TEMPESTADE RUBRA [TRPG] - ON

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Aldenor
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TEMPESTADE RUBRA [TRPG] - ON

Mensagem por Aldenor » 05 Out 2016, 12:07

Episódio 01 – Reencontro
Vallah
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Um dos piores invernos da história recente de Arton assola uma região de pinheiros altos cobertos por neve, onde a tundra se espalha pelo chão por quilômetros antes de esbarrar nas poderosas montanhas das Uivantes a norte. Era o reino de Tollon, sob a autoridade do governador Terius, do Império de Tauron. Entretanto, aquela região era conhecida por Vallah, onde mercantes da capital Vallahim seguiam por uma estrada pavimentada e patrulhada pelos minotauros para comprar peles e outras mercadorias com o povo que fazia escambo com os bárbaros das Uivantes.

O senhor daquele feudo de Vallah era um ex-legionário chamado Mévius. Não foi preciso muitas perguntas para todos os lenhadores da região chamá-lo de tirano. Suas leis eram absurdas e ele tinha um séquito de clérigos de Tauron e outros soldados a sua disposição. Se Tollon sofreu mais que os demais reinos com a invasão de Tapista, Vallah sofrera mais ainda com a chegada desse senhor.
Delaila
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A arlequina viajava com seu circo itinerante, o Le Grand Cirque Orlando Bloom quando pararam em Vallahim, a capital do reino. Entre uma apresentação e outra, ela notara que o tolloniense comum era bastante fechado e sisudo. Apesar disso, ela conseguia arrancar alguns sorrisos, principalmente das poucas mulheres e crianças na plateia. Seus malabares eram bastante habilidosos. Entretanto, quando se utilizava de alguns truques mágicos inofensivos, como trocar as cores de algumas bolas de couro ou fazer bambolês girarem por sua cintura sem que ela precisasse se mover, o povo suspirava em surpresa. Os homens, barbudos em seus macacões xadrezes franziam o cenho, enquanto as mulheres, as senhoras suas esposas, arregalavam os olhos e deixavam as bocas penderem pela ousadia.

Miranda, a atual esposa de Orlando comentou, entre uma apresentação de arquelina e outra, que o povo de Tollon achava que lugar de mulher era na cozinha e não admitia conjuração de magia. Ela havia avisado o senhor seu esposo, mas ele não dera trela, de modo que Delaila sequer soube disso. Para constatar a injustiça, ela percebeu que Rogrid, o filho mais velho de Orlando (que não era filho de Miranda) usou magia para por fogo nas calças de seu meio irmão Gob (este sim, filho de Miranda) e as pessoas riram e aplaudiram.

Ao longo de suas apresentações posteriores, Delaila começou a ouvir impropérios de um homem alto, de barba castanha, rosto curtido com cabelos grisalhos nas laterais e testa cheia de rugas. Ninguém fazia nada quanto aquilo e ela foi perdendo um pouco a paciência. Ao final de sua apresentação, saiu de cena para a entrada dos filhos de Orlando para seu ato de comédia. Delaila aproveitou a situação para se esgueirar na plateia, sem sua maquiagem de arlequina, claro. Misturou-se fácil com suas roupas mundanas. Sentou-se próxima do homem e o ouviu comentar como aquele circo estrangeiro era o motivo de tudo de ruim que acontecia em Tollon. Falou que iria denunciar todo mundo para as autoridades táuricas sobre a conjuração de magia praticada pela “puta”.

Delaila moveu-se com rapidez e discrição infinita. Tocou o ombro do homem e o fez olhar para o lado. Ela aproveitou e passou a mão por sua algibeira, trocando-a por outra vazia. Quando o homem deu por si, Delaila já estava em sua pequena tenda-camarim acoplada à tenda principal que era o circo. Havia cinco tibares de ouro. A menina riu sozinha ao perceber que eram seus primeiros cinco tibares de ouro em muitos meses.

A apresentação acabou e Delaila dormia em sua cama, tendo lembranças de casa, principalmente de seu pai. A saudade era constante e batia mais forte quando estava sozinha em sua cama, tentando ser levada pelo sono. E então, ela percebeu um movimento fora de sua tenda. Uma sombra se projetou e a aba foi levantada. Era Rogrid. O rapaz estava com as bochechas rosadas e olhos semicerrados. Estava vestindo uma camisa de algodão manchada. Fedia a rum velho. O rapaz balbuciou coisas como “você é linda”, “quero você pra mim” e não demorou muito para desatar o cinto.

Delaila não era do tipo violento, mas a situação pedia atitudes extremas. Ela se desvencilhou com agilidade de um agarrão e fez Rogrid cair. Antes que ela pudesse sair, o ouvir gemer de dor. Ele havia caído em sua própria adaga. Gritou ao ver o sangue em suas mãos e saiu correndo acusando-a de atacá-lo. Delaila sabia que Orlando era super protetor de seus filhos e sua história não seria ouvida. Num reino como aquele, a justiça provavelmente iria culpá-la também. Por isso, ela não pensou duas vezes: “hora de ir embora”.

Andando furtivamente pelas tendas enquanto algumas lamparinas se acendiam rapidamente como fogo espalhando na palha, Delaila conseguiu chegar à cidade. Mas não sem antes esbarrar com Miranda. A mulher lhe jogou uma bolsa onde os pertences de Delaila estavam. Um estojo de couro com suas peças de travessuras, uma bola de cristal (obviamente falsa, oca e espalhada) e uma pedra lisa do tamanho de um punho. Marcava 21 horas de Jetag 19 sob Luvitas, 1410 CE.
Miranda
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Vai, menina, fuja!
Delaila partiu rapidamente e conseguiu deixar a capital para trás pegando a estrada para norte.

O céu estava fechado, apenas com a aparição esporádica da lua em escudo para lhe dar um pouco de luz.

Delaila chegou a uma aldeia no amanhecer gelado das 9 horas de Tirag 20 sob Luvitas, 1410 CE. Batia os dentes enquanto caminhava segurando ambos os braços, encolhida. Nenhuma viva alma apareceu para lhe ajudar. Janelas eram fechadas, portas eram batidas. Quando ela tentava falar com alguém, viravam-lhe o rosto e sumiam para dentro de suas casas. Uma moça retirava o leite de uma vaca a viu. Tinha cabelos ruivos encaracolados e sardas tímidas perto de seus grandes olhos verdes. Entretanto, ela falou sobre um lugar onde ela poderia se aquecer e comer alguma coisa. E apontou para as montanhas.

