Re: Touhou RPG
Enviado: 08 Jun 2014, 20:17
Megumi
Então tudo terminou, e eu me joguei no chão para deitar, mas mal respirei e já estávamos novamente no palco. O chefe das guerreiras de armadura pediu ajuda com o show, e tudo que pude fazer foi contribuir com o trabalho braçal, e pouco: sem gastar energia, os outros eram bem melhores nesta tarefa. Nestes termos, então, dancei por vinte minutos. E foi muito bom! A música era bem melhor, de alguma forma, do que no começo do show. Talvez porque agora eu conhecesse os envolvidos, ou por ser uma espécie de recompensa.
No outro dia, sentia-me recuperada e levemente amarga (o motivo será descrito mais embaixo), porém me mantive sorridente. As informações me levavam a um novo nível de… desespero? Era mais uma novidade, mais um perigo e, como nos contos e romances, e filmes e animes e jogos, muito maior que o anterior. Não que Valser não tivesse sido um problema; é só que havia problemas maiores ainda com o efeito parecido.
Cruzei os braços e me encostei numa parede. Como poderia ajudar algo daquele tamanho? Eu precisava me tornar mais forte e começar definitivamente a lutar pelo bem da existência (por falta de palavra melhor), mas não podia ser um obstáculo aos outros. Não poderia fraquejar de maneira alguma.
E tinha que avisar meus pais!!! Que problema…
(Gostaria de fazer uma ação extra, eu vou postá-la aqui e tem a ver com o Lucian, se ele não concordar com isso eu edito depois e retiro)
Extra
Ao fim do show, pensei em ir descansar, mas algo chamou minha atenção. O jovem vampiro, com quem tinha causado um mal-entendido com o senhor Genjurou e que, no combate, recuperara minhas energias, pareceu partir para um lugar aleatório qualquer. Movida por curiosidade e uma estranha aflição, segui e presenciei uma cena estranha. Não sabia se ali havia uma, duas ou mais pessoas, mas era certo que o vampiro conversava com mais alguém. Ele era uma pessoa de poderes esquisitos, todos naquele grupo eram e talvez ela fosse uma das mais normais, mas agora tinha certeza que ele também tinha seus problemas. Em silêncio, não sabia se ele percebia a minha presença ou não, mas acabei por ouvir a história o que me fez sentir fofoqueira.
Eu era uma guerreira de alma, mas também era uma garota normal, ainda no colégio, e do Japão. Era cheia de fantasias e mundos imaginários, e havia visto muitos filmes, lido livros e jogado jogos. A minha teoria era muito boa a respeito daquele tipo de assunto, mas a prática era bem ruim. De certa forma eu preferia assim, algo dentro de mim gritava para o combate e para a inocência em outros aspectos. Mas uma coceira na garganta me fazia querer opinar, eu não tinha aquele direito, mas… Que mal faria? Então, após o fim da conversa, quando ele parecia sozinho consigo mesmo e em silêncio, eu resolvi aparecer, caminhando constrangida, mas determinada.
— Você sabe, muita coisa aconteceu nos últimos tempos, pra mim.
A mão esquerda segurava o braço direito e eu olhava para o lado, não querendo ver a expressão de raiva ou desprezo que ele faria ao notar que eu estava ali, talvez até já soubesse o tempo todo. Mesmo assim eu continuei.
— Eu não sei se você sentiu isso quando começou a se aventurar, é um mundo todo novo… São mais perigos que promessas de segurança, mas algo faz isso tudo divertido. E eu conheci vocês, foi uma experiência única, não sei se consegue imaginar!
Agora eu já olhava para o seu rosto, estava um pouco corada por ter feito algo errado e também pela visão do rosto do vampiro que era, bem, fofinho. Mas era triste, e isso amargava qualquer beleza, até me consumia um pouco. Precisava prestar atenção no que queria falar, pra não me perder. Eu não sabia ainda, mas isso tornaria minha mente forte e corajosa depois, mais do que já era.
— … E depois de Valser eu percebi que tinha dois caminhos a seguir, o de achar que tudo está contra mim e que eu luto por uma causa perdida, ou que eu posso fazer parte do recomeço e mudar aquilo que parece perdido. Não é mesmo? Você deve saber mais que eu.
