Portanto eu vou postar os capítulos feitos até agora para (re)introduzir o pessoal do [Nome do Fórum] á história e também por que eu gosto de atenção.
Vamos nessa.
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Prelúdio ao Passado
-Ano de 236-
Aquele astro brilhava intensamente sobre o planeta, aquecendo constantemente toda a sua superfície. Mas Eorataulir não era uma estrela, ele brilhava como uma e tinha o tamanho colossal dos astros luminosos, mas ele era um ser vivo.
Eorataulir era um dos grandes titãs que viviam no universo, um ser gigantesco cujo corpo era composto completamente de calor e fogo intermináveis. Pelo o que toda a humanidade sabia, ele não tinha origem, ele não tinha objetivo nem desejos, ele apenas flutuava eternamente pelo éter aquecendo e iluminando aqueles sob sua presença.
Aqueles que pudessem chegar perto e pudessem proteger seus olhos da luz poderiam identificar a forma de Eorataulir, aquela de um grande caranguejo flamejante. Infelizmente, por diversos motivos, poucos seres humanos sabem da existência destes animais, e para todo o resto o titã possuía uma forma alienígena própria.
Mas, em um dos vários desertos de areia naquele planeta, o humano conhecido como Elijah Tanoya não podia ver a forma de Eorataulir, para ele o titã era apenas um ponto brilhante no céu que lhe trazia sofrimento. A exaustão era a única coisa que lhe impedia de alguma forma demonstrar seu ódio pelo astro.
O garoto andava instavelmente pelo deserto, ameaçando de cair a cada momento. Seu rosto estava marcado pelo sol e as últimas gotas de suor já secavam em sua testa. Ele mal podia sentir o medo e o desespero que o haviam atingido há apenas alguns dias, quando ele e seu avô haviam sido perseguidos por estranhos armados. Ele sequer se lembrava exatamente do que estava fazendo por ali, ele apenas continuava a andar e a procurar pelo seu guardião, mesmo que suas pernas e seus olhos estivessem prestes a falhar.
Olhando em volta ele podia ver apenas areia e pequenas alucinações de lagos e edifícios de sua terra natal. Ele levantou suas mãos até sua boca e começou a gritar pelo seu avô, não ouvindo nada em resposta. Apesar da dor que isto causava em sua garganta seca, ele continuou gritando por mais algum tempo.
Não perca tempo, espere até a noite, sua busca será mais fácil.
Tanoya não queria dar atenção á voz em sua mente. Ele teria de esperar quase 17 horas até o anoitecer, e naquela situação tempo era essencial.
Por que você não me ouve? Eu sou mais sábio e experiente.
“Por que você é apenas uma alucinação causada pelo calor” ele queria ter pensado ou até mesmo dito em resposta, mas ele não queria incentivar sua loucura. Ele continuou andando, procurando por algum sinal de vida além dele naquele local, qualquer uma, mesmo que esta quisesse lhe matar.
Por que você não me ouve? Se você morrer, nada mais importa O quê planeja fazer quando o encontrar? Resgatá-lo quando você próprio mal sobrevive?
O garoto continuou não respondendo aquela voz, mas ainda sim sua mente continuava a formar explicações para o que ele estava tentando fazer: Talvez ele pudesse chamar por ajuda, talvez seu avô estivesse preso por uma pedra, talvez Elijah achasse alguma forma de ajuda no meio do caminho.
Pare de mentir. Você não pode fazer nada. Pare.
E
le continuou andando, na esperança de que alguma coisa acontecesse, qualquer coisa, boa ou ruim. Ele sequer esperava por algo que o ajudasse em sua busca, ele apenas queria algum evento para tirar sua atenção do calor, do cansaço e de sua própria mente.
Então, ele caiu.
A areia parecia ter desaparecido sob seus pés, ele voou por um breve segundo antes de se colidir com o chão, ele ficou parado por mais um momento e então começou a se levantar, ainda confuso com o que acontecera e com um pouco de sujeira atormentando seus olhos. Então ele continuou caindo.
Desta vez ele deslizou violentamente para baixo, como se a areia estive puxando ele por algum tipo de rampa. Ele rolava e era envolvido pelo pó do deserto, ele lutava para não se sufocar e para encontrar chão firme.
Então, ele parou de cair.
Sem conseguir enxergar, Elijah lutou para poder se levantar da pilha de terra que havia se acumulado por cima dele. Ele finalmente encontrou ar puro, e passou alguns minutos tentando tossir areia para fora de seus pulmões.
Ele tentou retirar um pouco de sujeira de seus olhos para pelo menos saber onde ele havia caído, mas suas mãos estavam sujas demais para servirem. Ele tentou pensar em alguma forma de resolver este problema, quando ele ouviu um som miraculoso: água.
