Nome: Henry
Raça: Aggelus
Classe: Clérigo Cruzado 3
Tendência: Leal e neutro
Sexo: Masculino
Idade: 22 anos
Divindade: Thyatis
Tamanho: Médio
Deslocamento: 6m/12m voando
Idiomas: Valkar e celestial
Desvantagem: Mira Ruim.
Habilidades:
FOR 17 (+3),
DES 14 (+2),
CON 14 (+2),
INT 10 (+0),
SAB 18 (+4),
CAR 12 (+1).
CA: 19 (+1 Nível, +2 Des, +4 armadura, +2 escudo)
PV: 30
PM: 9
PA: 1
RD: 1.
Resistências:
Fortitude: +5
Reflexos: +3
Vontade: +8
Ataques:
Corpo-a-corpo: +5
Espada longa
+1 +6 (1d8+5, 19-20/x2).
Escudo pesado +5 (1d6+4, x2).
Manopla +5 (1d4+4, x2).
Distância: +2
Perícias:
Conhecimento (religião) +6, Intuição +12; Intimidação* +4; Iniciativa* +3; Percepção* +5
*Perícia não treinada.
Talentos:
Classe: Usar Armaduras (leves, médias e pesadas), Usar Armas (simples e marciais), Usar Escudos, Fortitude Maior, Vontade de Ferro.
Regional: Bairrista.
Desvantagem: Herança Extraplanar.
O&R: Magia em Combate.
Duro de Matar, Asas Celestiais, Ataque com Escudo.
Obrigações e Restrições: Ao ressuscitar alguém deve transmitir a mensagem dos deuses caso haja. Além disso, é proibido de matar seres inteligentes (Int 3 ou mais). Podem combater e ferir essas criaturas, mas nunca matá-las.
Habilidades Raciais:
+4 em Sabedoria, +2 em Carisma; tamanho Médio; Espírito, mas pode ser ressuscitado; visão no escuro;
Luz do Dia 3/dia; resistência a ácido e frio 5, eletricidade 10.
Habilidades de Classe:
Devoto (Thyatis), canalizar energia positiva 2d6 (2/dia), guerreiro abençoado, presente dos deuses +1.
Magias de Clérigo Cruzado
Preces (CD 14): Consertar, detectar magia, ler magias, resistência.
Nível 1 (CD 15): Bênção, arma mágica, curar ferimentos leves, criar chama, causar medo, detectar o mal.
Nível 2 (CD 16): Curar ferimentos moderados.
Dinheiro: 5 TO.
Equipamentos:
Espada longa (15 TO; 2 kg), manopla (5 TO; 1kg), escudo pesado (15 TO; 7 kg); brunea (50 TO; 15 kg); kit do aventureiro (10 TO; 17 kg); escudo leve de madeira Tollon +1.
Carga atual: 43 kg.
Carga: 48 kg.
História
Igreja de Thyatis em Triumphus, alguns anos no futuro.
Sentado em uma cadeira de pedra, no fundo de uma cela, um homem fita o vazio. Largado sobre cadeira tão inglória, trajando apenas uma faixa leve de pano branco. Rugas denunciam sua idade, seus alvos cabelos emprestam a ele uma aparência lúdica. E claro, asas. Alvas como a primeira neve de inverno.
Ali, em tão simples acomodação, jaz Henry, Clérigo de Thyatis. Um ponto de luz no alto da cela completa a magia da cena. Não fosse pela carrancuda face do homem, seria cena digna de um quadro.
Batidas na porta, pesadas, morosas. Uma voz anasalada grita o nome do visitante, ainda sem abrir a porta. Jeremiah. Henry nunca tinha ouvido falar desse. Recebia visitas constantes, mas esse era novidade.
- Bom dia, padre.
As palavras de Henry atravessam o ar como adagas, assim que o jovem adentra os aposentos.
- Bom dia senhor... Sou Jeremiah Lingerwood, clérigo de Tanna-Toh. Vim escrever sua vida.
