Arquétipos dos deuses

[Padre Judas]

Do meu ponto de vista, os vinte originais são a exceção à regra.

[BURP]

Se querem um exemplo de como os deuses devem funcionar em Tormenta, eu recomendo o livro Deuses Americanos, do Gaiman. Todo mundo sabe que o Trevisan, principalmente, é fã confesso dele, então é uma influência que se vê bem profundamente.

No livro, os deuses de todas as mitologias do passado existem mesmo, e tiram seu poder da crença e devoção dos mortais. No universo do livro, dá pra dizer mesmo que os homens criaram os deuses. Só que, nos dias de hoje, essa devoção diminuiu, e com isso a maioria dos deuses de antigamente perderam poder e status.

No lugar, surgiram diversos deuses "contemporâneos" - a mídia, a internet, o mercado, etc. É óbvio que, se formos analisar com calma, nenhum deles representa aspectos tão fundamentais da existência; mas a devoção da população contemporânea a eles é tanta que eles são, de fato, mais poderosos que os deuses antigos.

Das informações que se tem, o que dá pra pegar é que a coisa funciona de forma parecida em Arton. O Terceiro Deus é bem rico em descrições de deuses sendo "criados." Mas tem também complicadores, como o Nada e o Vazio como criadores supremos da existência, de forma que não se deve pegar ele como uma referência literal; é mais uma inspiração mesmo. Mas, em última instância, eu vejo como uma referência mais eficiente do que esse idealismo meio platônico, de um "mundo dos arquétipos" que precederia a existência dos deuses.

[LuyGuy]

os livros do cenário sempre deixaram a entender que o papel de deus maior está mais relacionado à devoção do que qualquer coisa.

Verdade. E segundo o Cassaro, o próprio deus define sua relevância (Status Divino, impacto no mundo etc.) de acordo com sua "auto-estima".

[Aquila]

Em Arton, não tenho certeza se é realmente a autoestima do deus que afeta o mundo ou se é o contrário, o deus é afetado pela autoestima e atitudes dos devotos. Na maior parte das vezes são apenas decisões arbitrárias. Todos os exemplos, com exceção de um, mostram que são os devotos que definem como a divindade age. O triste é ver esse um ser justificado ignorando todos os outros. Ou a regra da autoestima funciona para todos ou para nenhum.

[Lord Seph]

Depois de Khalmyr aprisionar uma inocente por mero ciúme e ameaçar uma raça inteira de extinção por causa de uma arma roubada, nada mais me surpreende.

[BURP]

Em Arton, não tenho certeza se é realmente a autoestima do deus que afeta o mundo ou se é o contrário, o deus é afetado pela autoestima e atitudes dos devotos. Na maior parte das vezes são apenas decisões arbitrárias. Todos os exemplos, com exceção de um, mostram que são os devotos que definem como a divindade age. O triste é ver esse um ser justificado ignorando todos os outros. Ou a regra da autoestima funciona para todos ou para nenhum.

Se tu tá se referindo ao Ragnar, eu penso justamente o contrário. Seguindo esse raciocínio de que é a devoção dos devotos que define a característica de um deus, podemos simplesmente assumir que, hoje, a devoção dos goblinoides da Aliança Negra - que veem ele como um deus de brutalidade e violência - é mais forte do que a devoção daqueles que o veem como uma divindade com um papel mais equilibrado dentro dos arquétipos divinos, como Leen. Se a AN for derrotada, é possível que o Leen acabasse "assumindo" o lugar do Ragnar.

Talvez dê pra pensar nesses deuses com mais de um aspecto como se fossem personagens com dupla personalidade. Enquanto a devoção dos que o veem como Ragnar for mais forte, é ela a personalidade dominante. Se um dia o jogo virar, e Leen se tornar um aspecto mais poderoso, o próprio deus acabará mudando, trocando a personalidade dominante.

Claro, agora sou eu que estou fazendo conjecturas sobre como são as leis de funcionamento divino em Arton. Como já disse antes, a verdade é que não há tantas coisas escritas em pedra a esse respeito nos livros do cenário, então em última instância tudo pode ser alterado se os autores tiverem outra ideia de como desenvolver isso no futuro.

*****

Numa nota paralela, essa discussão de repente me deu uma ideia louca de personagem. Fiz um kit com esse conceito que vocês podem ver aqui. Quem sabe eu não desenvolvo uma CdP de TRPG pra ideia também =P

[Aquila]

Essa transformação de Ragnar em Leen é bem interessante, realmente, mas, do modo como os deuses são apresentados, acaba sendo uma trapaça para evitar a queda da divindade. Isso acabaria criando uma forma para os deuses manterem seus postos simplesmente assumindo outra imagem, aspectos e grupo de adoradores. Por tudo que já foi dito sobre os deuses nessa discussão, seria uma saída fácil e completamente injusta.

[BURP]

Acho que o que torna isso interessante é pensar que talvez os deuses não tenham realmente controle sobre isso. Eles simplesmente são da forma que os devotos imaginam que eles sejam. Dupla personalidade é um distúrbio - a pessoa não controla realmente qual personalidade está no comando. Então na verdade não é o deus que "se disfarça" pra manter o seu posto, mas a devoção das pessoas que faz com que ele mude repentinamente.

[herrDoktorat]

Concordo com o Aquila, acho que seria interessante apenas se você tivesse uma visão meio Percy Jackson sobre os aspectos dos deuses, o que significaria que a não ser que matassem um deus mesmo, ele dificilmente cairia.

[Lord Seph]

A questão é que nenhum deus caiu até hoje.

Glórienn pediu para sair, Kally foi obliterado da existência e Tillian foi afastado por incapacidade mental de manter o cargo.

Nenhum fora realmente derrubado, talvez a Divina Serpente quando foi derrotada por Tauron.