair por diversos alto-falantes nas paredes, o presidente falava, “Desculpe retirá-los mais uma vez de seus afazeres diários. Há quase dois séculos atrás, os homens em guerra atiraram uns contra os outros e uma grande ameaça se abateu sobre nós! Armas nucleares caíram por toda a América no final da Grande Guerra, devastando as terras, queimando nossos recursos e acabando com toda nossa glória”, o presidente agora andava de um lado para o outro pensativo por trás do vidro, “A Vault 42 foi construída para guardar apenas os melhores! Os melhores oficiais e especialistas do exército americano! Vocês foram treinados por gerações em táticas de combate, tiro, espionagem. Lhes foram dadas as melhores armas que pudemos fabricar e a melhor doutrina que poderiam se disciplinar! São soldados perfeitos, o máximo da América para um dia quando eu puder presidir a Casa Branca, serem meus guarda-costas, ouvidos e força de paz sobre essas terras! E infelizmente uma nova desgraça caiu sobre nós!”

O presidente parecia ter mudado para um tom mais sério. Marie e Knighten sussurravam o que poderia ser, mesmo a frente onde estava Dr. Dwight começou a cochichar com eles algumas questões.

- Dizem… Que o Dr. Patrick Cormac desapareceu há dias além do Grande Portão!

Cassandra arregalou o olho surpresa, esse era o chefe da divisão de estudos de armamento a laser que raramente saía dos andares mais inferiores da Vault onde faziam experimentos. Raramente um cientista de seu porte sairia para além do mundo subterrâneo.

“Nosso querido patriota Doutor Patrick Cormac, em necessidade de examinar pessoalmente novas peças para seus projetos deixou-nos junto a uma caravana de nossos negociadores que vão até regiões próximas nas terras desoladas para comercializar. Entretanto, não tivemos mais notícias! Por isso hoje declararei a necessidade que alguém vá e investigue! Meus paladinos estão em missão sagrada e a maioria tem já seus afazeres na Vault! Portanto escolhi dentre vocês uma pessoa que tem tempo mais livre e melhor competência! Por favor se levante senhor…”

Pareceu que todos os habitantes gelaram diante do anuncio. A ideia de passar pelo Grande Portão, enfrentar o mundo devastado que era contado nos livros de relatos de negociadores era algo incrivelmente aterrador. Seria mesmo que por instantes abandonar a segurança subterrânea e todo convívio.

“Senhor… Senhorita Marie Félicie Elisabeth Marvingt! Suas habilidades médicas natas de família será de grande ajuda quando encontrar nosso querido patriota!”

O anuncio do nome foi como um novo soco nela. Sua boca já cortada pelo golpe de Cassandra estava boquiaberta sem acreditar, a mesma chegou a cair sentada em sua cadeira. Logo seu irmão adotivo e pais correram para acudi-la.

- M-mas eu… eu nem sei portar uma arma direito… C-como poderia sair? – dizia em lágrimas.

A ruiva não soube como reagir, e como que por impulso ergueu a mão.

“Sim, senhorita Cassandra?”

- Senhor, excelentíssimo! Me permita acompanha-la. Conforme o Manual Guia de Sobrevivência nas Terras Devastadas, se não sabe usar uma arma direito seu fim é certo!
Houve um burburinho dos moradores. A velha senhora Christie parecia incrédula, assim como o irmão de Marie. Knighten pensou em levantar a mão, mas o medo o paralisou, chegava a tremer de nervoso. Após um breve silêncio do presidente, este pareceu examinar o atrium de sua saleta, no alto, através do vidro.

“Muito bem, senhorita Cassandra! Ainda que sua presença ainda seja de suma importância na patrulha dos corredores e manutenção da ordem como miliciana, permitirei que acompanhe a senhorita Marie em sua missão. Amanhã pelo horário do amanhecer, se apresentem nos andares superiores, ante ao Grande Portão. Lhes darei suprimentos e munição, além de um holodisco que ajuda a descrever a missão. Estão todos dispensados! Salve à América!”

A voz então sumiu e a multidão ainda em tumulto com a novidade aos poucos se dispersava. Cassandra podia não gostar de Marie, mas não era sem coração. Aproximou dela e de seus pais colocando a mão em seu ombro. Seu coração pulsava forte, tinha certeza que foi impulso e não devia ter se proposto a tal.

