Ameaça Marinha

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Mælstrøm
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Ameaça Marinha

Mensagem por Mælstrøm » 19 Mar 2018, 13:46

Parte 1: Uma viagem pela Enseada dos Selakos

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  • "O heroísmo é um trabalho comum em Arton. Seja por façanhas menores como espantar lobos que espreitam uma aldeia, até batalhar contra vilões supremos. Existem os heróis menores, locais, que protegem suas próprias aldeias, vilarejos e tribos bárbaras; e há também os grandes campeões, lendas vidas que combatem pelo destino do mundo. Nem sempre é fácil notar a diferença, mas alguns nomes se destacam dos demais."

(Trecho do primeiro livro de Tormenta de 1999).



O destino de cinco aventureiros estava prestes a se cruzar. Se eles se tonarão heróis menores em uma única jornada de suas vidas ou seriam profissionais em busca do topo, somente o tempo dirá.

Tudo começa em na capital do reino de Hongari, a Colina dos Bons Halflings. Suas casas eram tocas no sopé das colinas, com redondas portas de madeira, onde um pequeno jardim se seguia para em um espaço diminuto rodeado por cercas. Os halflings mais velhos e abastados gostavam de passar suas tardes de pernas para o ar exibindo seus pés peludos e fumando um bom charuto. Os halflings mais jovens atabalhoavam-se pelas ruelas onde uma carroça comum teria dificuldade de passar. Tudo ali era pequeno, exceto na região central da cidade, com casas do tamanho de humanos feitas de madeira com telhado de alvenaria ao estilo do "povo grande". Não era coincidência que o porto da Colina dos Bons Halflings ficava naquela região e é onde Roger Guedes, o capitão da Angra Azul, pregou um enorme pergaminho em um poste nas docas.
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Hoenheinn
Recém formado paladino, o jovem Hoenheinn não podia mais ficar em Valkaria. Uma de suas obrigações do credo da deusa era justamente não ficar muito tempo na mesma cidade, ou muitos meses no mesmo reino. Por isso, cheio de energia e inspiração, o paladino partiu de sua cidade com todos os sonhos do mundo. Entre uma escolta a caravana aqui, uma viagem pela estrada ali, uma subida em regiões de grandes colinas, uma travessia em rios com a armadura dentro da mochila sobre a cabeça, uma dormida sob a copa de dezenas de árvores de uma floresta fechada, Hoenheinn encontrou um descampado depois de algumas semanas.

A ausência de moedas o fazia basicamente vender suas habilidades em troco de um teto seco e uma comida que garantisse sua força — pois já dizia sua mentora "saco vazio não para em pé". Depois de evitar as perigosas Bad'Lands, ouvindo rumores de ação aqui e ali em cidades pequenas como Bek'Ground, acabou por seguindo sempre aonde podiam precisar de um herói aventureiro. Afinal, este era seu dever.

Depois de passar semanas em uma floresta fria e úmida, cheia de mosquitos, Hoenheinn percebeu que a vida da estrada podia não ser tão gloriosa como nas canções dos bardos. Arton era um mundo de problemas e precisa de heróis, mas onde estava o perigo? Onde estava aquele camponês ávido por um aventureiro para expulsar um bando de lobos, goblins, assaltantes ou gnolls de sua fazenda? Valkaria estaria lhe testando com o tédio?

Depois de um pouco mais de três meses viajando em carroça, sobre o dorso de um cavalo, a pé e em barcos, Hoenheinn chegou a mais um daqueles lugares pacíficos: as Colinas dos Bons Halflings, a capital do reino de Hongari, onde os maiores problemas dos pequeninos eram os altos impostos empregados pelo Conde Ferren Asloth de Portsmouth em suas estradas, impedindo que o comércio do fumo halfling prosperasse como esperavam. Durante uma breve caminhada pelo centro da cidade sobre seu chão de pedras colocadas, o jovem paladino acabou ouvindo um chamado por aventureiros para escoltar uma valiosa carga mercante para Collarthan, em Sambúrdia, o grande reino do norte, um dos mais longínquos lugares de Arton.

Hoenheinn não conhecia ninguém que tivesse ido a Sambúrdia. Parecendo uma boa ideia, aceitou o contrato no navio que partiria com alguns mercadores, o capitão Roger Guedes, sua tripulação, mais um punhado de aventureiros e as mercadorias. Seria uma viagem de dez dias, mais uma oportunidade de conhecer gente nova. Como a viagem seria pela Enseada dos Selakos, talvez ele encontrasse trabalho para sua espada...

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Úrsula
Ela já estava acostumada a viver na estrada, com o balançar da carruagem no chão de terra batida. Úrsula conseguia, mesmo sem ver, saber se estavam viajando por uma trilha cheia de mato, grama ou por um terreno arenoso ou rochoso. Ela nem pôde aproveitar os fogos do festival do Ano Novo e já estava naquela carruagem que se tornou uma morada. O banco era sua cama e o espaço para as gavetas abaixo eram seus armários. A comida era quase sempre boa, mas ela havia esquecido o gosto do queijo gouda, brie ou cottage, da carne macia de um boi ou mesmo do frescor da maçã, da banana ou do mamão. Úrsula vira as estações passarem, sentiu o calor do verão chegar, fazê-la sofrer com suor e os mosquitos e se despediu para a chegada da fria brisa do outono jogando suas folhas sobre a estrada.

Úrsula viajava com mercadores amigos de seus pais, uma caravana itinerante que fazia o mesmo percurso de Vectora, aproveitando-se do rastro de prosperidade que a Cidade das Nuvens deixava para trás. Ela mesma nunca visitara Vectora, nem mesmo quando passava perto de sua antiga casa. Ou melhor, de sua verdadeira casa, no qual não podia mais ver por algum tempo. Quanto tempo seria necessário? Semanas? Meses? Anos? Só sabia que estava viajando naquela caravana de oito carruagens há quase seis meses. Quando aquilo acabaria?

É verdade que a jovem sacerdotisa de Tenebra não ficava o tempo todo dentro de sua "cela", havia paradas em vilarejos, cidades, afinal, os mercadores faziam suas trocas. Assim ela conseguia esticar as pernas, andar por aí e ajudando quem precisasse, pois sua índole era muito boa, bem diferente do que o populacho achava sobre sua deusa. Era sempre assim: todos os camponeses e plebeus abriam sorrisos gentis e amigáveis quando Úrsula lhes oferecia algum milagre divino, mas quando ouviam falar sobre sua deusa, as caras fechavam, caretas esboçavam constrangimentos e logo ninguém mais queria falar com ela — com algumas exceções, é claro.

Depois de tanto tempo em viagem na caravana, ouviu do senhor Waldemar, o líder dos mercadores daquela contenda, que viajariam para Sambúrdia de navio. As carroças (e sua carruagem) ficariam guardadas em um depósito na Colina dos Bons Halflings, capital de Hongari e eles levariam suas mercadorias juntamente com as de outros comerciantes e, sob a tutela do capitão Roger Guedes, viajariam pela Enseada dos Selakos até Collarthan, uma cidade costeira de Sambúrdia. O lugar era conhecido por abrigar muitas casas de veraneio, onde os pratos com peixes exóticos eram muito gostosos e havia festivais a cada semana para os turistas de outros reinos. Um bom lugar para conhecer, de fato. Talvez lá Tenebra não fosse mal vista como nos lugares por onde passou. Waldemar e os outros comerciantes pediram para Úrsula se oferecer como aventureira. Havia certo clima de despedida ali. Os mercadores com os quais conviveu por quase seis meses nunca pareceram entusiastas de sua fé e agora parecia que encontravam uma oportunidade de se livrar dela...

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Tak
O mundo não era o mesmo. O sol inclemente como uma bola de fogo queimava ao toque. O calor excessivo o deixava letárgico e cansado. A ausência de paredes rochosas, o espaço debilitava sua mente e era difícil para ele encontrar referências. As primeiras semanas foram muito difíceis, pois precisava do dobro do esforço para conseguir fazer a metade do que era esperado dele desde que saiu de seu lar.

Na verdade, não era bem um lar. Tak sabia que um dos motivos de estar enfrentando aquele infinito desconhecido. Com muito esforço ele conseguiu se orientar e descobrir que a flora e a fauna provinham alimento bem mais farto do que estava acostumado. Aprender a língua daquele povo foi uma tarefa fácil, pois suas palavras eram simples e de poucos significados. Ou boa parte daquele povo não sabia o significado de boa parte delas. Mesmo assim, Tak aprendeu a colocá-las em peles de animais esticadas que eles chamavam de "pergaminho". Aprendera a reconhecer os símbolos e alguns de seus significados com ajudar de alguém que supostamente tinha a missão divina de ensinar a qualquer um.

