A Busca Pelos Abduzidos - Time Alpha (ON)

[Keitarô]

Yveh olhou para Crassus. Sentia um cheiro de coincidência no ar, um instinto do qual não gostava de ignorar. Caminhos parecidos com causas aparentemente distintas, mas o hobgoblin sabia: de alguma forma estavam entrelaçadas. Assim acontecia a vida, unindo pessoas para propósitos desconhecidos por ele e provavelmente por muitos. Talvez não apenas para Thyatis.

- Não se preocupe, Proteus, mesmo a vida às vezes merece umas palmadas. - Yveh sorriu, deixando claro que se tratava de uma piada, embora parcial. O hobgoblin era capaz de lutar, com socos, pontapés e seu bastão-maça, sem perder a benção da deusa da Vida. Era proibido de matar, mas sabia, de alguma maneira, que a deusa respeitava sua limitação instintiva de querer combater, como todo hobgoblin "militarista" - Olhem, eu não sei o que Crassus pensa a respeito, mas creio ser melhor acompanhá-los. Minha consciência suspira que, seguindo o caminho de vocês, encontrarei a resposta que procuro sobre o acontecido. Creio ser contraprodutivo investigar memórias convenientemente faltantes em mim e em meu companheiro.

O aperto da despedida parecia acontecer ali. Raposa Cinzenta e Cícero já estavam desencarnados, mas era ali que Yveh parecia dar adeus a eles. Sabia, o hobgoblin, que tratava-se de um "até logo", até que descobrissem, pelos meandros da vida, o que realmente acontecera. Comendo lentamente sua refeição, de forma mais educada que qualquer hobgoblin do mundo, Yveh esperou pela resposta do companheiro minotauro, também clérigo.

[Kaidre]

Ao ouvir os detalhes da conversa por Donni, Sig ponderou sobre o que haveria de fazer. A manifestação de Yveh também ajudara.

- Bom, Cassius e Yveltal, digo, Crassus e Yveh, bem como o restante de seu grupo, foram todos contratados para investigar os desaparecimentos assim como nós. Como vocês não sabem o que aconteceu e visto o estado em que se encontravam, sugiro nos prepararmos primeiro. Seja o que for que virá pela frente, acredito que envolverá as lembranças perdidas dos dois. Acredito que seja melhor nos mantermos firmes na pista que temos, assim que tivermos uma ideia de com o que estamos lidando, talvez fique mais fácil encontrar esse tal lago e tudo o mistério que o envolve. - O licantropo tenta parecer responsável em suas palavras, mesmo sentindo que não combina com ele.

- Mas se quiserem se vingar, não esqueçam de me chamar, ok? - Ele segreda aos ouvidos de Crassus. (ou Yveh, o que estiver mais próximo)

[Lucena]

Corrigindo. Não esqueçam de NOS chamar!

[Padre Judas]

- Parece que a decisão do grupo foi tomada. Se Yveh concorda em se unir a nós em nossa missão, é muito bem vindo. E você, Crassus?

Bror acompanha a decisão da maioria - incluindo Yveh - e concorda em seguir com a missão principal. A vingança fica para outra oportunidade.

[Tiagoriebir]

— Sim, também vou com vocês — respondeu o minotauro — acho que ambas as missões estão conectadas e que nosso grupo havia chegado perto demais. Ser torturado e presenciar a tortura e assassinato de seus companheiros tornou isso pessoal.

Crassus terminou sua bebida e bateu com força o copo sobre a mesa.

[Padre Judas]

- Então, vamos nos preparar, descansar mais um pouco e partir pela manhã. Ou vocês preferem partir agora? Porque eu não me importo, até prefiro a noite, mas está um gelo lá fora - não sei se todos aqui estão preparados para esse clima maravilhoso que temos por aqui. Hahahahaha!

Bror dá uma boa golada em sua cerveja e ri alto, espantando os horrores.

[Lord Seph]

- Melhor descansar, Bror. Eles não se recuperaram plenamente, ainda.

Proteus fala em um tom sério e marcial.

[Keitarô]

-- Eu preferiria descansar, também. Com sorte o cansaço residual nos impedirá de ter pesadelos. Será melhor para começar uma nova fase.

Yveh já não tinha mais fome, ou sede, e sentia-se satisfeito. Aquele clima amigável era realmente acalentador, e o hobgoblin desejava que pudesse durar por muito, mas havia mais coisas a serem resolvidas. Suspirou discretamente, resignado.

[ISMurff]

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- Então está decidido. Pernoitaremos aqui e amanhã nos primeiros raios de sol, partimos. – Mu-Mu dá leves tapas nas costas de Yveh e Crassus. De alguma forma os dois percebem que o minotauro entende bem o que é perder um companheiro de aventuras.

