Lion ouvia todas as perguntas e deixava os mesmos conversarem, até responderem entre si. O Recrutador vê que eles estão se auxiliando, abrindo-se um ao outro, ou quase. Ele vê também os gestos de Jorhen, algo que não era tão bom em interpretar. O sorridente em comando olha para o fantasma camarada e então se comunicava diretamente a sua cabeça, depois de uma batida de sua bengala.
"Se quiser, Jorhen, podemos nos comunicar por aqui. Mas não fale isso pra ninguém: será o nosso segredinho, hehe! " — dizia telepaticamente ao desmorto bufão e dá uma piscadela para ele. Enquanto ele se vira e começa a responder as perguntas de Lion e as inquietações de Yomu. Irina sente que algo foi ligado, como um interruptor de uma lampada. Essa sensação era constante.
— Então, vocês dois... — apontava para Spike e Ninja.
— O que Kallak disse está correto: todos os universos tem seu próprio sistema de vida e morte, que antes devem ser aceitas, registradas e catalogadas pel'O Curandeiro. Ele é aquele que cuida de toda vida e morte d'O Multiverso, além de ser o meu irmão. É um cara legal. Paradão, mas legal, hehe! — a conversa muda de tom bruscamente. A seriedade toma as falas de Lion.
— Entretanto, eu já estive no lugar de vocês: jovem, dentro de uma organização estranha, havia perdido recentemente pessoas importantes pra mim e decidi buscar respostas com Ele. A única coisa que eu consegui dele foi uma uma recomendação: "A Vida e a Morte são peças únicas e raras no maquinário d'O Multiverso. Tire uma delas do lugar e O Multiverso parará por completo e encontrará seu fim". No primeiro momento fiquei complexo, depois transtornado, e eu tentei, de todas as formas possíveis, resgatar essas pessoas queridas. Fracassei miseravelmente e por um trisco que eu não ferro com O Multiverso inteiro. Então, por experiência própria, recomendo que fiquem restritos ao sistema de vida e morte de seus universos, e nunca, NUNCA, interfiram no trabalho d'O Curandeiro.
Lion retirava um lenço de seu rosto e passava entre sua franja e seus olhos. Após isso ele se recompõe e vai para a próximo resposta.
— Já, vocês três... — apontava para os restantes.
— Especialmente você, Kallac. Imagine que essa "ameaça" localizada é tão fraca que nem saiu de seu universo, o T2, para um outro universo na mesma dimensão, como o MC1 ou BL3? Esses universos estão representados aqui e nenhum deles foi ameaçado com a maior ameaça do seu universo, conhecido como... Tormenta, né? Deve ser. Ela é uma ameaça, sim, mas não chega a ser interdimensional. Ela assola o seu mundo? Claro. Mas não chega a ameaçar as outras dimensões vizinhas, como a DMN-230 ou a DNGNDRGN-830@20. Ela fica na JMB-40 como um pequeno vírus, sugando dimensões mortas, se alimentando, crescendo, mas nunca ultrapassando sua dimensão. — ele mostra uma espécie de mapa, que tinha o formato redondo de um limão, cortado em fatias, sendo 3 delas coloridas de azul, verde e um vermelho claro com uma parte mais rubra perto de uma mancha que expandia e diminuía constantemente.
— Este é um mapa dimensional que contém informações, em tempo real, dos seus universos. Cada fatia representa um universo inteiro e os coloridos são os de vocês, sendo o azul MC1, e verde BL3 e o vermelho T2. Essa mancha representa a tal ameaça conhecida como Tormenta: criada por eles mesmo, que consomem eles mesmos. E a ameaça de vocês... — ele aponta para Irina e Qiuyè, enquanto tocava a fatia da dimensão azul, e começava a expandi-la várias vezes, como se fosse um zoom de um smartphone barato.
—... está... espera aí. — e expandia mais, e mais, e mais.
