Mirphak nasceu em Valkaria, segundo filho de Rigel, um paladino da deusa de mesmo nome, e Sakuya, uma tamuraniana que vivia em Nitamu-ra. Infelizmente, sua mãe veio a falecer durante seu parto devido complicações imprevisíveis. Fato esse que o levou a ser amamentado por sua prima-tia-segunda, Shedir, que havia dado a luz a pouco tempo.
Sua infância tinha tudo para correr de forma normal, sua irmã mais velha, Sirrah, estava sempre treinando com o pai, mas mesmo assim ele ainda dispunha de tempo para brincar com o ele. Quando Rigel saía a trabalho, ele e a irmã ficavam na casa de Shedir, e quando ela saía, a filha dela, Ankaa, sua prima terceira, vinha ficar na sua.
Ele até ganhou uma nova prima quando o primo de Shedir, seu primo-tio-segundo, Acubens, voltou à cidade trazendo sua filha, Diadema, para deixá-la aos cuidados de Shedir. Ela era uma menina muito tímida, mas logo fizeram amizade. Eram tempos felizes.
Mas a felicidade não durou. Rigel foi convocado para uma missão, e como paladino de Valkaria, não poderia recusar. Ele deixou Sirrah e Mirphak com Shedir, como de costume e partiu. No entanto, dias, semanas, meses se passaram e ele não retornava. Todos começavam a imaginar o pior.
Sirrah endureceu seu coração e passou a focar exclusivamente em seu treinamento para ser uma paladina. Seu novo comportamento arrogante e severo passou a afastar as outras crianças e acabou levando Ankaa a desenvolver antipatia pela prima. Como se não bastasse, ela constantemente arrastava Mirphak para treiná-lo, entretanto, ela era extremamente severa. Enquanto o rapaz usava apenas uma pequena espada de madeira, ela empunhava uma espada longa verdadeira, mesmo que sem fio. O jovem sempre terminava o “treinamento” em lágrimas e cheio de hematomas.
Ankaa também começava a trilhar o caminho dos guerreiros sagrados, visando desfazer a arrogância de Sirrah, mas a diferença entre as duas era grande demais. Na época, Diadema ainda não tinha interesse pela tradição da família, mas eventualmente, após conhecer a história de seu pai e seu avô, Pólux, a menina percebeu que para parar seus primos, deveria recorrer aos deuses também.
Em certo dia, Mirphak¹ havia escapado do treino e estava chorando em algum canto da cidade, onde ninguém o encontraria. Alguns diziam que os deuses favoreciam os Solaris, outros, que os deuses recompensavam seus esforços através das gerações. Fosse qual fosse a verdade, as rodas do destino se moveram aquele dia, mais de uma vez. Por estar sempre chorando, o rapaz não tinha amigos, então era fácil passar despercebido, mas não para aquele homem².
²“O que aconteceu garoto? Por que está chorando?”
¹“Me machuquei durante o treino de espadas.”
²“Bom, isso faz parte. Não existe caminho fácil para se tornar forte.”
¹“Mas eu não quero me tornar forte.”
²“Então por que está treinando lutar espadas?”
¹“Porque minha irmã diz que é a tradição da família. Desde que nosso pai desapareceu em uma missão, ela sempre me arrasta para os treinos.”
²“Hmmm… Como é o seu nome?”
¹“Mirtaka… Mirphak Solaris.”
²“... ‘Solaris’ né? Sabe o que eu acho? Acho que sua irmã quer que você seja forte para que você não desapareça como aconteceu com o seu pai.”
¹“Se fosse isso, bastaria ela me proteger. Além disso, é só eu não me envolver com essas coisas perigosas.”
²“Infelizmente meu rapaz, não é assim que as coisas são. Sua irmã nem sempre estará ao seu lado para te ajudar e fugir dos problemas, é apenas adiar o inevitável.”
¹“Mas é impossível eu ficar forte como ela!”
²“Nada é impossível. Se outros conseguem, por que você não? Se ninguém conseguiu, por que não ser o primeiro?”
¹“Porque eu sou fraco.”
²“Torne-se forte”
¹“Não consigo.”