Ele correu em direção ao corpo de água, que ele podia ouvir a apenas alguns metros dele. Tanoya não sabia exatamente onde estava, ele não sabia se haviam animais selvagens ou talvez alguém já morando por ali, ele não sabia se a água estava contaminada com veneno ou se ele apenas estava ficando mais insano. Ele sequer se importava, se ele iria morrer pelo menos ele iria satisfeito.
Ele chegou perto do local, mal percebendo que andava em chão sólido, e encostou-se a ele com um dedão, confirmando a existência do corpo líquido. Ele imediatamente se deitou á margem do local e começou a beber o que podia com seus lábios feridos. Era realmente água doce e praticamente pura.
O então jovem Tanoya não sabia quanto tempo ele passou bebendo, mas quando ele se deu por satisfeito ele aproveitou para lavar suas mãos e então seus olhos. Ele se virou para cima, ele queria continuar a procurar seu avô, ele queria poder continuar a buscar seu avô, mas agora que ele havia finalmente encontrado algum conforto ele simplesmente não conseguia se levantar.
Durma. Espere. Então continue em frente. Você tem todo o tempo da eternidade.
A voz teve efeito contrário no jovem Tanoya, ele se levantou imediatamente e continuou andando. Felizmente ele evitou voltar à superfície, apesar de temer qualquer plano que à voz tivesse, ele não queria a luz do sol por longas horas. E talvez ele pudesse encontrar ajuda naquele misterioso túnel.
Os túneis estavam iluminados pela luz que vinha de suas paredes. Por não ter prestado atenção o suficiente e por não ter experiência de vida, Elijah Tanoya não pôde perceber as runas estranhas inscritas nas paredes, desconhecidas por quase toda a humanidade; ele não pôde perceber os crânios presos em cada seção da parede, e como eles pareciam se mover ligeiramente quando o pequeno humano passava por perto; E por ultimo, ele não pôde perceber as marcas de pegadas pelo chão, sendo lentamente cobertas pela poeira.
O tempo que se passou continuou não sendo percebido por Tanoya. Ele imaginava estar em algum tipo de transporte secreto, um túnel que os habitantes do planeta usavam para evitar o longo dia do planeta e o calor do sol crustáceo. Mas ele imaginava quem poderiam ser os construtores, ele e o seu avô acreditavam que o planeta estava deserto de vida sapiente.
Uma porta apareceu á sua vista, possuindo dois metros de altura e parecia ser feita de pedra sólida. Ele começou a se perguntar como exatamente ele poderia abri-la com seus fracos braços, talvez ele pudesse bater nela esperando que alguém do outro lado a abrisse, talvez ele houvesse encontrado um caminho sem saída e teria de voltar. Neste momento ele percebeu que não sabia como retornar á superfície, ele sequer tinha certeza de como havia caído por lá. Seus medos diminuíram um pouco quando ele viu que a porta estava semi-aberta, com uma brecha grande o bastante entre as duas portas para que ele pudesse passar.
Estes medos voltaram quando ele pôde ver sangue por debaixo das portas.
Ele imediatamente parou de andar, tentando observar o local por alguns momentos. O sangue parecia seco e nada parecia se mover, ele começou a andar vagarosamente em direção á porta, um pouco abaixado para ser mais difícil de ver, embora ele estivesse no meio de um corredor bem iluminado.
Ele parou na parede ao lado das portas, encostado á ela e tentando olhar para dentro da sala, de onde ele podia ver a luz da tinta luminescente –Que se encontrava em todo o túnel- mas não podia ver nem ouvir a presença de ninguém. De forma nervosa ele tentou abrir a brecha entre elas com o seu pé, esperando ver melhor.
Mal se encostando à pedra marrom clara, ele pôde perceber um corpo humano jogado ao chão, um dos homens que atacara á ele e seu avô meras horas atrás.
O corpo estava vestido com a mesma túnica branca que Tanoya o vira usando naquela ocasião, a mesma armadura de metal fino – Fortalecido por runas inscritas em sua superfície – e a mesma pistola ainda sendo segurada por sua mão. A diferença agora era a grande quantidade de sangue seco e areia sujando todo o cadáver.
Elijah se abaixou rapidamente para pegar a pistola e entrou subitamente na sala, apontando a arma para frente e tentando ser ameaçador. Ele encontrou apenas mais corpos.
Ele conseguiu se acalmar e guardar sua arma. Os mortos não o incomodavam, ele estava acostumado com cadáveres e esqueletos, ele os via constantemente quando visitava a oficina de seu avô, apenas aqueles ainda vivos podiam colocar medo no jovem.
Aquela era uma grande sala circular grande, feita do mesmo material e cujas paredes ainda eram marcadas da mesma forma que todo o resto do túnel: Com runas de um alfabeto secreto e crânios vazios incrustados na pedra. Novamente, o membro mais novo da família dos Tanoya não pôde perceber os estranhos segredos e inovações que haviam por ali. Mas ele percebeu o que havia no centro da sala, um arco de três metros de altura feito de metal e marcado por runas mais comuns nas civilizações humanas, todas preenchidas com jade puro para facilitar a passagem de energias; aquele era um mecanismo para a criação de portais que ligariam dois pontos do universo, desligado, mas em bom estado.
