A não mais que algumas horas quele lugar estava completamente destruído por conta do ataque do coelho gigante e agora parecia que nem se quer havia entrado um cliente naquele lugar. Na cozinha o barulho de louça sendo manipulada era ouvida enquanto alguém falava um tanto quanto de forma animada.
Jack acenou com a cabeça. Aquela informação era um tanto confusa, mas já era melhor do que nada. Em sua mente as engrenagens giravam, mas com o que tinha não tinha muito o que fazer. Suspirou. Pegou algumas frutas e uma tigelinha e agradeceu a moça.Cozinheira
Então, sobre este tal de Shiv-Ni-Aki, eu nunca ouvi falar não moço.
Já o tal do Nobuaki, minha vozinha já me falou dele outras vezes. A muito tempo atrás ele foi um grande mestre espadachim, dava aulas em um dojo aqui na vila, ele tinha uma filha e então... hã... não sei como ela morreu, mas morreu. E desde então ele fechou a escola e se tornou um bonzo seguindo um voto de não agressão, talvez de tristeza por morte da moça, né?
Enquanto isto no estabulo Fenyra e Lianna se aninhavam para começar uma boa noite de sono. As lanternas que eram abastecidas com energia arcana aos poucos iam se apagando, lentamente. Enquanto isto os olhos de Fenyra se encontravam com os de Lianna podendo ver o brilho deles e quando as luzes se apagavam jurava que ainda podia os ver antes de ser completamente embalada em sonhos... Neles corria por um campo de flores em uma terra com torres, labirintos e masmorras...
Rauhlz contava para o monge tudo o que havia passado até ali, se lembrou do tempo que havia estado em Tamurá antes da mesma ser varrida pela Tormenta e de como era honrado aquele povo. Sabendo disto omitiu o fato de terem violado aquelas covas, isto provavelmente não seria bem visto.
Como era de se esperar o bonzo era um ótimo ouvinte, e talvez por isto o Ancião havia acabado se sentindo um tanto quanto confortável em sua presença. Quando terminou a expressão do velho era séria, um observador atento notaria uma nota de dor e até mesmo sofrimento no fundo de seus olhos. Uma angustia antiga e que nunca havia se curado como um golpe de uma cruel adaga...
A chuva caia lá fora torrencialmente, o breu era total e Abel seguia rastros cada vez mais nítidos. Instintivamente sabia que o inimigo estaria perto. Os rastros o levaram até a entrada do que parecia ser o cemitério da cidade. Se fosse em algum outro momento, talvez até admirasse uma certa beleza que o local tinha com suas lápides bem polidas e diversas flores, mas debaixo de uma chuva como aquela e na noite o tom era completamente diferente.
As lápides eram alinhas fazendo linhas e havia um pequeno caminho pavimentado, o local era sagrado para todos os que moravam naquela vila e provavelmente era usado como um lugar de honra pelos os que se foram e de meditação para os vivos.
Sentiu uma certa apreensão em com cuidado sacou sua espada, SABIA que o possível inimigo estava por perto mas não sabia aonde ele estava. Ia caminhando entre as lápides e cada vulto ali parecia um mal augúrio. Chega até uma pequena praça pavimentada onde uma cerejeira jogava seus galhos aos céus. Respirou fundo e a curtos passos... andava por entre as lápides, até que algo o chamou a atenção. Ali haviam quatro lápides alinhadas uma do lado das outras mas o que mais lhe chamava a atenção era que a terra deles haviam sido remexidas, parecia que não fora apenas ele que vinha remexendo túmulos atualmente.
Um relâmpago rasga os céus e Abel se vira instintivamente e enxerga o vulto da criatura contra o céu iluminado pela descarga elétrica. A figura era algo amedrontador com seus quatro braços abertos e armadura escarlate com correntes quase que sobrenaturalmente voando ao redor dela. Na ponta das correntes eram vistas pequenas foices, Abel conhecia aquelas armas como Kusari-gamas.
