Manual do Defensor (com SPOILER)

[Eldrarg]

Obrigado, pessoal!

[Atmo]

Jogo 100% equilibrado é normalmente focado em PVP, e esse não é o objetivo do RPG de mesa em qualquer tipo de situação; personagens capazes de fazer qualquer coisa não precisam de grupo, e quando são forçados a tal a coisa fica chata. 3D&T foi feito na zoeira e com a intenção de botar personagens que são totalmente diferentes uns dos outros para interagir e superar problemas com o poder do trabalho em grupo.

[kazyamof]

Jogo 100% equilibrado é normalmente focado em PVP, e esse não é o objetivo do RPG de mesa em qualquer tipo de situação; personagens capazes de fazer qualquer coisa não precisam de grupo, e quando são forçados a tal a coisa fica chata. 3D&T foi feito na zoeira e com a intenção de botar personagens que são totalmente diferentes uns dos outros para interagir e superar problemas com o poder do trabalho em grupo.

Você pode pensar assim, mas está enganado.
Existe todo um campo de conhecimento chamado Game Design, que abrange desde jogos analógicos (tabuleiro, cartas, rpg de mesa) até jogos eletrônicos. Balanceamento é sim uma parte integrante de todos eles, e é algo notável em RPGs mais maduros.

(The Art of Game Design: A Book of Lenses)

Embora seja difícil mensurar balanceamento numericamente, é fácil observar sua ausência.

- Quando uma Desvantagem traz mais prejuízo do que benefício em pontos, há desbalanceamento.
- Quando um personagem Novato de determinada classe/kit tem acesso à mecanismos para causar uma quantidade de dano extremamente superior a todos os demais personagens de mesma pontuação, há desbalanceamento.
- Quando uma aventura criada pelo Mestre foca somente em luta e ignora as habilidades de personagens menos ou não combatentes, há desbalanceamento. Observe que nesse caso o desbalanceamento é contextual, ocorrente na semântica da aventura, e não na mecânica de regras.

Em D&D, personagens também são 'totalmente' diferentes uns dos outros, e ainda assim devem trabalhar em grupo para superar problemas. Porém, o jogo D&D é mais balanceado.

MC não é game designer, e acredito que nenhum dos criadores atuais de 3DT ou TRPG sejam. São pessoas criativas que jogam RPG, mas que nem sempre sabem o que estão fazendo. Tanto que Tormenta foi adaptada para 3D&T e Daemon, mas nenhum dos dois sistemas eram maduros para suportar o cenário. Tiveram que adotar o D20 como sistema oficial do cenário, exatamente pelo nível de maturidade do mesmo.

Se você interessar, dê uma olhada nos livros The Art of Game Design: A Book of Lenses , Design de Games: Uma abordagem prática, Level UP: Um guia para o design de grandes jogos, Game Feel, Theory of Fun.

[Short Hope]

Nem apareci para fazer parte da discussão, mas para dizer o óbvio: aqui não é lugar para discutir o que é ou não 3D&T e/ou game design. Não preciso dizer isso para cachorro velho, mas não deixa de ser uma boa oportunidade para repetir.

Aqui é o tópico para discutir o Manual do Defensor, gente, vamos manter a discussão neste foco - e trazer informações complementares quando pertinentes e quando contribuírem para a discussão presente. O tópico Papo Livre existe para estas coisas aí - e ajuda a manter os outros tópicos organizados.

Até eu seguro o dedo para não dar respostas desnecessárias a respeito de uma coisa ou outra.

[Atmo]

blablabla

Você com certeza não sabe muito da minha história com RPG de mesa, então fica complicado de tu me recomendar alguma coisa pra ler. Como falei antes, e sim estou certo, 3D&T não é focado em balanceamento porque é um RPG de mesa. Jogos balanceados são realmente focados mais em PVP pois suas regras levam em conta que os NPCs vão ser criados quase que do mesmo jeito que os PJs.

D&D não é balanceado nem a pau, ou um Guerreiro de nível alto seria tão importante quanto um Conjurador de mesmo nível, isso sem coloca-los num vácuo em que só existem regras e nenhum mundo de jogo. Edições mais antigas, e inclusive a atual, sofrem desse mesmo mal.

Essa expressão "jogo maduro"... não sei se é o que estou pensando, mas você vê o 3D&T por ser um jogo "infantil" do jeito que é? Se for, você está se iludindo em fazer qualquer amontoado de regras pra mudar o 3D&T que conhecemos para torna-lo algo interessante para uma audiência mais "madura". Eu mesmo sei disso, já vi várias pessoas fazendo a mesma coisa e desistindo da ideia e/ou pulando para outros sistemas por causa da carga de trabalho que é e quão infeliz é a realização de que ninguém liga pro que você imagina ser "maduro" ou "infantil".

O Manual do Defensor, disponível agora mesmo na loja virtual da Jambo e na loja geek mais perto da sua casa, tem um amontoado de regras opcionais criadas por várias pessoas (eu mesmo vi que metade do livro tem coisa do BURP) e nenhuma delas visa deixar o jogo diferente, apenas único para os olhos de cada grupo. Claro, tem regra ali que não dá pra usar direito sem ter um treco feito Magia como Perícia, que trazem de volta todo o trauma dos Focus e... brrrr!