Os corpos se reuniam em torno do arco, pouco mais de meia dúzia, todos vestidos com as roupas dos atacantes ou algo semelhante, e todos pareciam ter sido atingidos por tiros.
Elijah se mostrou animado com estes últimos acontecimentos, ele começou a andar entre os corpos procurando por objetos que poderiam ser úteis á ele, já estando acostumado com a idéia de retirar objetos dos mortos que não iam mais precisar deles. Pela primeira vez ele se sentia otimista, os seus atacantes haviam sido mortos, o assassino muito provavelmente longe dali, ele poderia encontrar suprimentos úteis com eles e talvez ele pudesse usar do portal para escapar dali, e trazer ajuda para seu avô – Tanoya ainda era jovem o bastante para não saber os quão complexos e potencialmente mortais portais poderiam ser.
Então, enquanto tirava um estranho broche com o desenho de um broche de um dos cadáveres, ele percebeu um corpo diferente dos outros, vestido com roupas verdes e limpo de qualquer marca de sangue. Ele se aproximou curioso, e então percebeu que aquele defunto específico não possuía carne, apenas ossos e objetos que ele levava restavam.
Ele parecia estar encostado no arco, uma metralhadora de madeira negra estava ao seu lado, com balas caídas em volta. O esqueleto estava vestido com um casaco verde escuro, mas era o objeto em seu pescoço que intrigara e então horrorizara Tanoya: um colar feito de ossos e dentes que ele podia reconhecer.
Ele se aproximou do corpo em pânico, arrancando o colar violentamente. Peças caiam no chão enquanto ele checava algumas peças, apenas confirmando seus medos. Em desespero, ele verificou todos os bolsos do casaco, esperando por alguma espécie de milagre, ele apenas encontrou alguns documentos de identidade, todos em nome de Razi Tanoya.
Naquele momento, tudo parecia ter perdido significado para o jovem: Seu avô estava morto, ele não sabia por qual motivo, ele estava preso naquele local sem saber exatamente onde, ele sequer sabia por que Razi o trouxe para lá. Ele tentou se alegrar um pouco se lembrando de que seu avô havia morto os seus atacantes antes de morrer, mas isto pouco valia naquele momento.
Eu te avisei. Não há por que correr. Descanse. Você tem toda a eternidade.
Ele continuou parado em choque por mais alguns minutos, ainda tentando absorver tudo que acontecera, mas então, pela primeira vez, ele decidiu prestar atenção na voz em sua cabeça, era a única companhia que ele tinha no momento. Ele andou até o canto daquela sala circular e, mesmo em meio aos mortos, ele se deitou para dormir, esperando para acordar daquele pesadelo.
Logo Elijah escaparia daquele planeta esquecido, ele seria levado para o seu planeta natal onde ficaria sob a guarda de seu pai por vários anos. Ele sempre guardou os segredos que ele descobrira naquele planeta, esperando poder entender tudo e organizar todos os fatos em sua mente antes de comentar com alguém. Mas mesmo quando conseguira, ele preferiu continuar em silêncio. Os mistérios do planeta dos cinco desertos só foram revelados em uma prisão, quando Elijah Tanoya acreditava estar próximo da morte.
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Através daquela mesma região da galáxia, outros planetas, astros e titãs flutuavam por aquela substância conhecida simplesmente como éter. Todo o universo era ocupado por aquela estranha substância transparente.
Em uma parte mais específica do mar de Éter, um pequeno grupo de navios flutuava a esmo. Grandes veículos de madeira e metal, movidos por grandes hélices marcadas por runas e manobradas por grandes asas de metal nas laterais do casco. Mas ao contrário de naus do éter normais, estes eram navios de piratas, ostentando longas bandeiras negras presas aos seus mastros, responsáveis pela destruição e saque de dezenas de outros navios.
Em uma destas embarcações estava o líder de todos aqueles bandidos, estava o lorde pirata Staunen, terror daquela região, espadachim exímio e, segundo sobreviventes de seus ataques, dotado de uma segunda personalidade mortífera.
O capitão Staunen se encontrava em uma situação incomum naquele momento, sozinho em seus aposentos, calmo e um pouco melancólico, admirando o equipamento mecânico que recentemente substituíra seu braço esquerdo.
O membro artificial era composto por alguns canos de metal terminados e uma mão feita de peças pequenas e complexas, cujas pontas dos dedos foram afiadas a pedido do pirata. Runas semelhantes a longas raízes de plantas cobriam o metal, respondendo á todos seus comandos mentais.