Vocês continuam à mesa por um bom tempo antes de dormir. Afinal de contas, haviam acabado de acordar e o sono não voltaria de imediato. Mas, excerto por Bror e seus costumes notívagos e o fato de Crassus não precisar dormir, virar a noite acordados não seria tão simples para o grupo e o sono ataca seus corpos mais uma vez. Voltando ao dormitório, vocês preparam seus pertences para a viagem e tratam de descansar mais uma vez.
Os primeiros raios de sol surgem no horizonte e Crassus antes dos demais já está de pé e pronto para seguir jornada. O jovem evitou dormir esta noite, descansando apenas o necessário para repor suas forças. Não queria sonhar mais um de seus pesadelos rubros. Sua mente estava focada em completar a missão. Bror e Mu-Mu também se prepararam o mais cedo o possível, um costume de caçador que não seria abandonado facilmente. Os demais foram despertados e começaram a se preparar para a viagem.

Vocês se despedem do cozinheiro halfling e de um serviçal da taverna encarregado pelo estábulo. Pela cara que Mu-Mu fez ao pagar a estadia, pareceu que o velho Dillo não cobrou o que prometeu cobrar. Talvez como uma forma de agradecimento ao antigo dono das espadas de Siegram. Não conseguiram se despedir de Camille, era cedo e a jovem ainda estava dormindo.

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Seguindo por uma estrada de pedra, as Montanhas Uivantes podiam se avistadas ao norte, ficando cada vez menores, enquanto o grupo seguia rumo ao sul do reino. No caminho, Mu-Mu finalmente revela o destino: Albaahnén, uma próspera cidade comercial nas margens do Rio do Bardo, que prosperou por anos com o comércio com o reino vizinho de Petrynia. Exceto por Siegram, nenhum de vocês já havia ouvido falar desta cidade, tampouco conhecem sua história mais recente.

Diferente do que os bardos de Malpetrim cantam, ou que os legionários de Tapista admitem a atual cidade-estado livre do outro lado do rio não foi a única a resistir ferozmente à investida do minotauros durante as Guerras Táuricas. Sob a liderança do conde Varick de Aldemmär, Albaahnén resistiu aos avanços inimigos por todo o confronto. Não contavam com aventureiros e suas habilidades incomuns, mas com um exército regular, os Cavaleiros do Trevo, uma ordem de cavalaria tão antiga quanto o reino de Fortuna, formada para proteger os peregrinos que seguiam pelo Caminho de Nimb.

A sede destes cavaleiros ficava em Albaahnén, que desde sua construção fora projetada para ser impenetrável. A cidade se situa em um platô e é cercada por uma série de colinas que dificultavam seu acesso por terra. Pelo rio, navios de grande porte como os trirremes tapistanos eram incapazes de atravessar o percurso do rio, que nas proximidades da cidade se torna turbulento, com uma série de quedas d’água e grandes rochas que impedem qualquer um de invadir a cidade por água. O único vale que dá acesso à cidade é protegido por uma série de torres bem posicionadas, e as muralhas vigiadas 24 horas. As legiões tapistanas tentaram repetidas vezes invadir a cidade, realizando um grande cerco por toda a guerra, mas a sorte estava do lado dos fortunienses. Com um contingente de homens muito menor que os exércitos de Tapista, Varick e seus subordinados venciam batalhas impossíveis, como se a sorte do conde conduzisse seus soldados à vitória. Todos sabiam que o velho Varick sempre foi muito supersticioso, e acreditava com todas as forças que se seguindo todos os rituais corretos, o deus da sorte lhe traria a vitória. De alguma forma ele pareceu estar certo. Sobre o comando do velho conde, os Cavaleiros do Trevo e os soldados de Albaahnén não foram derrotados em nenhuma batalha! Mesmo após a queda do reino, a cidade se manteve de pé, como o último reduto de liberdade de Fortuna.

Mas a sorte do conde de Aldemmär não durou para sempre... Ele já era velho. Muito velho. Quando o conde e seus comandantes planejavam um contra-ataque para libertar a capital do domínio de Tapista, o velho conde sentiu um mal súbito e faleceu. Com a morte de Varick de Aldemmär morria o sonho de uma Fortuna livre. Seu nome ficou gravado na história do reino, e todos os jovens como Siegram sabiam quem havia sido esta figura extraordinária. Muitos se tornaram aventureiros para que um dia pudessem dar continuidade aos seus feitos.

A história do conde que rechaçou as legiões de Araurakas foi proibida de circular fora da região. Os legionários em Fortuna não admitem que fossem derrotados por um exército regular. Tinham que engolir Malpetrim, pois esta era uma cidade portuária e as histórias sobre sua resistência chegariam até os ouvidos da população, quisessem ou não. Já com Albaahnén era diferente. Eles simplesmente não admitiam o que havia ocorrido.

