Zlaahael havia tentado infiltrar o campo de prisioneiros, e para eles, parecia que haviam se passado séculos desde que havia pisado ali dentro. Tinha uma missão simples: Resgatar Allerán, o Verdugo. Fora pego por um dos hobgoblins de vigia e agora, cercado por o que parecia ser uma tropa. De costas para ele, cobrindo o outro lado, encarando mais uma parte da tropa, estava outro elfo. O hobgoblins choviam nas torres soavam alarmes e os prisioneiros élficos eram empurrados para celas enquanto os ogros comandados por seus feitores hobgoblins vinham na direção dos dois. Um círculo foi formado ao redor deles. Vinte hobgoblins para cada um deles, além de três ogros que vinham em direção à Zlaahael e quatro em direção ao outro elfo. E a única coisa que o Vazio de cabelos e barba azulados não entendia era como Gilliard Ard’Gwynnad, conhecido entre seus vários títulos como Luin Lightien en’ Myrvallar (O Relâmpago Azul de Myrvallar), havia ido parar ali.
Gilliard já estava com a Vingança Élfica faziam alguns anos. Não fazia parte da liderança, composta apenas por antigos membros da Guarda Real de Lennórien, mas sua voz era tão ouvida e respeitada quanto a deles. Às vezes, mais do que a de alguns. Por um fenômeno que os antigos elfos que haviam o estudado chamavam de Abelas (Tristeza), ele havia nascido sem uma alma. Mas suspeitava que fora por isso que quando os deuses caíram, ele não sentira sua falta, e continuara sua luta sem ser afetado. Para Morion fora mais que o suficiente para lhe dar o posto de Primeira Espada, o que tornava seu poder abaixo apenas daquele dos líderes da Vingança. Gilliard era tão amado pelos elfos quanto era temido pelos goblinóides, e seu nome talvez fosse o mais provável de ser passado em lendas e canções entre os membros da Vingança. Exceto talvez pela existência e retorno do Nuuruhuine, a sombra negra de Lennórien. Zlaahael Aranarth. Um mau augúrio, sua infâmia havia conquistado a raiva e a amargura dos elfos que só parecia estar sendo aliviada agora, com a notícia de que ele havia enfrentado o próprio Thwor Ironfist em combate singular. Mas o nome ainda era um mal sinal. Dos nove membros da antiga Guarda Real, todos de famílias nobres e antigas em Lennórien, apenas dois haviam perdido seu título e não participavam do conselho. Berforam e Zlaahael. Porém, dos sete, a votação para que Zlaahael fosse aceito na liderança da Vingança como um agente para operações menos nobres fora quase unânime, exceto pelo voto de um homem. Garas Sulevin, o Colosso Cinzento. O mais velho e tradicional dos membros da Guarda Real, o elfo fora contra a presença de Zlaahael na Vingança. E quando sua vontade fora esmagada pela dos demais, ele deu uma única missão para Gillard: “Siga o Nuuruhuine. Se ele se provar indigno, o derrube.” O julgamento dependia apenas de Gillard. Ele viu quando Zlaahael adentrou no campo e foi visto pelos vigias, e por alguma razão, fora em seu auxílio. E agora, se viam cercados. De quatro torres diferentes, oito hobgoblins atiravam contra eles. Os cercando, toda uma tropa hobgoblin e seus malditos ogros.
Um bom aquecimento.
_____________________________________________________________________2x Unidades Hobgoblin de Elite
8 Atiradores Hobgoblin
7 Ogros
Cecilia e Drake
As tropas rebeldes eram suas aliadas. Lideradas por Didrika, já haviam tido pequenos conflitos de campo, mas a grande batalha entre os dois lados não havia acontecido. Estavam ali a duas semanas. Duas semanas de planejamento que poderiam ou não render os resultados desejados. A Doutoura Faust havia colocado uma ampulheta sobre a mesa na casa feita para eles, e a areia da mesma caía lentamente.
- Quando toda a areia cair, o arauto de Keenn chegará, segundo Sabbah.