- Porque fez isso, Rubra!? Porque!? – Marie ainda incrédula estava em lágrimas que borravam sua maquiagem e molhavam o vestido engomado e cabelos louros que lhe caíam sobre o rosto.

Cassandra não tinha alguma resposta, que não fosse ter sido fruto de uma impulsividade. Michel Knighten a abraçou em um misto de feliz e triste, estava intensamente arrependido de não ter se proposto a ir.

- Ruiva, irei reprogramar seu Pip-boy, me entregue e farei essa noite toda! Ele será o melhor que podemos realizar! Muito obrigado por cuidar de minha irmã… Mas realmente, porque se propôs?

De olhar confuso, Cassandra só pôde pensar que aquela podia ser a última vez que se veriam, e como que novamente levada pelas chamas do momento lhe beijou os lábios sob os olhos estupefatos de Marie e dos pais.

- Ahm… Na verdade, tem coisas que preciso descobrir lá fora!

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O Grande Portão era um maquinário monstruoso. Seu formato era de uma grande engrenagem de metal maciço que nem uma bomba seria capaz de perfurar, e para se abrir, o maquinário complexo fazia um barulho alto como o urro de um gigante. No dia seguinte, Marie estava ainda muito mexida, segurando o choro para não borrar a maquiagem e usando seu macacão da Vault 42 cheio de algibeiras com medicamentos, enquanto Cassandra trazia uma mochila com tudo que conseguiu reunir de seu quarto.

A família Marvingt estava toda reunida, mesmo o filho adotivo, que ainda trazia em seus lábios o sabor do beijo de senhorita Falcon, por quem sempre trouxera um sentimento quente e que se acovardava de revelar, como quase tudo em sua vida que era regido pelo receio. Cassandra estava de cabelo amarrado em um coque feito minuciosamente, trazia suas algibeiras com munição e segurava o holodisco que tinha o mapa da região. Quando os operadores deram o último sinal, o Grande Portão da Vault 42 começou a soltar vapor e se abrir girando como uma grande roldana. Para além havia ainda um túnel iluminado que seguiria até a saída. Uma luz quente e intensa vinda de uma saída no distante logo ía tomando a antecâmara, assim como um calor esquisito que lhes cerrava os dentes e ardia só de abrir o olho. Marie não aguentou e chorou olhando para seus familiares como que implorando para não ter que ir, já Cassandra pegou um Black Tortoise e acendeu com um isqueiro, dando uma tragada enquanto o mundo se abria a sua frente.

- Cassandra!! Por favor, volte logo… - disse Knighten bradando com força enquanto um Plasma Keeper se colocou no caminho do mesmo para não se aproximar das duas habitantes que estavam saindo.

- Não se preocupe, voltarei assim que puder! – E com uma piscada deu seus passos atravessando para além do portão que em seguida começou a se fechar em um ruído de engrenagens antigas até com um último estrondo trancá-las do lado de fora – Bem vinda, Marie, a América dos sonh… Mas o que diabos é aquilo??


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Editado pela última vez por Antonywillians em 29 Mar 2017, 23:01, em um total de 1 vez.


ASS: ANTONYWILLIANS, O MAIOR ESPADACHIM DE ARTON


TÓPICO CENTRAL DOS CONTOS DE ANTONYWILLIANS

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Galahad
Mensagens: 1961
Registrado em: 09 Dez 2013, 18:33

Re: Romance: Fallout - Além da Vault 42

Mensagem por Galahad » 28 Fev 2017, 20:32

Bom ver seus contos voltando, Antony. Conheço pouco de Fallout, o que conheço é por conta de comentário de amigos e vídeos que vi YT, mas gostei, lembra o clima que vi em gameplays dele.

RodolphoDoInstituto
Mensagens: 1
Registrado em: 02 Mar 2017, 19:35

Re: Romance: Fallout - Além da Vault 42

Mensagem por RodolphoDoInstituto » 02 Mar 2017, 19:38

Muito bom cara , estavam doido por um livro sobre Fallout , e sua fanfic matou um pouco dá minha vontade !!!
O mundo pós apocalíptico d Fallout pode gerar muitas histórias boass

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Paul Teller
Mensagens: 1
Registrado em: 04 Mar 2017, 02:50

Re: Romance: Fallout - Além da Vault 42

Mensagem por Paul Teller » 04 Mar 2017, 02:52

Bem legal, esperando a continuação para ver como são as wastelands

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Antonywillians
Mensagens: 183
Registrado em: 11 Dez 2013, 19:12