Staunen tentou mexer seu braço, alguns segundos depois seu novo punho se fechou e se movimentou em círculos, o movimento era lento e fraco. Segundo o que lhe haviam informado, controlar um braço mecânico de forma prática pode levar meses de treinamento, e ele nunca teria o mesmo controle e força que a de seu braço natural. Ele se sentia realmente irritado pelo fato de seu membro recém perdido também ser a mão que ele usava para escrever, e também aquela com que ele lutava melhor.
Ele conclui que era aquilo era inevitável, e que ele teria de se acostumar algum dia. Ele colocou ambos seus braços atrás de suas costas, embora um tenha demorado consideravelmente, e começou a admirar o espaço através de sua janela. Ele podia ver a multidão de estrelas brilhando pelo navio enquanto ele refletia sobre recentes eventos.
Um som brusco surgiu por trás de Staunen, ele já esperava por isto. Ele sabia que a qualquer momento um de seus tripulantes iria tentar aproveitar de sua situação para tentar tomar controle de todos os navios. Mas o lorde já sobrevivera á muitas tentativas de motim, ao contrário de seus inimigos.
Em um movimento breve ele retirou sua espada da bainha em suas costas e se virou imediatamente para trás, apontando a arma em direção do som. Runas estava inscritas ao longo dela, marcando-a com o nome de um titã de metal, deixando a espada mais afiada e leve. Sua ponta deixava um fino rastro prateado de luz por onde passava.
Do outro lado daquela sala, na direção em que Staunen apontava sua arma, um homem familiar estava sentado a uma pequena mesa, uma caneca branca em uma mão e um pergaminho de papel em outra.
-Você precisa tomar aulas de caligrafia. Eu passei os últimos minutos tentando traduzir estes garranchos, e eu nem tenho certeza se eu entendo o que leio. – A figura sentada disse, antes de tomar um gole do que havia na caneca.
O pirata guardou sua espada e se aproximou – Você não precisava ter se esgueirado até aqui. – Ele então arrancou violentamente a folha das mãos daquele homem – E não precisava ler meus documentos pessoais.
O homem bebeu mais um longo gole. –Você escreve uma carta contando sobre eventos recentes para sua mulher e está preocupado com o que sua filha pensa de você. Não é algo que a organização usaria contra você, mesmo se quiséssemos.
-Ainda existem coisas como privacidade. Eu sou tão importante na organização quanto você, eu peço apenas por respeito.
-Me perdoe então, eu fui treinado para procurar informação em todos os locais possíveis, cartas que você deixa em locais abertos me parecem convidativas. – Mais um gole – Eu posso entregá-la para você, nesta guerra qualquer mensageiro teria pouca chance de chegar vivo ao destino.
O lorde pirata pensou um pouco, e então deixou a folha de papel em cima da mesa, o homem a dobrou e a guardou em um bolso de seu casaco para logo em seguida retirar um pequeno bloco de papel. Um lápis havia aparecido em sua outra mão, mesmo que ele não houvesse feito nenhum movimento com ela.
-Vamos ao importante, queremos o seu reporte sobre esta região e o que você tem conseguido.
Lorde Staunen se virou para trás e andou até a janela de seu navio, refletindo sobre os últimos dois anos que ele havia passado naquele local, a Garganta de Hermes.
Ele observou a figura de Eorataulir flutuando pelo Éter, mas ele era quase que apenas um ponto brilhante daquela distância. Ele observou outros navios piratas que flutuavam por perto, ainda marcados pelas balas de canhão de uma batalha recente com a União Hominae, a grande organização que governava todos os territórios humanos no universo.
O pirata então se virou de volta para o misterioso indivíduo, reflexões terminadas, e respondeu:
-Esta região está apenas á alguns momentos de um desastre. Não por causa de algo simples como esta guerra ou a destruição de alguns planetas, mas um desastre real e irreversível – Ele parou para ter certeza se o homem estava prestando atenção, e então continuou – Eu encontrei corrupção em todos os locais em que eu fui. Em cada planeta que eu visitei havia pelo menos um agente disfarçado, manipulando governos e se infiltrando em cada organização. Em cada dez navios que minha frota destruiu ou saqueou, pelo menos um estava levando tecnologia deles. Quanto mais membros desta organização de bastardos eu consigo assassinar, mais eu descubro escondidos em outro canto do Círculo, já fugindo para cantos que eu não consigo alcançar.
Ele fechou seu punho esquerdo e o bateu contra a mesa, desta vez ele obedeceu perfeitamente os desejos de seu dono.
-E quando estes não estão atrapalhando minha vida, a própria humanidade parece estar contra mim. Todas as outras e planetas da Garganta parecem ter me percebido como maior ameaça. Eu já vi navios inimigos parando de lutar entre si para se juntarem contra mim no momento em que percebem minha presença e a dos meus piratas, meus próprios tripulantes estão constantemente tramando contra mim, eu consigo controlá-los, mas ainda é um inconveniente. Até mesmo grupos que eu nem sabia que existiam estão tentando me matar apenas para ver se conseguem. –Staunen então levantou seu membro metálico, mostrando o resultado de uma destas tentativas. – E isto é o que eu tenho a dizer sobre esta região.
