Os Esquecidos: uma aventura artoniana

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Destruidor
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Os Esquecidos: uma aventura artoniana

Mensagem por Destruidor » 23 Nov 2014, 09:21

Malpetrim, 14 de Terraviva de 1400 CE

A Grande Feira de Malpetrim.

Um gigantesco evento que duraria uma semana, que envolvia milhares – senão milhões – de pessoas anualmente. Produtos oriundos de longínquas partes do Reinado estavam ali à venda: suculentas barras de Gorad de Hershey, belíssimos móveis de madeira de Tollon, majestosas armas de Zarcharov. Era sem dúvida um espetáculo aos olhos, com gritos de oferta e procura para todos os lados. E há quem diga que, se procurando bem, você poderia encontrar um item mágico. Além de tudo isso, ainda havia as pequenas exibições a parte de inúmeros artistas de circo e bardos que tentavam a sorte.

E lá estava eu.

Mas não estava sozinho.
Eu e meus companheiros formávamos um grupo estranho de certa forma. Éramos cinco ao todo. Passávamos levemente batidos no meio de tantas cores que aquele evento proporcionava, mas não muito. Cada um de nós tinha características e aptidões únicas por assim dizer.

Christian D'Legan era um humano altivo de expressão sincera provindo de Samburdia. Nunca conhecera seus pais biológicos, apenas “surgira como uma dádiva dos deuses” para seus pais adotivos, um casal humilde de Lomatubar. A propósito, lhe era costumeiro falar sempre de sua irmã, e que não tardariam de se encontrar. Além disso, sua generosidade e bondade eram um estímulo para o mundo. Sob alguns aspectos ele era bom demais para o mundo; sob outros poderia ser um chato completo. Contudo, não era apenas seu caráter que chamava a atenção: suas aptidões físicas eram notáveis. Portava duas espadas longas e combatia com ambas com uma habilidade invejável. Ademais, trajava uma máscara porque seguia a concepção de que um herói não precisa ser conhecido, apenas cumprir o seu dever.

Leviatã era um elfo. E isso já dizia muita coisa. Mesmo com toda a tragédia que caíra sobre sua raça, mantinha-se perseverante em se superar e aprimorar seus conhecimentos. E foi nessa busca que encontrou um poderoso item – um cristal antigo de desconhecido poderio arcano – mas que carregava uma pesarosa maldição e pura maldade, e que agora ambos acompanhavam para sempre o jovem mago. Após o incidente foi para Ahlen, e lá nos encontramos. Éramos “conterrâneos”.

Thundarr Argoth era um grande guerreiro. É um modo de se ver, mas apenas parcialmente. Na verdade, grande para ele não passava de um eufemismo: ele era um gigante. Não apenas muito grande, mas realmente um gigante: Um poderoso gigante da pedra. Banido de seu clã, ele seguia sozinho até que nós o encontramos – ou ele nos encontrou. Sobre ser um guerreiro, também é uma percepção relativa: ele manuseava muito bem aquele machado e espada descomunais. Porém, seu verdadeiro poder vinha de algo mais primitivo: uma fúria bárbara. Em certos momentos ela aparecia, e já não havia mais um combate, apena um massacre. Se não bastasse sua altura, optava também por seguir as vestimentas de seu povo, com acessórios exóticos e uma barba vistosa, assim ele era claramente notado na multidão. Não fazia uso de vestes pesadas ou nada do gênero – sua pele já era uma casca mais grossa que muitas armaduras.


Zero era um jovem humano nobre vindo diretamente de Valkária. Desde cedo desejava se aventurar, ir além de todos de todos. Descobri o que poderia fazer, e depois superar esse patamar, e assim eternamente. Seguia com vigor os desígnios de sua deusa desconhecida, ironicamente com o mesmo nome da cidade. Mas não apenas de fé e desejos o mancebo era feito: era um arqueiro magnífico, sempre a melhorar. Seus tiros eram precisos e certeiros. Sempre acertava o alvo na mosca. Por causa disso optava em ser chamado de Zero (ou este era o seu nome de verdade, humanos são complicados), porque nunca errava. Em suma, era um notável guerreiro, que felizmente estava de nosso lado.


Bem, o que eu poderia dizer de mim mesmo? Um goblin de pouca idade que desejava apenas conseguir seu espaço nesse mundo tão acirrado e perigoso. Sim, a dificuldade começa quando você é um goblin, uma raça não muito bem vista pela maioria. Quando não estão sendo caçados por aventureiros estão fazendo serviços deploráveis e mesquinhos em todas as cidades. Mas eu não poderia ser mais um. Quando optei em ser um aventureiro, prometi que deixaria meu passado para trás, sem esquecê-lo jamais. Em todo o caso, futuramente escreverei sobre mim mesmo, ainda há muito a se contar. O que importava no momento é que eu era uma parte integrante desse grupo, hábil com armas leves para cortes precisos ou engenhocas que desafiavam a imaginação da maioria. A propósito, meu nome é Bob W. Bem, essa parte ficou bem estranha, mas falei de todos os integrantes deste grupo, não queria ficar de fora.
No entanto, seus nomes eram complicados demais, apenas os chamava de Cris, Levi, The Rocky e, bem, Zero já era um nome simples e eu não chamava a mim mesmo.
Seguíamos pelas ruas da cidade sem destino certo. As ofertas e bravatas dos mercadores enchiam toda a atmosfera, e os transeuntes deixavam a caminhada árdua. No entanto a caminhada se tornava mais fácil tendo um gigante abrindo caminho com tamanha facilidade.