²“Consegue! Só precisa se esforçar mais.”
¹“Mas eu já estou fazendo tudo que posso.”
²“... Então, e se eu te contar um segredo?”
¹“Segredo? Que segredo?”
²“O segredo para se tornar forte de verdade. Quer ouvir?”
¹“Quero.”
²“Primeiro, não importa o quão assustador seja seu oponente, mantenha seus pés firmes no chão, encare-o nos olhos e não recue nem mesmo um milímetro. Você não deve demonstrar medo.”
¹“Então não adianta. Sou um covarde.”
²“Coragem não é ausência do medo. É a presença do medo e o desejo ou necessidade de superá-lo.”
¹“Não dá. Mesmo que eu enfrente, só vou acabar no chão.”
²“Quando estiver no chão, basta se levantar.”
¹“Vão me derrubar de novo.”
²“Então levante-se mais uma vez!”
¹“Eu… Não sei. Parece difícil demais.”
²“Diante da dificuldade, sorria! Sempre que tudo parecer perdido, sorria e espante suas incertezas!”
¹“...”
²“Escute com atenção garoto. 10% é sorte, 20% talento, 15% é força de vontade, 5% diversão, 50% trabalho duro e 100% atitude.”
¹“Esse cálculo está errado.”
²“Enquanto se limitar a apenas 100%, você não irá chegar longe. Vá além dos limites! Supere as expectativas!”
¹“Eu… Posso ser forte?”
²“Pode. Agora seque essas lágrimas, limpe esse rosto e vá encontrar sua irmã. Ela deve estar preocupada.”
Após se despedir do estranho homem, o rapaz foi para casa e no caminho se encontrou com suas primas, além de problemas. Um grupo de aparentes criminosos estavam incomodando elas. Diadema tinha votos de não ferir seres vivos e Ankaa não era capaz de lidar com todos sozinha. Mirphak, que assistia tudo a distância, estava apavorado e só conseguia tremer. Suas primas acabariam sendo violentadas se ele não fizesse algo.
Naquela hora, um estranho ímpeto tomou conta de si e o rapaz, embora assustado, avançou sobre os criminosos com uma força que não era sua, uma ferocidade que não lhe pertencia, algo que nunca havia sentido antes. Infelizmente, embora tenha derrubado a maioria dos oponentes, aquele surto de força havia lhe cobrado um alto preço sobre o corpo e ele caiu no chão incapaz de continuar. Estava a mercê dos criminosos restantes.
Quando tudo parecia perdido, e achou que seria morto, o homem misterioso se colocou entre os jovens e os bandidos.
“Nada mal garoto, mas faltou o sorriso.”
E com um sorriso no rosto, aquele homem sacou da bainha em suas costas, uma espada gigantesca, com pelo menos cinco vezes o tamanho da espada que sua irmã empunhava. Sirrah precisava das duas mãos para manejar sua espada longa e mesmo assim, perdia velocidade. Mas aquele homem erguia a montante com apenas uma das mãos, como se fosse nada. Com um movimento tão rápido que os olhos não foram capaz de acompanhar, ele cortou os bandidos restantes e desapareceu sem deixar rastros.
Após alguns dias se recuperando, e sem pistas sobre o homem que conheceu, Mirphak voltou a treinar com a irmã. Dessa vez, mesmo sendo derrubado diversas vezes, sempre se levantava. As pernas ainda tremiam e as lágrimas ainda teimavam em percorrer sua face, mas ele não recuou nenhuma vez. Talvez tenha sido impressão sua, mas ao final do dia, depois do duro treinamento com a irmã, teve a impressão de ter visto um sorriso no rosto dela, mas não podia ter certeza, sua vista estava muito desfocada pelas lágrimas.
Atualmente, tendo se sagrado paladino, Mirphak tornou-se completamente diferente do que era na infância. Agora está sempre com um sorriso confiante, treina diariamente e sempre está com disposição para ajudar as pessoas justas que precisam.
2.
H+1 em combate.
Espada “Asa Flamejante” (0 PE; P+1, Antivida, Elemental fogo, Maldita, Retornável, Transporte Mágico)