-Teatralidades demais, fatos de menos – Disse o homem calmamente enquanto terminava mais anotações.
-Todos os meus fatos e detalhes estão anotados em documentos dentro de minha mesa, que eu sei que você já furtou enquanto entrava. Eu apenas lhe dei minha opinião emocional e humana, o que a organização queria ao perguntar pessoalmente.
-Eu posso ver que você continua astuto, mas ainda foi teatral demais.
Staunen balançou os ombros – Eu sou um pirata, já estou acostumado.
O homem então virou uma página de seu bloco de anotações. – E o que você pretende fazer agora? A organização não pode te dar ajuda neste momento.
Desta vez lorde Staunen não precisou pensar, ele já havia feito um plano há anos. – Eu vou fazer o mesmo que eu estou fazendo agora, eu vou usar piratas para controlar esta região. Frotas inteiras de bandidos semi-anáquicos espalhados pela Garganta de Hermes, sendo controlados por mim e outros membros da organização. Se eu conseguir controlar este caos, eu vou ter um exército corrupto demais para ser subvertido por agentes inimigos, vou criar um grupo que pode agir fora dos limites de qualquer lei e das correntes da política, eu poderei agir fora dos limites de qualquer lei e das correntes da política, eu poderei agir em qualquer local e destruir qualquer inimigo. E quando a corrupção for eliminada, eu vou me retirar e, sem nenhuma liderança o império pirata vai se desfazer.
-Eu vou ter de pedir por detalhes exatos depois, mas pelo o que eu posso ver, este plano vai envolver a morte de inúmeras pessoas, irá deixar uma grande parte da região sob o controle de bandidos que, pelo o que eu posso prever, irão cometer diversos outros crimes graves mesmo que sob a sua liderança. Eu não digo que este plano dará errado, você já provou merecer a confiança da organização, mas eu teria certeza se este plano não irá danificar sua consciência.
Staunen ficou em silêncio novamente e, mais uma vez, olhou através da janela. A visão de milhares de estrelas no meio da escuridão lhe era reconfortante, lhe fazendo se sentir em seu lar com sua família. Ele não olhou de volta para trás, ele sabia que o homem já tinha todas as informações necessárias por enquanto e ele já teria desaparecido, seus rastros de névoa já preenchiam a sala – Efeito de uma tecnologia não conhecida pelas civilizações humanas.
Ele pensou no que vira nos últimos dois anos, na influência crescente do Polvo – Uma organização ainda mais antiga que o Círculo Delta.
Ele sabia que se não fizesse nada, a Garganta estaria sob o domínio deles, e então o Círculo, e logo estariam todas as outras galáxias já colonizadas. Ele sabia o que ocorreria então.
Staunen pensou em sua família, em algum local daquele mar estrelado.
Foi então decidido, o lorde continuaria com seu plano, não importa quantos tentassem lhe impedir ou quantas pessoas precisassem ser mortas, mesmo que por sua própria espada.
Afinal de contas, ele era um pirata, ele já estava acostumado.
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Não apenas navios foram construídos para flutuarem pelo Éter. Havia os portos lunares, grupo de edifícios e sistemas mecânicos que permitiam que pessoas pudessem habitar alguma lua, satélite ou outro corpo celeste, permitindo também fácil acesso ao planeta mais próximo.
Um destes portos era a fortaleza de Deimos, uma série de edifícios militares construídos em um grande meteoro, a fortaleza era uma peça essencial na guerra que estava ocorrendo.
Algumas batalhas haviam sido travadas para se conquistar o controle de Deimos, mas, mesmo que em estado desgastado, ainda pertencia à organização dos Filhos de Ares, auto intitulados “defensores da humanidade”.
“Então como podemos ser tão desumanos?” perguntava Jonas para si mesmo.
Todos os líderes naquela fortaleza se encontravam em uma grande e circular sala de guerra, sentados á uma mesa de mesma forma. Quadros e mapas se encontravam espalhados pelo local, assim como cartas e livros escritos por grandes generais do passado. Naquela reunião, todos os presentes estavam tentando analisar a situação e decidir os próximos passos naquele conflito, e sofrendo com a dificuldade de se fazer qualquer plano viável e com as falhas que eles encontravam em todos os seus prospectos. Mas, apesar das grandes perdas que haviam sofrido em batalhas recentes, os Filhos ainda eram a maior força militar na Garganta, e estavam tomando cuidado para que continuassem assim.
O comandante-maior Jonas era o único de pé, andando ao redor da mesa com passos lentos e vagarosos enquanto ele fingia estar ouvindo as sugestões e estratégias que os outros homens lhe falavam.