— Eu talvez não tenha o direito… mas somos irmãos de batalha, então vou dizer assim mesmo, e você escuta se quiser, é claro…
Uma pausa um pouco dramática. Agora estava claro que eu tinha ouvido e que não tinha esse direito de interferir nos devaneios o Lucian, ele que parecia ter um monte de títulos nobres e negros e no fundo isso não queria dizer nada, porque era apenas um vampiro criança perdido dentro de si mesmo.
— O responsável por sua alegria e tristeza, o responsável por elevar um altar ao seu coração ou perfurá-lo é simplesmente você. Suas atitudes não vão mudar o coração de ninguém… Nem as minhas podem mudar o seu, mas eu só queria avisar você disso, te lembrar. Eu mal te conheço, mas no fundo você parece ter um potencial para a felicidade, com tanto poder e possibilidades, que insiste em manter enterrado por um motivo, admita, bobo. Depois que descobri que existem outros planos e outros tipos de seres vivos, penso que seja até absurda a ideia de se acomodar o desejo torturante de uma pessoa que escolheu não enxergar seu coração, Lucian! Ela tem o direito.
Por uma razão desconhecida, tive vontade de agarrar o colarinho da camisa do rapaz e sacudi-lo, como quem dá um sermão em alguém. Mas então a vergonha voltou, o que eu estava fazendo? Pensando na minha idade, quantas vivas de humano ele já havia vivido? E ainda assim era amargurado…
Que bobinho!
— Você tem o direito de continuar assim, e nada vai mudar… Mas note que pode mudar, se assim você desejar.
"Ouça, Lucian. O mundo termina com você. Se você quer viver a vida, expanda seu mundo. Você precisa expandir seus horizontes até onde eles possam ir."
Silêncio. Sentia-se boba, recitando uma frase de um dos seus jogos favoritos.
— Quer um pouco de sangue? Ou isso me transformaria numa vampira? Não sei como isso funciona ao certo… Mas eu acho que prefiro ser humana.
E sorri. Pensei há quanto tempo alguém havia conversado tanto e sorrido para ele apenas pelo ato de conversar.
E ri, de olhos fechados.
Então tudo terminou, e eu me joguei no chão para deitar, mas mal respirei e já estávamos novamente no palco. O chefe das guerreiras de armadura pediu ajuda com o show, e tudo que pude fazer foi contribuir com o trabalho braçal, e pouco: sem gastar energia, os outros eram bem melhores nesta tarefa. Nestes termos, então, dancei por vinte minutos. E foi muito bom! A música era bem melhor, de alguma forma, do que no começo do show. Talvez porque agora eu conhecesse os envolvidos, ou por ser uma espécie de recompensa.
No outro dia, sentia-me recuperada e levemente amarga (o motivo será descrito mais embaixo), porém me mantive sorridente. As informações me levavam a um novo nível de… desespero? Era mais uma novidade, mais um perigo e, como nos contos e romances, e filmes e animes e jogos, muito maior que o anterior. Não que Valser não tivesse sido um problema; é só que havia problemas maiores ainda com o efeito parecido.
Cruzei os braços e me encostei numa parede. Como poderia ajudar algo daquele tamanho? Eu precisava me tornar mais forte e começar definitivamente a lutar pelo bem da existência (por falta de palavra melhor), mas não podia ser um obstáculo aos outros. Não poderia fraquejar de maneira alguma.
E tinha que avisar meus pais!!! Que problema…
(Gostaria de fazer uma ação extra, eu vou postá-la aqui e tem a ver com o Lucian, se ele não concordar com isso eu edito depois e retiro)
Extra
Ao fim do show, pensei em ir descansar, mas algo chamou minha atenção. O jovem vampiro, com quem tinha causado um mal-entendido com o senhor Genjurou e que, no combate, recuperara minhas energias, pareceu partir para um lugar aleatório qualquer. Movida por curiosidade e uma estranha aflição, segui e presenciei uma cena estranha. Não sabia se ali havia uma, duas ou mais pessoas, mas era certo que o vampiro conversava com mais alguém. Ele era uma pessoa de poderes esquisitos, todos naquele grupo eram e talvez ela fosse uma das mais normais, mas agora tinha certeza que ele também tinha seus problemas. Em silêncio, não sabia se ele percebia a minha presença ou não, mas acabei por ouvir a história o que me fez sentir fofoqueira.