Tinham ainda dez dias pela frente. Drake e Ahriman discutiam estratégias arcanas com o mesmo tom que discutiam teorias sobre necromancia e demônios. Enquanto isso, ao decorrer daquelas duas semanas, Cecilia havia recebido um desafio que não podia recusar. Duelos amistosos para treino com a suposta filha de Faust, Aurea. Para sua surpresa – ou incomodo – a garota era um perfeito reflexo de seu próprio estilo de combate. Não era um exagero: utilizavam táticas extremamente semelhantes e seus combates inevitavelmente terminavam em empates. Por duas vezes quase haviam chegado à uma vitória, uma vez para Cecilia e outra para Aurea, mas sempre haviam sido separadas ou impedidas por Ahriman antes que as coisas se tornassem mais drásticas.
- Se morrerem agora, não seriam úteis para a causa ou para si mesmas. Para o Doutor Drake, por outro lado...
Sob o elmo que nunca era retirado, Aurea apenas ria e se retirava, prometendo superar Cecilia no próximo duelo.
Naquele momento, se encontravam em sua mesa de estratégias:
- Dizem que Adelhelm possui um novo aliado. Um anão, suposto regente de um reino anão ou afiliado à alguma família real. Não conseguimos muito mais informações que isso. – Iniciou Didrika. – Mas os soldados sugerem que ataquemos agora, com força total. E eu os apoio. Arrancar a cabeça nobre de Adelhelm e colocar o poder aonde deve ficar, nas mãos do povo yudeniano. Seria uma batalha imortalizada em lendas.
Ahriman apenas suspirou, enquanto a Doutora Faust, rindo, pronunciou:
- Claro minha cara. Façamos isso. E como exatamente sugere um ataque total à um castelo fortificado em posição mais elevada?
- Uma pequena unidade de elite pode se infiltrar no castelo e abrir os portões. Vocês são essa elite, não podemos ser derrotados. – Didrika continuou. – Os homens precisam de uma vitória como essa.
Os olhares se desviaram em direção à Drake e Cecilia. Ahriman e Faust serviam como suporte, segundo eles, sendo ajuda convocada para o auxílio de Drake e Cecilia. A decisão era deles.
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Helden
- Me ajude a esmagar os rebeldes e eu lhe prometo um exército para retomar Redwall, Lorde Helden. - Lorde Adimaro Adelhelm era um guerreiro e Helden pôde ver isso assim que bateu os olhos no rapaz mais novo. Não falava como político ou nobre, e seu porte era o de alguém acostumado à lutar.
O homem observava uma mesa de estratégias junto dos comandantes de suas tropas. Helden havia ouvido um pouco sobre aquele homem antes de chegar à Münchkaiser. Era um lorde recente, promovido à senhor de sua região em um duelo singular contra o antigo lorde, que estava sob acusações de corrupção e abuso de poder. Coisas que um militar de carreira e honra como os grandes Yudenianos supostamente deveriam ser. E então, não muito depois de tomar o comando, um grupo rebelde de plebeus liderado por uma tal Didrika se virou contra Adelhelm, dizendo que o poder pertencia à eles, e não ao militar, em um único ato criando a guerra e matando o irmão do lorde. E assim, o único homem que havia disponibilizado seu exército e melhores soldados para Helden havia sido impossibilitado de auxiliar. Ao lado dele, dois homens. Um deles trajava armadura completa cheia de equipamentos. Um machado e uma corrente apresentavam-se como suas armas. O outro parecia mais perigoso. Um homem trajado completamente em roupas negras, com uma foice nas costas. Não deixava um centímetro sequer de pele aparecer, suas mãos e pés cobertos por luvas e botas de couro. Um capuz cobria a cabeça, com o rosto coberto por uma máscara alquímica. Aquele homem transparecia vontade de matar. Segundo o que Helden havia ouvido falar, aquele era o maior soldado de Adelhelm, o Senhor Morte.
- E então... O que me diz? Temos um acordo?