Ela seguiu por mais algumas horas até a aldeia desaparecer atrás de si. Andando sob uma neblina rasteira, Delaila sentia câimbras. Quando parecia que ia ceder, acabou encontrando algo. O chão estava mais duro, as tundras mais abundantes. Viu uma cerca e uma trilha rudimentar paralela. Seguiu lentamente mais à frente e conseguiu ver que a cerca mantinham lápides antigas. Ela já tinha ouvido falar desse lugar, há muito tempo, quando lia alguns livros antigos com o seu pai. Aquele era o famoso Cemitério dos Colonos, onde os primeiros dissidentes da famosa caravana de Cyrandur Wallas, herói de Petrynia, enterraram seus primeiros mortos.

Apesar da neblina rasteira, Delaila conseguiu divisar uma construção de pedra com pilares antigos, com algumas rachaduras. Uma escadaria curta levava até uma porta.
Bestius
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Desde o Tratado da Semente feito pelos homens da cidade de Follen com os druidas do Bosque de Allihanna não havia tantos não-druidas naquela imensidão florestal, cheia de pinheiros para se perder de vista. Eles estavam em uma grande clareira, os civilizados e os Druidas de Tollon.

Como de costume, Bestius não se importava com tratados ou modos civilizados, por isso, pouco se importava com os humanos de Follen. Ele havia saído de sua “zona de conforto” há poucos dias, determinado a seguir os passos de seu irmão e conhecer mais do mundo e suas maravilhas. Além de buscar poder para, enfim, enfrentar as ameaças aberrantes que sequer imaginava como se pareciam.

Bestius havia chegado há pouco no Bosque de Allihanna e fora avistado por druidas do círculo da região. Ele sabia apenas rudimentarmente que havia uma divisão de “tipos” de druidas devotos da Mãe. Os organizados em círculos que vigiavam a ação dos civilizados sobre a natureza para lhes corrigir quando necessário e tolher abusos; e os totalmente isolados da civilização que viviam em comunhão com os animais (tornando-se muitas vezes animais mesmo) como ele. Mesmo encontrando-os com um sorriso (afinal, eram irmãos druidas!), Bestius percebeu que era rejeitado. Bocas tortas, cenhos franzidos, olhos rolando. O metamorfo entendeu que ali não era bem quisto. Não entendia muito bem o por quê.

Conseguiu, entretanto, que um jovem falasse com ele e explicasse a presença de tantos civilizados no Bosque de Allihanna.
Jovem druida
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Sãos os madeireiros. Vieram pela madeira.
Bestius entendia mais ou menos o que isso significava. Franus, seu irmão, lhe alertava do mundo lá fora. “As pessoas do mundo civilizado desprezam a harmonia com a Mãe. Eles querem exaurir os recursos naturais para produzir seu próprio meio de destruição. Veja, eles modificam o que a natureza já dá para fazer algo que os agrade.”

Bestius percebeu isso. Os madeireiros queriam mais madeira, mais do que lhes era devido da cota estabelecida no Tratado da Semente, séculos atrás. O meio-dríade ficou próximo a um grupo de druidas que debatiam com os civilizados e pôde ouvir o teor da conversa. Eles estavam sendo pressionados pelos minotauros (os senhores daquelas terras entre o Rio Kodai e o Rio Panteão) para produzir mais casas, mais cidades, mais móveis, mais tudo. Desde a chegada dos novos senhores, os civilizados (que se autoproclamavam “tollonienses” ainda que isso não tivesse nenhum significado para Bestius) mudaram muito seus hábitos. Tratados antigos como o da Semente teriam que ser revistos e os Druidas de Tollon não pareciam satisfeitos com aquilo.

Bestius prestou atenção na argumentação de ambos, compreendendo o que podia e ponderava ele mesmo o que era mais justo a se fazer. Porém, em sua visão periférica, o metamorfo percebeu uma movimentação estranha na clareira. Pulou a tempo de salvar a vida do jovem druida que o tratou como gentileza. Uma flecha cravou o chão. Súbito, uma saraivada de flechas escureceu a clareira. Muitos caçadores atiravam dos antigos pinheiros. Vestindo suas roupas verdes com folhas camufladas, eles desceram da árvore e sacaram suas espadas. Os Druidas de Tollon que estavam ali presentes não estavam preparados para isso. Seus irmãos animais não estavam ali. Suas armas haviam sido deixadas debaixo de um grande pinheiro, centenas de metros atrás. Era uma das condições para a reunião naquele dia com os madeireiros.

A traição fez Bestius enfurecer-se e tentar atacar os caçadores e os madeireiros. Conseguiu matar dois com suas garras transformadas. Porém, o jovem de antes tocou-lhe o ombro.
Jovem druida
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Vamos embora, Bestius. Eu tenho que te mostrar uma coisa.

Bestius não entendia como ele sabia seu nome, mas entendia o chamado em seu coração. Aquele rapaz não era um simples druida em aprendizado.

Em meio ao caos da luta, ele foi embora com o rapaz. Havia passado horas quando Bestius decidiu perguntar para onde estavam indo. O rapaz não respondeu. Meia hora depois o meio-dríade perguntou novamente e novamente foi ignorado. Bestius perdeu a paciência e o puxou pelo ombro. O rapaz se virou transformando-se em um enxame de insetos voadores e desapareceu.

Apesar da falta de respostas, Bestius percebeu onde estava. Frente a uma caverna ele sentia seu coração palpitar. Não precisava de livros ou de ninguém para lhe falar que aquele lugar era sagrado. Seus passos foram guiados para dentro e ele pôde perceber um calor acolhedor, uma sensação de proteção e bondade. Bestius viu no centro da caverna escura um objeto brilhante. Uma esfera branca luminosa sobre um altar de madeira esculpida. Da penumbra, uma mulher apareceu. Ele sabia que era mulher pelo corpo humanoide e suas formas, que vestiam uma túnica branca simples. Sua cabeça era de uma corça.
Mãe
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Meu filho querido, você foi o escolhido para proteger algo muito precioso. Siga a norte e você encontrará o seu destino.
Antes que Bestius pudesse perguntar alguma coisa, a mulher desvaneceu-se no ar como se nunca estivesse estado ali. A esfera brilhou intensamente até ele precisar usar os braços para proteger os olhos. Quando passou a sensação de cegueira, ele se viu com muito frio, muito mesmo, em uma trilha rudimentar com uma neblina rasteira ocultando o chão e um pouco do horizonte. Pelo intenso frio, supôs estar bem a norte, perto das montanhas de gelo.

Seguindo a pequena trilha, ele viu uma cerca de madeira e arame farpado (coisas que os civilizados adoravam por para demarcar terras e chama-las de suas) e, do outro lado, várias pedras brancas, cinzas de todos os formatos e tamanhos, postas lado a lado a perder a vista.