Tak sofreu com as chuvas — cachoeiras que caiam de todo o céu — mas aprendeu a buscar abrigo em cavernas. Aliás, a familiaridade delas era bastante reconfortante. Ali também encontrou alimento em outros animais que faziam o mesmo que ele. O jovem vardak não demorou muito para aprender que conseguia cumprir melhor sua missão quando estava em grandes ajuntamento de pessoas, o que eles chamavam de cidades ou povoados. A maior parte das pessoas que viviam na superfície era formada por humanos, um povo de pele lisa que usava o couro de animais ou minerais refinados para cobrir seus corpos frágeis. Eram em sua maioria agitados, barulhentos e de humor que variava ao muito alegre ao muito triste, com traços de gentileza e agressividade. Havia também muitos elfos, um povo mais fechado e triste que possuía orelhas acentuadas. Ele pouco vira deste povo, mas eram geralmente educados e curiosos quanto a ele. Os humanos que conhecera nunca haviam ouvido falar em vardaks e o consideravam uma fera à primeira vista, de modo que ele teve que aprender a vestir o que eles chamavam de "roupa" ao chegar a uma cidade nova. Aparentemente, quanto mais roupas vestia, menos fera você era. Mas depois de alguma caminhada pelas colinas verdejantes, Tak também conheceu um povo diminuto que parecia anões menores, mais magros e onde a barba crescia nos pés ao invés do queixo.

Os halflings eram ainda mais gentis que humanos e seu humor variava muito menos. Sempre falantes, alegres e rápidos, raramente eram discretos. Gostavam de uma boa conversa e eram muito curiosos quanto a ele. Tak encontrou halflings muito educados e outros nem tanto, um pouco invasivos querendo saber coisas sem sentido sobre ele. E outros halflings não tão amigáveis que balançavam a cabeça quando o viam. A estes não adiantava nem mesmo usar as roupas e ele não sabia como poderia agradá-los.

Um dia, em uma das cidades dos halflings, a Colina dos Bons Halflings, Tak ficou sabendo que um navio partiria para um outro reino distante para uma grande cidade de humanos chamada Collarthan. Era uma oportunidade única para se conhecer talvez a maior cidade do povo humano e também para conhecer o mar (e um navio!). Quando se apresentou para o chefe Roger Guedes, Tak encontrou aquele olhar surpreso característico, mas não encontrou nenhuma resistência e foi bem aceito a despeito dos olhares curiosos dos tripulantes — em sua maioria humanos.

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Maya
Aquele corselete de couro onde o peitoral era endurecido enquanto as demais partes eram mais flexíveis sempre lembrava Maya do que fizera há poucas semanas. Foi em uma madrugada fria quando decidiu que não devia mais nada a ninguém e vagou pela neblina pálida através do jardim e até fora dos limites do forte. Não olhou para trás nenhuma vez naquele momento, mas depois de alguns dias, todas aquelas armas e equipamentos lembravam a vida que tinha. A corda de cânhamo lembrava os nós que aprendera a fazer. O corselete de couro vermelho tinha o brasão gravado no peito lembrando sua segunda família. O pé de cabra, sempre útil para abrir caixotes que chegavam com o carregamento de vinho, o odre em que tomou o primeiro porre da vida ainda mais jovem do que era. O saco de dormir usado quando os três decidiam dormir sob o céu estrelado no jardim do forte.

Parecia ter passado uma vida inteira desde a última vez que Maya viu seus rostos ou ouviu suas vozes, mas havia apenas acabado de cruzar o reino de Portsmouth até Hongari fazia poucas horas naquele momento. Havia tempo de voltar, mas por algum motivo, suas botas encardidas coçavam e não eram pulgas, mas o desejo de seguir adiante, sempre pra frente. Foi assim que muito tempo depois, ela percebeu estar entre os halflings — um povo preguiçoso, se lhe perguntassem. Eram baixinhos, amantes do conforto e não gostavam muito de trabalhar, apenas se divertir arremessando suas pedras ali e aqui. Comiam, bebiam e fumavam muito. O Conde Ferren Asloth dificultava que aquele fumo maldito espalhasse por toda Arton. Era um belo serviço prestado ao Reinado pelo reino de Porstmouth, mas ninguém reconhecia. Ninguém reconhecia seu belo reino pelo que realmente era.

Ela descobriu pelos próprios halflings e pelos humanos que visitavam as vilas de Hongari em busca daquele fétido fumo que Porstmouth não era muito bem querido em Arton e que o nobre Conde era visto como um abutre velho e corcunda. Uma mentira deslavada, pois quando mais nova ela viu um de seus discursos inspiradores quando visitou com sua família a capital Milothiann. Seu pai ainda era vivo naquela época...

Mas Maya ouvira falar de um lugar distante, quase mágico, chamado Sambúrdia. Um reino rico em florestas onde as pessoas viviam livres e felizes. Quando chegou à capital de Hongari, a Colina dos Bons Halflings, ela viu um chamado por aventureiros para escoltar um navio mercantil até Collarthan, uma cidade costeira desse reino de Samúrdia. Uma boa oportunidade de ganhar dinheiro e fazer contato com outros aventureiros.

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Pietro
O cheiro de urina, o suor escorrendo a testa e o calor queimando as axilas fizeram Pietro acordar. As costas doíam, pois havia dormido sobre uma cadeira de madeira, com os braços derrubados sobre a mesa. O mundo girava, mas aos poucos seus olhos se acostumaram à luminosidade vinda da porta e das janelas escancaradas. Logo conseguiu identificar corpos e copos espalhados pelo chão de madeira. Corpos? Não, eram só bêbados. Uma jovem de vestido cor ocre arrastava um balde para todos os lados e jogava água depois enchê-la em uma caneca. Tinha cabelos cheio de cachos castanhos presos numa fita verde bonita. Pietro teve sorte de acordar antes de ser molhado e logo retornou para seu quarto, um cubículo com uma única cama cheirando a mofo e que provavelmente tinha pulgas.

A espelunca era o que havia de melhor em Ith, uma das mais inclementes cidades de Portsmouth, um antro de malfeitores onde a lei premiava crueldade. Pietro chegara há poucos dias no Reino da Magia Proibida e a despeito de ser um mago, sentia-se ironicamente mais seguro que em outra regiões civilizadas do Reinado. Pois ele era um pistoleiro. Sua arma era proibida dentro dos limites do Reinado e mais de uma vez ele teve que escondê-la para andar nas ruas com tranquilidade. Entretanto, sua pistola arcana não era uma arma de fogo. Mas até explicar isso às autoridades...

Apesar de também ser proibida em Portsmouth, as pessoas pareciam não ligar tanto para aquela estranha ferramenta. Seria pior se ele conjurasse algum feitiço, é claro. Portanto, durante suas viagens no lombo de Bagual, Pietro não sofreu quase nenhuma reprimenda mais incisiva do que olhos desaprovadores — mais por ele ser estrangeiro que por outra coisa.

De roupas prontas, mochila arrumada e sem nenhum furto, o jovem pistoleiro partiu de sua estadia rumo ao desconhecido. Desde que saiu de Namalkah no começo do ano, ele conheceu muitos lugares novos. Foi até Valkaria para tentar encontrar um grupo de aventureiros como seu tio fizeram anos atrás em seu tempo de aventureiro. Acabou encontrando sua prima em um rápido episódio de coincidência e agora estava viajando para o norte desconhecido. Depois de Ith, Pietro seguiu mais a nordeste até encontrar o primeiro vilarejo halfling onde teve que esconder novamente sua pistola. O povo halfling era bastante amigável quando não o confundiam com um pistoleiro, mercenário ou bandoleiro de estrada. Gostavam principalmente de Bagual, uma espécime privilegiada, afinal Namalkah era famosa por gerar os mais belos cavalos de Arton. Depois de uns dias acostumando-se à vida pacata e tranquila daquelas paragens, Pietro chegou à capital do reino, a Colina dos Bons Halflings.

Não demorou muito para ouvir o chamado de Roger Guedes, um capitão de um navio mercante em busca de aventureiros para escoltar seu navio até Collarthan, uma cidade costeira de Sambúrdia. Era uma boa oportunidade de fazer dinheiro e conhecer outros aventureiros.
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O porto aonde os cinco aventureiros estavam presentes apresentava-se apinhado de pessoas. Humanos e halflings em sua maioria, todos fazendo algo ligado aos navios de médio porte atracados nos píeres. Caixotes de madeira eram carregados pra lá e pra cá. Alguns navios eram descarregados e outros carregados. Os pássaros costeiros voavam piando, às vezes roubando algum grão dentro de alguns dos inúmeros barris, às vezes pescando um peixe no mar. A Enseada dos Selakos era um lugar perigoso para aqueles que se atreviam a navegá-lo, mas farto em vida marítima.

