As três árvores se moveram em sincronia, abaixando suas copas na direção do solo em uma espécie de reverência. As vozes colossais ecoaram novamente pela floresta:
--- Tu és bem-vindo, Arvoui El'than, Aquele-que-busca-conhecimento! Nós te abraçamos em nossa proteção enquanto a sua Jornada não se inicia.
Arvoui aceita os cumprimentos e, subindo por um pequeno aclive, adentra na cidade protegida pelos ents. O local não era muito grande, talvez um pouco maior que o vilarejo halfling que habitara antes de partir para o Reino dos Bardos, e demonstrava uma simbiose com os três guardiões ents impressionante, digna das principais cidades élficas que Arvoui já vira. Construções de madeira clara brotavam dos ents, como filhotes abraçados e protegidos pelos cuidados de seus pais, intercaladas com algumas casas de alvenarias um pouco afastadas dos troncos. O vilarejo era vivo, com as mesmas espécies da flora e da fauna que o elfo havia visto no seu caminho até ali, entretanto o que mais chamara a atenção de Arvoui foram os habitantes da Cidade.
Possuíam aparências diferentes entre si, apesar do mago conseguia identificar algo como três etnias ou raças entre as criaturas, mas como ponto comum todos pareciam ser feitos de um material maleável muito parecido com madeira. Alguns mais claros e outros mais escuros, como se viessem de árvores diferentes, o material simulava músculos, pele, unhas e até cabelos.
O primeiro que avistou parecia se assemelhava com uma versão distorcida de um humano. Uma longa barba de ramos secos e raízes descia-lhe pela face e tórax até se unir com o seu corpo mais ou menos na altura da cintura. Eles andavam nus, entretanto o elfo não avistava nenhum orgão genital como esperaria de um humanóide comum, mas ainda assim tinha a leve impressão de que era um macho daquela espécie. Andando mais um pouco pela Cidade, avistou outros parecidos. O mais baixo parecia bater nos ombros de Arvoui, mas, em sua maioria, passavam três ou quatro cabeças acima das orelhas do elfo. Suas vozes eram grossas e pronunciavam as palavras lenta e pausadamente e todos possuíam feições que o elfo considerava como masculinas.
A outra etnia que encontrou eram seres esguios e femininos, quase como uma contrapartida aos anteriores. Suas feições de madeira faziam Arvoui lembrar as mais belas elfas que havia visto em vida. Seus rostos eram finos e delgados, os olhos nada mais eram do que gemas brilhantes das mais diversas cores e tiras e ripas, do mesmo material que constituía seus corpos, se dobravam acima de suas cabeças em uma espécie de penteado, dando a cada um daqueles seres uma particularidade que ajudava diferenciar-lhes entre si. Arvoui encontrou um grupo de três ou quatro que conversavam e riam próximas a uma casa. Suas vozes eram doces e alegres, melodiosas como uma canção.
A última das raças era pequena, com altura que variava entre a estatura média de um halfling até a um anão. Além disso, alguns dos seres possuíam comportamentos animais e, mediante algum pouco tempo observando, o elfo notou que, de fato, eles faziam o papel de seres de estimação das outras duas etnias. Eram companheiros que não pareciam andar longe de seus donos, sempre membros das duas primeiras raças. Sua fisionomia lembrava a versões diminutas dos ents bípedes que Arvoui já havia visto em Galenbar, um corpo humanoide com uma pequena copa de folhas acima das cabeças. No lugar onde normalmente se encontrariam os olhos, via-se apenas uma luz tênue emitida pelas cavidades oculares.
