Cecilia
— Sou muito grata a Gêmeos por ser um eterno guardião de nossa realidade, ainda que pouco compreendido. Tudo o que a casa mostrou é verdade, embora certamente de maneira não direta, às vezes. Mesmo nosso contato agora é obra de Gêmeos, mestre em cruzar as dimensões.
Ela sorve mais um pouco do chá, pensativa, após a pergunta de Cecilia. Aguarda a melhor resposta, e sorri quando conclui.
— Isso é algo que faz parte da sua jornada, então, embora nada seja certo de acontecer, deverá trazer desafios no momento oportuno. A única coisa que posso afirmar é que você tem que se lembrar que não está sozinha, de nenhuma maneira.
Repentinamente o copo de chá de Atena era uma taça, e dentro dela, uma constelação.
— Se estiver sozinha e com medo, lembre-se que Taça está com você. Que eu estou com você. Que você tem irmãos-amigos. Visíveis e invisíveis! Que nada está tão ruim que não possa ser vencido do jeito certo. Isso é que os cavaleiros são. A esperança de Pandora é o arquétipo que os acompanhará para sempre. E eu também.
Atena trazia os olhos marejados, e a presença espiritual disso atravessava Cecilia de maneira quase desmedida. Tinha vontade de chorar, mas era o choro da realização, do poder fazer qualquer coisa. Uma grande sabedoria e ímpeto de combate invadiu Cecilia, mas também aceitação e carinho. Era aquilo que a deusa sentia?
Tenzi
— Eu não sei se é uma boa ideia, Tenzi, o senhor Atlas me disse que essa escada é proibida, porque leva à morte... Ao destino de todos os cavaleiros...
Coincidência ou não, assim que Tenzi começou a subir e a pisar no degrau molhado, percebeu que se tratava, na realidade, de sangue. O fluxo pareceu aumentar, e a molhar os calçados de maneira mais intensa. Quando finalmente tocou a pele do pé e da perna, um grande ardor se iniciou. Quanto mais avançava, mais a dor aumentava, mais o fluxo de sangue e mais o cheiro de morte. Começou a se parecer com uma cascata de sangue.
— Tenzi, volte! Você vai morrer, e eu não quero!
Mas o cosmo divino se fez presente lá em cima, e Tenzi sabia que deveria ir. Voltar seria sair dali com Agni, e seguir seria escolher traçar o caminho da dor e do sofrimento.
Tenzi perdeu 3 PVs.
Amaretsu
— Assim como todos os seres possuem anjos da guarda, assim sou como um. Mas, no entanto, sou diferente; o guardião é um ser externo. Eu estou dentro de você. Eu sou você.
Do leste, rapidamente uma tempestade de areia se formava e avançava no deserto. Em alguns instantes ela atingiu a área onde Amaretsu estava, o que interrompeu sua caminhava por alguns momentos enquanto ela se protegia. Tão logo como chegou, ela foi embora. No entanto, ao abrir os olhos, viu que havia alguém de frente para si a alguns metros. Trajava roupas escuras de viajante, mas seu corpo revelava curvas femininas. No rosto, panos que cobriam quase tudo, deixando à vista apenas os olhos e os longos cabelos escuros que caíam por sobre os ombros e as costas. Ela abaixou o pano revelando a face: era igual a Amaretsu.
— E é por isso que, todas as vezes que você tentou me ferir, você se feriu "no lugar". E eu fico mais forte. Tudo o que você reprime vem para mim e me deixa mais forte, até o dia em que você aceitará e se fundirá comigo. Talvez seja um pouco complexo, mas é assim que todos os seres são. Obra de Deus. Ao próximo como a ti mesmo, afinal...
Ela se colocou de lado mostrando o caminho ainda a ser percorrido. Iria acompanhar Amaretsu lado a lado, agora.
Carlos
A estratégia de Carlos funcionou exatamente como ele imaginava. Primeiro, recebeu o golpe em totalidade, titubeando e quase desmaiando, mas resistiu graças ao próprio cosmo. Em seguida, ao golpear na direção de Safira, a aura taurina de cosmo se formou para defendê-la.
No último momento, Carlos agarrou o cosmo pelo chifre, conseguindo segurá-lo. Safira imediatamente abriu mais os olhos surpresa, embora, na boca, houvesse um sorriso desafiador. Tudo num intervalo de tempo curtíssimo. Ela começou a esboçar uma reação, mas seria fatalmente muito devagar para resistir.
Pode interpretar o que fará, se manterá o agarrão ou lançá-la-á longe, atacando-a indefesa.
O sangue continuava a escorrer do corpo do Pégaso preso, mais atrás, e um resquício de cosmo podia ser sentido, gelado.