A criatura não era apenas impressionante, mas ágil e antes que pudesse notar as correntes se enroscavam ao redor da lâmina de sua Espada Bastarda e abandonava suas mãos sendo arremessada alguns metros a frente de Abel ficando entre ele e o que quer fosse aquele ser. Entretanto, não teve tempo de pensar nisto, outra corrente já se enrolava em seus pés.
Água de uma poça se espalhou quando caiu de costas contra o chão, olhando para cima enxergava apenas aquela carranca que o encarava contra a noite. Tinha que agir rápido e de maneira inteligente, aquela criatura parecia não abrir qualquer brecha em sua guarda.
Kain estava completamente perdido andando pela a Vila, não havia sinais de Abel e aquilo começava o preocupar. Havia já rodado por toda aquela praça, e não havia sinal do Guerreiro... andando e andando deixou que suas pernas o levassem sem saber ao certo para onde ir. Para quem não sabia aonde ir qualquer lugar era um bom lugar e este era um sentimento que o preocupava.
Caminhando e caminhando chegou ate um cemitério... porque havia chegado ali? Ouviu o barulho de metal contra metal, começou a correr por aquele lugar para saber de onde vinha tal barulho.
O monge havia ficado em silêncio analisando Rauhlz, ele mostrava ser um homem digno e havia chego até ele de forma sincera. Não tinha porque duvidar dele. Quando ele voltou a falar sua voz pareceu falhar por um momento.
O jovem monge havia trago um pouco de tabaco e uma piteira longa, aquilo era estranhamente calmante para Rauhlz, cada tragada era um alívio.Nobuaki
O que você me conta são coisas terríveis, mas são obviamente sinais. Por onde eu deveria começar a contar? Bem, vamos do inicio...
O monge respirou fundo e começou a contar sua história para o Ancião.
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O sol despontava no horizonte, refletindo seus raios nos alagadiços das plantações de arroz. A luz toca os telhados de barro multifacetados da pequena vila de Shimei. As pessoas despertavam e o passo calmo e controlado dos trabalhadores começava a invadir as ruas revestidas de calotas de rocha lisa.
O badalo estridente do gongo vindo do templo Hoizon mistura-se ao som dos blocos de pedra sendo empilhados pelas mãos fortes e calejadas dos operários, incumbidos da construção de um palacete para o Daimyo local.
Acompanhando estes primeiros alaridos matinais, o brado conciso de jovens guerreiros ecoa através das paredes de papel-arroz da academia de artes marciais Nobuaki.
Mais um dia tranquilo e sereno se anunciava.
O Daimyo se chamava Aoyagi Wataru, um homem bom que havia ganhado aquelas terras graças a diplomacia entre o Reinado e Tamurá. Após anos de trabalho, seu amigo o Imperador Tekametsu não poderia negar um desejo tão puro quanto ter uma vida tranquila nas terras do continente. Ele havia sido um grande guerreiro, um Samurai da guarda do próprio Imperador e que após a morte de sua esposa deixou a espada de lado em busca de uma vida tranquila e se dedicar ao garoto.
Wataru havia escolhido aquele pedaço de terra por conta da placidez que o local inspirava em seu espirito. Vivia como um homem simples diferente do cotidiano requintado dos nobres de famílias bushi.
A resignação de uma carreira repleta de perigos e aventuras começou a amolecer seu coração e curar os calos e feridas de outrora. Passava grande parte de seu tempo entre os agricultores, operários, comerciantes e principalmente na academia de artes marciais, onde o sensei Nobuaki, um Samurai seguidor de Lin-Wu ensinava o caminho da espada para jovens de espirito livre.
Wataru tinha preferência por visitar a academia de artes marciais, pois a filha de Nobuaki - a jovem Akemi - despertara em seu âmago sentimentos que há muito havia esquecido. Akemi respondia aos gracejos de Wataru. Nobuaki, apesar dos ciúmes naturais de um pai, não faria objeções se algum dia o Daimyo quisesse desposar sua filha, já que considerava o senhor daquelas terras um homem honrado e leal. Miyuki, a mãe da antiga esposa de Wataru sempre fora contra os anseios do velho Samurai por considerar uma afronta a memória da falecida filha.