Intrigado, ele seguiu a norte e encontrou uma construção feita pelo civilizado. Duas pedras cumpridas como árvore sustentavam o que parecia ser uma caverna esculpida por ferramentas. Havia degraus também de pedra esculpida e, sobre eles, uma mulher cambaleava.
Ganimedes
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O céu resplandecia e ao seu redor, Ganimedes estava deitado em um gramado confortável saboreando a mais vermelha maçã de sua vida. Ouvia o som de um riacho ali próximo que amenizava o clima quente.

Ou era isso seu sonho.

O rapaz estava com a cabeça encostada entre duas barras de ferro, dentro de uma jaula de animais. Ali ele havia reduzido a um animal, destituído de sua humanidade. Estava um trapo humano. Cabelos ensebados grudando em sua cabeça. Olheiras pesadas e corpo magro. Ganimedes lembra do ultimo dia ensolarado que viu, coincidentemente o seu último dia de liberdade.

Há um pouco mais de um mês ao sair de Valkaria, Ganimedes era só esperança e empolgação. Seria um aventureiro, se tornaria famoso, teria riquezas e reconhecimento. Voltaria para Valkaria triunfante após conquistar tudo que queria. Entretanto, a realidade não foi a que ele esperava. Após vaguear pelas pradarias por dias, encontrou um vilarejo simplório onde pôde comer e beber por poucos tibares.

Uma jovem e linda mulher o abordou no balcão. Tinha orelhas alongadas, olhos verdes vibrantes. Sua roupa leve branca com partes de couro e um florete preso à cintura indicavam que era aventureira.
Elfa
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Olá, bonitão. Gostaria de se unir ao meu grupo de aventureiros?
Ganimedes queria, mas ficou um pouco desconfiado, olhando de soslaio e percebendo ninguém com características de viajante naquela pequena taverna. Perguntando sobre isso, a elfa mostrou um largo sorriso.
Ellyane
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Eles estão vindo de Valkaria agora mesmo, moço. Chegarão amanhã de manhã. A propósito, meu nome é Ellyane.
Ganimedes se apresentou e ponderou sobre aquilo. Disse que queria conhecer o resto do bando primeiro antes de aceitar qualquer coisa. Ellyane assentiu ainda com um largo sorriso. Tendo esse motivo deixado de lado, Ellyane e Ganimedes tornaram-se mais “íntimos”. Conversaram sobre quem eram e o jovem arqueiro entendeu que ela era uma espadachim com uma triste história. Havia se separado de sua irmã tão logo fugiram da queda de Lenórienn e até hoje não a encontrou. Ganimedes notou o seu semblante entristecer-se como uma flor murcha. A mão dela pousou sobre a de Ganimedes.
Ellyane
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Eu farei tudo pela minha irmã. Você pode me ajudar?
O coração do jovem arqueiro palpitou. Ele sentiu seu rosto esquentar e quando deu por si estava aceitando. Não demorou muito para sua mão impedir a queda de uma gota de lágrima do rosto de Ellyane.

“Ellyane”. O nome vinha amargo em seus lábios rachados. A jaula subitamente parou de andar sobre as rodas naquela estrada pavimentada. Ele viu o que vira repetidamente há quase um mês. O minotauro chamado Alvinius de penugem branca e córneos de bisão descia da carruagem e sacava seu chicote e passeava entre as jaulas presas umas as outras. Ganimedes sabia que não tinha nada a temer, pois não tinha feito nada de errado. Suas costas cheias de cortes infeccionados haviam feito desistir de tentar fugir logo na primeira semana. Mas alguém sempre tentava. Ele ouvia os berros de outras pessoas, mas não conseguia ver. O deslocamento de ar provocado pelas chicotadas lhe causava calafrios. Suas cicatrizes ardiam.

Ele fechou os olhos e viu Ellyane. Seu corpo nu era esbelto, escultural. Tudo o que um homem como ele gostaria de ter em sua vida. A cama de palha foi o seu ninho e Ganimedes pensou que havia começado com o pé direito a sua jornada de aventureiro.

Acordou naquela mesma noite com duas figuras enormes sobre ele. Tentou se debater, mas logo seus finos braços foram dominados. Um terceiro agarrou-lhe as pernas e as amarrou firme. Após ter os braços amarrados também, ele sentiu o cheiro de pelos, o bafo asqueroso. A lamparina fora acesa por um quarto homem. Eram todos minotauros. Mas como era possível? Estavam ainda em Deheon! O Reino Capital! O centro do Reinado!

O reino que dobrou o joelho para o Império.

Arrastado, Ganimedes pensou em gritar e gritou. Mas apenas atraiu olhares curiosos de pessoas que tinham muito a perder. Desceu as escadas tentando se debater inutilmente, sendo assistidos pelo dono da taverna nitidamente cabisbaixo. Ele viu Ellyane com semblante sério na porta da estalagem.
Ellyane
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Eu farei tudo pela minha irmã.
Dessa vez não havia tom de súplica, mas uma firmeza na voz irreconhecível. A jovial e alegre espadachim agora era sua algoz. Se havia remorso em sua alma, Ganimedes nunca soube.

As lembranças desnuviaram quando ele começou a sentir frio. Muito frio. Ouviu os minotauros comentarem sobre como aquele inverno estava sendo o pior que já viram e praguejaram ter que trabalhar por Tollon, o Reino da Madeira. Ganimedes sempre ouvia a conversa de Alvinius e seus homens, ditas em Valkar. Aparentemente, eles treinavam para falar a língua dos humanos para poder galgar posições de destaque e chefia no exército. Queriam parar de capturar escravos, viver atrás de fujões e ter que fazer outras coisas mais sujas.

Certo dia, o arqueiro (ou seria ex-arqueiro?) viu algo diferente de sua rotina. Após pararem pela fria manhã, Alvinius conversou com outras pessoas. Pela voz, eram humanos, mas ele não conseguia vê-los direito por causa do capuz.
Encapuzado
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Quero somente dois. E só porque precisamos mesmo.
Alvinius
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Claro, garoto, claro. Logo você verá que usar escravos para esse tipo de trabalho é muito mais barato que pagar lenhadores teimosos.
Ganimedes foi um dos dois escolhidos para trabalharem. Estava entre humanos, mas havia grilhões em suas mãos e nas pernas. Ele olhava incrédulo para aqueles homens, revoltado.

Então, ele ouviu com nostalgia um assoviar característico. Uma flecha cravou no pescoço do encapuzado que lidava com Alvinius. Em questão de segundos silhuetas se formaram entre as árvores. Era humanoides e outros nem tanto. Alvinius gritou ordens em táurico e seus homens apareceram com escudos e lanças. Os encapuzados tentaram correr para direções diversas, mas eram alvejados com facilidade. E então, as silhuetas ganharam forma. Eram homens e mulheres com pinturas, folhas e galhos pelo corpo. Muitos usavam peles e quase todos tinham algum animal andando perto. Lobos, panteras, ursos eram os mais comuns.