A presença de Arvoui provocou agitação nos habitantes da Cidade da Origem, que se aglomeraram próximos ao elfo, dando-lhe as boas vindas. Eles falavam um élfico ancestral, da mesma forma que os três ents, e mostraram-se felizes em receber um visitante. Eles encaminharam o mago até uma árvore morta no centro da vila. O tronco marrom e seco erguia-se poucos metros acima do solo, exibindo galhos secos sem folhas. Da base próximo às raízes até o local onde o tronco se dividia em ramos menores, Arvoui notou que havia diversos entalhes na madeira. Um dos seres da etnia masculina explicou que haviam sido outros forasteiros que lá haviam chegado e que marcavam seus nomes, como um registro, na árvore morta como uma metáfora à renovação. A partir dali deixavam o seu “eu” para trás e abraçavam a mudança que a Jornada lhes traria. Eles entregaram ao elfo um objeto diminuto, a figura de uma pena feita de madeira com diversos escritos mágicos entalhados por toda sua extensão, e pediram que Arvoui gravasse o seu nome. O elfo fez como lhe pediram e notou que, ao tocar a pena na árvore sem fazer força, a madeira era gravada magicamente. Escreveu da melhor forma que podia e seu nome brilhou quando a pena deixou de tocar a madeira. Entretanto, quando deu uma rápida olhadela nos nomes ao redor, outros dois nomes lhe chamaram a atenção:
Raemi Aethrinuil
Fëanor Thrandil
O primeiro, o nome de sua mentora da Academia de Wissenrum. O outro, um dos seus amigos que fazia parte do grupo de magia organizado por Raemi.
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Os soldados próximos de uma das entradas alternativas da arena se assustam com a presença do centauro, quando este se aproxima. Uhtred conversa com os dois, pedindo para que pudesse competir no combate do dia. Um dos homens se mostra em dúvida em permitir a passagem do guerreiro, mas o segundo, conhecendo a fama do gladiador, diz que ele deveria conversar com o organizador do espetáculo.
Uhtred é liberado para o subterrâneo da arena, passando por corredores apertados e câmaras abafadas iluminadas por tochas de metros em metros. As memórias do centauro se agitaram, relembrando dos dois anos em que vivera num lugar como aqueles. Em parte, gostava de estar livre, mas também sentia falta dos combates. O soldado levou até uma galeria ampla, onde um grupo de cinco gladiadores se armavam. Apenas de olhar, Uhtred sabia qual era o papel daqueles homens. Eram responsáveis por "aquecer" a plateia antes do espetáculo verdadeiro. Normalmente amadores, os homens lutavam entre com armas que não eram feitas para matar ou contra feras ou animais selvagens. As apostas, nestes aquecimentos, eram singelas e designadas apenas para os apostadores ou organizadores sem tanta importância. O "peixe grande" realmente era a última luta do dia, tida como principal. Apesar da fama em Tolária, Uhtred lutara apenas uma vez no combate principal... apesar da derrota, o combate lhe rendera muito mais do que ganharia em um mês de lutas.
O soldado fez sinal para que Uhtred parasse para esperar dois homens conversarem:
--- A besta nos dará um espetáculo e tanto, mestre Ehlif --- um baixinho gorduxo com um bigode suntuoso e roupas espalhafatosas comentou, claramente tentando agradar o segundo homem.
--- Muita bondade sua nos doar...
--- Poupe-me de sua ladainha, Ludwig! --- Ehlif interrompeu, com um gesto ríspido. Utilizava um pomposo manto com penas coladas à gola e ao capuz, mantido às suas costas. Nas mãos, uma bengala fina e trabalhada e, na cabeça, um tapa-olho de couro contracenava com os cabelos escuros.
--- Apenas certifique-se que tanto a garota como o crocodilo estejam dentro da Arena, ou eu mesmo voltarei aqui para dar o seu couro gordo para as feras!
Ehlif virou-se e saiu pela mesma entrada que Uhtred havia chegado. Ao dar de cara com o centauro, deu-lhe uma rápida olhada de cima a baixo e comentou, rindo:
--- Pelos deuses, isto sim é um gladiador... ou fera... razoável! Não aquele orc, que você vendeu a cidade toda como um bugbear de quatro metros de altura, Ludwig! --- voltando-se a Uhtred, fez uma pequena mesura e retirou-se, mancando
--- ... Com todo respeito é claro, senhor centauro.
Todos ficam um momento em silêncio, apenas escutando os passos mancos e as batidas de bengala ecoando pelo corredor. Até que, alguns segundos depois, o soldado disse e depois se retira:
--- Senhor Ludwig, este é Uhtred, um gladiador de Tolária. Ele deseja participar no espetáculo de hoje. Achei melhor trazê-lo até o senhor. Com licença...
--- Oh bom dia, Uhtred... me desculpe por ter visto toda a "delicadeza" daquele homem. Me acompanhe, por favor... --- ele convida o centauro a acompanhá-lo até sua sala, em uma das portas daquela galeria.