Entretanto, os Samurais a serviço de Wataru intimidavam aqueles que viviam na vila, eram guerreiros terríveis pertencentes a uma antiga raça de uma linhagem hoje rara, eles eram shivars e haviam sido escolhidos a dedo pelo Imperador Tekametsu. Eles humilhavam os aldeões os desafiando para duelos em nome da família Aoyagi. Todos os aldeões se sentiam intimidados pelos poderosos guerreiros, menos aos alunos de Nobuaki e ao próprio sensei, que se prontificava a enfrentar os Samurais quando os mesmos exageravam.
Wataru como o bom governante que era se esforçava em desfazer tais confusões. Os aldeões o amavam, e por conta disto conseguiam perdoa-lo pela a atitude de seus vassalos.
Certa manhã, Miyuki não apareceu na capela do Daimyo para fazer as preces aos ancestrais. A mãe da antiga esposa de Wataru havia morrido. Tudo que prendia Wataru de almejar o amor de Akemi havia se despedido deste mundo. Sem a reprimenda da sogra, o Daimyo começou a construir um palacete para acolher sua futura esposa, seria um presente de casamento para a amada e não se importou em gastar muitos Tibares na obra. Wataru ainda não tinha comunicado sua decisão a Nobuaki, mas todos já suspeitavam de suas intenções e sabiam que Akemi não recusaria o convite, pois tinha muito carinho pelo velho Samurai.
Akemi recebeu então uma carta e ficou radiante de alegria, pensava que o remetente fosse Wataru. A cachoeira era um lugar já conhecido pelo o casal, lá se encontravam e ficavam conversando por horas e horas. Wataru nunca havia tocado Akemi, pois fazia questão de tê-la como esposa somente nas núpcias. O Daimyo a respeitava muito, mas a jovem estava demasiado apaixonada para se importar com formalidades e sempre insistia para que Wataru se entregasse em seus braços.
O Samurai, sisudo, declinava e dizia para serem pacientes, mas que se mudasse de ideia, faria com que Akemi soubesse.
Para a jovem, aquele bilhete marcava os sentimentos de Wataru e finalmente, eles poderiam se amar como um homem e uma mulher. Mas nada do que ela esperava ocorreu...
Horas se passaram e Nobuaki dera falta da filha e começou a procurar ela pela a vila. Foi até a mansão de Wataru, mas fora barrado pelos Shivars que, sob ordens de Aoyagi, não permitiam que nenhum plebeu entrasse. O sensei pediu ajuda aos seus alunos e partiram para além da vila à procura da filha desaparecida.
Wataru não sabia do desaparecimento de Akemi. Estava em sua mansão ansioso pela a volta de um de seus criados, que fora levar um presente ornamental a Akemi. O enfeite mostraria aos outros a proposta, deveria prende-lo aos cabelos.
Em poucas horas o corpo de Akemi foi encontrado. As marcas de luta mostravam claramente a brutalidade do assassino e da violação. Nobuaki não conseguiu se segurar e lágrimas anunciaram sua dor e indignação, mas quando achou no bolso do kimono de Akemi a mensagem assinada por Aoyagi, seu rosto secou subitamente e somente a expressão de vingança preenchia seu semblante. O sensei caminhou em passos rápidos e desesperados até a mansão do nobre, tinha certeza que todos aqueles olhares maliciosos e gracejos de Wataru haviam se transformado na vontade incontrolável de possuir Akemi, sua doce filha.
Como era de se esperar, tanto sensei quanto seus pupilos foram barrados pelos Shivars e uma luta mortal começou ali nas escadas do castelo do Daimyo. Os Samurais eram experientes e derrubavam os intrusos um a um, mas a quantidade de alunos e a força de Nobuaki empurrada por sua fúria foram suficientes para que, ao final do embate, todos estivesse mortos com excesão do próprio sensei. O pai desconsolado atravessou as portas da casa e foi de encontro a Wataru. O Daimyo se surpreendeu com a invasão repentina e considerou uma ofensa os modos de seu futuro sogro.
