Herdeiros da Guerra – Parte 4: Mestres do Destino
Torre dos Libertadores - Deheon...
(Noite de Jetag 17 sob Pace, 1409 CE)
Ludmila
E agora, Varana? O que acontece conosco? A realidade vai se estabilizar totalmente diferente do que vivíamos... é isso? Podemos ser apagados da história?
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Existe a possibilidade de que todos nós sejamos aniquilados pela nova realidade... - diz Varana, olhando no rosto de cada um de vocês, -
mas também existe a possibilidade de que isso não aconteça... Preciso de tempo para estudar as anotas que Tinlinns deixou para trás, para ver se existe alguma referência sobre o que está acontecendo, mas o importante agora é não sair da fortaleza...
Varana estende a mão e tenta tocar a fina poeira brilhante que se espalha pelo ar, mas a substância etérea a atravessa seus dedos como se não existisse, enquanto ela observa com uma expressão vazia.
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De alguma forma, estamos protegidos pelo poder das Areias do Tempo, mas não sei o quanto isso vai durar...
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Eu... estou conectada a fortaleza por um encanto que me permite sentir as mentes de todos que estão no seu interior, ou mesmo próximos dela, dependendo de onde estamos. Foi assim que eu percebi a presença de todos vocês, quando se aproximaram da fortaleza, e pude enviar ajuda... - Ela olha de relance para Max, que a observa, preocupado. -
Essa conexão me permite vislumbrar os pensamentos daqueles que estão na torre, superficialmente ou não, dependendo da força mental de cada um, e isso me permitiu sentir os pensamentos de Tinllins, antes dele concluir seu encantamento...
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O encanto não poderia levá-lo para longe, mas todo o seu pensamento estava concentrado em matar aquele que ele considera o causador de toda a sua dor: Thwor Punho de Ferro, o comandante da Aliança Negra. Tinllins queria matá-lo antes de ascender ao poder, mesmo que fosse antes de nascer...
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O fato é que a ascensão do monstro foi apenas o primeiro sinal de um evento que mudou o mundo, um evento cujos resultados são sentidos pelas próprias divindades que zelam sobre tudo... O plano de Tinllins funcionou, não tenho dúvida, mas não sei a que ponto... Pode ser que as famílias de alguns de nós, aquelas que viviam distantes de todos os grandes eventos, não tenham sido afetadas, ou tenham sido afetadas apenas parcialmente, mas certamente aqueles envolvidos direta ou indiretamente nos eventos seguiram destinos diferentes dos que conhecemos...
John Lessard
- Escutem... Eu persegui bandidos e tomei um forte em ruínas há menos de um dia, não durmo faz quase dois. Meus feitos e de meus companheiros podem parecer, digamos... Menores diante disso tudo, mas eu realmente gostaria de um local para mim e meu grupo descansarmos, por gentileza. Crys e trevor também podem vir, se quiserem, entretanto você parecem ávidos, com toda esta nova situação... Peço desculpas, mas não posso fazer isto.
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Todos estamos cansados - diz Max, a voz grossa ecoando como o estrondo de um trovão em comparação com a suave de Varana, -
mas precisamos resolver o que está acontecendo o mais rápido possível...
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Ele está certo, Magnus - diz a maga, a voz fraca quase abafada pela voz do guerreiro, mas, ainda assim, ela consegue chamar a sua atenção. -
Ele está certo. Por favor, ele está certo... Todos precisamos descansar, um pouco... P-podemos lidar com isso amanhã... ou depois, não sei... agora, agora eu quero apenas descansar e pensar...
A maga não espera pela resposta do homem e se teleporta instantaneamente, desaparecendo no ar em um brilho violeta. O guerreiro fica olhando para o vazio com uma expressão confusa, antes de se voltar para todos com o rosto indecifrável.
