Conto de Campanha III

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LordThwor
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Conto de Campanha III

Mensagem por LordThwor » 16 Out 2017, 23:33

Olá,
Este conto traz a origem da luta entre Gorgio Amenophus e O Senhor dos Bruxos. Já contei o que aconteceu quando ele retornou e os eventos após, voltei no tempo para contar o que fez ele sumir no passado. Esta história, em duas partes, vai trazer a origem do vilão da campanha e seus inimigos. Espero que apreciem a leitura. Valeu!

O Maior Mago do Mundo

O caminho ainda era longo. Mal tinham passado pelo portão e conseguiam ver ao longe a torre. O local parecia estar adormecido, mas as pessoas saiam de casa para tentar saber o que eram aqueles brilhos e luzes vindas do alto da Torre de Mageia. O lugar era a escola de magos. Aquele era o lar dos maiores magos do reino. Cinco deles viviam em tempo integral na Torre. Muita coisa sem explicação acontecia naquela região, mas durante a noite era incomum até mesmo para a população já acostumada com o estranho.
Enquanto as pessoas perguntavam umas para as outras o que acontecia, dois homens cavalgavam em direção a torre. O dia tinha sido de muita chuva, o que fazia a passada dos animais serem mais pesadas. Não havia uma estrada feita na cidade e isso prejudicava um pouco o caminho.
Os dois cavalos estavam trotando no mesmo ritmo. “Aqueles não são Gorgio e Mordecai?” Ouviu-se uma voz no meio do caminho dizer. E estava certo. Gorgio Amenophus e Mordecai estavam indo em direção a torre. Gorgio era facilmente reconhecido, fazia parte da cidade. Era um homem ainda muito jovem. Preferia não manter barbas ou bigodes. Estava sempre vestido com seu manto avermelhado e uma bolsa de couro a tiracolo que sempre carregava com componentes de feitiços. Já seu companheiro era um herdeiro de sangue de demônios. Eram raros de se ver nos meios urbanos, pois a desconfiança das pessoas eram muito grande. Os demônios deixaram uma cicatriz que ainda não tinha plenamente curado. Mordecai tinha dois pequenos chifres acima da testa e uma cauda pontiaguda. Os olhos avermelhados tornavam-o ainda mais assustador. Ele estava vestido como um viajante acostumado com a estrada.
Perceberam que a entrada da torre estava destruída. Diversas pessoas estavam na entrada e não ousavam entrar. Da porta já dava para perceber que houve luta no caminho. Alguns aprendizes e guardas das torres estavam nitidamente mortos.
Mika Kazzlaban está mais poderoso do que antes, Amenophus.
Eu sei, Mordecai. Não se preocupe que dará tudo certo. Apenas siga nosso plano.
A Pedra das Almas não é um ritual que permite erros. Sua alma e a dele serão uma só. Quando você morrer ele será libertado e todo o esforço será em vão.
Se não morrermos hoje, pensamos nisso amanhã. Agora se prepare porque o caminho não será fácil.
Gorgio tinha razão. Os sentinelas da torre estavam mortos, mas guardas criados por magia estavam em seus lugares. Uma aura avermelhada correu por todo o corpo de Gorgio e terminou na ponta de seus dedos em forma de cinco farpas místicas. Elas dançaram no ar indo rapidamente para o peito desprotegido do soldado da torre. O impacto foi fulminante, terminando de vez com o guarda que não teve tempo de sacar sua arma. Gorgio e Mordecai corriam entre os degraus da torre. Usavam encantos em suas vestimentas para acelerar as passadas, mas nada parecia aproximar o topo do imenso edifício.
O mago acelerava o máximo que conseguia para alcançar seu objetivo. Ele sabia que quanto mais demorasse, mais poderoso Kazzlaban poderia estar. Conhecia bem Mika e seus objetivos. Tinha certeza que ele se tornaria o maior mago do mundo aniquilando os melhores. Era um preço a pagar pela desejo de ser o maior de todos. Nem mesmo Gorgio ou Mordecai tinham como derrotar Kazzlaban, mas eles tinha um plano.
