Akira
A besta se moveu em direção à Akira quando a mulher viu sua visão ficar turva. O veneno ainda agia em seu corpo, e ela sentia isso. A besta se aproximou dela, ergueu o enorme e fétido corpanzil e se preparou para o bote.
E então caiu no chão, morta. Uma fumaça começou a ser exalada do cadáver, e por fim uma esfera de luz avermelhada surgiu de dentro do cadáver, flutuando. Foi até a samurai e ficou ali, flutuando diante ela, até por fim desaparecer, como se tivesse entrado no peito da tamuraniana. Uma visão surgiu em sua cabeça. Memórias. Um nome, uma coroa, um trono. Havia um casamento. Sem amor, mas por ambição. Ela viu o rei, frustrado após sua primeira tentativa de casamento político, falhar. Ela viu o rei se casando com uma rainha que seria Imperatriz, lhe prometendo um exército. Ela viu o rei sendo derrotado, destruído e humilhado por seu senhor. E ela viu o rei, seu espírito podre mudando seu corpo quando os deuses caíram, sua vida na floresta como um exilado o levando ao canibalismo; seu sangue real se tornando tão pútrido para ele quanto sempre fora para o mundo; e sua pele se rompendo com o crescimento anormal de seu próprio corpo. E no fim, o rei era uma besta, com sua única memória sendo o nome do homem que havia o reduzido ao que sempre fora.
Recebeu a Alma de Mitkov
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Gilliard
- Annastriana foi minha discípula pessoal, e a única para quem ensinei todos meus talentos. Contando comigo, ela é um dos dois últimos Cavaleiros Feéricos a ainda existirem após a queda. Você é, provavelmente, um combatente melhor, mas para trabalhos em equipe, imagino que Annastriana chegue a ser mais efetiva do que você ou Herenyavaar. - Abelas o respondia sem olhar diretamente para Gilliard. Seus olhos sempre pareciam observar algo distante, como se ele nunca estivesse realmente ali - Mas sim, claro. Era minha intenção que Annastriana fosse colocada sob suas ordens durante a operação. Já a avisei para se preparar, logo ela deve vir se apresentar.
Pouco após ele dizer aquilo, Gilliard sentiu a presença de alguém se aproximando. Era estranho se acostumar com aquilo... Sentir as pessoas ao seu redor sem enxergá-las. Ouviu uma batida nas portas duplas e uma elfa de cabelos quase prateados entrou. Sua pele era extremamente branca e seus olhos de um cinza claro que lhes dava um brilho quase prateado. Ela se aproximou e fez uma mesura.
- Annastriana Liargentum, ao seu dispor General Ard'Gwynadd. - Depois, outra mesura, mais respeitosa, com maior devoção. - Mestre Abelas.
- Não é necessária tanta formalidade minha cara. Gilliard, esta é Annastriana. Qualquer dúvida que tiver sobre as capacidades de minha aprendiz, sugiro que pergunte agora, antes da operação. Se me dão licença, tenho de ir conversar com o General Garahel. Quero revisar seu plano de batalha. - O General Garahel era talvez o menos conhecido entre os generais, mas talvez o mais eficiente com tropas. Gilliard havia servido com ele apenas uma vez, na tomada de um antigo castelo humano. Ele era estranho mesmo para um elfo sobrevivente. Primeiramente, possuía asas, mas não era um elfo-dos-céus. E se dizia um paladino, mesmo com a queda dos deuses. Seria chamado de lunático, se não fosse tão eficiente e não tivesse salvo tantos após a queda. O Anjo de Glórienn, diziam. Nunca na frente dele, pelo menos, que odiava o título.
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Helden
O monstro que um dia fora Cecília disparou em direção a ele. Ela era como um raio, surgindo diante dele como riscos no ar, instantes depois de ter se movido em sua direção. De sua palma direita, uma lâmina surgiu. Um primeiro corte desceu, cortando a testa de Helden de leve, mal incomodando o anão acima de um corte superficial. Ele tentou se proteger, por instinto levando o braço para a frente, quando a garra esquerda do monstro rasgou a carne daquele membro. A criatura era inclemente em seus ataques e logo avançou com a boca, arrancando um naco de carne do anão com seus dentes afiados. A criatura engoliu a carne e sorriu.
- Mais... Eu tenho... fome.
O anão encarava a cena, incrédulo. Duas vozes surgiram em sua cabeça, uma feminina e outra masculina:
"Fuja."
"LUTE!"