--- Já ouvi um pouco de sua fama... você sabe como é, como organizador da arena tenho sempre que ficar atento às pequenas estrelas que estão surgindo por aí.
Os dois conversam e acertam um preço para a participação de Uhtred na arena. O centauro pagaria algumas peças de ouro para participar e, caso sobrevivesse até o final, receberia essas peças de volta mais uma parcela das apostas. Uhtred é levado até um cômodo onde poderia descansar até o combate principal, algumas horas mais tarde. Próximo do quarto, há uma área comum aos gladiadores que compreendia um refeitório. O centauro tomou um pouco de cerveja e comeu alguns pães, relembrando-se da última refeição que havia feito junto de Maahl, o anão gladiador companheiro de muitos combates.
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Liorav realiza uma prece para seu deus e volta a escutar as palavras de Lady Sophia. O som que a garota pronunciava pareceu para o clérigo como uma língua antiga, talvez algum dialeto pré idioma élfico atual. Mesmo com a sua compreensão impulsionada pelo poder de Soleil, Liorav não entendeu apenas um significado para o som que a garota pronunciava.
Ehthellenaril parecia uma variação de
thellenari do élfico atual que significava "aquele que dorme" ou "o sonolento". Já se seguisse para línguas mortas ou antigas,
Ehthel era a tradução de Éter e um dos possíveis sentidos de
Lenaril é corruptor, destruidor. Juntando as duas, poderia significar algo como corruptor do éter, uma expressão que Liorav nunca havia ouvido antes. Algo também o dizia que poderia ser um nome próprio, mas não saberia dizer com certeza.
Além de escutar as palavras da nobre, o clérigo também gastou algum tempo procurando por pistas dentro do quarto. Vasculhou alguns lugares que pode pensar, entretanto não encontrou nada que pudesse ajudá-lo para identificar o que causava aquele mal à garota.
Indagou aos guardas e as aias se havia ocorrido outro caso parecido com o de Sophia, em que haviam invadido o quarto, mas não roubaram nada. Um dos homens disse que seria difícil encontrar um caso parecido, pois se nada era levado, na maioria das vezes as pessoas não se davam ao trabalho de avisar à milícia. Entretanto, uma das aias havia escutado Sir Ferwick conversar com um de seus subordinados sobre o primogênito da família Llanord, uma tradicional linhagem de nobres burgueses da cidade que controlavam boa parte dos bancos de Thorn, que sofria de condições semelhantes à Sophia.
Ao fundo, Liorav escutou o som de milhares de pessoas gritando. Ele olhou para a janela e viu a movimentação de pessoas indo em direção à Arena da cidade. Eles poderiam estar se divertindo... mas para o clérigo, havia muito trabalho a ser feito.
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--- Irys, minha querida... está na hora de acordaaaar... --- a jovem elfa escutou a voz de Ehlif ainda imersa em seus sonhos.
--- Iryyyysssss...
Já viajavam há semanas sob a guarda dos homens do Mago. Os estandartes com seu emblema, a chama azulada sobre o fundo vermelho, passeando acima da cabeça do destacamento, um grupo de 40 homens, encarregado de levar Irys e Gulk. A ranger tentou descobrir para onde os levavam, mas não conseguiu. Usando de sua memória, sabia que já haviam cruzado a fronteira de Durkein com os Reinos do Norte e haviam passado por alguns ducados e condados que ela já havia percorrido alguns anos atrás. Durante todos aqueles dias, ela e Gulk haviam sido mal alimentados e dormiam pouco, tendo que acompanhar a marcha forçada dos soldados.
--- Vocês estão de provas que eu tentei ser doce e calmo... --- fraca e sem forças, era-lhe custoso se manter acordada
--- Irys , sua vadia élfica, ACORDE OU COSTURAREI SUAS PÁLPEBRAS! --- o mago gritou, esbofeteando a elfa duas vezes. A dor injetou uma dose de adrenalina no sangue e ela despertou. O gosto de sangue em sua boca.
--- Ho... foi mais rápido do que eu esperava.
Irys abriu os olhos e estava em um túnel escuro e abafado, Gulk ao seu lado acorrentado por cinco guardas. Ehlif encarava-a com o rosto próximo do seu e, atrás dele, a elfa pode ver um portão de grades com uma cortina preta que permitia apenas um feixe de luz entrar no túnel a medida que o vento a balançava. Podia ouvir, entretanto, o grito de muitas pessoas atrás da porta, bem como um tremor ritmado que parecia estar sincronizado com os gritos das pessoas.