A Angra Azul tinha descarregado mercadorias pela manhã para seguir seu itinerário ao norte. Agora ao meio-dia sua tripulação no momento estava dividida entre aqueles que descansavam nas tavernas a beira-mar e aqueles que levavam novos caixotes e barris para seu interior. O capitão Roger Guedes fiscalizava o movimento no convés, agarrado a uma rede esticada presa a um dos mastros do veleiro. Quando os cinco aventureiros se apresentaram para aceitar o trato, ele desceu da rede com agilidade. Tinha um sobretudo de couro grosso e azulado. Sua camisa e colete internos eram bastante limpos que sugeriam certo cuidado e capricho. O cachecol vermelho, entretanto, estava deteriorado nas beiradas, surrado, contrastando com aquela aparência singela. O capitão olhou cada um dos aventureiros sempre nos olhos.
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Bem vindos a bordo, senhoras e senhores. Imagino que estejam aqui para assinarem o contrato, certo? Pois venham comigo.
Disse levando-os até sua cabine. O capitão abriu as cortinas e abriu as janelas deixando a luminosidade entrar o ambiente que cheirava a vinho. Havia uma mesa de madeira polida perto da janela, dois armários dispostos de maneira oposta na cabina e duas cadeiras para se sentar. Sua poltrona era acolchoada com veludo vermelho e logo sustentava o peso do capitão que jogou os pés sobre a mesa com suas botas à mostra.
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Acho que vocês já tomaram algumas informações pelo caminho que faremos. A Enseada dos Selakos é conhecida aqui por ser bem calma na península, mas as coisas ficam feias algumas milhas oceano adentro. Por isso é necessário que aventureiros capazes façam essa escolta. Bom, agora resta assinar o contrato. Caso estejam se perguntando o motivo de tanta formalidade, eu preciso apresentar isso aos meus patrocinadores para eles pagarem a vocês depois.
Disse pegando uma maçã de uma cesta de frutas que ainda tinha, além de maçãs, um cacho de bananas e peras.
Nota do Mestre:
Este é o post inicial que abre as aventuras do Grupo Adamante. Eventos que acontecem aqui influenciam também as outras aventuras deste subfórum e vice-versa. No primeiro post de vocês podem escrever suas próprias introduções: de onde vieram, o que pensam e outras ações que revelem mais sobre seus personagens. Vocês podem ser criativos: podem inventar NPCs momentâneos para contracenar, pequenos eventos e coisas do tipo.

Na Colina dos Bons Halflings vocês podem "trombar" entre si e fazer pequenos diálogos sem muita repercussão, pois são os únicos que se portam diferente (com equipamentos de aventureiro). Tak é uma criatura muito exótica, Pietro veste-se como um pistoleiro (um termo que aventureiros conhecem bem, mesmo que o povo em geral não saiba), Maya possui um pequeno arsenal de armas, Úrsula veste com o símbolo de Tenebra (uma deusa mal vista em diversos lugares) e Hoenheinn é o típico paladino de Valkaria. Depois, já na cabine do capitão Roger Guedes, vocês podem conversar mais livremente, mas lembrem-se de levar em consideração o post do personagem anterior ao seu. Se cada um fizer perguntas pra ele, vai ser algo meio atropelado, pois será basicamente ao mesmo tempo ou com pouco espaço de tempo entre as perguntas. Então, importante dica: considerem o post do personagem antes de postar.

Importante também descrever fisicamente como seus personagens são.
Dados dos Personagens
Imagem - Hoenheinn Mitternach <> PV: 23 PA: 1 PE: 3 CA: 15 <> Destruir o Mal: 1 <> Domínio da Viagem: 1 <> Condição: Normal
Imagem - Lady Úrsula Angelica de Morel <> PV: 17 PA: 3 PM: 6/0 CA: 10 <> Luz do Dia: 1 <> Canalizar Energia Positiva: 5 <> Magias preparadas: Bênção, bênção, bom fruto, proteção contra o mal, santuário, santuário <> Condição: Normal
Imagem - Tak <> PV: 22 PA: 1 CA: 17 <> Patriota: 2 <> Moldar Rocha 1 <> Condição: Normal
Imagem - Maya Pinnend <> PV: 22 PA: 1 PE: 3 CA: 13 <> Patriota: 2 <> Desafio: 3 <> Pirueta de Nimb: não usado <> Condição: Normal
Imagem - Pietro Silverstone <> PV: 14 PA: 1 PM: 5/0 CA: 14 <> Bagual: CA: 15 PV: 35 <> Amaldiçoado: - <> Magias preparadas: Detectar portas secretas, armadura arcana, toque chocante, mísseis mágicos, mísseis mágicos <> Condição: Normal

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LordVrikolaka
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Re: Ameaça Marinha

Mensagem por LordVrikolaka » 19 Mar 2018, 17:05



Já faziam mais de seis meses na estrada. E tudo o que mais queria, sinceramente, era a sua própria cama, em casa.

Ouvia falar das histórias de aventureiros, que andavam por aí para ajudar as pessoas, combater inimigos e coisas assim. Eram bem mal vistos em Ahlen, arruaceiros e indignos de confiança. Quem diria que ela acabaria vivendo uma história parecida? Certamente ela não. Comer aquela carne seca, aqueles biscoitos, ou bem raramente uma refeição de estalagem mantinha-a de pé, mas sentia saudades da comida de casa. Várias vezes ela olhava para o céu noturno, pela janelinha daquela carruagem pra ela dormir, com saudades de casa. E pensava no que sua mãe estrava fazendo. No que seu pai estava fazendo. No que o Tiago estava fazendo. Até o que o Vítor estava fazendo, embora ela tinha certeza absoluta que aquela criança mimada estava quase soltando fogos de artifício por não ter que lidar mais com ela, mesmo ela tratando o jovem bem.

Uma das piores partes de viajar, é claro, eram as estações. Quando o verão abateu-se sobre ela, ela passava muito calor, muito mais do que o normal. Andava com pouquissimas roupas naquele momento, emprestadas de um dos mercadores que ficou com dó dela. Uma roupa bem maior que ela, mas bem mais fresca. Sendo uma pessoa que estava acostumada a um clima mais frio (já que se bem se lembrava, as Montanhas Uivantes ficavam bem perto de Santianno), foi uma das épocas mais terríveis pra ela. Especialmente por ficar num lugar fechado e abafado. Deu graças à Deusa que o outono chegou. Aquilo era muito mais aprazível.

Mas a saudade apertava com o passar dos meses. Quanto tempo era necessário para poder voltar pra casa? Mamãe nem havia dito nada a respeito. Achava que era porque não sabia mesmo. Mas cada dia que passava dentro daquela "cela" apertava mais a saudade. Sentia que ficaria louca de saudades em pouquissimo tempo.

Mas pelo menos, ela podia de vez em quando explorar por ela mesma. Sem ter nenhum dos mercadores em cima das costas dela. E ela ajudou pessoas. Oferecia seu trabalho nos templos, mas recebia portas fechadas. Plebeus fechavam a cara quando ela falava da sua fé (depois de ajudá-los com um milagre, abençoando eles em nome da sua deusa). Pouquissimas pessoas respeitaram ela, e a evitavam antes mesmo de defender a sua deusa. Acabou vendo, curiosamente, nos goblins algumas pessoas que respeitavam mais ela. Os goblins pareciam menos interessados em quem ela servia, e mais no que podia fazer. E o fato que ela sabia falar Goblinês ajudava bastante. Afinal de contas, os goblins que cuidavam das refeições e dos cuidados de casa, eram grandes amigos dela. Ela não podia falar muito com eles, mas eles eram super gentis e solícitos com ela. E sabia como pensavam. Ela tratava-os com respeito, cuidado e gentileza, o tempo inteiro.
Lady Úrsula escreveu:Imagem
Prontinho. Aqui. Acho que isso vai servir.
Criança Goblin escreveu:Imagem
Valeu tia! Você é muito gente boa!
Lady Úrsula escreveu:Imagem
A-ah, não se preocupe... Não foi nada! Eu que agradeço!
Uma criança goblin disse uma vez, quando ela ajudou ele com um braço e uma perna quebrados, além de cuidar de doenças das outras crianças e da mãe. A mãe dos sete pequenos goblins queria dar algo pra ela, como pagamento, mas Úrsula, é claro, recusou. Não era algo necessário. Ao contrário: deixou uma moeda de ouro para eles, para eles poderem ter uma chance melhor de sobreviverem, e indicou algumas coisas para eles. Cuidar de uma alimentação melhor, . E seguiu em frente, coração aquecido agora. Ela não parecia satisfeita entretanto. Ela queria poder ajudar as pessoas. Não só os goblins. Todos mereciam sua atenção. Não que os goblins valessem menos que os humanos, longe disso, todos mereciam os mesmos cuidados. Mas todos que precisassem de ajuda, de alento, ou mesmo um ombro pra chorar, ela queria estar ao lado deles. Sem ter medo que ela pudesse amaldiçoá-los.