Aconteceu um grande ataque. Os druidas se lançavam primeiro contra os homens encapuzados e depois atacavam os minotauros. Ganimedes conseguiu se arrastar pelo chão e procurar abrigo perto da carruagem. Tentou tirar os grilhões, mas não conseguiu. Um minotauro caiu morto ao seu lado com o rosto chamuscado. O jovem valkariano encontrou chaves e, graças à Valkaria, eram de seus grilhões. Libertou-se e correu para longe.

Dias depois de andanças, Ganimedes parecia que morreria congelado, com a neve que caia naquele lugar absurdo. Mas encontrou uma pequena caverna no meio daquela imensidão florestal. Dentro, viu resquícios de fogueira e imaginou se alguém estava ali. Não havia alguém vivo, pelo menos. Encontrou um homem morto a golpes de espadada. Vasculhou por algo interessante e viu uma mochila com bons pertences. Aparentemente ele era um aventureiro que morrera tentando curar inutilmente suas feridas, a julgar pelo cheiro fétido da pasta dos bálsamos. Felizmente, havia outros dois e Ganimedes pôde se tratar, deixando um para futuras ocasiões. Havia também um arco simples e três aljavas. Aparentemente Valkaria havia posto aqueles pertences como recompensa por seus esforços...

Depois de um dia descansando, o jovem arqueiro se equipou e partiu para norte, tentando se guiar pelas árvores e pelo som dos animais. Não demorou muito para notar que estava próximo das Montanhas Uivantes. O paredão de montanhas brancas nos confins do horizonte não deixava enganar.

Ganimedes seguiu com frio em busca de abrigo e encontrou uma trilha muito antiga. Não conseguia ver os rastros dali porque havia uma neblina baixa bem densa. Mas notou estar margeando um cemitério cercado. Ao final da trilha, ele ouviu sons de passos. Pegou uma flecha e abaixou-se para tentar usar a neblina a seu favor. Viu um homem alto e forte indo em direção ao que parecia ser um templo. Nas escadas de tal construção havia uma mulher cambaleante. Súbito, viu uma mulher passar, cheia de casaco, ao seu lado. Ela aparentemente não o viu.
Adnaerys
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Deixar seu filho aos cuidados das mulheres do monastério de Lena provocou uma mistura de emoções na recém-admitida na ordem. Adna não entendia bem o processo que culminou o nascimento de seu filho, pois aprendera nas liturgias sagradas que havia um ritual específico onde a própria Deusa da Vida engravidava suas noviças a fim de torná-las suas sacerdotisas. Não foi o que acontecera consigo.

Ao longo de seus estudos no caminho da Vida, Adna viajou bastante por muitos monastérios a fim de adquirir sabedoria e conhecimento. Em Arton, o clero de Lena era um dos mais populares. Todos precisavam de suas bênçãos. No final de seu treinamento, Adna estava em Vallahim, a capital de Tollon, o Reino da Madeira. A despeito da situação política complicada que passavam, os tollonienses em geral eram muito receptivos à Lena e iam às missas em todos os Valags, dias de descanso.

Depois que partira do monastério original em Nova Ghondriann, Adna não passava um dia sequer sem pensar em seu garoto de quatro anos com os cabelos e olhos negros. Tinha seu tom de pele e em nada lembrava o ser celestial que visitou sua cama na noite em que sua vida mudou para sempre. Apesar da particularidade de sua gravidez, ela foi acolhida pelo monastério e aprendeu a doutrina clerical.

Em Vallahim, mesmo sob a supervisão de Basilius, clérigo de Tauron responsável central pela fé do Deus da Força em Tollon e braço direito do próprio governador Terius, Adna não era importunada e sua fé podia ser professada sem muitas intervenções. A única limitação era a proibição de pregar nas ruas sem aviso prévio às autoridades e da liberação documentada. Era difícil muitas vezes conseguir essa liberação, mas Adna sempre auxiliava a chefia da Casa de Lena na diplomacia. A matrona Gunilda era uma mulher tão determinada quanto doce. Alguns a consideravam teimosa ou louca por bater de frente sempre que podia com Basilius.

Um dia, após uma missa celebrada pela própria Adna, Gunilda a chamou em seus aposentos. Sentada à sua cama, ela convidou a samaritana para sentar ao seu lado.
Gunilda
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Tenho recebido muitos elogios dos fiéis por suas palavras. Suas missas têm sido auspiciosas e têm acalentado o coração embrutecido dos lenhadores. Fico muito satisfeita com isso, minha querida.
Ela mira a janela e Adna pôde ver o cair dos flocos de neve.
Gunilda
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Entretanto, minha querida, não foi bem este o destino que Lena quis para uma de suas filhas mais especiais. Não. Você foi escolhida por um anjo e tem muito a que ajudar as pessoas pelo mundo. Você deverá seguir seu caminho levando a palavra da Vida para os corações mais duros.
Gunilda se levanta da cama e a abraça. Depois, a olha nos olhos.
Gunilda
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Fui solicitada por Basilius para uma... missão. Será bom para você como sua primeira tarefa oficial pela igreja. Nos dará um favor necessário para conseguirmos mais autorizações.
Gunilda agora pegava uma taça e enchia com vinho. Oferecia para Adna.
Gunilda
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Sabe como são essas coisas políticas, não é? Temos que dar para receber. Enfim, a missão nada mais é que uma investigação simples. Você terá que seguir a norte, até os domínios do senhor Mévius, na região de Vallah. Não é muito longe, não se preocupe. Existe um cemitério, um dos mais famosos da região das montanhas, o chamado Cemitério dos Colonos. Acreditamos, eu e Basilius, que haja um templo ali e gostaríamos de saber quem está controlando o local. Por mais que os minotauros se gabem de sua força e coragem, aparentemente têm medo de um simples cemitério...
Adna sabia o quão importante essa missão seria para Gunilda e para a igreja de Lena, por isso, partiu naquela mesma manhã com seu casaco de frio mais pesado, pois aquele era um dos invernos mais frios da história do reino e uma tempestade terrível não tardaria em chegar.

