- Não faço ideia, Abel, mas façamos o que dissestes.
Kain segue Abel até o templo.
Uma cura pelas mãos fresquinho
Uma cura pelas mãos fresquinho
Nobuaki
Não sei se isto poderá lhe ajudar em algo.
Mas recebi estas cartas...
Rauhlz despertou de um sonho, tão real quanto o cachimbo em suas mãos. As palavras do ancião o trouxeram de volta.Rauhlz:
Mas hein?
Limpou a garganta. Bebeu algo quente.Rauhlz:
Nada disto importa, meu velho amigo. Há algo que preciso lhe contar.
Rauhlz falava apressadamente. Delirava em suas elucubrações. Nem mesmo prestava atenção nas reações do ancião.Rauhlz:
Muito além deste mundo, existem outros. Lugares de magia e poder. Neles, habitam os deuses. Mas não são os únicos mundos. Existem outros, outras realidades. O lugar de onde vem a Tormenta, um lugar desconhecido. Uma anti-realidade.
E há ainda a não-realidade. A não-existência. Um lugar que não é um lugar, onde não existe nem mesmo vazio. Onde só há o nada, e o nada não existe, ele é a própria não-existência. É um lugar impossível de ser entendido, talvez até pelos deuses.
Mas existe mais... Um lugar além, muito além, além de todas as dimensões e realidades. Um lugar de fatos e coisas concretas, sem magia ou qualquer coisa fantástica. E neste lugar... Todos nós existimos, mas não como você nos conhece, e sim como meras possibilidades...
E lá, nós nascemos. Não como você lembra ter visto alguém nascer, do sangue e do corpo de sua mãe, envolto em placenta. Lá nós nascemos como simples pensamentos. Como palavras e intenções.
E aqueles que pensam, decidem nosso destino. Às vezes por pura sorte! Mas não decidem juntos.
E este é o segredo!
Fez uma pausa para pensar. Precisava ter certeza do que estava por fazer. Certificar-se que não havia outro meio.Rauhlz:
Tudo que lhe acontece, meu amigo, acontece porque estamos aqui. Você, os espíritos que agora caminham em seu vilarejo, a morte de sua filha e o assassinato do antigo daimyo... Tudo é apenas um jogo, uma possibilidade. E para haver jogo, é preciso haver jogadores. E eu sei quem são.
E também sei o que fazer!
Fez uma pausa dramática.Rauhlz:
Se nunca tivéssemos estado aqui, nada disto aconteceria com vocês. Seriam apenas possibilidades perversas arquitetadas por um ser maligno que nos controla, um inimigo dos jogadores. Um ser desprezível, que brinca com nossas vidas e as de todos. Alguém que deveria se envergonhar!
Mas já estamos aqui... E seus planos já estão em movimento... Por isso, para que haja paz neste vilarejo, para que nem você, nem nenhum inocente a mais sofra ou seja morto, só há uma possibilidade...
Em um momento de delírio, Rauhlz rompera todas as barreiras que separam o mundo real e o imaginário. Alcançou a lucidez suprema na maluquez.Rauhlz:
Todos os protagonistas desta história devem morrer!
Inclusive eu.
Abel
- Kain... O que foi aquilo?
- Temos que ir até o templo aqui perto. O bardo precisa saber.
Kain apoiou Abel em seu ombro e juntos eles iam caminhando até o Templo Hoizon. Lá ele se erguia naquele rochedo, visível na distancia do lugar onde estavam era apenas uma enorme silhueta.Kain
- Não faço ideia, Abel, mas façamos o que dissestes.
Abel recupera 9 pontos de vida
Rauhlz, se pudesse pensar realmente claramente, perceberia que a frase que que acabara de dizer não tinha sentido lógico.Rauhlz:
Acalme-se homem. E me escute; precisa me ajudar. A ação tem que ser rápida. Se o tempo passar, coisas ruins irão acontecendo. É a vontade superior.
No entanto sou um só e há muitos com quem lidar. Cinco devem morrer primeiro. Depois eu. Não necessariamente nesta ordem. Me entende?
Rauhlz:
O que quero dizer é que se eu por ventura morrer, terá que tomar uma decisão. Ou antes até, pois depois talvez seja tarde para sua ação.
O caso é que será necessário lidar com todos os que não são daqui, que estão agora neste vilarejo. E se eu morrer tentando, também não sou daqui, vê? Pois eu vejo.
Será então seu trabalho, de seu povo, deste vilarejo, acabar com os que vieram de fora. Inclusive, se eu ainda estiver vivo e tiver mudado de ideia, deste mundo deverá me mandar embora.
Esqueça seus votos. Lute, espalhe a verdade. Faça uma escolha. Ou veja sua vila sofrer. E então, o que é que vai fazer?
Se for preciso rolar para convencer ele a me ajudar no fim dessa história toda, posso gastar pontos de ação para buscar sucessos. O importante é conseguir aliados. Só vá me avisando antes de gastar, para eu decidir melhor.