Foi quando chegaram em Hongari. O Sr. Waldemar seguiu para a Enseada dos Selakos, para poder pegar um navio para Collarthan. Aquilo parecia ser interessante. Pensava consigo mesma: será que ali a fé de Tenebra seria melhor vista? Ela só queria ajudar as pessoas... Mas Sr. Waldemar falou como seria melhor ela seguir como aventureira com eles ali, como se desejasse que ela se separasse dos mercadores. Aquilo não fazia sentido. Eles estavam tão incomodados com ela? Mesmo quando ela ajudava eles, sempre que pediam? Bom... todos tinham aquele medo estranho da Deusa. E ela sabia que Tenebra tinha alguns servos bem casca grossas e assustadores, alguns até maldosos. Mas era aquela coisa que Elvira, uma clériga de Tenebra do seu templo de Tenebra, e uma das mentoras dos noviços de lá, dissera para ela uma vez:
Elvira escreveu:Imagem
As pessoas tendem a temer a escuridão. Ela traz coisas ruins para eles, assim eles pensam. Monstros, mortos-vivos. Como uma deusa que criou tais vis criaturas pode ser boa? Mas não quer dizer que não haja beleza na escuridão, e que ela não traga conforto. Que criou monstros, mas que criou seres bondosos. Que a escuridão esconde coisas ruins, mas que no fim das contas, todos estão sob a proteção da Deusa à noite, bons ou maus. Então, sempre tente mostrar para as pessoas o lado bom da noite e da escuridão. Mostre que há virtude entre os seres das trevas. Mostre que todos os lugares tem seus "ovos podres", mesmo religiões ditas "bondosas", e que não se deve julgar alguém apenas por eles.
Foi com esse pensamento, que ela seguiu para o navio. Ela se sentia um pouco mal. Rejeitada, na verdade. Fizera tanto pro eles, mas parecia que não era mais útil para eles. Bom, o que ela podia fazer? Era uma decisão deles...

Quando encontrou o capitão do Navio que iria para Sambúrdia, ela cumprimentou com a cabeça, ficando quieta por um instante, deixando que outros pudessem falar se assim desejassem. Úrsula é notável como uma jovem extremamente atraente, mesmo com pouca idade, apesar de ter uma aparência, digamos... Exótica. Cabelos muito pretos e sedosos, pele muito branca e lábios e língua completamente pretos, é de deixar qualquer um bastante confuso. Mas seus olhos azuis que demonstram extrema gentileza, ajuda a dar um contraste de uma aparência que poderia ser assustadora para certas pessoas, mostrando a beleza da sua raça (e em especial, da sua Deusa). Suas curvas não são tão acentuadas quanto gostaria, muito pela sua tenra idade, e costuma vestir roupas eclesiásticas na maior parte do tempo, com uma pequena corrente segurando um símbolo sagrado, com a "estrela de cinco pontas" de Tenebra, feita da mais fina prata.
OFF escreveu:Quem quiser identificar a raça dela, precisa ser bem sucedido num teste de Conhecimento (religião) CD 25.
Editado pela última vez por LordVrikolaka em 20 Mar 2018, 13:54, em um total de 1 vez.

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Aldenor
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Re: Ameaça Marinha

Mensagem por Aldenor » 19 Mar 2018, 21:11

"Não atropele o petiço, se quiser chegar ligeiro"

Ouvia muito disso na caravana de mascates quando era piá. Pietro gostava de ficar sentado no tronco da árvore que ajudar a cortar e ouvir as histórias ao redor da fogueira ao lado de outros como ele. Todos sujos de poeira, com a pele marcada pelo sol inclemente, botas grossas e uma arma na cintura. No seu caso, era uma singela espada curta que conseguira comprar com o primeiro soldo, fruto de uma semana de trabalho árduo para carregando caixas de sol a sol. Aquele fora apenas o primeiro rendimento, nem contou com a ajuda de Bagual. Para falar a verdade, mesmo que quisesse, seu irmão-cavalo não gostava de puxar muito peso. Mas Pietro sabia que tinha que fazer por merecer.

E com a espada curta comprada, podia se candidatar a empregos melhores e viajar com Bagual. E foi assim que conseguiu ir para mais longe de casa, para além das colinas e pradarias verdejantes, onde o sol se escondia atrás do imenso mar, que na verdade era o Rio dos Deuses separando o Reinado do mundo selvagem do além norte. Ouvir histórias o ajudava bastante a saber como funcionava o mundo. Como as pessoas podiam ser mesquinhas, gentis, inocentes e cruéis. Mas ele mesmo não era muito de falar. Pietro detestava ouvir asneiras, então ele mesmo se policiava para falar apenas o necessário e o que fosse correto. E ele gostava de estudar e se preparar para falar abertamente sobre praticamente tudo.

Durante suas viagens dentro de Namalkah ao lado de Bagual, Pietro sempre levava algum livro da biblioteca de seu avô. Desde seu falecimento há alguns anos, sua casa ficou abandonada e seus livros pegando poeira. Há poucos anos sua tia Therese, uma grande e renomada maga do passado levou boa parte dos livros para sua própria biblioteca para não encontrou resistência de sua mãe. Pietro se ressentia o quanto sua família podia ser bronca e ignorante, mas os amava mesmo assim. Therese sempre lhe lançava olhares curiosos e gentis demais, mas ele nunca contou que ele próprio era um mago. Pois o que se tornara, anos depois, não era tão convencional assim.
                  • ***
O "click" de sua cápsula arcana carregando sua pistola trouxe essa lembrança de sua tia. Memórias eram uma merda mesmo, pois uma coisa levava a outra e a outra e súbito você estava encarando o vazio como a porcaria de um filósofo inútil, pensando no que fez de errado, no que podia ter feito de certo e tudo isso era perda de tempo. O passado não existia mais. Pietro gostava de girar sua pistola nos dedos na frente de sujeitos mal encarados na taverna em Ith. Ao mesmo tempo em que chamava atenção pelo fato de ser um pistoleiro - e, portanto, um criminoso como todos eles - afastava a suspeita daquele povo miserável sobre o fato dele ser na verdade um mago.
Pietro
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Um mago estiloso, vai dizer que não?
                  • ***
A joia tinha um formato circular como se fosse feita de vidro dourado com uma luz própria interna. Aquela emanação quase podia chamá-lo:

"Pietro... Pietro..."

Era uma voz de um velho rouco que Pietro imaginava ser a de seu avô Aldred. Infelizmente, fazia mais de dez anos de sua morte e ele não se lembrava muito nem de seu rosto. Ficaram apenas as lembranças gostosas: pequenas piadinhas discretas, escondidas dos olhos dos outros familiares que o viam como um demente. Se para todos os outros ele era um velho excêntrico que gostava de gritar e ser ríspido com seus familiares - exceto com vovó Bianca, é claro - para Pietro ele deixava a rigidez e a solidez de sua face marcada pela idade em troca de um sorriso matreiro aqui e ali. Aldred fora um poderoso feiticeiro décadas atrás e tinha até mesmo sua própria alcunha.
Pietro
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Syrax. Significa "passa esse ouro pra cá" na língua dos dragões.
A fama dos magos girava em torno de suas poderosas magias, de serem velhos barbudos que vestiam camisolas e andavam por aí brandido um graveto ou um livro mágico. Essa era sua fama, não a de ladrões. Pietro era diferente. Pietro era jovem, gostava de pensar que tinha algum charme, mas também não era nenhum bandido. Aliás, pelo contrário, ele acreditava nas instituições, acreditava no método, na prática e na teoria como qualquer mago. Mas ele não gostava de parecer como todos os outros. Tinha personalidade e sabia reconhecer sua própria capacidade, mesmo que as outras pessoas não se importassem com ele. Por isso, aliviar os bolsos de bandidos era como se fosse justiça, uma "ajuda" às instituições.
                  • ***
  • "O ritual do selamento privará meus futuros descendentes da cegueira de poder, da embriaguez de seu sangue maldito. Mil vezes maldito seja seu sangue, donzela de ouro, Rainha Eterna, com seu voraz e infinito apetite. Nós não seremos mais seus escravos, seus servos ou seus amantes... "
Pietro
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Bah, não me importaria em ser amante de uma rainha. Que droga, heim vovô...
O trecho exaustivamente lido mais vezes que a capacidade humana de criar números sempre surgia em sua mente cravado como se ele fosse um escravo de minotauro. Quando criança lia com raiva e olhos lacrimejantes. Foi preciso alguns anos para a indiferença suplantar a frustração e agora ele fazia troça. O selo de Aldred inibiu a capacidade arcana dele, de suas irmãs, de sua mãe, de seus tios e de seus primos e qualquer um ligado ao sangue por Aldred. Vovô era um homem ocupado com seus livros empoeirados e obsessão por controle de tudo e havia escrito em um de seus diários todo seu sórdido plano para o ritual do selamento - embora o próprio ritual não estivesse escrito em nenhum lugar que procurasse. Mas Pietro não precisava disso. Seu tio Aldred II se tornou o maior ginete de toda Arton com o próprio esforço sem precisar depender do poder usurpado por seu avô. E Pietro seguiria aqueles passos, com certeza, sim senhor. O jovem dominou segredos mágicos de maneira auto-didata, apenas por ler livros do avô e o mais curioso foi conseguir "burlar" as regras do selamento mágico.