Após algum tempo vagando pela estrada, Adna chegou à Vallah sem maiores dificuldades e foi recebida por um minotauro, um soldado a mando de Mévius.
Soldado
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O senhor Mévius está ocupado no momento, samaritana. Siga seu caminho.
Rude, mas não causou problemas. Ela seguiu pela região onde a tundra começava a dar lugar ao terreno rochoso. Adna pegou uma vaga trilha e só conseguiu se guiar porque havia uma cerca que contornava o cemitério, pois o chão estava coberto por neblina. Puxando o casaco para perto de si, ela viu um homem alto, robusto com cabelos e barba castanhos muito claros. No sopé do templo à frente, havia uma mulher cambaleante.
Aslam
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Ainda hoje Aslam tem pesadelos envolvendo aquela maldita bruxa. Quando via sua cara horrenda correndo pelas paredes despejando sua nojenta saliva corrosiva de suas quelíceras aberrantes, Aslam tinha certeza que o dia seria uma droga. Acordava com dores de cabeça, corpo ainda cansado. Felizmente, tais dias não eram tão comuns fazia muitos meses, quando pegou um navio para navegar pelo Rio dos Deuses.

Sua intenção, à priori, era chegar à Yuden para se juntar à igreja de Keenn do reino. Mas logo que entrou no Rio Iorvaen que margeava o oeste do Exército com uma Nação, percebeu que não seria bem visto. “Mas sou um devoto, um sacerdote da guerra, racistas imbecis!” tentava bradar em alguns momentos, mas não houve jeito. A rejeição da população aonde ia e os constantes desafios dos campesinos belicosos, além da ameaça das autoridades locais em prendê-lo por motivo nenhum fizeram Aslam desistir de ficar naquela terra de humanos burros.

Aslam então decidiu atravessar o outro lado do rio, para Zakharov, o Reino das Armas. Sua alcunha era promissora, pensava. Conversou com alguns tripulantes do navio sobre o reino e descobriu que havia poucos anões no reino e isso o deixou intrigado. O que acontecia? Anões e armas estavam intimamente ligados e até o próprio nome Zakharov era de um deus menor do povo anão e Zakharin (nome da capital do reino) era o nome de sua arma favorita.

Após viajar para a capital do reino, ele descobriu rapidamente o que aconteceu. Há muitos anos os anões e estes partiram para sempre do reino, acabando com os acordos comerciais entre Doherimm e Zakharov. Aslam não era exatamente apegado às tradições anãs, pois não ligava de possuir pouca barba e era devoto de um deus minoritário entre os seus. Seus pais, inclusive, preferiram abandonar sua nação para professar sua fé na superfície. Apesar disso, ele sabia que seu povo – ainda que teimoso – não tomaria uma atitude dessas sem um bom motivo. Por isso, ele ficou ressabiado com os humanos zakharovianos.

Poucos dias na capital do reino ele descobriu alguns templos de Khalmyr, Keenn e Valkaria. Aparentemente o povo não via o Deus da Guerra como um vilão como se via em outras partes de Arton. Ele era responsável pela proteção na guerra quando era necessária. Mas a visão de Khalmyr responsável pela “guerra justa” era predominante ali. Aslam não tinha paciência para aceitar que haja o conceito de “justiça” na guerra. A guerra bastava em si, era o que movia as pessoas, o que as desenvolvia, o que lhes dava significado. O conflito puro e simples. Justo ou injusto, não eram conceitos relevantes e, pior, sobrepesavam o próprio significado da guerra pura.

Aslam encontrou bastante facilidade para falar o que pensava na igreja de Keenn de Zakharin. Não era acostumado a isso, pois preferia a parte belicosa da função de sacerdote, mas sabia fazer uma ou outra pregação. Ministrou duas missas, mas não se tornou popular. O bispo até concordava com sua visão, mas eles precisavam entrar nas mentes do povo e manter sua fé. E, para isso, era preciso falar coisas que fizessem sentido na cabeça deles.

A queda de Khalmyr em favor de Tauron como líder do Panteão, ocorrida há pouco mais de cinco anos estava causando efeitos. As pessoas diminuíam a frequência na igreja de Khalmyr e acabavam enchendo as missas de Valkaria e Keenn, pois Tauron não era bem visto no Reinado depois das Guerras Táuricas.

O jovem anão percebeu que seu tempo ali, embora não em vão, não foi tão eficaz quanto imaginava. Por isso, partiu para sudeste. Estava curioso quanto aos devotos de Tauron e desejava, sobretudo, batalhar contra eles e testar sua força, principalmente para provar que Keenn deveria ser o verdadeiro líder do Panteão, não Tauron. Afinal, Arton precisava se unir para a maior de todas as guerras: contra a Tormenta.

O cruzado viajou até Gorendill, uma simpática cidade de Deheon, o Reino-Capital do Reinado. A cidade era próspera e pacífica demais. Nesses dias de calmaria Aslam sentia-se pecador. Não se furtou em provocar uma briga de bar apenas para aquecer os punhos e foi embora na calada da noite, sentindo a emoção no sangue. Porém, precisava de mais que isso.

Ele encontrou alguns bandidos de beira de estrada e conseguiu dar cabo deles cortando braços e pernas, mas evitando matar, para dar a eles uma chance de se tornarem vingativos. Ensinou bem, pois uma semana depois foi atacado pelos primos dos bandidos. Estes, entretanto, teve que matar.

Aslam percebeu que as estradas começaram a ser pavimentadas e viu quase semanalmente tropas de minotauros rondando a região lhe fazendo perguntas. Eram, de modo geral, educados, por isso não havia uma clara oportunidade de combate. Alguns inclusive pediam por uma bênção do Deus da Guerra, praticamente segunda religião dos soldados. Surpreso com tal recepção, Aslam seguiu seu caminho até quando tudo começou a ficar frio, muito frio.

Por algum motivo, ele começou a ver montanhas geladas e sentiu que começava a se perder. Se sua memória não falhava, aquela região deveria ser próxima das Montanhas Uivantes e ele não queria ir pra lá. Tentou pegar outra rota pelo terreno rochoso até encontrar um pouco de tundra. Seguiu até começar a ver uma neblina densa, mas baixa, até altura de sua cintura. Encontrou as costas de um templo antigo. Ele reconheceu logo: “trabalho anão”. Circulando o templo, ele viu uma garota cambaleando, subindo as escadas. Ela não parecia bem. Atrás dela havia um homem alto, loiro e barbudo. Vestia trapos simples cobrindo apenas a sua masculinidade. “Como aquele humano não sente o frio?”.
Delaila, Bestius, Ganimedes, Adnaerys, Aslam
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Templo desconhecido
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Delaila está nas escadas, cambaleante pelo frio e cansaço que sente após andar por muito tempo sem proteção necessária. Ela não vê ou ouve ninguém.

Bestius está próximo a ela, mas não vê ninguém a não ser a mulher cambaleante, aparentemente, precisando de ajuda.