Mu-Mu conta os relatos sobre esta cidade com grande empolgação. Não era um fortuniense de nascença, mas vivia aqui há muito tempo e se orgulhava dos valorosos cavaleiros que deram suas vidas para salvar o reino. Ele mesmo entrou na Resistência inspirado nas histórias do conde abençoado pelo deus da sorte. Embora os minotauros das legiões fossem incapazes de admitir, a defesa de Albaahnén ocorreu. Como forma de homenagear o comandante inimigo, o general Arius decretou que as tropas encarregadas pela defesa de Albaahnén fariam parte da Legião Estrangeira, uma legião formada apenas por soldados oriundos das províncias do império, sem nenhum minotauro em seu contingente. “Tapista foi incapaz de invadir esta cidade e assim deve continuar”.

Mas o passado glorioso da cidade se esvaiu. O atual regente de Albaahnén, - o filho mais velho do conde, que herdou o título de Varick - não se esforçou para dar continuidade ao plano do pai. Quando esse morreu, ele decretou o fim do embate, rendendo-se quase que de imediato. A ordem dos Cavaleiros do Trevo foi desmantelada pelo atual conde e hoje em dia só realiza a proteção das fronteiras de Albaahnén. Sequer protegem mais os peregrinos pelo Caminho de Nimb. As más línguas falam que ele é um fantoche do atual governador, que só se mantém como conde pelo apoio dos políticos de Tapista.

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Vocês passam por uma série de colinas até entrarem em um vale extenso. Quatro grandes torres de pedra são vistas, formando um quadrado perfeito em meio ao a paisagem. Mais ao longe um platô, com uma muralha e um castelo podem ser vistos. Era Albaahnén.

Indo em direção à cidade, vocês percebem que sentinelas vigiam as torres no meio do caminho. Todos são legionários, mas nenhum é visto por aqui. São todos humanos. Os guardas observam a aproximação de vocês atentos, mas não parecem se importar muito com isso.



Vocês passam pelas torres e seguem por uma estrada de terra batida que os leva até a cidade fortificada.



Vocês se aproximam do portão principal, mas são parados por um centurião de guarda no local. Ele se aproxima de vocês com espada em punho e bloqueando a passagem.



- Alto. Vocês estão nos portões de Albaahnén. Somente pessoas autorizadas podem passar.

Mu-Mu se aproxima do guarda e mostra para o mesmo a missiva do general, que lhe dá passe livre para a cidade. O centurião analisa o documento com cuidado e quando se conscientiza de que o mesmo é real, volta a falar.

- Muito bem. Sendo assim vocês três podem passar – ele aponta para Sig, Bror e Donni. [/i] Por decreto de lorde Vera, nenhum minotauro ou humanoide monstruoso pode adentrar a cidade. Sendo assim vocês quatro não poderão passar adiante.

Vocês ficam indignados por um momento, mas logo se lembram do que veem ocorrendo. Os principais suspeitos pelos desaparecimentos são justamente as legiões tapistanas e os tais humanoides monstruosos que surgiram nas proximidades das cidades anteriormente aos desaparecimentos. Talvez o novo conde tenha proibido a entrada de pessoas deste tipo para acalmar a população. Sabendo que a entrada de parte do grupo seria bloqueada, Mu-Mu volta-se para o grupo e explica seu plano.

- Muito bem rapazes, eu vou explicar o que viemos fazer aqui. Estou atrás de um velho amigo, um mago chamado Rizpalditz. Ele é um alquimista experiente, que há muito tempo atrás serviu na corte do lorde Varick de Aldemmär e que com certeza terá como analisar as pistas que descobrimos. Sei que ele não vive dentro da cidade nos dias de hoje, mas não faço ideia de onde ele se esconde. Quero que os três se dirijam até Cidade-Velha, o bairro mais antigo de Albaahnén e descubram seu paradeiro. Ele viveu por lá muitos anos e talvez alguém possa nos dizer onde ele se encontra.

- Eu e meus irmãos minotauros e o nosso colega verde aqui vamos procurar sua residência pela região. Teremos o dia todo para fazer isso e amanhã pela manhã, nos encontraremos novamente no portão para relatar o que descobrimos.

Ainda é cedo e o sol não se encontra no centro da abóboda celeste. Ainda falta muito para que Azgher termine sua caminhada e der lugar ao manto negro de Tenebra.

Fim do primeiro capítulo:
Donni, Bror, Siegram = 10 PEs, 1 ponto de ficha;
Proteus = 5 PEs;
Crassus e Yveh = 2 PEs.

[Padre Judas]

- Você sabe que eu poderia ajudar mais aqui fora, não é? Não me incomodo em ir à cidade, é claro, mas minhas habilidades não são exatamente apropriadas para um ambiente urbano.

Tácito como de costume, Bror se limita a fazer este comentário enquanto espera a opinião dos demais.

Realmente não me incomodo em ir até a Cidade Velha, mas o Bror é mais apropriado para os ermos, onde seus talentos de caçador são mais úteis. Em cidades ele simplesmente não é tão bom.