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Ele não podia manipular as energias arcanas em seu corpo, então as canalizou para suas cápsulas e criou sua pistola. Uma belíssima pistola com o cano de metal longo, o tambor com runas mágicas, a empunhadura de madeira sólida e polida. Era seu maior feito, seu maior orgulho.
Bagual
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Rirrirrirrihhhh...
Pietro
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Oh, piazão, tu tás bem grandinho para sentir ciúmes da Mexares, viu?
                  • ***
O sol do meio dia era muito mais abafado na região costeira que em Namalkah. Pietro gostava de falar de sua terra natal, de se gabar de seu sotaque diferente e fazia comparações o tempo todo. Uma de suas favoritas comparações era o clima, de como o em Namalkah era melhor. O sol não era tão impiedoso, embora o frio de Mínua fosse arrasador graças aos ventos vindos dos paredões montanhosos das Uivantes. A verdade era que o calor muito ruim e havia muita poeira, mas nunca falaria isso a um forasteiro. Além do mais, falar do clima era sempre uma boa maneira de começar um assunto.
Pietro
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Olá, donzela. Será que chove hoje? Bah, esse calor não é normal não. E essa umidade toda? Vamos ficar aqui suando como porcos.
A garota virou-se para ele revelando seus grandes olhos azuis cintilantes, seus lábios muito pretos. Tinha a pele muito branca, uma estatura uma cabeça a menos que a dele e cabelos negros sedosos. Mas era uma criança. Pietro sorria, mas não deixou de mostrar o desapontamento.
Pietro
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Oh desculpe, pequena. Não fale nada para teus pais, certo?
E seguiu até o navio do tal de Roger Guedes ao lado de Bagual. Seu enorme cavalo era musculoso, mais alto e tinha uma sela onde seus equipamentos jaziam espalhados - cordas, odre, saco de dormir, tochas, pederneiras e sua mochila. Mas não havia nenhuma rédea no rosto do animal, muito menos uma corda presa em seu pescoço ou qualquer indício de que Pietro controlava aquele cavalo gigantesco. Mas por algum motivo, que somente aqueles que entendiam sobre cavalos, o garanhão não deixava de seguir sozinho ao homem.

Pietro tinha um chapéu de vaqueiro de aba larga, barba castanha bem clara por fazer, o rosto oleoso pela umidade constante, olhos azuis esmigalhados pela claridade do sol de meio dia. Apesar de ser obviamente jovem, tinha marcas de quem andou por todo lugar e mais um pouco. Trajava um um colete sobre uma camisa leve que cobria os braços, além de uma capa pesada sobre o corpo. Seu cinto tinha compartimentos vazios e outras bolsas espalhavam-se pelas calças de linho. Suas botas estavam surradas e cobertas por uma poeira endurecida.

Pietro subiu na "Angra Azul" para ter com o capitão levando Bagual e se surpreendeu ao ver que a jovem donzela. Ele reparou melhor agora como seus cabelos eram tão pretos que pareciam sugar a luz em sua volta.
Pietro
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Que Megalokk me carregue, mas não vais me dizer que és filha do capitão? Ó, foi um mal entendido, heim...
Logo todos estavam na sala do capitão, uma criatura mais estranha que a outra. Inclusive uma delas parecia ser um animal mesmo! Balançando a cabeça para deixar a estranheza escorregar de seus pensamentos, Pietro reparou no capitão. Ele era um homem despojado, sentado na cadeira como se estivesse em sua varanda vendo o tempo passar. Pedia para que assinassem o contrato de uma forma displicente e o jovem mago não gostava de nada daquilo. Tirou seu chapéu para demonstrar respeito.
Pietro
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Muito tentador, senhor Guedes, mas vamos falar do soldo? Lembre-se que Bagual é meu irmão pelas leis de Namalkah, logo, é mais um "aventureiro" nessa tua lista e merece uma recompensa igual. O que? Bah, ele não é apenas um animal, é o meu braço forte. Barbaridade, tu não és familiarizado com a profissão de "guarda costas"? Pois então, homem, ele é meu guarda costas e preciso comprar cenouras para alimentá-lo, bem como uma escova da melhor qualidade para penteá-lo. Nada disso é barato não, ouviu, meu senhor?
Ele dizia agitando os dedos enquanto olhava para o homem sentado com os pés sobre a própria mesa. Pietro mesmo decidiu não se sentar, pois não tomaria o lugar das duas damas que ali estavam.
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jamilkender
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Re: Ameaça Marinha

Mensagem por jamilkender » 20 Mar 2018, 13:45

Uma dama.

Era isso que Maya deveria ter sido, se tivesse seguido os desejos de sua mãe. Felizmente conhecera possibilidades diferentes. E agora, viajando há alguns dias, saída do lugar que mais pôde chamar de 'lar' em toda a sua vida... ela não sabia se tinha tomado a decisão correta. Arrastando quilos e mais quilos de armas nas costas, seguia pela estrada cheia de dúvida.
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— Maya, Myles... um bom cavaleiro está sempre preparado para tudo. Se você não tiver um escudeiro para carregar suas tralhas, deve ser capaz de carregar tudo por si mesmo! Então parem de reclamar do peso dessas bilhas d'água que o topo da colina ainda está longe! Hut! Hut!
A lembrança de Sir Hessuls faz seu coração ficar apertado. E como estaria Myles? Ela tinha vontade de parar e retornar, pedir desculpas e aceitar o que quer que estivesse acontecendo ali... mas se sentia também traída, desnecessária, inútil. Então ela se tornaria útil. Se tornaria importante.

Seria uma heroína.

*****

Quando finalmente chegou no primeiro vilarejo halfling em seu caminho, Maya teve que conter um misto de desprezo e fascínio em seu rosto. Provavelmente não foi bem-sucedida, já que os pequeninos daquele lugarejo explicaram que não tinham estalagens para "pessoas altas", mas podiam oferecer um celeiro como acomodação. Ela agradeceu e aceitou a gentileza, fazendo questão de pagar pelo "quarto".

O difícil foi dividir o espaço com sacas de erva-de-fumo, o abominável tabaco halfling que era mantido longe de pessoas de bem pela proteção oferecida pelo seu próprio povo. Mas sabia também que não podia reclamar, já que ali as coisas eram diferentes. Torceu para que o cheiro não "pegasse" em suas roupas e equipamentos.

Seguiu viagem no dia seguinte o mais rápido que pôde.

*****

As vilas halflings se sucederam uma após a outra. Maya não sabia se o mundo todo era daquele jeito, mas os pequenos pareciam muito menos drogados e raivosos do que ela ouvia nas histórias de taverna, discursos públicos e nas aulas no templo. Será que eles realmente só gostavam de jogar pedras para ver quem acertava um alvo menor ou mais distante, e não as cabeças de camponeses indefesos em busca de dinheiro para sustentar seu vício em erva-de-fumo como ela ouvira a vida toda? Não sabia o que pensar.

Quando finalmente chegou na capital de Hongari, as extensas Colinas dos Bons-Halflings, também viu outros humanos -- e até membros de outras raças fazendo comércio, tudo pacificamente. Começava a se sentir tola e desncessária de novo. Se Myles estivesse com ela, ela saberia o que fazer. Ele sempre tinha uma ideia, um plano.