Ganimedes está furtivo, escondido na neblina com uma flecha preparada. Ele vê a mulher cambaleante e o homem forte de poucas roupas próximo a ela. Do seu lado, mas sem que ela o notasse, está outra mulher coberta por casaco.

Adna vê a mulher cambaleante e o homem forte à sua frente. Não se atentou ao jovem arqueiro agachado do seu lado, encoberto pela neblina.

Aslam consegue ver a mulher cambaleante e o homem forte, mas não enxerga muito mais longe que isso devido às condições climáticas. Ninguém parece vê-lo.
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Wiccan
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Re: TEMPESTADE RUBRA [TRPG] - ON

Mensagem por Wiccan » 05 Out 2016, 13:13

Fazia muito tempo desde o momento que Lena me concebeu com sua benção e sabedoria, minha origem era repleta de preconceito contra aqueles que acreditavam em ‘’historias de Petrynia’’como meu pai costumava falar. Infelizmente meus conterrâneos não tinham a capacidade de sentir o tamanho poder que a deusa da vida emanava , era uma energia tão poderosa e acalentadora que hoje não vejo a minha vida sem sentir tal poder emanando de mim.

Enquanto ouvia as palavras de Gunilda e saboreava o vinho doce, me perdia em lembranças passadas ao deixar meu filho aos cuidados da igreja, sabia que nascidos homens eram treinados como os raros paladinos de Lena ou enviados para receberem a devida educação eclesiástica em outras igrejas aliadas, como a igreja de Khalmyr.
Imagem‘’Fico extremamente feliz e agradecida pelo meu trabalho está tendo uma repercussão tão positiva, as pessoas acabam se surpreendendo com meus relatos devido ao reino de onde vim e acabam percebendo como o poder divino de Lena pode dobrar até mesmo uma Ateia de Salistick’’
Não demorei muito para seguir o meu caminho, faria tudo o que fosse necessário para a igreja, sabia da dificuldade de manter uma boa relação com os Tapistianos e sua péssima cultura escravocrata e adoração a subjugar o fraco. Me equipei com apenas o necessário para a viagem depois de agradecer pelo casaco de pele , era pesado e diminuía meu ritmo , mas era melhor seguir um caminho longo a perecer pelo frio.
Imagem‘’Obrigada!’’
Agradeci ao minotauro e segui meu caminho até o Cemitério dos Colonos, parei por um tempo para observar o lugar, rezei uma prece ligeira pedindo proteção a deusa antes de continuar meu caminho, infelizmente alguns seres vis tinham o costume de corromper a vida e a morte. Ao chegar vi duas pessoas, apertei os olhos para tentar enxergar através das brumas, um homem brusco de vestes simples e uma moça aparentemente sofrendo com o frio congelante. Não tive duvidas, caminhei rápido passando despreocupada pelo homem suspeito indo em direção a moça cambaleante tentando segura-la para que não caísse e se machucasse.
Imagem‘’Não se preocupe, segurei você. O que fazes aqui minha querida? Tome isso vai lhe ajudar com o frio’’
Retirei meu casaco e joguei sobre seu corpo, abraçando-a e esfregando os seu corpo para lhe passar o meu calor
Imagem‘’Me chamo Adnaerys, sacerdotisa de Lena e você como te chamas?’’
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celtz_valmont
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Re: TEMPESTADE RUBRA [TRPG] - ON

Mensagem por celtz_valmont » 05 Out 2016, 13:33

Mesmo nesse frio intenso, no qual pensou em se transformar num lobo para suportar o frio mais facilmente, ainda conseguia andar com uma resistência resoluta, pois o pedido da Mãe Natureza era algo importante, que ate mesmo um druida bestial entendia isso, e seguiu seu caminho ao norte a procura que seria esse "destino", torcendo para ser um desafio importante que matar os malditas pessoas que atacaram ele e seus irmãos.

Ao chegar na área, não conseguia compreender que era, achando a caverna dos civilizados bizarra, ate as pedras eram quadrados e tinham formatos não naturais, mas com a necessidade do frio continuou em frente ate ver a mulher, cambaleando e vindo uma outra que não tinha percebido antes e joga um pelo para a mulher se proteger do frio e vê tentando levar para dentro da caverna dos civilizados, ele se aproxima das duas e simplesmente levanta a que estava cambaleando de frio e joga nos ombros sem nenhuma delicadeza dizendo num tom meio grutal.
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Você e fraca, não consegue carregar ela, precisamos de todos para se proteger do frio e da neve, vamos entrar na caverna , lá e mais seguro
Um ato de gentileza feito pela necessidade de se proteger do frio, mesmo podendo se transformar sendo mais eficiente, mas não era só por bondade, seus instintos diziam que o quer que o destino que a Mãe Natureza Reservava, elas teriam algo a ver, podendo ate revelar para onde seguir depois, com essa ideia na cabeça carregava a mulher para dentro da caverna humana.
Editado pela última vez por celtz_valmont em 05 Out 2016, 17:04, em um total de 1 vez.
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"Algumas pessoas pensam que vilão significam maldade, que o caos e ruim, eu acredito que vilões são feitos de escolhas nos quais ele acha certo, mesmo que toda sociedade diga que esta errado, mas as vezes ele esta certo mesmo."- Minha opinião sobre os "vilões " de Nimora

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Re: TEMPESTADE RUBRA [TRPG] - ON

Mensagem por John Lessard » 05 Out 2016, 16:59

"Muito bem Ganimedes, depois de tudo você veio parar em... Droga, nem sei onde aqui é"

O rapaz tinha decido que iria se auto punir por sua idiotice. Mal saíra de Valkaria e caiu num papinho de um moça bonita. O mundo era cheio de moças bonitas, mas ele não resistiu. Num fim, acabou numa jaula, não fazendo ideia para onde ia.

"Minotauros covardes... Doze metros e eles não iam nem conseguir sacar suas espadas patéticas"

O rapaz era esguio, longe de ser musculoso, porém tinha o corpo definido, devido ao treino constante com o arco. Suas feições eram serenas e distraídas, porém aquilo poderia rapidamente virar um riso ou um olhar de fúria. Os cabelos bagunçados eram de um loiro pálido. Agora agradecia a Valkaria a poucas roupas que havia encontrado, afinal mesmo que fossem simples, melhor que estar nu na neve. Riu consigo mesmo, quando percebeu que estava mais agradecido por ter encontrado um arco e muitas flechas. Estaria mais feliz com uma arma composta ou sua versão longa.

"Bem, pra quem não tem nada, metade é o dobro".

Finalmente parou para prestar atenção no lugar em que acabara de chegar. Templo de pedra, um cemitério sinistro. Agachou na neblina e encaixou uma flecha no arco, semicerrou os olhos, quando percebeu uma mulher branco ao seu lado.

