A situação de Absalon dificilmente poderia ser pior naquele momento. Quando o jovem pensara ter se livrado das legiões tapistanas, um antigo grupo de inimigos o encurralara nos becos escuros daquela parte de Gorendill. Sua tentativa de blefe não fora nada convincente, de modo que se antes os caçadores de recompensa acreditavam que o reconheciam de algum lugar, agora tinham plena certeza de quem era. Puxando suas mochilas das costas, o grupo de mercenários começou a equipar suas armas, todas fáceis de esconder e transportar. O usurpador encarou a mulher que já identificara como líder do grupo balançar seu chicote agressivamente, com um sorriso sádico nos lábios. Milena Hammerath era uma mulher cruel, banida do exército de Petrynia anos atrás por aplicar treinamentos mortais a seus subordinados. Depois de trair sua nação a favor dos minotauros, encontrou na profissão de caçadora de recompensa a desculpa perfeita para ferir os outros à vontade. Encarando-o como se estudasse calmamente a melhor maneira de quebrar seu espírito, ela logo começou a falar:
- Pode fingir o quanto quiser, meu querido. - Disse ela num tom zombeteiro. - Não importa o quanto corra, no final do dia um escravo será sempre um escravo.
Enquanto ela falava, o restante do grupo se aproximava, começando a cercar o usurpador.
- Bem, temos duas maneiras de resolver isso. - Milena passou os dedos pelo cabo do chicote, claramente mal podendo esperar para utilizá-lo contra a pele de Absalon. - Na primeira, você vem sem reclamar, e nós só quebramos alguns dos seus ossos. - Ela começou a dar voltas ao redor do jovem, levando a mão direita para debaixo do queixo numa expressão pensativa. - Na segunda, você banca o tapado e infelizmente teremos que dizer a lorde Hérius que sua encomenda "quebrou" na viagem. - Ela então parou, aproximando seu rosto do de Absalon e olhando-o diretamente nos olhos. - E então,
escravo? O que vai ser?
Milena
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Enquanto isso, num bairro certamente menos perigoso, Gael e Catriona debatiam sobre a possível relação entre o ataque dos lacedons e a moeda maldita que caiu de um dos corpos. Silencioso como sempre, Turok entra pela porta da taverna e atrai brevemente os olhares dos frequentadores do lugar, mas que rapidamente voltam a seus próprios assuntos. Seus companheiros percebem sua chegada, mas sua atenção logo é desviada para os pratos que finalmente chegam e eles logo percebem que não era somente a decoração do lugar que fora elaborada com esmero, mas a própria comida também apresentava detalhes aplicados na hora da montagem do prato que pareciam deixá-lo ainda mais apetitoso aos olhos dos aventureiros. O rapaz que trazia as refeições desculpou-se pela demora, quase derrubando os pedidos que levava para as outras mesas. Ele olhou para o meio dríade que se aproximava da mesa e perguntou num tom tímido:
- P-posso trazer alguma coisa para o se-senhor?