Mas ele ficara para trás, e ela tinha que seguir em frente. Encontrou um anúncio procurando aventureiros e pensou que seria uma ótima ideia conhecer Sambúrdia. Distanciar-se para esquecer, conhecer coisas novas para não lembrar das antigas.

*****

Já na sala do capitão Roger Guedes, avaliou os outros à sua volta. Nenhum parecia prontamente errado, exceto talvez pelo bicho peludo e esquisito, que ainda não dissera nada. Seria um animal de estimação de algum dos outros? Ele parecia usar roupas, então talvez fosse só mais um dos muitos povos de Arton... mas certamente era um que Maya desconhecia. Percebeu que o capitão deixara os assentos livres, e chegou a fazer menção de se sentar, mas estava carregada de armas e daria muito trabalho se desvencilhar de tudo.
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Acho que vocês já tomaram algumas informações pelo caminho que faremos. A Enseada dos Selakos é conhecida aqui por ser bem calma na península, mas as coisas ficam feias algumas milhas oceano adentro. Por isso é necessário que aventureiros capazes façam essa escolta. Bom, agora resta assinar o contrato. Caso estejam se perguntando o motivo de tanta formalidade, eu preciso apresentar isso aos meus patrocinadores para eles pagarem a vocês depois.
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Não tenho problemas em assinar um contrato; mas quero lê-lo com atenção antes de assinar. E como disse o rapaz do chapéu, pagamento também é uma questão; não é correto trabalhar sem saber o quanto devemos receber. Essa terra de pequeninos pode ser sem lei, mas pelo menos em Portsmouth aprendemos a viver como cidadãos, e não escravos.
Sorriu, tentando amenizar a dureza de suas palavras. Estava nervosa.

****

Maya é alta está em excelente forma física. Ela tem cabelos castanhos cortados acima do ombro e olhos castanhos. Veste sapatos de couro, meias longas e brancas, joelheiras e saiote de couro marrom. No cinto, carrega uma adaga com um porco pintado de rosa entalhado no pomo. Às costas, leva uma mochila e pendura suas azagaias e alabarda. No torso, veste um corselete de couro vermelho com o brasão de Sir Hessuls bordado sobre uma túnica vermelha desbotada. O brasão parece uma estrela cadente amarela deixando um rastro de arco-íris.
Editado pela última vez por jamilkender em 20 Mar 2018, 15:27, em um total de 1 vez.
@alvarofritas / RPGista

BURP disse: Eu fico imaginando como é pra vocês ver um autor como o Jamil. Normalmente autores tem uma visão bem conservadora do próprio jogo - combo é apelão, não pode estragar meu jogo, o mestre tem que proibir. O Jamil ouve um combo desses e ainda manda "olha, faz isso e isso e tu ainda consegue fazer a mesma coisa três vezes por rodada." =P

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Re: Ameaça Marinha

Mensagem por RoenMidnight » 20 Mar 2018, 14:15

No momento em que saiu de Valkaria deixando uma mãe sorridente e um pai um tanto quanto aflito.

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Hoenheinn sonhava com as aventuras que teria a partir dali. Tanto que nos três primeiros dias enquanto caminhava pelas estradas quase que corria, e só foi notar que havia esquecido o dinheiro que sua família lhe dera quando já estava a quilômetros de casa . Quando atingiu a primeira cidade encontrou um comboio mercantil que necessitava de escolta resolveu que era uma boa forma de conseguir sustento por um tempo e ainda se continuar em movimento.

Este caminho o levou por através das Bad’Lands, por ali ouvia alguns rumores de ação vindo das pequenas cidades como Bek’Ground. Ia andando de cidade em cidade, entretanto por algum golpe do destino eventualmente quando finalmente chegava ouvia que algum grupo de aventureiros havia já resolvido o tal problema. Aquilo o deixou frustrado por um bom tempo, mas tentava sempre se manter positivo, seu sonho e dever de ser um herói aventureiro ainda estava começando e sabia que não era o único naquele mundo.

Para sobreviver ajudava as pessoas em seus afazeres quando chegava em um novo lugar, fosse para ganhar um teto ou um pouco de mantimento. Se lembrou então das palavras de sua mestra durante um treino que o próprio Hoen queria estender um pouco mais.
Laura
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É admirável o tamanho da idiotice presente em você. Saco vazio não para em pé. Se no meio da estrada você não se alimentar é quase uma sentença de morte que você está se dando. É necessário reconhecer seus próprios limites, larga este pedaço inútil de metal ai em um canto e vamos comer.
Quando estava quase deixando Deheon teve seu primeiro feito de heroísmo, ajudando uma mãe a encontrar o seu filho que havia se perdido nos bosques do vilarejo e quando o encontrara estava acuado por lobos.

Aquilo particularmente havia subido um pouco sua moral que começava a se abalar entretanto este leve aumento nela não durou muito. Depois semanas perdido em uma floresta úmida, passando frio durante a noite enrolado em sua capa e sendo comido pelos mosquitos começou a notar a parte dura de ser aventureiro que os bardos não cantavam. Seu lado sarcástico começava a pensar canções sobre como heroicamente sobreviveu ao exército de chupadores de sangue que o impedia de dormir a noite. Arton era um mundo de problemas diziam, onde estavam todos estes problemas? Começava a pensar que a própria deusa o testava com a arma mais letal já inventada para alguém como ele: o tédio.

Quando finalmente saiu da floresta continuou seu caminho, ao sul e eventualmente alcançou Wynlla. De Cresta conseguiu uma viagem até Hongari em um barco de corsários que estavam atrás de alguns piratas, esperava encontrar os patifes, mas parece que estes eram mais espertos e havia despistado os corsários.

Se despediu dos marujos quase sem moedas no bolso, já que não tinham pego os piratas, quando alcançou Hongari e não demorou muito para alcançar as Colinas dos Bons Halflings, aquele ponto Hoenheinn já apenas curtia a ideia de andar por ai. Em seu íntimo sentia que estava lhe sendo ensinada alguma lição, não sabia bem qual, mas alguma coisa tiraria de tanto tempo sem qualquer movimento.

O lugar era tranquilo, como era esperado de Halflings. Ouviu dos pequeninos no mercado, logo após dar sua última moeda de cobre em troca de alguns limões, sobre os problemas envolvendo o Conde Ferren Asloth e os impostos que ele cobrava em suas estradas.

Enquanto seguia para o centro da cidade chupando uma das frutas, já pensando como dormiria aquela noite quando ouviu o chamado por aventureiros. Logo descobriu que era para realizar uma escoltar uma carga valiosa até Collarthan em Sambúrdia. Sorriu. Coletou as informações necessárias e quase que de imediato seguiu para o ponto onde encontraria com o capitão “Roger Guedes” que seria o seu contratante. Sentiu um estranho ânimo em seu peito e novamente aquela sensação quando saiu de Valkaria retornou a suas pernas, quase corria.

Quando finalmente chegou ao porto viu a movimentação intensa de Halflings e Humanos carregando e descarregando navios, sentiu o perfume do mar e permitiu que mais uma vez ele preenchesse o seu peito. Aquela cacofonia da movimentação, pássaros e berros pouco o incomodava, havia se acostumado na viagem que fizera até ali. Quando o sol tinha atingido o seu mais alto ponto avistou o tal navio chamado “Angra Azul”, logo após subir por engano no “Arara Azul” tamanho era o seu ânimo para o trabalho. Ganhou o convés com largas passadas e sem pensar muito, ali viu certa movimentação por parte dos marujos e outros que chegavam ali. Seus olhos dançaram de um lado para o outro, e a imagem de uma moça morena se destacava completamente naquele ambiente, onde marujos diversas vezes maior que ela transitavam pela a embarcação… e havia até um cavalo, será que carga tão importante seria de animais? Não se surpreenderia afinal também havia ali uma criatura que nunca havia visto na vida. Haviam outros ali entretanto outra coisa chamou sua atenção, olhou para cima e viu o homem nos mastros.

Não precisou de muito para identificar o capitão daquela embarcação, este descia de uma rede que se esticava entre os mastros com agilidade e presteza, isto combinado com sobretudo azul limpo e o tricórneo não deixava muitas dúvidas.
Roger Guedes
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Bem vindos a bordo, senhoras e senhores. Imagino que estejam aqui para assinarem o contrato, certo? Pois venham comigo.
Hoen
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Vejo que é um homem que vai direto ao ponto capitão.
Seguiu junto dos outros e se antes estranhou a presença de alguma daquelas pessoas ali, agora isto se esvaia de sua mente com a realização que os outros ali presentes provavelmente eram tão aventureiros quanto ele próprio.