Na sacola de Gorgio estava a única Pedra das Almas de todo o mundo. Uma relíquia forjada pelos maiores arcanos do passado que continha a alma de todos os grandes mestres que já existiram. Um ritual que Mordecai havia dominado, pois pertencia aos seus nefastos ancestrais. Era considerado proibido no meio arcano, mas acabou sendo a única forma de derrotar o aparentemente invencível Kazzlaban. Ele não apenas era um arcano extremamente poderoso. Era também o líder de uma comunidade de bárbaros assassinos e piratas sanguinários.
Duas gigantescas armaduras. Elas não tinham cavaleiros dentro. Estavam animadas por magia antiga. Sem mente alguma, apenas o desejo de fazer aquilo que seu criador ordenar. Eram conhecidos como Golens estes serem animados por magia. Eles faziam a vez de portas em um dos andares. Gorgio não gostava de golens, pois sabia que a falta de vida deles lhes dava a vantagem de resistirem a dor e a maioria das magias já conhecidas. Ele manteve-se afastado dos dois e conjurou uma mágica em si mesmo. O efeito tornava o corpo de Gorgio tão resistente quanto um pedaço de mármore e ágil como o de um guerreiro experiente em batalhas. Com esse efeito em seu corpo, ele encantou seu cajado de forma a ficar indestrutível por um breve momento. Dessa forma partiu para cima dos monstros de metal.
Mordecai invocou adagas feitas de sombras para fazer a vez de escudo em seu corpo. Começou a disparar rajadas de energia infernal de suas mãos. Em uma pessoa normal, poderia matar com poucas dessas rajadas, mas em golens o efeito seria desconhecido.
Um dos golens partiu no ataque de carga contra ele. Um salto para o lado e um giro de calcanhares deram conta de uma esquiva que nem o próprio Gorgio tinha certeza se conseguiria repetir. O outro monstro ergueu uma gigantesca espada desferindo um potente golpe contra o peito do feiticeiro. Gorgio recebeu a pancada em cheio e acabou desequilibrando. Foi jogado um metro para trás, mas percebeu que sua carne não fora tocada. Graças a sua forma de pedra feita magicamente antes da batalha. A surpresa dele durou apenas até o momento de um segundo golpe pelas costas. O golem da investida havia se recuperado e golpeava com socos poderosos as costas de Gorgio. Ele ergueu o cajado e recitou palavras mágicas rápidas que o repeliram para frente. Era um pequeno truque de teleportação que os magos haviam apelidado de Piscar. Gorgio agora sabia o motivo do nome. Se tivesse hesitado mais um instante, teria seu corpo partido em dois num piscar de olhos. Assim, manteve sua caminhada em busca do topo da torre. Mordecai estava entre os dois golens. Fez um sinal com a cabeça para incentivar Gorgio a continuar. O mago iniciou a conjuração de uma magia para ajudar seu companheiro. O meio demônio balançou a cabeça negativamente. Em seguida deu um grito alto recitando palavras no idioma de seus ancestrais e tomou a forma monstruosa. Mais de dois metros de altura com chamas saindo de seus olhos, garras do afiadas como punhais e chifres grandes como de um grande touro. Gorgio já havia visto isso antes e sabia que poderia confiar na segurança de seu parceiro naquele estado. E foi o que ele fez. Continuou a subir na torre.
