WERRA ATACA! - A BALADA DOS LIBERTADORES!
Prólogo: Um grito oco no ar...
Relatório militar ysx0167
"Eu não tenho muito tempo. Eles estão vindo. Tentarei ser breve em um relatório impossível de ser resumido. Nesse momento estou as costas de minha mulher, que se prostrou diante da porta de nossa casa, com espada e escudo em mãos. Meu filho de doze e anos e minhas filha de nove, aguardam nos flancos, carregando as armas que são capazes de suportar. Minha corajosa mãe, já com suas oito honradas décadas de vida, ainda que tenha suas pernas inválidas por ferimentos antigos, aponta sua besta em direção a porta do fundos acomodada em seu leito nada macio. Quero me unir a eles nessa batalha final, mas por saber que fazem isso justamente para me ganharem algum tempo, vou me ater a este último dever como soldado. "
"Ao dever de contar como o exército com uma nação caiu."
"Primeiro de tudo, saibam, eu sou um desertor. Desgracei minha companhia e os homens que comandava ao fugir do campo de batalha. Ao correr em pânico, agarrado a esperança de me despedir daqueles que amo. Para um Yudeniano, não há desgraça maior. A guilhotina só viria depois de muito tempo de “admoestação” nas masmorras para um crime desses. Mas não pude evitar. E de longe fui o único. Irônico não é? Somos soldados de elite, homens sem medo que enfrentam monstros, criaturas da tormentas e tropas goblinoides sem piscar. Mas a derrota daquilo que se considera invencível.. Não, a derrota daquilo no que se tem fé, pode destruir a disciplina do mais bravo dos homens. Muitos ficaram é claro. Lutaram até o último suspiro. Tínhamos pólvora. Tínhamos táticas. As formações. Os números. As armas. Yuden. Mas eles tinham ela. Não entendemos a sua língua e francamente, mesmo que sim, seria impossível no meio dos urros e rugidos da batalha, mas tenho certeza que uma coisa eu pude entender. Todos tinham esse nome em suas línguas. Como um mantra. Que de alguma forma, fora esculpido com pregos em brasa em minha mente. Um título. "
“A rainha dos massacres”.
"Ela nos derrotou. A todos nós. Sem pólvora, sem tática, sem formações. Sem nação. Apenas um exército, ódio, destemor e sede de sangue. E tamanho desejo por sanguinolência eu jamais vira igual em todos os meus trinta anos como soldado. E acredite, é algo que não se falta quando se está nessa profissão. É difícil descrevê-la. Não sou nenhum bardo ou a droga de um poeta, então não possuo os requintes para colocar em palavras o que é sua visão. Mas se fosse escolher uma palavra, seria “contradição”. Imagine algo que é belo e monstruoso ao mesmo tempo. Divino e diabólico. Aterrorizante e admirável. É o que posso dizer dela. Da cintura para baixo, possui um grosso e extenso corpo de serpente, como as nagahs, mas muitas vezes maior. Seu dorso é de mulher, mas adornados com pelo menos meio dúzia de braços, cada um empunhando uma magnífica ou monstruosa arma diferente (e eis mais uma contradição adicionada a lista). A primeira vista, mal pudemos reagir ante a sua presença. Isso claro, até que ela começou a partir homens ao meio como se fossem folhas secas. E atrás dela? Uma colmeia repleta de demônios bem menos fascinantes, mas igualmente brutais marchavam uns sobre os outros, como que desesperados por morte. Foi rápido. Um exército reunido para um cerco de dias, fora varrido em segundos. E tudo começou com um trovão. "
"Sim. Um trovão. Forte o suficiente para ressoar como um terremoto. Notável o bastante para ensinar-me a olhar para os céus todos os dias, perguntando se ele iria cair sobre nós. Ele me ignorava. Um mês depois, veio outro. Mas dessa vez sem som. Foi aquele ribombar que acontece dentro da gente, sabe? Algo subitamente havia mexido com todos os que viviam em Arton. E mais ainda com todo aquele que brandia armas como meio de vida. Algo havia mudado no panteão. Fora breve. Rápido. Ainda não entendemos o que houve, apenas que ele não era o mesmo. Nada era o mesmo. E enquanto ainda procurávamos a resposta no céu, as igrejas de Keen fecharam suas portas. "