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Larissa, leve todos para a ala dos hóspedes e os apresente para Aida, sim? Ela vai arranjar um quarto para todos... - A guerreira chamada Larissa se adianta, olhando para todos cordialmente. -
Depois disso, está dispensada para ir descansar, também... Todos estão dispensados...
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Senhor, precisamos dizer aos servos o que está acontecendo... - diz Varris, meio surpreso. -
Todos têm família... lá fora... Precisam saber...
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Trataremos disso amanhã - diz Max, pondo fim a discussão. -
Eles sabem que a fortaleza foi atacada, mas por hora deixe-os aproveitarem a ignorância...
Max então se despede de todos e se retira, seguindo para uma das escadarias com Varris e alguns dos guerreiros, enquanto o restante começa a se dispersar, sozinhos ou em grupo.
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Venham comigo, por favor - diz Larissa, fazendo um sinal para que a sigam na direção de uma grande porta de madeira, entalhada com esculturas em alto-relevo, à esquerda do salão de entrada.
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Seus passos ecoam como sussurros pelos corredores escuros da fortaleza, claramente muito maior por dentro do que por fora. Enquanto seguem para os dormitórios, vocês passam por corredores altos, decorados por esculturas em relevo no padrão orgânico que domina a arquitetura da fortaleza, ladeados por diversas portas de madeira entalhadas, reforçadas com o mesmo metal cinzento dos candelabros e lustres, que se acendem quando vocês se aproximam. É impossível determinar a idade da fortaleza, mas os objetos da decoração contam a história de reinos e civilizações perdidas.
Depois de subirem uma escadaria estreita, vocês chegam em uma sala comunal ricamente decorada com tapetes dos povos da Grande Savana, mesas de madeira de lei, cadeiras estofadas e almofadas, de onde saem uma série de corredores. Uma mesa no centro, iluminada pelas velas mágicas, foi abastecida com comida e bebida - frutas, carnes, queijos, pães e outras coisas apetitosas - cujo aroma se espalha suavemente pelo ambiente.
Uma mulher de meia idade, de cabelos castanhos, e uma jovem de cabelos ruivo-alaranjados, estão na sala, sentadas a mesa, conversando, ambas trajando vertidos cinzas, ricamente bordados.
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Aquelas são Aida e sua filha, Hanna - diz Larissa, assim que vocês chegam na sala. -
Por favor, não digam nada para elas sobre o que está acontecendo. Max vai contar quando for a hora certa... Hanna não tem ninguém além da mãe, mas Aida vem de uma família grande, com uma longa história de mordomos e governantas...
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Senhora Aida, que bom que está aqui - diz Larissa, enquanto a mulher se levanta. -
Recebemos alguns hóspedes que precisam de um lugar para passar a noite. Mestre Max me pediu para deixá-los sob seus cuidados...
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Sejam bem-vindos - diz a senhora, fazendo uma reverência formal, sem se importar com a aparência de Crystalia. -
Por favor, venham comigo. Hanna, querida, ajude-me a levar os hóspedes para os quartos, sim? Venha... Alguém está com fome? Fiquem à vontade para se servirem. Por favor, por aqui. Temos quartos para todos, mas se preferirem, temos quartos de casal, também.
Ela olha para Aldred e Ludmila, quando fala a última parte.
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Os quartos que vocês receberam são pouco maiores do que os que vocês escolheram na antiga fortaleza das colinas, mas todos estão impecavelmente limpos, decorados com móveis de aparência sólida, ricamente trabalhados. Candelabros de prata com cristais emanam uma luz clara que parece desaparecer nas paredes de pedra escura de uma forma harmoniosa.
Nenhum dos quartos têm lareira, e as grandes janelas, ocultas atrás de cortinas altas, não abrem.
Banheiras com água quente foram preparadas para todos, fumegando trás de biombos delicados, ao lado de mesinhas com roupas limpas e itens de banho. Pequenas pedras redondas, colocadas no fundo das banheiras, aquecem a água até o ponto ideal, sem queimar.
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