Nobuaki bradou:
Nobuaki
MALDITO, O QUE PRETENDIA FAZER! AFASTOU MINHA FILHA DE MIM!
Wataru
Só fiz o que meu coração mandava! Não aceitarei ofensas nem negativas.
Nobuaki
NEGATIVAS! VERTEREI SEU SANGUE SUJO EM MINHA ESPADA!
Uma luta enfurecida se desenrolou. Wataru não sabia que Akemi estava morta, em sua mente pensava que o futuro sogro havia perdido o juízo por causa do pente que enviara, que nomeava a jovem como sua esposa e estava tomado pelo ciúme. Por mais experiente que fosse a fúria de Nobuaki subjulgou o Daimyo que sucumbiu ao chão com apenas uma nesga de vida em seu corpo. Nobuaki caiu de joelhos ao lado de Wataru, a katana caida ao seu lado aos prantos, perguntava.
Com dificuldade de falar, Wataru estranhou a pergunta do sensei.Nobuaki
Por quê, Wataru? Pensei que gostasse de Akemi.
Wataru
O que diz homen!? Eu amo Akemi, só queria me casar com ela! Não sabia que seu ciúme seria minha ruína.
Nobuaki
Seu cão! Como tem coragem de dizer que se casaria com Akemi, depois de ter violado seu corpo e tirado sua vida?
Surpreso com que o Wataru acabara de dizer, Nobuaki tirou de seu bolso a mensagem suja e sangue assinada "Aoyagi" e atirou no Daimyo.Wataru
Como?! Eu nunca machucaria sua filha! O que houve com Akemi?
Wataru
Esta... caligrafia não é minha, Nobuaki. Que mensagem é esta?
Wataru fez então um ultimo grande esforço para se reclinar um pouco e pegou a mensagem para examiná-la melhor...Nobuaki
Estava com Akemi quando a encontramos morta! Somente os Aoyagi, que pertencem a nobreza, são letrados em caligrafia de Tamura nesta vila.
Então, não me diga que não escreveu esta carta!
Depois de compreender a situação o Daimyo foi consumido pela desolação que acabou por drenar seus últimos segundos de vida. Nobuaki pegou Wataru em seus braços e balançava o seu corpo gritando por respostas...Wataru
Agora eu compreendo! Não matei sua filha, Nobuaki... mas sei quem foi...
Depois do furor, Nobuaki fez questão de enterrar Wataru junto com Akemi e preparou um cemitério especial, próximo à cachoeira, para sepultá-los. Também fez honraria aos Samurais e todos os seus alunos falecidos. A desgraça tomou conta de seu ser e o sensei jurou nunca mais pegar em uma arma novamente, pois todo aquele derramamento de sangue fora em vão, não havia vingado a morte de Akemi e muito menos aliviado a dor em seu coração.Nobuaki
Se sabe quem é o assassino, me fale, Wataru! Me responda, não me deixe com esta dúvida e com a desonra de ter matado um homem inocente! WATARU!!
O caso chegou aos ouvidos do Imperador Tekametsu, que proibiu Nobuaki de cometer o seppuku, assim o sensei teria que viver com a consciência atormentada pelo o resto da sua vida - ou até encontrasse o verdadeiro assassino para vingar as almas dos inocentes e, enfim, poder se despedir deste mundo terreno. Tempos depois a Tormenta atacou Tamurá... a vila nunca mais teve outro governante...
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Um bom pedaço da noite já havia passado quando Nobuaki terminou de contar sua história para Rauhlz. E agora encarava o Elfo...
Rauhlz permanece resfriado. Isto o faz ter algumas tremedeiras durante o dia, isto não afeta diretamente sua capacidade de combate.
Abel esta desarmado de sua Espada Bastarda e esta Derrubado. Kain esta longe do local do combate e não sabe onde o mesmo acontece dentro do cemitério.
Ordem do Combate
Criatura
Kain
Abel