"Talvez o resto do mundo não se importe quando um bando de sacerdotes viciados em batalha se isolam em suas igrejas fortalezas para brincar com as maças entre si. Mas em Yuden, isso era um sinal de alerta. E nós somos o tipo de povo que ao sentirmos o movimento mais brusco do desconhecido, levamos nossas mãos ao cabo da espada. As igrejas de Keen não eram santuários como os de Marah ou Khalmyr, eram centros de treinamento de batalha, que preparavam máquinas de guerra cujo único intuito era ensinar ao resto do mundo que a única solução para os problemas da vida é a guerra. Então imagina que tipo pensamento passou pela cabeça dos grandes generais, quando eles tomaram esse tipo de atitude. Para o que se preparavam? Por que não compartilhavam as informações com o reino? Seriam aqueles os primeiros passos para um ataque, similar ao que a igreja de Tauron fizeram nas guerra táuricas? Bem, era o que pensávamos, até os clérigos de Keen começarem a perder suas dádivas."
"Não foram todos, percebemos logo. Apenas aqueles que demonstravam questionamento quanto a própria doutrina. Aqueles que não eram fanáticos ou poderosos o suficiente. Por toda a Arton, Keen bania seus asseclas, deixando apenas os mais dignos, que logo eram recolhidos de volta as sedes da fé da guerra. Uma resposta militar era necessária, era o que Yuden concluía. Nos armamos, preparamos nossos estratagemas, estudamos as possibilidades de cerco e marchamos para o que acreditávamos ser um guerra civil. "
"Mas não era."
"Não fora preciso derrubar os portões de aço reforçado da fortaleza-santuário de Kannilar, nossa capital. Eles foram abertos sozinhos. E o que saiu deles não foram guerreiros fanáticos ostentando o semblante do deus da guerra. Foram demônios. Hordas e hordas deles. As construções implodiram como um formigueiro o faria se estivesse superpopulado por deformidades furiosas. Como disse antes, não havia estratégia, formação ou o bom senso da guerra. Havia apenas carnificina. Pura, simples e descuidada. E mesmo assim, fomos derrotados. "
"E agora temo, que o resto de Arton está condenada. Éramos o exército com uma nação. Uma das forças que equilibram o mundo. Os mais poderosos. E o que resta agora? Pilhas de cadáveres. Fogo vermelho. Um céu escuro. E uma nação de demônios."
"Meu tempo acabou. Fui agraciado com mais dele do que eu esperava. Posso ouvir os tambores na terra, pois o próprio avançar do exército é uma melodia de guerra. Eu não sei se este relatório chegará a alguém. E se chegar, não sei se ele servirá de alguma coisa. Se poderá trazer alguma luz nas trevas em que estamos sendo mergulhados. Mas quero me redimir por minha covardia. Nesse momento meu filho está chorando, mas não relaxa as mãos ao redor da espada. Minha filha não tem expressão, mas uma profundidade no olhar, uma concentração que vi muitos levarem décadas para adquirir. Minha mulher e mãe, sorriem de forma parecidas, ansiosas pelo combate. Eu os amo. Preciso me juntar a eles. "
"Que não sejamos esquecidos."
Aldrich Grathaghan
Oficial do septuagésimo oitavo batalhão de cerco das forças de Yuden.
PRÓLOGO: Um grito oco no ar
Episódio 1: Ibelin
Episódio 2: Azog
Episódio 3: Linus
Episódio 4: Rasalgheti
Episódio 5: Os 9 generais do massacre!
Episódio 6: ???
Episódio 7: ???
Episódio 8: ???
Episódio 9: ???
Episódio 10: ???
Episódio 11: ???
Episódio 12: ???
Episódio 13 (FINAL): ???