Longos minutos de silêncio incômodo se fazem presentes. Enfim, o jovem se senta em um dos banquinhos de madeira dispostos no canto da sala. Eles pareciam muito usados. Tirando uma pena e sussurrando uma prece, ele dispõe folhas de pergaminho ao seu redor, no chão. "Um homem circundado por palavras", pensa Henry. Muito saber, pouco poder.
- Podemos começar - diz um distante Jeremiah.
- Você quer iniciar do começo ou apenas aventuras, histórias de feitos?
- Do princípio de tudo, caso o senhor o conheça.
- Tudo bem, então. Vamos começar do começo, ou melhor, de antes do começo.
Quando o homem começou a falar a face de Jeremiah talhou um sorriso. As palavras circundavam ao seu redor, soltas, voando através dele e se fixando no pergaminho. Adorava aquele truque. Quase sentia as palavras saindo da ponta da pena, quase era a tinta, mesclando-se às fibras macias, quase virava o dom da escrita. Era definitivamente o seu predileto, o ápice do conhecimento.
“Nasci aqui mesmo, na cidade de Triumphus. A cidade da bênção. A cidade da maldição. Como berço da fé em Thyatis, toda a minha vida foi pontuada por profecias, predições e adivinhações. E meu nascimento não foi diferente. No momento da primeira visita de minha mãe ao templo, para ver se tudo corria bem, ela e meu pai foram 'presenteados' com uma pequena fagulha do poder de Thyatis. Ao que minha mãe contava, foi mais ou menos assim:
Eles chegaram ao templo e quando recebidos pelo clérigo do local, o homem tocou a barriga de minha mãe e disse com olhos de fogo:
- A semente que cresce em seu ventre será fruto do Deus vivo, gerado por pais mortos. Conhecerá esse mundo, mas não será seu filho, matará e viverá por ele, mas em sua morte ele o abandonará. Trará o fogo e a luz, mas flertará com as trevas em seu caminho. Seu futuro será rubro e seu fim, dourado.
Minha mãe conta que ficaram perplexos e agradecidos por essa demonstração da presença da Fênix. Mesmo sem entender, saíram agradecidos sem ao menos saber se eu estava bem. Fé, meu amigo move montanhas, mas não lê nas entrelinhas.
Aos três meses de gravidez e meus pais, que são meros artesãos, viviam felizes em sua rotina. Note que nem sobrenomes possuem tamanha nossa humildade. Indo ao centro velho para vender nossas mercadorias eles foram surpreendidos, como sempre acontece por aqui, por um arroubo do Moóck. Sim, não é uma lenda. O pássaro gigante de duas cabeças que cospe bolas de fogo. Confesso que é no mínimo estranho. Mas bem, continuando.
O desgraçado do pássaro estava com o pior humor dos últimos anos e devastou um terço da cidade. Sim, meus pais estavam entre os mortos. Mas como já deve ter notado, a maldição não me alcançou, o que me tocou foi algo maior.”
Um sorriso áspero cruzou a face de Henry por um segundo. Jeremiah pode vislumbrar um pouco do peso que aquele homem carregava. Repetindo a prece, ele continuou a ouvir a narrativa.
“Durante os meses que se seguiram, eu cresci demasiadamente para caber no ventre da minha mãe. Asas sabe? Elas não brotam magicamente, nascem com você, como os pássaros. Eu fui crescendo e crescendo e na noite do meu nascimento, minha mãe não andava haviam 2 meses. Eu era grande, pesado e muito incômodo. A parteira sabia a algum tempo que eu não nasceria pelos meios normais. Logo, tomaram a 'via secundária'. Eles já haviam morrido, por isso a velha decidiu pelo banho de sangue. Alguns cortes na barriga de minha mãe e eu logo estava livre, chorando e ansiando minha mãe, como um pequeno falcão. Meu pai conta que eu fiquei quieto no colo dela até o fim. Não o fim, mas aquela morte. O sangramento fora demasiado e ela morreu me amamentando. Porém, graças à incrível bênção, ela reviveu tempos depois.