—... mais um pouquinho... Aaaa...-qui! — eles veem o mapa de MegaCity, e depois dos EUA, logo o mapa geral dessa Terra. Lion circula avermelhado, com a ponta de seu indicador, algumas partes desse mapa.
— Estas são as localizações da Sociedade das Sombras, do Clã de Qiuyè, a FSB e suas área de atuação. Como disse antes esses problemas são minúsculos, comparado a essas... — com um movimento de suas mãos, ele troca novamente o auditório para um cenário escuro, cheio de universos, representados por vários limões. Uma boa parte dela, ao norte, estava amarronzada e avançando lentamente, enquanto outra parte gigante parecia estar rodando dentro de uma boca horrenda gigante e saindo pelos lados, num ciclo infinito. O limão da dimensão JMB-40 estava no pé de Kallaks, com a pequena mancha da Tormenta encima de seu hálux direito.
— Ou seja, a Guarda Planar só age em situações de ameaça interdimensional, como a Horda e o Devorador são. Vocês estão agora num novo patamar de poder, conhecimento e dever. Não deixem que esses seus pequenos problemas o consumam. Supere-os, e foque nas ameaças que atingem a própria existência. Só assim irão vencê-los. — ele retorna ao auditório, num outro fade-out.
— Além disso, nós temos agentes por 60% d'O Multiverso inteiro, inclusive uns 30 na dimensão JMB-40, a de vocês. Estejam cientes que nós estamos vigiando cada passo de toda a ameaça possível. E Kallaks... O seu patrono... ele é... digamos... Nós. Na verdade, seria um departamento separado da sede da Guarda, que nos ajuda contra as ameaças de seu universo, especialmente a tal ameaça da Tormenta, uma forte candidata a se tornar a próxima ameaça interdimensional do momento.
A bengala d'O Recrutador começa a brilhar em sua ponta. Uma imagem aparece a frente de todos. Parece um senhor quase calvo, de cabelos azuis grisalhos e pontudos, vestido de jaleco branco, camiseta azul, calças pretas, mocassins e com uma garrafa na mão. Junto dele aparecia um garoto adolescente caucasiano magro, cabelos morenos e penteados, trajado de uma camiseta amarela limpa, calça marrom, tênis brancos e uma expressão ansiosa. Lion vê os mesmos e sorri para eles, saudando-os:
— Olha só quem apareceu! Como foram as férias de voc...
— Blá, blá *urgh*, blá, Lion. Corta isso! — disse o cientista, arrotando.
— O-olá, Li-i-on. — o garoto estranho responde. Ele parece está bem nervoso.
— Vocês estão bem atrasados...
— E você sabe porque, coisa poderosa e... Wow! Não sabia que tinha gente aqui. E uma gente bem russa, e loira, e gostos... E junta de um asiático armado... — ele olhava diretamente para Irina, com um olhar bem malicioso, até que vira Qiuyé, junto de sua lança. Ele dá mais uma golada em sua bebida.
— Isso é tão raro quanto vê um unicórnio trasando com um pégasus, gerando um... Unigasus? Um Pegacórnio? Que seja...
— Agora não, Ricky! Desculpe, senhorita... Ele está fora de si. Vô, os arquivos!
— Ah sim! Os *blurgh* arquivos, o que seja, Morty.
— Muito bem, vocês conseguiram as informações. Esperem um momento. — Lion olha para todos os recrutas, e diz para eles:
— Eu terei de atender essa ligação e arrumar os preparativos de suas dinâmica de grupo. Espere alguns minutos... Do que estou falando? O sistema de atemporalidade está ligado, haha!
— A-até mais, recrutas! — e assim eles desaparecem, num teleporte junto com o holograma.
Agora os recrutas estavam sozinhos, dentro de um auditório vazio. O que iriam fazer com toda essa informação? Será Lion, confiável? E quem seria esses dois? Várias perguntas sem respostas.