Re: Romance: Fallout - Além da Vault 42

Mensagem por Antonywillians » 29 Mar 2017, 23:12

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CAPÍTULO I: CRAWL OUT THROUGH THE FALLOUT

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Calor. Não como aquele que era causado por defeito na refrigeração das máquinas de ar condensado que preservavam todos os aposentos da Vault, levando todos a suarem e se abanarem. O que lhes chegava a pele, incomodando os dentes e ardendo olhos e bocas, era uma espécie de calor nunca antes sentido que causou uma estranheza não agradável e nem parecia fazer qualquer suor ser transpirado. Uma forte onda de radiação em forma de vento carregando terra lhes envolvia em um abraço mórbido, vindo da direção da saída desse pequeno túnel em que estavam, levando a um cenário que Cassandra e Marie não podiam sequer acreditar.

Azul, vasto e imponente era como conheciam o céu. Os livros o retratavam como algo jamais visto, com proporções colossais, enfeitado pela manhã com nuvens pinceladas onde pássaros dançavam entre elas cantarolando até a chegada do manto noturno com a escuridão e muitos pequenos brilhos cintilando estrelas majestosas como representava o holograma no teto do salão comunal do abrigo. Entretanto, elas não estavam preparadas para aquilo com certeza.

Caminhando pelo túnel contra a corrente de vento radioativo que lhes corroía a pele, percebiam várias flâmulas e cartazes rasgados, desbotados ou mesmo caídos do que parecia ter sido há gerações um grande festival na entrada do Vault. Havia cartazes de boas vindas, imagens de figuras em armaduras reforçadas Power Armor e de pessoas felizes indo para o portão-engrenagem, além de representações sem muita clareza de um homem de terno e cabelos loiros como acreditavam ser o Presidente Edén. A luz do sol ajudava no calor e criava uma iluminação que seus olhos não estavam acostumados. Ainda se acostumando em meio as lágrimas que escorriam diante da dor da luz intensa, aos poucos o mundo além da caverna foi tomando forma… E não era o que esperavam.

Marie e Cassandra repentinamente perderam o equilíbrio e caíram ao chão. A visão do céu realmente era vasta e surpreendente, como um grande buraco, nunca estariam preparadas para aquilo, muito menos porque o gigante de belezas desenhadas em seus livros desde a infância, agora era um colosso horrendo. As nuvens pareciam tristes, cinzentas, envolta de um sol ameaçador com o azul celestial corrompido por um esverdeado temeroso que escurecia a tonalidade quanto mais seguia para o sul.

- Então foi… Isso que aconteceu!? – Cassandra conseguia falar mais nada além de um sussurro de surpresa e horror. Seu mundo além do Vault repleto de histórias e maravilhas era decadente, podre e ardia impiedoso a cada respiração.

Se apoiando uma na outra, buscaram ficar de pé apesar do enjoo que lhes embrulhava o estomago completamente após terem uma vida subterrânea se escancarando para uma vastidão infinita como uma vertigem que parecia as puxar para cima. Quando conseguiram se recompor um pouco ergueram os rostos com medo da visão daquele horizonte, Cassandra ainda estava mal acostumada com as cores embaçadas em sua visão tendo que forçar a visão que revelava uma paisagem decrépita.



O abrigo Vault 42 ficava no extremo leste das antigas terras antes conhecidas como Estados Unidos da América, no famoso estado de Nova York perto de sua capital Albânia, erguida além do Rio Hudson. Um local conhecido não só por sua grande influência tecnológica no Pré-Guerra, como pela sua belíssima geografia de matas e planícies com poucas colinas entrecortadas por rios e lagos, a exemplo do grandioso Lago Burden.

As fotos de época e descrições, contudo, nunca revelariam aquilo que presenciavam. A terra estava morta, como que em um tom acinzentado de um cadáver, com poucas árvores retorcidas e enegrecidas que mal se podia dizer estarem vivas ou mortas, com aspecto carbonizado mas ainda paradas sem muita folhagem. Não havia mato nem arbusto, só terra poeirenta e rochas com relevos desconexos elevados ou afundados como se todo o chão da região tivesse sido revolvido – e bom, de certa forma foi mesmo.

- Ca-Cassandra… - Marie choramingou abraçando o próprio busto perdida em meio ao desespero – E-e-eu não quero ir… Temos que v-voltar!