Alguns passos além e já era possível ouvir os sons da batalha mágica que estava acontecendo na torre. Gorgio prestava muita atenção a cada evocação que era feita lá. Pensava nos sons para tentar perceber se conhecia o efeito. Pelo menos 5 magos tentavam em vão deter Kazzlaban. Gorgio ouviu o grito de dor de um. Percebeu a entonação de magia de outro e em seguida dois baques surdos no chão. Kazzlaban estava colecionando vítimas. Então ele chegou até o topo da torre. Como de costume, a maravilhosa vista para todo o reino era a única testemunha daqueles eventos terríveis. Quatro corpos estavam jogados, junto de uma fortuna em itens mágico, no chão. Kazzlaban gargalhava enquanto a maga mais velha do reino tentava atacar invocando criaturas de outro plano em sua defesa. Gorgio a observava atento a batalha. Kazzlaban entoou palavras de magia rápida, algo que poucos arcanos treinavam em suas vidas. Ainda deu para perceber a surpresa nos olhos da mulher quando deu-se conta do que Kazzlaban fazia. As criaturas dela mal haviam se formado e Mika gritou por fim: “Disjunção!”
Gorgio não conseguia invocar aquele poder, mas sabia exatamente seus efeitos. Ele acabava com qualquer efeito mágico e destruía a propriedade mística de objetos. A mulher foi surpreendida ao reparar que suas criaturas e todos os encantamentos de defesa haviam se extinguido. Gorgio fechou os olhos, pois sabia o passo seguinte. Um raio roxo saiu da ponta dos dedos dele e terminou por transformar a mulher em poeira. Apenas as roupas dela restaram. Kazzlaban gargalhava enquanto chutava os corpos de seus oponentes.
- Os maiores magos do reino? Não são capazes de derrotar o Senhor dos Bruxos e nem nunca serão! Eu os venci e sou imortal! O mundo me adorará como seu novo Deus, pois eu tenho poder para isso! – Gorgio, detestava seu rival por essa razão. Não queria que ninguém dominasse o mundo. Preferia destruir tudo a ver um tirano como Kazzlaban ser o governante supremo ou pior ainda… um deus.
- Mas você ainda não venceu a todos! – Disse Gorgio tentando disfarçar o item que trazia em sua sacola.
- E quem faltaria? Pelo que eu saiba matei todos os que se opuseram a mim. Se quer ser parte de um novo mundo, pode juntar-se a mim jurando lealdade e servidão. Caso contrário pode tentar contestar minha ordem! – Kazzlaban tomava posição de combate. Gorgio apenas baixou a cabeça.
- Você não pode matar aquele que não conhece o poder. Derrotou-os, pois sabia seus pontos fracos.
- Hahahahaha! Você só pode estar brincando! Eu ensinei tudo o que você sabe. Por que acha que pode me derrotar? Você sempre quis ser poderoso e eu te dou essa chance agora. Esqueça essa bobagem de me desafiar e considerarei uma segunda chance.
- Prefiro destruir o mundo a ver você no poder. Você e eu aprendemos tudo juntos. Todas a magias que já usei você conhece. Entretanto a melhor lição que aprendi com você foi a de estudar meus oponentes antes de enfrentá-los. – Gorgio uniu suas mãos e iniciou o encantamento para transformar seu corpo em pedra.
- Você e Mordecai foram meus melhores companheiros. Colocaríamos o mundo em nossos pés, a nossa vontade. Vocês preferiram me desafiar ao invés de juntar-se a mim. Me tornaram o que sou hoje e depois me deixaram como se eu fosse o errado. Eu me tornei mais poderoso. Ignorei os limites que vocês possuem e toda a bobagem de o melhor para as pessoas. Nada do que você fizer pode me derrotar. Nada do que sabe de mim é capaz de conter a minha vontade. Hoje, nossa parceria chega ao fim, Amenophus. – Gorgio gostava quando era chamado de Amenophus. Era o título que usava em seus pergaminhos. A assinatura mística dele. Kazzlaban preparou escudo místico para proteger-se de magias diretas. Gorgio aproveitou esse tempo para invocar uma área anti-magia em torno de si. Sabia que isso tornaria impossível atingir o Senhor dos Bruxos, mas também impossibilitava de sofrer ataques mágicos.
- Tolo! Acredita que pode me derrotar com seus próprios punhos? – Kazzlaban iniciou a conjuração de uma magia. Gorgio quase sorriu quando percebeu o efeito que se tratava. Era exatamente o que ele queria que fosse feito.