--- Todas as pessoas tem seus 15 minutos de fama, sabia Iryszinha? --- o mago iniciou, passando a mão pelos cabelos rubros da garota.
--- Fique feliz, estarei lhe dando os seus! Fama e liberdade, se sobreviver, ou esquecimento se vier a morrer. O seu destino está nas suas mãos, minha cara. Se sobreviver, Iryszinha... venha me procurar. Tenho certeza que iremos rir disso tudo no final das contas.
Ele se ergueu e fez um sinal para os guardas que ergueram o portão de grades. Ele aproximou-se de Gulk que o recebeu tentando abocanhar-lhe.
--- E você, meu maninho... esmague!
Os homens que prendiam Gulk o arremessaram pela cortina e Irys pode ouvir a plateia lá fora urrando de emoção. Ela foi a próxima a passar as cortinas. A luz invadiu seus olhos e os gritos os seus ouvidos. Ela ficou alguns segundos até que seus sentidos se acostumassem e ela pudesse ver e ouvir com clareza.
Estava em uma arena circular, uma das maiores que já vira. Tinha cerca de 300 metros de diâmetro, com alguns obstáculos de pedras que pareciam ruínas de pilastras ou paredes. As arquibancadas abrigavam milhares de pessoas que gritavam, xingavam e torciam. A elfa avistou, no chão de terra vermelha, o seu tridente e sua espada curta, bem como a clava de Gulk, e, na frente dos dois, deparou-se com 8 gladiadores. Havia 5 humanos, um anão, um elfo e um centauro.
Uhtred estranhou quando, da saída das feras, a garota elfa saiu acompanhada de uma espécie de crocodilo humanoide. Os dois se entreolharam, mas ao contrário de se atacarem, os dois olharam na direção do centauro e dos outros gladiadores.
A voz do anfitrião da arena, amplificada magicamente, ecoou aos céus:
--- Senhoras e senhores! E o espetáculo principal do dia se iniciará agora! De um lado temos nossos 8 campeões. Os humanos são Hellium de vermelho, Tyrus de azul, Comarc de verde, Rob de branco e Trobald de preto! Todos antigos campeões da arena e favoritos de alguns de vocês.
--- Os novos competidores são Arkoen, um anão calejado e campeão das liças subterrâneas!
--- Ehthellenaril, um combatente élfico que aliará magias a cortes rápidos e velozes de seu sabre.
--- E um conhecido de alguns de vocês que já visitaram a arena de Tolaria! O centauro Uhtred que, recentemente, ganhou a sua liberdade através dos combates na arena.
--- Senhoras e senhores, as apostas já podem começar!
A arena explodiu em urras e gritarias, e os homens responsáveis por aceitar as apostas foram inundados de frequentadores querendo garantir algum dinheiro pela vitória de seu campeão favorito.
--- Já, do outro lado, temos uma fera reclusa diretamente da Latvéria! As lendas contam de seus feitos e homens que já matou nos pântanos sombrios daquele reino. Foi necessário mais de 40 homens para trazê-lo de lá e, mesmo assim, muitos pereceram durante a jornada! Junto dele, uma jovem elfa que foi condenada por crimes horrendos no reino dos orelhas pontudas! Aniquilou aldeias inteiras e, se os rumores estiverem certos, assistiu a morte de seus pais sem derramar nenhuma lágrima!
--- O primeiro round será nossos 8 campeões contra a elfa e no fera crocodilo. Aquele que desferir o golpe final em um dos dois ganhará um bônus, bem como vocês que apostaram nesse campeão. O próximo round será uma disputa entre os gladiadores que tiverem sobrevividos ao embate à fera e a criminosa!
--- Vocês já tem seus favoritos, senhoras e senhores?? --- e o povo explodiu em vaias e urras
--- Pois então... que os jogos comecem!
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OFF: Estamos de volta pessoal!
Ramon, DonaKei e JJ, darei alguns posts caso vocês queiram interagir ou escrever a reação de seus personagens. Depois irei iniciar o combate
Dornelles, rolei um número muito baixo em Percepção para você =/ . Tu não encontrou nada.
Galahad ... manda bala =D