A ruiva olhava aquilo tudo incrédula sem poder acreditar nos próprios olhos, pois mesmo que tivesse lido nos mais antigos livros e arquivos do abrigo, nada lhe dizia de um terror tão vasto. Marie chorou ainda mais alto, e como reação só conseguiu dar-lhe um tapa forte na bochecha que deixou uma grande marca vermelha antes de segurá-la pelos pulsos e olhar com um misto de raiva e confusão.

- Cala a boca sua inútil! VOLTAR NÃO É MAIS UMA OPÇÃO!!!.

A ruiva bradou alto franzindo a testa tanto que chegou a perceber que estava tão descontrolada quanto. Buscando retomar o controle soltou Marie que voltou a desabar sem chão e choramingando baixo. Cassandra jogou o cigarro fora já que com aquele ar ruim lhe dava um gosto ruim de afta na boca ao invés do sabor normal de tabaco.

- Desculpe, Marie. Estou tão apavorada quanto… Eu esperava tudo menos, bem… Isso aqui – refletiu um pouco, acendeu um novo cigarro e olhou envolta sem muita esperança, até reparar que parcialmente enterrado nos escombros do mundo era possível discernir um asfalto como que de uma rodovia – Vamos seguir essa estrada! Para o sul deve ficar o lago Burden que aparece no mapa do meu Pip-Boy, mas o céu para lá é esquisito… Verde e com nuvens de raios estranhas. Maldição parece até que quando olho para aquela massa verde o ar vem ainda mais carregado! Sigamos para o norte.

- N-não… - Marie soluçava em negação abraçada a uma pedra escura.

- Marie… Nosso povo depende de nós! – agora mais calma, Cassandra tentou lhe confortar, limpando suas lágrimas e a ajudando a se levantar – O Presidente precisa de nós!

Marie então mudou sua feição para raiva e indignação.

- Você nem pensa na porcaria da Vault, sua cabelo de fogo escrota! – apontava para Cassandra que ficou surpresa e sem reação – Sempre quis sair e encontrar suas respostas… É APENAS UMA EGOÍST…

Marie parou de gritar imediatamente esperando o novo soco que Cassandra preparava. A ruiva e a jovem Marvingt se irritavam muito fácil uma com a outra, talvez por ironia divina o Presidente achou uma boa ideia saírem juntas. Seja como fosse sabiam que se continuassem discutindo chegariam a lugar nenhum, e precisavam se controlar. Um mundo em decadência tende apenas a trazer um desastre quando não há em quem apoiar.

- Só vai na frente, Rubra. Não sou muito boa com armas, talvez você sirva ao menos para atirar se algum bandido vier.

Marie tentava se recompor, cambaleando um pouco tonta com tanto espaço depois de uma vida em túneis e galerias, algo que mesmo Cassandra estava se acostumando a ideia ainda. Sem replicar a provocação, a ruiva pegou sua pistola, examinou a munição e seguiu a frente com a mão no coldre.

* * *

2077 foi o ano que marcou o fim de tudo. Cassandra Falcon e Marie Marvingt não eram nenhuma especialista em história dos povos pré-guerra, todavia, todos na Vault ouviram as histórias de o que acontecera na superfície. Os pesquisadores da cultura tecnológica pré-guerra, liderados pela Senhora Christie, sempre contavam a história como a ganância humana era capaz de destruir uma grande nação.

O mundo se modernizara, de maneira que cada vez mais precisavam de mais e mais recursos combustíveis para poder fazer suas industrias e mercados funcionarem, fosse para alimentar as máquinas ou para servir de meio de locomoção às grandes elites do passado. Quando seu principal combustível entrou em crise, o petróleo, todos foram levados a guerras incessantes que findaram com o que restava do próprio recurso pelo qual reclamavam, passando a recorrer à energia nuclear. Os Estados Unidos possuíam a tecnologia nuclear muito a frente, sendo capazes de produzir mesmo pequenas cápsulas de fusão possíveis de movimentar carros, máquinas de lavar, robôs domésticos, energizar rapidamente cidades e mesmo armaduras reforçadas Power Armor para seu exército. A vida passou a girar envolta da energia nuclear que com os avanços levou aos poucos ao barateamento rápido da fonte de energia, e da mesma maneira, das armas atômicas.