Enfim, acho que é isso que eu ia dizer. Se quer um jogo "maduro" com compra de pontos tem lá o M&M 2e, disponível também na loja virtual da Jambo. Vai lá ver.

[Lord Seph]

Não queria poluir esse tópico, mas só queria dizer que maturidade de sistema depende de jogadores e não do sistema em si.

[Tiagoriebir]

Pessoal, como o Short Hope lembrou, este é o tópico sobre o Manual do Defensor. Se quiserem conversar sobre Game Design, criem um tópico específico para isso.

Este é um assunto interessante que merece ser discutido, só não aqui. Se alguém insistir em sair do assunto neste tópico, peço aos demais que, por favor, ignorem.

[kazyamof]

Você com certeza não sabe muito da minha história com RPG de mesa, então fica complicado de tu me recomendar alguma coisa pra ler.

Não fica complicado pq estou apenas te recomendando livros de design de games pra você perceber que está errado em dizer que RPG de mesa não é ou precisa ser balanceado. Não preciso mudar sua opinião, é apenas uma dica se vc quiser aprofundar e estudar para ver como jogos são feitos e o que está envolvido por trás.

Essa expressão "jogo maduro"... não sei se é o que estou pensando, mas você vê o 3D&T por ser um jogo "infantil" do jeito que é?

Não, com 'maduro' eu quero dizer um jogo que sofreu evoluções e refinamentos para ser algo sólido, refinado e... balanceado. 3DT sofreu e vem sofrendo essas mudanças, mas ainda está longe do ideal para ser algo mangá, overpower, simples e balanceado ao mesmo tempo.

Se for, você está se iludindo em fazer qualquer amontoado de regras pra mudar o 3D&T que conhecemos para torna-lo algo interessante para uma audiência mais "madura".

Não estou me iludindo em fazer amontado de regras, nem os criadores de 3dt sequer dão a mínima pra isso. Só criam suplementos 'tapa-buraco' e jogam no público. Mas veja meu tópico depois, estou criando o meu RPG de mesa/eletrônico inspirado em 3DT. Sim, dá trabalho, e é pra dar mesmo, do contrário, eu jogava 3DT até hoje.

O Manual do Defensor, disponível agora mesmo na loja virtual da Jambo e na loja geek mais perto da sua casa, tem um amontoado de regras opcionais criadas por várias pessoas ...

Eu tenho o manual, eu li e achei interessante. Mas não resolve, embora dê ideias de como melhorar.
Encerro o assunto paralelo por aqui.

[BURP]

Olha, só pra não parecer que não falei nada, game design envolve mais coisas do que só oferecer balanceamento numérico. Às vezes um desbalanceamento proposital pode até resultar em algo melhor, se o teu objetivo abarcar essa possibilidade. O RPG pela própria natureza tem uma característica mais aberta do que um jogo competitivo, e até permite compensar alguns desbalanceamentos com jogo de cintura por parte do mestre. Como eu já disse antes aqui, é claro que deixar tudo a cargo disso é um design preguiçoso (e é muito do ranço que eu tinha com o sistema daemon, por exemplo), mas não é algo que precise ser simplesmente ignorado na hora de se fazer um jogo também.

Eu sei que o 3D&T, desde a criação, nunca foi exatamente muito rígido em termos de filosofia de design. A tua visão de que os autores são pessoas criativas antes do que designers profissionais não tá muito distante da verdade. Mas eu, pessoalmente, sou o tipo de pessoa que leva muito a sério tudo o que eu faço. Então mesmo como amador, eu busco sim me informar, ler textos teóricos (embora certamente careça de aprofundamento), refletir sobre o que eu estou fazendo, e tentar entender como as coisas funcionam. Inclusive agradeço as recomendações e tentarei ver algumas delas se tiver tempo para isso. O MdD tem um pouco disso, de tentar aplicar uma filosofia de design mais planejada sobre o 3D&T. Eu tento expor e aplicar ideias e conceitos que nunca foram muito explícitos, mas que, intuitivamente, sempre fizeram parte do jogo. Mas existe um limite de onde se pode ir sem simplesmente descaracterizar o sistema. Muito do sucesso do 3D&T está justamente nas idiossincrasias dele, e não no que ele tem de "maduro." Eu vi o teu outro tópico sobre as mudanças que tu tem feito no jogo, e, embora eu não duvide que elas funcionem bem e levem a um jogo mais "maduro," ele simplesmente está deixando de ser 3D&T. O que não é necessariamente ruim, se é o que tu busca, é claro.

Enfim. Só estou dando a minha resposta de autor a isso tudo. O tópico tá aqui pra falar especificamente sobre temas do livro, e seria bom manter ele nisso, como já falaram. Tem outros tópicos mais adequados pra se discutir essas questões, se realmente quiser.

[Shion]

Vendo o assunto eu ia comentar que o MdD ajuda a amenizar algumas falhas (seja por uma explicação que faltou ou mudança direta na regra). Inclusive recentemente perguntei se tinha mais algo do tipo a caminho, pois esse tipo de suplemento que pode ser usado em qualquer cenário, apenas enriquecendo o sistema, é sempre bem vindo.