Ah, se tiver chance e tiver ele mesmo que tentar conseguir aliados, ele mesmo incitará outros do vilarejo, a qualquer momento, contra o mal que são os forasteiros recentes, a culpa dos males que estão acontecendo e irão acontecer, avisando os dali a se prevenir.
Nobuaki
Perdão, mas não posso quebrar meus votos. Em minha vida já tive desonra de mais como você mesmo sabe e esta é uma macula em minha alma. Nunca mais pegarei em uma arma enquanto minha honra permanecer completamente suja.
Se o que você diz é verdade e não apenas loucura a morte de tais pessoas significaria nossa própria morte. Explico. Se hoje nascemos por sermos meras projeções na mente de tais criaturas que você diz existir e para o entretenimento delas. Se aqueles que você chama de "protagonista" morrerem não existirá mais interesse por parte destes seres e tudo o que existe aqui irá desaparecer.
Voltando ao meu problema, não acredito que tais demônios estejam atrás das pessoas deste vilarejo. Como mostro nestas cartas, elas querem a mim. E preciso que lutem por mim, em minha honra assim como elas lutarão pela honra de Aoyagi.
Estas assinaturas pertencem aos Samurais que serviam ao Daimyo e parece que voltaram de seus túmulos para lutar pela honra de seu senhor. Se tal criatura o observava talvez seja por estar próximo ao túmulo de seu senhor e ele estivesse o guardando.
Rauhlz já ia se dirigindo para fora do templo quando parou para realmente dar atenção ao que Nobuaki acabara de lhe dizer.Rauhlz:
Então, não tem jeito. Em nome de meu amor, e do bem de seu povo, terei que levar essa no peito.
Quem diria, justo que nunca fui besta pra tirar onda de herói... Terá o efeito da vacina passado? É a dúvida que me corrói.
Quando lembrou disto, pensou em tudo que acabara de contar ao velho homem. Tudo mesmo. E então, tudo, tudo ficou claro.Nobuaki
"Se o que você diz é verdade e não apenas loucura a morte de tais pessoas significaria nossa própria morte...
Voltando ao meu problema, não acredito que tais demônios estejam atrás das pessoas deste vilarejo. Como mostro nestas cartas, elas querem a mim. E preciso que lutem por mim..."
Achou que chegara a uma conclusão.Rauhlz:
(Mas é claro, é claro! Como não pensei nisso antes? Este homem que aqui está é parte do problema. Sem ele, os espíritos não teriam de quem se vingar.)
(É a necessidade de ajuda dele que faz com que os protagonistas tenham que existir. Sem ele, os espíritos simplesmente sumirão, pois seus desejos terão sido realizados. )
Olhou para baixo, pensou com seus botões, revisando as regras e as lógicas.Rauhlz:
Veja bem, meu amigo. Se eu estou certo, e sei que estou, você não pode convocar outros para lutar em seu lugar. Você é o alvo da vingança, então deve encará-la de frente...
Mas não vai fazer isso, não é? Não importa o que eu diga. Não vai fazer isto porque não é sua vontade, mas sim a do ser desprezível que o controla e a todos à minha volta. Ele o tem sobre seu poder...
Mas eu sei como impedi-lo de lhe controlar. Ao menos por completo. Nem ele pode fazer o que quiser com você.
Pegou de seu violão e tocou uma canção que, sabia, faria Nobuaki questionar os mais profundos saberes sobre sua existência.Rauhlz:
Veja bem, é um jogo. E num jogo, existem regras. E se esta é uma história sobre nossas vidas e nelas somos apenas personagens, alguns principais, alguns coadjuvantes...
Então é preciso que nossas ações façam sentido DENTRO DESTA HISTÓRIA. E isto, eu que já escrevi muitas músicas, sei muito bem que está além do poder do escritor.
Quero dizer, o escritor não escreve o que quer. Se escrever algo que não faça sentido, irá se sentir mal, ser vaiado, por ele mesmo até. Para evitar este fracasso, o escritor segue a lógica!
E a sua lógica, meu amigo, é tudo que preciso modificar para que você escape um pouco, ou muito, do controle de seu escritor.
Para melhor efeito interpretativo, coloque a música em loop, porque...
Rauhlz quer deixar Nobuaki louco, ou ao menos interferir em sua forma de pensar de um jeito que o personagem tenha que deixar de agir como o mestre planejou que ele agiria. Mas se puder deixar louco, melhor ainda. Nimb vai ao delírio.
Ele toca a música repetidamente, de novo, de novo e de novo, até o velho perder completamente a noção da realidade. Se ele falar com Rauhlz, o que repetirá incessantemente para ele entre os trechos da música são partes do trecho abaixo:
"Pense, Nobuaki. Ouça a música e pense, pense mais! O mundo está louco. Você não existe. Nenhum de nós. Vamos festejar! Dance comigo, dance com Nimb!"