"Valkaria tenha piedade! Será um fantasma?!"

Por alguns segundos congelou e assistiu ela andar, ponderando se uma flecha acertaria um espirito do além vida. Desistiu da ideia quando viu mais pessoas e a mulher conversar com elas. Deu de ombros e eles pareciam que iriam entrar no templo, levantou-se e deu dois passos. Levantou a mão direita e acenou.

- Olá? Hm, será que posso entrar aqui com você? Está uma friaca sinistra.
Personagens em Pbfs:
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Re: TEMPESTADE RUBRA [TRPG] - ON

Mensagem por celtz_valmont » 05 Out 2016, 17:11

Ele ouve o gripo do viajante ele responde com um grunhido algo como uma concordância, e sem se importar se o novo viajante entendeu ou não continua seguir para dentro do templo carregando a moça com frio.
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Re: TEMPESTADE RUBRA [TRPG] - ON

Mensagem por Padre Judas » 05 Out 2016, 19:36

Aslam queria uma briga. Mesmo uma leve altercação contra alguém já seria suficiente.
Aslam Whiteblade
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“Ó, Grande Keenn, rogo que me envie uma boa luta! Preocupa-me que meu macho perca o fio à qualquer momento!”
Estava quase perdido. As Uivantes eram visíveis no horizonte – o último lugar onde ele queria estar.
Aslam Whiteblade
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“Lutar contra trolls da neve e selvagens armados com pedras não é exatamente minha ideia de uma boa luta. Tsc, talvez devesse ter deixado algum daqueles bandidos viver – talvez eles me emboscassem de novo agora.”
Parou de reclamar. Não era apropriado para um devoto da Guerra. A batalha viria quando tivesse que vir – devia ter Fé.

Buscou uma rota alternativa e encontrou o templo. Um templo anão? Com um cemitério associado, pelo que via. Interessante. Lutar contra mortos-vivos ajudaria a afastar o frio.

Ao dar a volta, viu a garota e um homem estranho, quase desnudo. Devotos de Keenn são destemidos, mas não estúpidos – começou a pensar na melhor forma de aparecer e lutar ou conversar, conforme o caso. Bem que queria uma briga...

Um sujeito aparece vindo de um canto escondido. Fora bom ter esperado mais um pouco. Decide então aproximar-se e lança um cumprimento, com a voz mais potente que possuía.
Aslam Whiteblade
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- Saudações, viajantes! Sou Aslam Whiteblade, um soldado de Keenn em uma cruzada para espalhar sua Palavra! Quem sois vós?
BAÚ DO JUDAS
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Dahllila: Relíquias de Brachian [John Lessard, TRPG]
Jonz: Tormenta do Rei da Tempestade [John Lessard, D&D5E]
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Re: TEMPESTADE RUBRA [TRPG] - ON

Mensagem por celtz_valmont » 05 Out 2016, 19:57

Ele escutou o que novo viajante disse ele sabia, que pelo irmão, que Keen era Deus Carcaju, deus da batalhas e lutas, ele respeitava isso , sabia que eles procuravam brigas facilmente e só saiam de uma luta normalmente quando seu oponente era morto, assim como um Carcaju. E por um período de tempo curto ficou confuso em como tratar da situação, então tendo que lutar ou não ele primeiro iria entrar na caverna dos civilizados para deixar a moça que estava congelando. Então fala num tom alto e grutal.
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Soldado de Keen deixe de perguntas imbecis e vamos sair do frio e da neve, e depois conversamos
Ele não percebe o tom ofensivo de suas falas e continua a carregar a moça para dentro do templo
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Re: TEMPESTADE RUBRA [TRPG] - ON

Mensagem por Khrjstjano » 05 Out 2016, 23:32

Delaila percebeu um movimento fora de sua tenda. Uma sombra se projetou e a aba foi levantada. Era Rogrid. O rapaz estava com as bochechas rosadas e olhos semicerrados. Estava vestindo uma camisa de algodão manchada. Fedia a rum velho. O rapaz balbuciou coisas como “você é linda”, “quero você pra mim” e não demorou muito para desatar o cinto.
Delaila
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Rogrid... Obrigado.

Mas você está muito bêbado, menino, e... Eeeei!!!
Talvez pudesse ter sido uma boa noite, mas o garoto "teve que fazer besteira". Alguns homens realmente não sabem como lidar com mulheres. E o álcool terminara por tornar o ingênuo jovem num perfeito babaca. Ao menos por uns instantes. Mas foi tempo suficiente.
Delaila
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Sai! Vá dormir, você está fazendo tudo errado!
Delaila não era do tipo violento, mas a situação pedia atitudes extremas. Ela se desvencilhou com agilidade de um agarrão e fez Rogrid cair.

Bem feito! Mas...

Delaiala ouviu o garoto gemer de dor. Sangue. Havia caído em sua própria adaga. Gritou ao ver o sangue em suas mãos. Saiu correndo, acusando a jovem de atacá-lo.
Delaila
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Espera, para com isso! Ai...

A culpa é sua, também!
Um estalo! Uma imagem se formou na mente da jovem.

Delaila sabia que Orlando superprotegia seus filhos. Le famille. Sempre le famille em primeiro lugar. Além disso, era daquelas pessoas de sangue quente. Dias depois, com certeza entenderia o que aconteceu, ela achava. Era um homem esperto, ela gostava disso. Mas agora, talvez matasse um se ficasse em seu caminho. Se ela não fosse tão jovem também, talvez entendesse que ele nunca iria chegar a extremos com alguém como ela e que era melhor ficar. Mas este é o problema dos jovens. Há muito que desconhecem.

Teve medo. E fugiu.
Delaila
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Droga, droga, droga, droga, droga...
O nervosismo de quem está em fuga por algo que não se sabe se fez e não sabe se vai ser punido pode ser um dos piores. Você começa a pensar todo tipo de besteira. Misturado com muitas coisas certas. Mas aí já virou tudo uma salada de ideias em sua cabeça e até o que é bom, deixa de ser.

Lembrou do homem na plateia. E do resto da plateia. "Puta povinho babaca!" Já podia ver os trouxas querendo culpá-la, independente de qualquer coisa. E disso ela entendia bem. Esse negócio de leis? Tudo pretexto pra se livrar de quem não se quer. Ou impedi-los de fazer o que não se gosta que façam.
Delaila
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É, melhor ir embora mesmo. Fugir desta porcaria de lugar!
Passando desapercebidamente pelas tendas, enquanto algumas lamparinas se acendiam rapidamente como fogo espalhando na palha, Delaila conseguiu chegar à cidade. Então surgiu Miranda, a esposa de seu anfitrião. Mas problemas?
Miranda
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Aqui, pegue.