Ao adentrar a cabine do capitão sentiu o cheiro de vinho, e prestou a atenção enquanto ele se reclinava em sua cadeira aveludada e completamente relaxado colocava os pés sobre a mesa.
Roger Guedes
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Acho que vocês já tomaram algumas informações pelo caminho que faremos. A Enseada dos Selakos é conhecida aqui por ser bem calma na península, mas as coisas ficam feias algumas milhas oceano adentro. Por isso é necessário que aventureiros capazes façam essa escolta. Bom, agora resta assinar o contrato. Caso estejam se perguntando o motivo de tanta formalidade, eu preciso apresentar isso aos meus patrocinadores para eles pagarem a vocês depois.
Ouviu o que o homem de chapéu disse e logo em seguida disse.
Hoen
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Me vejo obrigado a concordar com o palestrinha.
Eu estou realmente inclinado a aceitar a proposta, ouvi o aviso de um dos marujos e li o sinal que deixaram, entretanto nele não é dito nada de valores.

E claro, eu gostaria de saber qual é a carga e detalhes da viagem, tudo isso é importante para definir a viabilidade do serviço.
Tentava se manter firme para esconder o ânimo com o trabalho e conseguir negociar, não era de seu feitio negar entrar em uma aventura, mas sabia que existe uma diferença entre “aventura” e “furada”.
Para todos os efeitos o Hoen é o último a chegar no navio por ter se atrapalhado no caminho.
Me pague um café pelo o PicPay: @RoenMidnight
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Lucena
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Re: Ameaça Marinha

Mensagem por Lucena » 20 Mar 2018, 20:46



Não há limites. Essa era a nova realidade que Tak devia encarar antes de seus compatriotas. Atravessar um caminho de sol inclemente e cachoeiras do tamanho do próprio céu. Alguns tinham medo dele, outros eram gentis e o ajudavam. Tak teria gostado de se lembrar deles, mas a infinidade de aromas da a superfície fazia isto difícil, mas ele não tinha sido dado esta missão por ser bom farejador. Não, ele era rápido, de mente, de garras, de pernas. Então devia aprender rápido a se lembrar das pessoas pela visão, aquele sentido traiçoeiro, mas que parecia ser a melhor opção neste mundo imundado por luz.

Ele tinha a missão de explorar, por isto, por mais que tenha apreciado a terra dos anões magros devia partir. Viajaria de barco! Veria o mar! O lendário infinito azul! Talvez na terra onde chegasse encontraria um lar para seu povo. Por isso assim que soubera do contrato partira para o navio e lá esperara por horas, olhando a fascinante imensidão de água, até o capitão chegar.
Imagem
Acho que vocês já tomaram algumas informações pelo caminho que faremos. A Enseada dos Selakos é conhecida aqui por ser bem calma na península, mas as coisas ficam feias algumas milhas oceano adentro. Por isso é necessário que aventureiros capazes façam essa escolta. Bom, agora resta assinar o contrato. Caso estejam se perguntando o motivo de tanta formalidade, eu preciso apresentar isso aos meus patrocinadores para eles pagarem a vocês depois.
Tak escreveu:Imagem
-Assinar? Escrever o nome, sim! Tak sabe disso bem!
O vardak não tem as mesmas preocupações dos outros aventureiros. Ele se adianta até a frente do que acha ser o contrato e estende sua mão. Antes o ser de pelos cor de areia, amarela e em certos locais vermelha, apoiava-se no chão com quatro patas, agora revelava sua altura com as duas. Revelava também uma de suas enormes garras, do tamanho de uma espada pequena ou uma faca muito grande, que antes estava fora de vista colada a sua palma. Usando-a como indicador ele molha a ponta num tinteiro e escreve no papel: T-A-K-!
Tak escreveu:Imagem
- Tak é grato a Guedes. Guedes confia em Tak para guardião do navio. Tak confia em Guedes para dar comida e abrigo e moedas. Mas grato também por ver o além da Terra sem Teto. Ram-nor. Viajar pelo grande azul é algo que nenhum vardak tenha feito antes. Guedes será grato por confiar em Tak, dos vardak, do Lar de Ferro. Do-he-rim-m!
Tak estava animado demais com as oportunidades a sua frente para dar ouvidos as preocupações dos outros aventureiros. E esperava fazer uma boa impressão no Capitão Guedes, falará bastante e sobre gratidão e confiança. Ele deveria gostar disso. Também usou os nomes antigos e complicados para as terras onde estava, que aprendera da sacerdotisa da Velha Deusa das Letras. Isso mostraria ao Capitão que ele não estava cometendo um erro, tinha um vardak muito esperto do seu lado!
Everything Lives!

Código: Selecionar todos

[quote="Pelleas"][img]https://i.imgur.com/qkSeY1p.png[/img]
 [/quote]

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Mælstrøm
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Re: Ameaça Marinha

Mensagem por Mælstrøm » 21 Mar 2018, 12:46

Parte 1: Uma viagem pela Enseada dos Selakos

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Cinco pessoas se apresentaram ao capitão Roger Guedes e foram conduzidos à sua cabine principal na popa de seu veleiro, a Angra Azul. Os três mastros mantinham o tecido enrolados e amarrados em cordas, pois ainda era o tempo de depositar as cargas no convés principal. Os tripulantes, que faziam esse transporte de cargas, eram marujos com suas camisas abertas, botas gastas e adagas na cintura. Muitos ostentavam tatuagens, cordões, brincos, pulseiras, bandanas e outros apetrechos cosméticos de modo que não havia uniformidade. Nem mesmo o humor era o mesmo: alguns eram sorridentes e piadistas, outros carrancudos e sérios.

Alguns despiam Úrsula com os olhos, como broncos que eram. Alguém tão jovem e tão bela não era algo que se via todos os dias para aqueles homens do mar. Tak também sentia olhos em suas costas, embora ele já estivesse bastante acostumado com isso.

De qualquer modo, o capitão os mantinha em muita estima e aparentemente era adorado por eles. Enquanto os aventureiros começavam as negociações, um marujo adentrou após duas batidas na porta, sem esperar a resposta.
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Capitão, os mercadores chegaram.
E saiu em seguida a um aceno do capitão Roger, logo após Tak escrever seu nome no pergaminho com uma de suas enormes garras tingida da tinta preta. O capitão olhou aquela cena erguendo uma sobrancelha.
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Como eu ia dizendo...

Se vieram aqui é porque há o interesse. Por estas bandas não encontrarão outra proposta de trabalho para tipos como vocês. Vagarão por muitas semanas até encontrar algo útil. Hongari é um reino pacífico, de calmaria. Bom, o pagamento inicial é de cinquenta tibares de ouro divididos entre vocês. Ao chegarmos sãos e salvos com todas as mercadorias intactas, mais cinquenta tibares. No total, se Oceano e Khalmyr forem bons, vocês sairão com vinte peças cada um. Ou um pouco menos, se considerarem o "guarda-costas" do rapaz do chapéu.

Nós trabalhamos com mercadores de Hongari, boa parte são halflings vendedores de tabaco e outras ervas. Temos humanos também, vendendo tecidos e grãos. Como a guerreira deve saber, Portsmouth impõe preços muito altos de impostos para atravessar o reino, impedindo que os produtos cheguem a todos os lares do Reinado. Por isso, acaba ficando mais barato transportar por mar para Sambúrdia e outros lugares. Não se preocupe, senhor paladino, não levamos nenhum tipo de mercadoria ilegal. Está tudo dentro dos conformes da lei.
Não era preciso ser perspicaz para entender o significado daquele símbolo sagrado desenhado no broche da capa, nem do desenho no tabardo sobre a armadura. O capitão entrelaçou os dedos e dizia falando diretamente para Hoenheinn, às vezes mirando em Pietro e em Maya. Já Tak e Úrsula quase não viram seus olhos em suas direções.

O contrato estava escrito sobre um pergaminho limpo, conservado, com letras nítidas em uma tinta preta fresca. Era um tratado de palavras formais que não pareciam conter nenhum engodo aparente, exceto pela cláusula estranha percebida por Pietro e Maya. Ela dava a entender que em caso de perda de mais de 50% da mercadoria, não será pago a segunda parcela da recompensa.
Dados dos Personagens
Imagem - Hoenheinn Mitternach <> PV: 23 PA: 1 PE: 3 CA: 15 <> Destruir o Mal: 1 <> Domínio da Viagem: 1 <> Condição: Normal
Imagem - Lady Úrsula Angelica de Morel <> PV: 17 PA: 3 PM: 6/0 CA: 10 <> Luz do Dia: 1 <> Canalizar Energia Positiva: 5 <> Magias preparadas: Bênção, bênção, bom fruto, proteção contra o mal, santuário, santuário <> Condição: Normal
Imagem - Tak <> PV: 22 PA: 1 CA: 17 <> Patriota: 2 <> Moldar Rocha 1 <> Condição: Normal
Imagem - Maya Pinnend <> PV: 22 PA: 1 PE: 3 CA: 13 <> Patriota: 2 <> Desafio: 3 <> Pirueta de Nimb: não usado <> Condição: Normal
Imagem - Pietro Silverstone <> PV: 13 PA: 1 PM: 5/0 CA: 14 <> Bagual: CA: 15 PV: 35 <> Amaldiçoado: - <> Magias preparadas: Detectar portas secretas, armadura arcana, toque chocante, mísseis mágicos, mísseis mágicos <> Condição: Normal
Editado pela última vez por Mælstrøm em 22 Mar 2018, 15:48, em um total de 3 vezes.