- Disjunção! – Gritou Kazzlaban e imediatamente uma luz cercou os dois arcanos. Gorgio Amenophus viu sua área sumir e seus itens mágicos se tornarem inúteis. Apenas a Pedra das Almas ficou intacta. E ainda estava escondida dentro da sacola. O Artefato era imune a efeitos místicos mundanos, por mais poderosos que fossem. Mordecai havia avisado sobre isso, pois era feito com essência de demônios. Kazzlaban ergueu seu braço como se ele fosse uma gigantesca besta engatilhada contra Gorgio.
- Acabou! Você virará poeira. Lamento pelo desperdício. Você teria se tornado um grande rei no meu império! – Gorgio gargalhou. O Senhor dos Bruxos encarou o homem sem saber o que estava acontecendo.
- Seu tolo! Ouvi todas as suas evocações durante a luta contra eles e contei. Você não pode me desintegrar simplesmente porque não tem energia para isso. Se fizer mais esforço para este efeito, ficará vulnerável caso eu não morra. Minha proteção de magia vai bloquear quaisquer outros efeitos menores e você sabe disso. Você não tem nada que não sejam palavras para me ameaçar. – Gorgio girou seu cajado e acertou um golpe violento contra o rosto de Kazzlaban. O Senhor dos Bruxos tropeçou, mas logo equilibrou-se. Gorgio desferiu mais dois golpes rápidos e Kazzlaban sangrava com um corte acima dos olhos.
- Aqui será sua sepultura Kazzlaban. Seu problema não foi tornar-se o maior mago do reino, mas pensar que eu o deixaria governar o mundo. Foi patético para alguém que me conhecia tão bem.
- Ainda tenho isso! – Kazzlaban mostrou o amuleto que usava. O Artefato que o tornava imortal e quase invencível. – E você nada poderá fazer contra mim! – Gorgio sorriu e no mesmo tom de desafio retirou a pedra de sua sacola. Ela tinha o tamanho de um punho fechado e era pesada como chumbo. Brilhava muito naquele momento.
- Sabe o que é isso?
- A Pedra das Almas! Como você conseguiu? Ela sumiu há décadas, ainda durante a guerra do continente novo. –
- Isso mesmo eu a encontrei e sei como usá-la. – Gorgio começou a conjurar uma magia olhando para a pedra.
-NÃO! Você não sabe o que está fazendo! – Kazzlaban tentou impedir a conjuração de Gorgio. Foi em vão. Após as palavras mágicas um raio atingiu o peito de Kazzlaban e iniciou o procedimento de drenagem mística. Era um dos efeitos da Pedra das Almas. Absorver toda a essência de um mago e depois disso, sua alma. Aprisionando de vez o arcano. Havia um caro preço para isso. O invocador ficaria com parte de sua vida ligada a pedra. Caso venha a morrer, a pedra libera todos os arcanos que foram colocados pelo invocador. Amenophus parecia saber o que estava fazendo.
- EU serei o maior arcano desse mundo e depois vou destruí-lo para que nenhum tirano como você o queira para si. Conheço histórias sobre o Maelstorm que pode engolir o mundo. Vou buscar a verdade sobre ele e criar um. Recriar o mundo através do caos para criar uma nova ordem. Um mundo com minhas regras. – Falou decidido Amenophus. Em poucos segundos ele viu o corpo de Kazzlaban ser transferido para dentro da Pedra das Almas. Quando finalizou, seus olhos arderam. Ele sabia que seu destino estava selado àquela pedra, mas foi a única escolha para tentar derrotar o Senhor dos Bruxos.
- Você fez o certo, meu amigo. Precisamos pensar no que fazer para manter ele nesta pedra.
- Eu tenho uma ideia, mas primeiro temos que voltar para a floresta. Quero que minha filha saiba o plano que temos.
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continua...

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