-Vamos enviar uma força principal por aqui, vamos chamar a atenção da União enquanto alguns navios menores atacam pelos flancos. – Um deles disse enquanto apontava para algumas figuras vermelhas em um mapa estrelado.
Todos ficaram em silêncio em seguida, alguns observando o comandante Jonas de forma quase esperançosa, este continuou andando em voltas, braços atrás de suas costas e tentando manter a expressão pensativa.
-Nunca dará certo, você precisa estar em maior número para poder flanquear alguém – Disse um dos homens á mesa, que tinha já cabelos brancos crescendo em sua barba – Nós poderíamos simplesmente colocar alguns encouraçados em torno deste campo de detritos, qualquer grupo que tentar passar vai ter de se concentrar em caminhos onde podemos derrubar todos, enquanto o resto de nossas forças pode vigiar as forças usadas.
Novamente todos procuraram pela resposta do Comandante-maior. Ele se apoiou sobre a mesa, observando todas as figuras coloridas sobre o mapa, representando todos os grupos maiores que lutavam naquela guerra: Os Filhos de Ares, que queriam tomar controle de toda a tecnologia do povo conhecido como Ezalar encontrada na Garganta; A União Hominae que queria manter controle da região e manter relações diplomáticas com os Ezalar; os Cavaleiros Hospitalários que queriam simplesmente aproveitar o conflito para conseguir territórios; e então havia os piratas, que aparentemente só queriam derramar mais sangue.
Jonas não sabia por que ele estava havia, ele nunca fora bom em estratégias de larga escala, seu talento estava em comandar esquadrões no próprio campo de batalha. Comandante-maior sequer era um posto de verdade, era apenas algo que seus superiores inventaram para que ele pudesse ficar em comando enquanto Yoshua estava ocupado com alguma missão. Jonas tinha conseguido certa fama na organização dos filhos, mas ele não tinha motivo real para estar lá. Ele tinha suas razões para estar na organização, mas ele não tinha mais certeza se eram motivos válidos.
-E por que os bastardos de branco iriam tentar passar por ali? – Um terceiro homem dissera, interrompendo o silêncio - E como deixaríamos qualquer navio nesta posição? Os piratas de Staunen cortaram todas as passagens e destruíram todos os rádios.
-Não, ele mudou toda a frota principal para esta região. Mandamos um encouraçado qualquer antes dos outros e limpamos todo o caminho.
Neste momento o comandante-maior decidiu participar da discussão. Ele sabia que se fizesse algumas perguntas em qualquer momento, as pessoas pensariam que ele entendia melhor do assunto do que era verdade. – E por que ele faria uma coisa dessas? Na me parece útil desistir de um local estratégico apenas para poder ocupar um local quase vazio.
-Me desculpe senhor, mas não podemos esperar qualquer lógica de alguém insano.
-Insano? Eu já o vi fazendo várias coisas espertas nesses anos, e a não ser que nossos cientistas tenham se reunido e mudado a definição de loucura durante o meu ultimo cochilo, não é o tipo de coisa que pessoas insanas façam. – Ele aproximou o rosto do mapa, e então encostou um dedo em uma figura de um crustáceo – Há um titã nesta região? Aqueles pássaros de armadura costumam adora-los, é possível que eles tenham construído algumas bases por perto e o lorde louco tenha decidido que saquear o local seria um uso melhor do seu tempo.
-Me desculpe novamente senhor, mas nossos registros mostram que ele tem o hábito de se mover para regiões aleatórias sem nenhum motivo real, é apenas algo que ele faz. É melhor o ignorarmos por enquanto e no concentrarmos em nossos inimigos da União.
-Muito bem. Vocês vão reunir nossos encouraçados, enchê-los de suprimentos até não haver mais espaço – Jonas então pegou algumas figuras de navios e as moveu para o meio das figuras brancas que representavam a União Hominae. – e estes vão abrir caminho para o centro das forças inimigas. Eles vão resistir por ali o máximo de tempo possível, vamos mandar mais suprimentos se necessário. Quando nós tivermos causado caos e desgastado as tropas o bastante, nós mandamos mais navios, vencemos esta guerra e então tiramos alguns anos de folga.
Todos os outros homens pararam e encararam o comandante, pensando em como responder aquilo, se deveriam criticar o plano ou simplesmente concordar em silêncio.
-Isto foi uma ordem. Comecem a preparar tudo, estejam prontos dentro de 20 horas. – Jonas então se virou e andou calmamente para fora da sala.
Mesmo ele sabia que aquele era um plano ruim. Ele sabia que seria que eles não tinham nenhum jeito de manter esta estratégia, e que com alguma sorte eles perderiam apenas metade de seus encouraçados no processo. Mas o comandante-maior sabia que levaria algumas horas até realizarem todas as preparações, tempo o bastante até ele ou alguém realmente competente pensar em um plano melhor.