Vai, menina, fuja!
A mulher lhe jogou uma bolsa com seus pertences. Um estojo de couro onde guardava suas peças de travessuras; gazuas para "serviços de desarticulação de empecilhos articulados e fixos", uma bola de cristal espelhada, que por acaso era oca, mas isto não vinha ao caso; e uma pedra lisa do tamanho de um punho que marcava 21 horas de Jetag 19 sob Luvitas, 1410 CE.

Tirou umas moedas do bolso.
Delaila
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Miranda... Tome aqui. Por favor pague um bom tratamento para Rodrig. (Entrega 1d4+1 TO)

Agradeça a Orlando por mim. E diga que sinto muito, muito mesmo.
Delaila partiu rapidamente, deixando um abraço apertado de dor e tristeza e um sorriso. Deixou a capital para trás, pegando a estrada para norte.

(Continua...)
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Re: TEMPESTADE RUBRA [TRPG] - ON

Mensagem por Khrjstjano » 05 Out 2016, 23:52

O céu estava fechado, apenas com a aparição esporádica da lua em escudo para lhe dar um pouco de luz.

Delaila chegou a uma aldeia no amanhecer gelado das 9 horas de Tirag 20 sob Luvitas, 1410 CE. Batia os dentes enquanto caminhava segurando ambos os braços, encolhida. Nenhuma viva alma apareceu para lhe ajudar. Janelas eram fechadas, portas eram batidas. Quando ela tentava falar com alguém, viravam-lhe o rosto e sumiam para dentro de suas casas. Uma moça retirava o leite de uma vaca a viu. Tinha cabelos ruivos encaracolados e sardas tímidas perto de seus grandes olhos verdes. Entretanto, ela falou sobre um lugar onde ela poderia se aquecer e comer alguma coisa. E apontou para as montanhas.
Delaila
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Khalmyr não mata, mas achata...
Mais caminhada...

Ela seguiu por mais algumas horas até a aldeia desaparecer atrás de si. Andando sob uma neblina rasteira, Delaila sentia câimbras. Quando parecia que ia ceder, acabou encontrando algo. O chão estava mais duro, as tundras mais abundantes. Viu uma cerca e uma trilha rudimentar paralela. Seguiu lentamente mais à frente e conseguiu ver que a cerca mantinham lápides antigas. Ela já tinha ouvido falar desse lugar, há muito tempo, quando lia alguns livros antigos com o seu pai. Aquele era o famoso Cemitério dos Colonos, onde os primeiros dissidentes da famosa caravana de Cyrandur Wallas, herói de Petrynia, enterraram seus primeiros mortos.
Delaila
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Pior que tá, fica? Talvez eu não devesse ter afanado aqueles coroinhas da igreja de Tenebra...

Que que eu tô falando? Claro que devia! Haha... Atchuuu!

Droga!!!
Apesar da neblina rasteira, Delaila conseguiu divisar uma construção de pedra com pilares antigos, com algumas rachaduras. Uma escadaria curta levava até uma porta.

(Delaila está nas escadas, cambaleante pelo frio e cansaço que sente após andar por muito tempo sem proteção necessária. Ela não vê ou ouve ninguém.)
Delaila
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Brrrrrrrrrr... Func, func...

A-alô! É aqui que tem um negócio chamado ca-calor? Vi-vim de muito longe para encontrá-lo. Func... Atchuuu!!! Ai, que droga!

Oooô de casa?!?
Foi entrando e falando em voz alta, olhando meio assustada. Vai saber o que tinha num lugar desse.
Faz um teste de Conhecimento (Engenharia), bônus +6, pra analisar qual é a da construção. Delaila é supercuriosa com essas coisas.

Depois vai entrando, observando em volta e espiando pra dentro de onde der pra espiar (frestas, janelas, qualquer buraquinho na parede serve). Só não vai entrar em portas, antes de do mestre descrever.
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Re: TEMPESTADE RUBRA [TRPG] - ON

Mensagem por Khrjstjano » 06 Out 2016, 00:27

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‘’O que fazes aqui minha querida? Tome isso vai lhe ajudar com o frio’’
A mulher saiu do nada, ao que parecia. Delaila estava com tanto frio que nem a viu se aproximar. De repente, atirava seu casaco sobre ela e tentando lhe abraçar...
Delaila
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Obrigad... Opa, opa! Não precisa vir tão perto! Eu, hããã, venho de uma terra onde... A gente não chega tão perto assim das pessoas porque, err... Porque não.
Aquilo pegou Delaila desprevenida. Por instante pensou que não sabia se tinha sorte ou azar. Achou que do nada havia surgido uma sacerdotisa de Marah, para lhe ajudar. Elas muitas vezes tinhas esse "inconveniente" de "vir se esfregando". Ou, ao menos para Delaila, era muito esquisito, embora ela não se preocupasse com o que essa gente de religião estranha fizesse da vida, mas "sabe como é, não vem grudando na gente não, pelo menos".

Mas olhou melhor e logo viu a moça de pele negra e exótica, muito bonita, parecia ser de outra igreja; a de Lena, deusa da vida. Talvez ela tivesse entendido errado, apenas.
Delaila
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Hã, desculpe o mau jeito... Oi.
A mulher respondeu.
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‘’Me chamo Adnaerys, sacerdotisa de Lena e você como te chamas?’’
Delaila
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Adnaerys? Nome bonito... Atchuuu!

Me chamado Dalila.
Mas antes que pudessem dizer qualquer coisa a mais...
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Você é fraca, não consegue carregar ela, precisamos de todos para se proteger do frio e da neve, vamos entrar na caverna .....................
"Dalila"
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Thyatis, acuda! O que é que é isso?

Ai, meu passarinho de fogo!!!
"Dalila" viu surgir ao seu lado um... Hã... Um "ser"... Vivo. Uma criatura enorme, peluda e mais feia que sua sorte.

Não prestou nem atenção ao que ele disse, saiu ligeiro e entrou na construção. Ficou longe, olhando o "bicho", que pareceu quer pegar ela.
"Dalila"
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Que que é isso, cara? Sai de mim!

Hoje é o dia, só pode...
Mais atrás, chegava mais gente. O "bicho" se distraiu, falando com eles.
O que quer que aconteça, Delaila fica longe do "bicho". :lol:

Nota: ela está bem fora de si, neste momento. Muita merda acontecendo num dia só, a alegria de viver já foi, não tem mais potência de agir. Quero ver no que isso vai dar. 8-)
Editado pela última vez por Khrjstjano em 06 Out 2016, 12:11, em um total de 2 vezes.
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