Os anos se passaram e ser a atração, ser 'a coisa', era rotina pra mim. Mesmo sendo prestativo, mesmo ajudando a todos, mesmo tentando ser a melhor pessoa possível, esse título sempre me era negado. E eu nunca achei certo. Aos sete anos meus pais finalmente cederam aos pedidos do templo e me enviaram para aprender o exercício do sacerdócio. Eles jogaram baixo, disseram que eu era um enviado, uma criatura divina, que haviam profecias em meu nome e acontecimentos em minha honra. Além de, claro, pagarem aos meus pais pela minha 'cessão'. Religião e seu lado podre. Tudo tem um lado podre.
Dos sete aos dezessete anos fui o ícone da igreja de Thyatis em Triumphus. 'O enviado' diziam às massas plebeias. Mesmo sem nunca concordar, depois de um tempo parou de importar. Fechei-me em meus estudos, preparando para deflagrar meus planos tão logo quanto possível. Caí na caridade, primeiro por imposição, depois por gosto. Ajudava enfermos, auxiliava à guarda, trabalhava pelos homens e para os homens. Construí, forjei, limpei e arei. Passava os dias trabalhando e as noites estudando. Descobri sobre minhas origens, minha linhagem. Vi como a igreja funciona por dentro, adquirindo um asco quase insuportável pelos meandros da politicagem e dos favores. Tracei uma meta e vivia cada dia olhando pra frente.
Aos dezessete anos, fui sagrado sacerdote. Tardiamente pelos padrões, mas, como ícone e 'galinha dos ovos de ouro', ainda assim sagrado. Saí em penitência dois dias depois da cerimônia, ignorando convites e pedidos. Precisava me conhecer, conhecer o Deus que vivia em mim. Nunca duvidei da minha vocação, entenda isso. Mas precisava ver o meu Deus pelos meus olhos, não pelos livros ou pelos olhos dos outros.
Fiquei um ano longe, vivendo da terra e protegendo a terra. Lutando por mim e pelas pessoas que precisavam. Havia muita coisa errada no mundo e alguém devia fazer alguma coisa. Mover a primeira pedra. E assim o fiz, cacei criaturas vis, paguei por dívidas alheias, curei e salvei. O dom de Thyatis é vivo em mim e eu trouxe muitos de volta à vida. Sem jamais fechar os olhos aos males do mundo eu fiz e faço o que é certo, o que precisa ser feito. Existe mal aí fora, além desses muros. Um mal que supera a todos os outros, divinos ou arcanos, naturais ou mecânicos. Existe o homem – no sentido geral da palavra. Nada nesse mundo é capaz de ir tão baixo, nada pode fazer tanto pelo lado do mal. Somos o caminho que escolhemos e nosso potencial pra ambos os lados é infinito. Por isso eu ainda luto, por isso eu firo e sou ferido. Por Thyatis, pelo bem e por vocês.”
Com um suspiro Jeremiah levanta os olhos. Os anos amontoam-se em cada ruga, em cada dobra daquele homem de aço. Sim, ele está ansioso pelo resto da história. Ansioso pra saber os porquês e os comos. Conhecimento nunca é demais e todo poder vem do conhecimento.
Com um gesto, Henry o pede para ir embora. Se levantando e caminhando pela sala, ele vai até a tina e lava o rosto.
Ainda se olhando no espelho d’água ele fala, com uma voz serena:
- Sei que nos veremos novamente Jeremiah. Tanna-Toh nunca sossega até saber tudo e eu desconfio que você é igual. Conversaremos mais no futuro, seja amanhã seja outro dia, se Thyatis assim quiser. Obrigado por ouvir, obrigado por saber.
- Sim, obrigado...
Ele iria saber tudo, sua Deusa iria saber tudo, a história iria saber tudo.