Eu era uma guerreira de alma, mas também era uma garota normal, ainda no colégio, e do Japão. Era cheia de fantasias e mundos imaginários, e havia visto muitos filmes, lido livros e jogado jogos. A minha teoria era muito boa a respeito daquele tipo de assunto, mas a prática era bem ruim. De certa forma eu preferia assim, algo dentro de mim gritava para o combate e para a inocência em outros aspectos. Mas uma coceira na garganta me fazia querer opinar, eu não tinha aquele direito, mas… Que mal faria? Então, após o fim da conversa, quando ele parecia sozinho consigo mesmo e em silêncio, eu resolvi aparecer, caminhando constrangida, mas determinada.
— Você sabe, muita coisa aconteceu nos últimos tempos, pra mim.
A mão esquerda segurava o braço direito e eu olhava para o lado, não querendo ver a expressão de raiva ou desprezo que ele faria ao notar que eu estava ali, talvez até já soubesse o tempo todo. Mesmo assim eu continuei.
— Eu não sei se você sentiu isso quando começou a se aventurar, é um mundo todo novo… São mais perigos que promessas de segurança, mas algo faz isso tudo divertido. E eu conheci vocês, foi uma experiência única, não sei se consegue imaginar!
Agora eu já olhava para o seu rosto, estava um pouco corada por ter feito algo errado e também pela visão do rosto do vampiro que era, bem, fofinho. Mas era triste, e isso amargava qualquer beleza, até me consumia um pouco. Precisava prestar atenção no que queria falar, pra não me perder. Eu não sabia ainda, mas isso tornaria minha mente forte e corajosa depois, mais do que já era.
— … E depois de Valser eu percebi que tinha dois caminhos a seguir, o de achar que tudo está contra mim e que eu luto por uma causa perdida, ou que eu posso fazer parte do recomeço e mudar aquilo que parece perdido. Não é mesmo? Você deve saber mais que eu.
— Eu talvez não tenha o direito… mas somos irmãos de batalha, então vou dizer assim mesmo, e você escuta se quiser, é claro…
Uma pausa um pouco dramática. Agora estava claro que eu tinha ouvido e que não tinha esse direito de interferir nos devaneios o Lucian, ele que parecia ter um monte de títulos nobres e negros e no fundo isso não queria dizer nada, porque era apenas um vampiro criança perdido dentro de si mesmo.
— O responsável por sua alegria e tristeza, o responsável por elevar um altar ao seu coração ou perfurá-lo é simplesmente você. Suas atitudes não vão mudar o coração de ninguém… Nem as minhas podem mudar o seu, mas eu só queria avisar você disso, te lembrar. Eu mal te conheço, mas no fundo você parece ter um potencial para a felicidade, com tanto poder e possibilidades, que insiste em manter enterrado por um motivo, admita, bobo. Depois que descobri que existem outros planos e outros tipos de seres vivos, penso que seja até absurda a ideia de se acomodar o desejo torturante de uma pessoa que escolheu não enxergar seu coração, Lucian! Ela tem o direito.
Por uma razão desconhecida, tive vontade de agarrar o colarinho da camisa do rapaz e sacudi-lo, como quem dá um sermão em alguém. Mas então a vergonha voltou, o que eu estava fazendo? Pensando na minha idade, quantas vivas de humano ele já havia vivido? E ainda assim era amargurado…
Que bobinho!
— Você tem o direito de continuar assim, e nada vai mudar… Mas note que pode mudar, se assim você desejar.
"Ouça, Lucian. O mundo termina com você. Se você quer viver a vida, expanda seu mundo. Você precisa expandir seus horizontes até onde eles possam ir."
Silêncio. Sentia-se boba, recitando uma frase de um dos seus jogos favoritos.
— Quer um pouco de sangue? Ou isso me transformaria numa vampira? Não sei como isso funciona ao certo… Mas eu acho que prefiro ser humana.
E sorri. Pensei há quanto tempo alguém havia conversado tanto e sorrido para ele apenas pelo ato de conversar.
E ri, de olhos fechados.