Não tínhamos nenhuma necessidade imediata, então as compras não foram grande coisa. Tínhamos mais vontade de comprar que Tibares, então ficava apenas no desejo. Algumas rações de viagem, uma ou duas poções, além de outras necessidades primárias. Assistir ao espetáculo que todo aquele evento significava.
E eis que notamos o sermão de um velho. Trajava uma veste longa simples, sem luxos ou adornos. Carregava em seu rosto a marca do tempo e da sabedoria, uma barba descomunal além de um semblante de ira. Em sua mão, um cajado cuja função se confundia em ajudar na caminhada ou ameaçar. Parecia apenas mais um ermitão ou um profeta alarmista, e seu discurso não chamava a atenção de ninguém. O “sacerdote” falava em fúria sobre o fim do mundo, mudanças climáticas e arrependimento. Nós seguiríamos a multidão e o ignoraríamos também. No entanto, não conseguimos: porque o que ele falava tinha um fundo de verdade. Notávamos realmente pequenas diferenças climáticas. Súbito, parecíamos paralisados peras palavras do ancião, mas apenas nós lhe demos ouvidos. Mesmo um grupo como o nosso, em meio à praça central da cidade, éramos ignorados: era como se nós não estivéssemos ali.Notando que apenas nós o escutávamos, ele pediu para nos aproximarmos. Era difícil resistir, todos nós ansiávamos ouvir mais, saber mais. Então ele falou sobre o porquê desses males. O retorno de um antigo deus, há muitos séculos banido pelos deuses, mas que agora ameaçava voltar a Arton. Seu nome era Sartan. Nos contou sobre a ameaça que aquele mal significava, e os perigos que ele acarretaria, além das atrocidades que poderiam ocorrer se aquela divindade obtivesse sucesso em retornar. Era palpável o desespero que aquela palavra colocava em nós. Mas havia uma esperança.
O ermitão se negava a dizer seu nome, porém não importava mais. Vendo nosso propósito, nos contou no que poderíamos fazer para impedir isso: nós deveríamos reunir três partes de um disco poderoso, o Disco dos Três, que outrora fora utilizado por heróis valorosos para selar Sartan. Teríamos de fazê-lo o mais rápido possível, porque o tempo estava contra nós. Recebemos um medalhão que nos alertaria sobre a proximidade das partes do disco e um mapa com a localização de cada um. Zero ficou em posse do medalhão e o mapa coube a mim.


Tínhamos agora uma missão. Partimos imediatamente e vendo o mapa traçamos nosso primeiro objetivo: a Ilha da Caveira. Lá encontraríamos a primeira parte de nosso alvo. Contudo, encontramos o primeiro desafio: como chegar? Não tínhamos um navio, então rumamos de imediato à região do cais, em busca de algum transporte.
Não demoramos em encontrar muitos navios e seus capitães, mas ao mencionarmos que desejávamos chegar à Ilha da Caveira, éramos dispensados e tratados como loucos. Isso seguiu por horas até que um capitão citou por descuido um nome: Kersley. Sem demora, encontramos o dono desse nome: um velho capitão mal-encarado, com uma perna de pau, com sujeira de mais e dentes de menos. Tratou-nos com uma grosseria ímpar que eu já estava acostumado, mas ao mencionarmos nosso objetivo ele demonstrou total interesse. Ofereceu-nos transporte em troca de eliminarmos o monstro que arrancara sua perna.
Tínhamos um acordo, e em menos de uma hora já cruzávamos o Mar Negro. O navio em que estávamos parecia ser tão velho quanto seu capitão, mas ao menos a embarcação parecia em melhor estado e era mais bem cuidada. O convém inferior apresentava um cheiro que fez com que alguns de meus companheiros jogassem para fora tudo que tinham no estômago, mas para mim apenas lembrava épocas mais simples. The Rocky não conseguia descer, então ficava o tempo todo no convém superior. De qualquer forma, ele não estava lidando muito bem com as ondas, e sua posição favorita era debruçado sobre a amurada vomitando.
Ao cair da noite, para animar a viagem, Kersley contou a todos histórias sobre monstros marinhos e tesouros inestimáveis. Em seu ambiente natural, o capitão até parecia uma pessoa mais agradável. O navio sem nome cortava o Oceano tranquilamente, mas ainda havia um grande caminho até a Ilha da Caveira.
When Arton is ashes you have my permission to die.
Destruidor
Guerreiro 16/Guerrilheiro 4/Cavaleiro do Corvo 10

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