Recebeu 150 de Dano
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Zlaahael
- Herenyaavar... Zlaahael. Eu entendo sua frustração. Eu já lhe contei o que aconteceu comigo no dia da Queda?- Morion se moveu.- Eu estava no castelo. Eu fui parte do último avanço, ao lado de Khinlanas. Eu vi quando Thwor matou o rei. E eu me recusei a cair. Eu me ergui e usei a espada do próprio Khinlanas para enfrentar o General. Mas Khinlanas não foi a única morte de alguém conhecido que vi naquele dia. Meu filho mais velho foi decapitado por um golpe de machado a menos de dois metros de mim. Minha esposa foi estuprada e capturada enquanto eu estava no campo de combate. Eu me ergui para enfrentar Ironfist, e como resposta, ganhei isso. - Ele puxou a manga, revelando o braço para Ironfist. Puxou a manopla da mão direita, revelando a coloração enegrecida de seu braço. E por fim, retirou um anel, quebrando uma imagem ilusória sobre o mesmo. No lugar do braço direito de Morion, estava um braço tomado por escamas negras. Seus cinco dedos agora eram garras afiadas e monstruosas. - Thwor Ironfist me tirou um braço e me deixou afogado em meu próprio sangue após me derrotar. Apenas por ódio eu me ergui. Por ódio, ordenei que o braço de um meio dragão fosse colocado no lugar do que perdi. Cinco anos depois, eu encontrei minha esposa. Ela era escrava sexual de um oficial bugbear qualquer em um campo de prisioneiros. Ela já não tinha mais mente, e seria melhor estar morta. Eu a dei essa dádiva. Mas a morte do oficial me foi roubada por Abelas.- Ele voltou a esconder o braço. - Eu entendo sua raiva melhor do que qualquer outro. Não há um dia aonde em meus sonhos eu não despedace Ironfist e o oficial que destruiu minha esposa. Mas eu sei que é mais importante que eles sejam mortos do que é importante que eu tenha minha vingança pessoal. Zlaahael, como seu antigo mentor, como seu amigo e companheiro élfico, eu lhe imploro: Se for necessário, deixe que outro mate Holgor. Se for necessário que ele e Ironfist caiam por outras lâminas que não a minha e a sua, que seja. Pois eu estou disposto a viver em pesadelos pelo resto de minha vida se isso significar certeza de que os elfos de amanhã não irão viver com medo.
Ele respirou fundo
- Entende meu pedido?
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Gatrius
- Morrer não é de todo ruim. - Era uma voz feminina ao seu lado. Gatrius ainda não sabia como ele havia sido arrastado para aquela causa. Havia ficado preso em Hongari, de todos os lugares, quando o inferno chegara naquele lugar. Seu último grupo havia debandado pouco após finalizarem sua última operação, e ele ficara por ali, esperando outra oportunidade. Ficara sabendo que Malpetrim havia sido destruída não muito tempo depois por algo que estavam dizendo ser Tauron, e que esse mesmo ser havia sido derrotado por um elfo de cabelos azuis voando em um grifo. Era dificil saber o que era história e o que era real, mas a história já era uma das mais contadas em Arton. Um caso de heroísmo clássico após a queda dos deuses era raro. E agora, ele tinha a chance de participar de outra. Durante sua estadia em Hongari, o lugar havia sido alterado para sempre. Um dia, nevara na capital de Hongari. Aquilo por si só já era estranho. E então, no meio da nevasca, um enorme dragão surgira. Negro como o céu noturno, com um único olho rubro cor de sangue. O dragão havia destruído a capital e todos seus habitantes, e então viajara por todo o reino, chovendo destruição e ao fim de uma semana, após milhares de mortes, havia se nomeado senhor supremo daquelas terras. Um templo foi construído pelos sobreviventes assolados pelo medo.
Um templo para Verhängnis, deus da calamidade.
E agora, ele e um grupo de aventureiros e mercenários vindos de todos os cantos de Arton estavam se preparando para atacar a criatura. Em um esconderijo subterrâneo, o grupo de quinze indivíduos discutia.
- Eu consigo dizer só de te olhar que nós somos iguais. Um homem me disse que seres como eu você conseguimos identificar uns aos outros, e eu sei que você também é um. Você nasceu sem alma, não é? Um... Vazio, como o homem disse? - Era uma mulher estranha certamente. Em um ambiente tão sério e tenso, ela se destacava pelas roupas coloridas e o cabelo alaranjado tanto quanto por sua personalidade alta e hiperativa. Mas Gatrius certamente entendia o que ela estava falando. Ele conseguia ver naquela sala que ela tinha algo diferente do resto. Como se fosse incompleta. Assim como ele.
Uma outra voz foi ouvida pelo minauro:
- Um ataque com tudo. Um grupo abertamente para chamar a atenção do dragão e outro para atacá-lo quando ele estiver distraído com o primeiro. Derrubá-lo com simples poder bruto, que nem fizeram em Malpetrim.- Era um homem alto de pele escura e musculos inchados. Ao seu lado, um enorme machado certamente feito com algo que não era metal repousava.