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Re: Ameaça Marinha

Mensagem por Aldenor » 21 Mar 2018, 13:18

Pietro observou seus futuros "colegas" comentarem com o capitão.
Pietro
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...
A donzela abarrotada de armas era uma portsmouthiana e já conseguira um jeito de ofender os halflings, donos da terra onde estava. Talvez não fosse uma mulher muito inteligente, ou talvez fosse só jovem demais. O rosto sem cicatrizes mostrava das duas uma: ou era muito boa para ser atingida ou era simplesmente novata. Os indícios apontavam para a segunda opção.

A criatura peluda andava sobre duas patas e vinha uma roupa estranha, minimalista, como se estivesse aprendendo a ser civilizado. Quando abriu a boca pra falar, Pietro quase teve vontade de rir. Era uma voz engraçada e de alguma forma incompatível com aquele corpanzil animalesco. E escreveu seu nome no papel, um rabisco chamado "TAK". Pietro moveu os olhos para o seguinte, o paladino.

Aquele homem tinha um sorriso bobo congelado em sua face. Era um homem de dotes bonitos, ombros largos e armadura polida, mas gasta. Talvez fosse mais experiente que a mulher guerreira, mas não muito. Ele se preocupava com o tipo de mercadoria e Pietro deu um meio sorriso discreto imaginando que se houvesse algo ilegal o capitão jamais contaria a ele.

Já a outra menina não parecia ser filha do capitão, afinal. Ainda bem, imagina ter que lidar com um problemão logo de cara com o contratante? Se bem que agora, parando pra pensar, ele não tinha feito nada demais e se interrompeu antes de destilar suas cartas sedutoras. Muito bem, estava quietinha ouvindo os adultos falarem... foi quando percebeu os traços exóticos, bem encaixados demais, e o símbolo de Tenebra. Era uma aggelus de Tenebra! Pietro puxou a cadeira imediatamente.
Pietro
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Mas ora, por favor, sente-se aqui, guria. Não fiques em pé tanto tempo, esta mochila parece pesada. Não queres beber uma água? Este sol forte não pode fazer bem à sua pele tão branquinha.
Era bom ser educado com as crias de Tenebra, afinal, ela era como uma mãe, enquanto Khalmyr o pai.

Qualquer que fosse a reação da jovem aggelus, Pietro olhou para o pergaminho e leu rapidamente seu conteúdo. Como voraz leitor de centenas de livros, sua mente era rápida em leitura. Ao terminar de ler, sorriu. Sarcástico.
Pietro
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Hehehehe... tás brincando com isso aqui, né não?
Pietro
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Olha, tchê, eu posso até aceitar essa miséria pelo trabalho, mas isso aqui... essa cláusula...
Seu dedo ficou martelando o papel sobre a mesa.
Pietro
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... não é coisa direita. Não podemos ser responsáveis caso metade das mercadorias se estrague ou se perca. Nosso trabalho deveria ser de mantê-los vivos, enfrentando os perigos do mar, entendes? Se quiseres uma proteção extra, tratando mercadoria como pessoas, ora, aumente este valor. Barbaridade...
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Re: Ameaça Marinha

Mensagem por jamilkender » 24 Mar 2018, 11:11

Maya estava nervosa. Ela não queria passar por uma aventureira tola e inexperiente; após seus anos de treinamento, se sentia capaz de lidar com qualquer situação.

Os prováveis futuros colegas de escolta também lhe chamavam a atenção. Tak obviamente estava no topo da lista; em sua curta experiência de vida em Portsmouth, Maya tinha visto pouquíssimos não-humanos -- e mesmo os que vira estavam dentro de alguma similaridade, como elfos, anões e halflings. Ela já se sentia curiosa e ansiosa para saber o que exatamente era Tak, mas isso podia esperar.

Já os rapazes, tanto o de chapéu com sotaque engraçado quanto o paladino irônico, eram bonitões, e Maya já podia ouvir uma reprimenda de Myles em sua memória sobre "suas paixonites de verão". Sentiu-se enrubescer e desviou a atenção para a garota que falara pouco até então, e parecia ser uma clériga de algum tipo. Não conseguiu ter certeza de que divindade, mas devia ser algum deus menor ou fraco.

Aproveitando um momento para ler com atenção o contrato, conforme havia sido ensinada na escola e por sua própria mãe, ela notou uma cláusula que anularia o pagamento da segunda metade em caso de perda da mercadoria. Ouviu, então, o rapaz de chapéu chamar atenção para o mesmo fato. Resolveu-se.
Maya
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— De fato, essa cláusula parece um pouco exagerada. Mas o que me preocupa um pouco, capitão, é o valor do pagamento. Considerando que a rota deve ser perigosa, já que está contratando aventureiros, imagino que a chance de acontecer algo com a carga é razoável. Em Portsmouth, um grande estadista já disse: "Riscos elevados, recompensas elevadas".
Tomou fôlego e sorriu mais uma vez, tentando ser o mais diplomática possível.
Maya
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Porque não nos paga 50 Tibares de Ouro agora, e 100 Tibares de Ouro na chegada em Collarthan? Mantendo-se a cláusula da perda da carga, claro. Assim teremos um soldo um pouco melhor, mas que você só terá que dispender se fizermos de fato um bom trabalho!
@alvarofritas / RPGista

BURP disse: Eu fico imaginando como é pra vocês ver um autor como o Jamil. Normalmente autores tem uma visão bem conservadora do próprio jogo - combo é apelão, não pode estragar meu jogo, o mestre tem que proibir. O Jamil ouve um combo desses e ainda manda "olha, faz isso e isso e tu ainda consegue fazer a mesma coisa três vezes por rodada." =P

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RoenMidnight
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Re: Ameaça Marinha

Mensagem por RoenMidnight » 24 Mar 2018, 12:38

Hoenheinn deixou sair um leve suspiro quando fora tratado como paladino, sempre se perguntava se dava tanta pinta assim, afinal o que em sua aparência o diferenciava tanto de um clérigo? Deu de ombros com relação a isto, não era importante. Entretanto isto causava efeitos interessantes pois o homem supunha que a pergunta havia sido feita para saber se eram mercadorias escusas, como se ele fosse falar caso fossem, enquanto sua intenção era avaliar o tamanho do contratante.

Se impressionou a maneira com aquela estranha criatura que se autodenominava como Tak havia aceitado a proposta, a despeito disto ouviu as palavras dos outros com relação ao pagamento e graças a eles teve a atenção chamada a uma estranha cláusula e resolveu fazer seu próprio complemento ao que a mulher de cabelos castanhos falava com relação ao pagamento e se sentiu um merda por que ia pedir bem menos do que ela própria ofertou, talvez passar tanto tempo na pindaíba tivesse reduzido em muito os seus próprios padrões.
Hoen
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É uma cláusula complicada esta da maneira a qual foi escrita, ainda mais dado o valor que está sendo oferecido. Pois veja bem, não podemos nos responsabilizar por perdas naturais da carga, a não ser claro, que fosse relacionado a uma falha no nosso próprio trabalho.

O que seria feito para diferenciar tal perda? Além do mais se não me falta a compreensão das nossas funções aqui, nosso trabalho é realizar a escolta como nosso companheiro dos pampas aqui bem disse. Impedindo a tripulação de ser molestada.
E então se virou para o tropeiro, afinal como parte do que ganharia estava envolvido e como isto significava uma diferença entre quatro noites mal comidas e dormidas disse com um leve toque de indignação a sugestão de que deveria dividir o dinheiro ganho com o cavalo.
Hoen
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Não é querendo desrespeitar ao seu amigo, mas acredito que de certa maneira ele é o seu “guarda-costas” a responsabilidade de pagar a ele é sua, não do capitão. Acho que exigir um pagamento extra para que você possa pagar ele é meio injusta para com todos os outros, não?
Me pague um café pelo o PicPay: @RoenMidnight
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