Absalon já se cansara dos jogos de Milena. Usurpando o poder do deus da justiça, ele focou sua vontade na direção de Milena e logo correntes purpúreas começaram a materializar-se ao redor dela. Praguejando novamente, seu olhar direcionou-se com ódio para aquele que imaginara seu sua presa, mas que fora o responsável por capturá-la. Os golpes de Gael entrariam pouco depois, definido o final daquele combate. Com seus punhos furiosos, o dobrador atingira a caçadora de recompensa, golpeando-a com tanta força que algumas das costelas da vilã haviam se partido. Com um expressão de choque, Milena caiu de joelhos cuspindo sangue. As correntes de Absalon dissiparam-se em fumaça e ela mesmo quase perdendo a consciência ainda fez um movimento para alcançar a espada, caída a poucos metros de distância. Um tiro rápido de Turok bastou para tirar a arma de seu alcance. Os lábios de Milena ainda se contorceram para lançar um último insulto, mas seus olhos se reviraram e a inimiga desabou no chão de pedra. Estava incosnicente.
Os aventureiros agora finalmente poderiam respiram tranquilos. Ou será que não? De súbito, a aura maligna que emanara de Absalon poucos instantes atrás voltara com força total. Catriona, Gael e Turok sentiam mais uma vez um temor inexplicável, juntamente com o frio profano que o acompanhava. Seus olhos haviam mudado novamente, assumindo o mesmo brilho demoníaco de antes. O usurpador levantou sua mão, e o ambiente ao redor começou a mudar com ele. Era como se as sombras começassem a devorar a luz, sugando cada pequena parte de calor que havia ali. O demônio sorriu para os aventureiros, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa uma figura materializou-se em sua frente, sendo rapidamente reconhecida pelos três. Era a mulher que abordara a aristocrata e o dobrador do lado de fora da Lagosta Atroz.
- Ora, ora, ora. - Começou ela com uma pequena gargalhada logo em seguida. - Não podemos permitir isso não é mesmo?
A criatura que agora habitava o corpo de Absalon rapidamente moveu-se para atacá-la, mas sua mão não conseguia aproximar-se da elegante senhora. Era como se um muro invisível a protegesse de qualquer contato. A mulher virou-se para os demais com um sorriso confiante, como se tentasse passar-lhes um pouco de segurança.
- Acalmem-se, meus queridos. - Disse ela enquanto suas mãos começavam a realizar gestos ritualísticos. - Eu os garanto que pelo momento presente... - Seu olhar se voltou para o usurpador. - ...não precisarão temer a maldição que se colega impôs a si mesmo.
Terminando seu feitiço com palavras de poder incompreensíveis para os aventureiros, ela liberou uma onda de energia contra o jovem a sua frente, iluminando o local ao redor deles e combatendo a escuridão que se aproximava. Primeiro Absalon sentiu dor, como se sua pele estivesse sendo exposta ao fogo. Mas logo depois, como se despertasse de um pesadelo, a consciência do demônio foi varrida para as profundezas de sua mente. Suas mãos tremiam e ar quase não passava por suas narinas. Aquilo havia sido assustador.
- Não se preocupe, minha criança. - A senhora lhe dirigiu um olhar gentil. Por alguma razão, aquilo o acalmara. - Está seguro agora.
A mulher misteriosa virou-se de modo que podia ter todos os quatro aventureiros em seu campo de visão, logo batendo palmas e gargalhando novamente.
- Não vejo ação assim há tempos! - Continuou ela. - Mas creio que minha aparição tenha levantado ainda mais perguntas que as que se acumulam em suas cabecinhas agora não é mesmo? - Sua expressão assumiu um aspecto enigmático. - Mas não se preocupem. Explicarei o que puder. Não tudo, é claro! - Ela juntou as mãos, pensativa. - Afinal qual seria a graça se todas as respostas fossem despejadas de uma vez, não é mesmo?
- Mas antes de qualquer coisa... - Ela sumira novamente, apenas para surgir novamente junto do jovem acólito. - O que acham de tratarmos dos feridos?