Até lá, ele teria tempo o bastante para pensar. Era algo que ele fazia muito naqueles últimos dias, eram pensamentos desconfortáveis, mas ainda sim ele queria passar algum tempo apenas olhando para um copo cheio de alguma bebida e pensando.
Ele caminhava pelos corredores de pedra de Deimos, ele passou por vários outros membros dos Filhos, todos vestidos com o uniforme, uma jaqueta de algum tom de vermelho com placas de metal presas á diversas partes dela, e na região do coração estava o símbolo da organização: Uma espada de metal cinzenta quebrada em pedaços. Todas as pessoas pareciam preocupadas ou melancólicas, mas ainda concentradas em seus trabalho e rotinas.
Todos os edifícios e pequenas ruas foram construídos diretamente por cima do meteoro, enquanto uma muralha inscrita com diversas runas tempestuosas mantinha a atmosfera local, os grandes ventos e nuvens causadas pelas letras sobrenaturais preenchendo o local com ar e a ocasional chuva.
Por um momento ele pensou em ir para seus aposentos, uma cabana própria em um dos cantos da fortaleza, mas o pequeno porto que existia em Deimos parecia um local mais interessante, o local era geralmente calmo e o som das ondas do lago era agradável.
O porto estava parcialmente iluminado e repleto de detritos da ultima batalha, os restos do antigo bar que havia por ali e balas de canhão semi-enterradas na pedra cinzenta. Apenas navios flutuando no lago artificial podiam ser vistos e o silêncio era quase absoluto, Jonas aproveitou para ficar de pé em uma das docas de madeira e começou a observar as estrelas, elas o faziam se sentir confortável, como se ele estivesse longe de tudo e onde ninguém poderia sofre com seus erros.
Um som então chamou a atenção, de algo se movendo bruscamente na água e alguém se esforçando para levantar alguma coisa pesada. O comandante tentou ignorar o que estava acontecendo, não era alguém sutil demais para ser um invasor e não era barulhento o bastante para ser alguém se afogando ou brigando, ele imaginou ser algum recruta trabalhando além do horário normal.
Mas os sons continuaram, o indivíduo parecia estar tendo problemas para lidar com aquele objeto e parava regularmente para descansar. Após o que pareceu serem vinte minutos Jonas decidiu tentar ajudar, um pouco por caridade e um pouco por irritação.
-Você precisa de ajuda? Eu não tenho nada de importante para fazer agora – Jonas disse enquanto andava pelo cais escuro. Ele não ouviu uma resposta, mas ele pôde ver o vulto de uma pessoa se abaixando e tentando se esconder, e falhando. O comandante retirou uma vareta de plástico de um de seus bolsos e a dobrou ao meio, fazendo com que luz surgisse dela e iluminando tudo ao redor. Ele viu um homem abaixado e com os braços por cima de sua cabeça como se ele estivesse tentando se proteger de algo. Ele vestia um longo casaco marrom e um chapéu de três pontas, nada que um soldado dos Filhos de Ares teria permissão de usar naquela fortaleza. Algumas folhas surgiam de sua testa, mostrando que ele era um Hominae Flora, membro de uma das várias espécies que haviam se originado da espécie humana.
-Espere, eu te conheço, você é um daqueles bucaneiros... O... - Jonas disse, tentando se lembrar do nome daquele homem, ele também percebeu uma canoa etérea amarrada ao cais e várias grandes na embarcação e próxima á ela, provavelmente os objetos que ele podia ouvir sendo arrastados.
O homem, reconhecendo aquele que o achara se levantou e tentou se ajeitar – Eli Aros, prazer o meu. Você deve ser o comandante Jonas de quem eu ouvi falar. O que você faz andando por aqui quando todos os outros já estão dormindo.
-Apenas procurando por um pouco de ar fresco. Agora finja que eu fiz esta mesma pergunta para você.
Eli parou um pouco antes de perguntar – Não é óbvio? Eu estou preparando a canoa para o capitão de meu navio. Esta ultima batalha o deixou um pouco temeroso pela vida e ele quer sair daqui o mais rápido possível. Eu, sendo a vítima de todas as suas tiranias, tive de preparar a canoa para ele.
-Isto foi bastante estupidez por parte dele. Ele tem permissão para sair daqui quando quiser, ele só precisava pedir e poderíamos arranjar alguns recrutas para preparar o navio para ele... – Jonas então percebeu algo, e se sentiu um ignorante por ter demorado tanto tempo – Não, você está fugindo.
O senhor Aros se assustou, ele conseguiu evitar entrar em pânico e tentou pensar em algo para sair daquela situação, esperando que o soldado dos Filhos tentasse atirar nele a qualquer momento.
Jonas apenas continuou parado e voltou a falar
-Eu entendo você levar apenas uma canoa, ela é pequena e poucas pessoas vão percebê-lo. Mas por que levar tantas malas que você mal consegue
levantar?