Cassandra Falcon já experimentara atirar com diversas armas nos andares de treinamento de tiro da Vault 42, entretanto, apenas os portadores de armaduras reforçadas tinham permissão de treinar com o uso da melhor arma que ela já vira: O Fatman, uma espécie de lançador balístico de projéteis compostos por pequenas ogivas que são capazes de explodir um prédio inteiro sem devastar toda a cidade. Os EUA na época usaram todo seu poderio nuclear e recursos que adquiriram vendendo a tecnologia pelo mundo e acabaram dominando a economia mundial e territórios próximos, como o Canadá. Quando seus maiores rivais, os Chineses de ideais comunistas sempre caçados pelos ianques, atacaram o Alaska, o mundo todo estava esperando por um desfecho drástico. Lá ficava Anchorage, uma cidadela mecanizada que controlava os últimos recursos de combustível fóssil restante no mundo além de produzirem inúmeras aberrações mecânicas para a guerra, e quando o local foi retomado todos temiam a represália chinesa.

Durante um breve momento de paz diversos bunkers e abrigos subterrâneos terminaram de serem escavados, sendo que o Vault 42 foi um deles, um projeto da Corporações Vault-Tec, que tinha como objetivo em caso de uma guerra nuclear ser capaz de salvar seu povo americano. Dez anos de intensas batalhas, invasões e espionagens, até que o desfecho levou a expulsão dos Chineses no início de 2077. Seguiu-se um tempo alvejado pela sensação de alguma paz e grande ameaça que rondou o mundo, até que as notícias por todo o globo, dez meses depois, falavam de enormes ogivas projetadas sobre todas as nações, sem que soubessem a origem de quem iniciou aquela que seria chamada de a Grande Guerra que durou por volta de duas horas… Horas em que choveram bombas nucleares por todo o mundo em números absurdos, como certas áreas dos EUA em que mais de trinta ogivas explodiram.

Os livros não relatavam muito mais sobre o que teria ocorrido. Cassandra chegou a ler partes sobre o efeito em cadeia de tantas explosões terem ocasionado uma espécie de escurecimento completo dos céus, uma mudança drástica dos relevos e uma chuva por todo o globo de partículas radioativas que envenenaram ar, terra, água e qualquer coisa que tocassem deixando um holocausto cataclísmico por anos que deveriam ter devastado qualquer resquício de vida. Por sorte ou azar, entretanto, houveram sobreviventes, como era possível perceber por aquelas árvores enegrecidas. Pareciam carbonizadas, mortas e enrijecidas pela dor, mas claramente algumas estavam vivas, mutantes, como uma paródia zombeteira da beleza que um dia tiveram.

Os livros sobre o mundo desde que os céus voltaram a ter luz e o ar não era mais tão poluído falavam de um Período Decadente, inclusive, nas palavras de Presidente Eden, era missão da Vault 42 resguardar essas terras para fazer a nação grande novamente um dia, contudo, nenhum escrito, disquete, vídeo explicativo da Senhora Agatha, contos de terror ou rumores vindo da boca de viajantes de caravanas que foram para além do abrigo eram capazes de descrever aquilo. O mundo estava aos escombros.





_________________ Continua após Comentário ___________________

ps: HEEEEEELLO, Wastelanders!

Agradeço os comentários, é muito bom saber que a escrita está agradando. Esses comentários e críticas são importantes até para a motivação. Esse capítulo exigiu ser terminado por si mesmo, ainda que eu desejasse continuar digitando e o roteiro da próxima parte já flui de meus dedos como uma nuka-cola derramada. Logo logo trarei a continuação e espero que este capítulo tenha esclarecido melhor sobre a região onde se passa a história a qual venho estudando bastante sobre para ser fiel não só a Lore de Fallout como também ao contexto e geografia do novo cenário. Este capítulo me foquei em apresentar as reações que tive em jogo quando sai da Vault pela primeira vez ao jogar F03... como imaginei o ar, luz, céu e a vastidão do mundo, por isso o foco é mais como os personagens se relacionaram com o cenário devastado e aberto.

Espero que tenham gostado, agora ativem seus Pip-boys e se preparem para a continuação!


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Galahad
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Re: Romance: Fallout - Além da Vault 42

Mensagem por Galahad » 31 Mar 2017, 10:08

Capítulo 1 com bastante exposição de mundo, estou ansioso para ver o que elas enfrentarão na Commonwealth nos próximos capítulos.

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