Após aquele momento de confusão, Eli tentou se recompor e responder calmamente, se ele seria pego pelo menos ele tentaria manter o que restava de sua dignidade.
-Eu vou tentar fugir para o mais longe possível antes de parar em qualquer local, para que minha tripulação tenha mais dificuldade em me encontrar, e para isto eu preciso de bastantes suprimentos. Eu planejava tentar recomeçar minha carreira em algum outro local, e eu precisava de alguns outros objetos para facilitar tudo...
-Por quê?
-Bem... Por que eu poderia precisar de dinheiro, algum método de comunicação ou...
-Não, eu quero saber por que você, Eli Aros, está fugindo de sua tripulação mesmo sabendo que você poderia ser pego e punido por tentativa de deserção? – Jonas já havia falado da tripulação de bucaneiros que Yoshua havia contratado para servir aos Filhos de Ares, ele havia visto Eli entre eles ocasionalmente, e sabia também que eles haviam sido de grande ajuda no combate as lordes piratas envolvidos naquela guerra.
-Quer que eu responda sinceramente? Por que eu odeio á todos eles, eles são as pessoas mais desumanas, cruéis, tirânicas, gananciosas e violentas com quem eu já tive o desprazer de trabalhar. Nossa tripulação é composta de monstros e nosso capitão é o pior de todos, ele iria preferir me matar a me deixar sair livremente, e eu não quero que ele tenha este prazer. – Neste momento Eli tinha certeza de que o Filho de Ares ia tentar matá-lo naquele exato momento, ele se perguntava se poderia tentar lutar ou pelo menos correr para algum local seguro. As respostas que ele conseguia não eram agradáveis.
-Eu acredito que meu dever seja te impedir.
-É provável que sim. – Ele já estava pensando em alguma rota de fuga, e falhou.
-A única forma de eu não fazer isto seria se eu morresse. – Jonas retirou a pistola do coldre em seu cinto, Eli fechou seus olhos enquanto esperava pelo golpe. Para sua surpresa ele ouviu o som do objeto caindo na madeira, e quando abriu os olhos ele viu a pistola jogada aos seus pés.
-É a única forma – Jonas disse.
Eli pensou no que estava acontecendo, provavelmente era alguma piada estranha dos Filhos de Ares, onde eles dariam aos seus inimigos alguma forma de se defender, apenas para poder rir de suas tentativas falhas quando eles estiverem mortos. Mas então ele viu esperança nos olhos do capitão, ele realmente esperava que o Hominae Flora atirasse nele para poder fugir, como se isto fosse de alguma forma libertador.
-Heh, isto nunca daria certo – Eli disse enquanto chutava a arma de volta para o comandante – Eu ouvi os comentários, você é certamente bem conhecido neste local. Se eu te mato, eu terei dúzias de soldados de vermelho e bem armados atrás de mim. Seria mais útil se eu atirasse em mim mesmo.
O bucaneiro Aros voltou a arrastar as suas malas para a canoa, enquanto Jonas permanecia no mesmo local, em silêncio e com uma expressão um neutra em sua face. Ao terminar, Eli desfez o nó que prendia a canoa ao cais e entrou nele, enquanto o seu veículo começara a flutuar para longe. Ele olhou para trás, vendo o comandante de vermelho ainda parado no mesmo local, ainda olhando para a arma.
-Eu provavelmente vou me arrepender disto. – Ele disse antes de pular de volta para o caís. Ele se aproximou do capitão e então colocou uma folha de papel em suas mãos.
-O que você está fazendo?
-Eu estou te dando uma escolha. Eu estou te dando uma oportunidade para fazer algo que não seja tentar fazer outras pessoas atirarem em você o andar a esmo por aí. Neste papel está anotado o endereço de um porto, onde eles ajudam pessoas a arranjarem trabalho em tripulações. Quando você inevitavelmente se cansar deste local, procure por ele, talvez você tenha jeito para isto. – Eli disse antes de correr de volta para a canoa que e afastava e pular de volta para ela.
Jonas observou a canoa flutuar até os limites do lago, um pouco além das paredes da muralha, quando ela começou a flutuar no Éter e se afastou para o espaço, tendo algum local muito distante como destino, ou talvez sequer tendo um destino.
Ele olhou para o endereço e o guardou cuidadosamente em seu casaco, e começou a andar de volta para seus aposentos, ainda pensando e refletindo, mas desta vez sobre coisas agradáveis. Ele imaginava como seria a vida de um viajante do Éter, longe de qualquer guerra e longe de qualquer exército.
Ele não iria sair da organização dos Filhos, ele ainda não estava pronto, mas agora ele poderia alimentar alguma esperança em seu tempo livre, talvez ele pudesse até chegar ser capitão de seu próprio navio. As possibilidades eram muitas, e talvez sua vida pudesse ser mais segura.