Parte 1 - Conhecendo o Inimigo
Reino de Fortuna - Marca de Solas - Vila de Carmor <> Manhã de Tirag 19 Sob Altossol - 1410
Templo dos Deuses de Caermor
- Tenho certeza que você já ouviu essa história, Rhaysa, embora a versão que conheço seja um pouco diferente da que contam em Petrinya. Diga-me, o que sabe sobre a lenda de Cyrandur Wallas e do Feiticeiro Negro?
A pergunta de Zianne é claramente retórica, pois a história de Cyrandur Wallas e do Feiticeiro Negro é conhecida por todos os cidadãos de Petrinya, embora exista uma versão para cada cidade onde há um túmulo de herói, o que inclui praticamente todas as cidades do reino. Apesar disso, todas as histórias contam como Cyrandur Wallas enlouqueceu depois que o Feiticeiro Negro matou sua esposa, Coração de Neve, e suas duas filhas, Petrinya e Altrim, iniciando uma perseguição que durou anos, culminando com a morte de ambos em uma batalha épica.
- O nome do Feiticeiro Negro era Morcar - diz Zianne, interpretando o olhar de Rhaysa. - E a batalha aconteceu aqui, em Fortuna. Sei que é difícil para um petriniano acreditar nisso, mas peço que me escute e veja se faz sentido.
- Todos vocês já devem ouvido a história de como Cyrandur Wallas cruzou as Montanhas uivantes e Chegou até a região que hoje é o reino de Petrinya. Ou era, dependendo de quanto tempo o nome ainda será usado por Tapista... Bem, o fato é que quando chegou perto do fim da Montanhas Uivantes, Cyrandur Wallas descobriu o caminho entre o Reino Gelado e o Vale de Solas. Com o grupo desgastado pela árdua viagem, ele não hesitou em tentar a travessia, mas infelizmente, a região era dominada por Morcar, um rei feiticeiro cujo poder era tão grande quanto sua ambição.
- Naquela época, o Vale de Solas era dominado por diversos reis, e muitos deles receberam os viajantes de braços abertos, pois a presença e carisma de Cyrandur Wallas eram impressionantes, mas Morcar via no herói apenas uma ameaça ao seu reino. Ele então armou um plano para rechaçar os desbravadores, criando tamanha discórdia e conflito que os desbravadores não tiveram opção a não ser retornar para as Montanhas Uivantes. Mas, naquele ponto, os desbravadores já haviam aprendido muito sobre a região, então não foi difícil atravessar as Montanhas Kenora, alcançando as planícies ao sul do Rio dos Deuses.
- Vejam que naquela época os minotauros já habitavam a região ao norte do Rio dos Deuses, e sua política de dominação já era implacável. Ainda assim, Cyrandur Wallas conseguiu levar seu grupo até a foz do rio, onde imediatamente fundou a cidade de Altrim, nomeada em homenagem a sua primeira filha, e foi declarado rei. Nesse ponto nossa história passa a acompanhar os fundadores de Fortuna, Avnon e Quordot, dois aventureiros que acompanharam Cyrandur Wallas em sua jornada.
- Há muitas histórias sobre o que motivo que levou os dois amigos a deixar Altrim e voltar para Solas, histórias de paixão e magia, mas o fato é que quando eles retornaram para o vale, Morcar havia conquistado todas as terras entre o Rio do Bardo e o Rio Daganir, reinando como um deus. Mas isso apenas instigou os dois amigos, que imediatamente se uniram aos bárbaros para rechaçar Morcar. Dada a coragem, a astúcia e a sorte de ambos, não demorou muito para que seus feitos se tornassem lendários. Mas o poder de Morcar havia crescido muito desde sua disputa com Cyrandur Wallas, e poucos duvidavam que não havia se tornado realmente um deus.
- Para detê-lo, todas as tribos livres se uniram sob uma mesma bandeira, juntando forças com os anões de Zuralhim, com os bárbaros das Montanhas Uivantes, com um grupo de desbravadores elfos que passava pela região, e com Cyrandur Wallas. Sim, o próprio herói respondeu ao pedido de ajuda de Avnon e Quordot, trazendo um grupo de seus melhores guerreiros para enfrentar o Feiticeiro negro, além de sua própria esposa, Coração de Neve.
- A batalha, como devem imaginar, se tornou uma lenda, mas o combate final, que culminou com a morte de Cyrandur Wallas, foi lançado no esquecimento. Isso porque Morcar havia realmente se tornado um deus, e mesmo com o esforço dos maiores heróis daquele tempo, Wallas, Rogar, Durgrin, Ladril, Telor, Aedric, Avnon, Quordot e Coração de Neve, tudo que conseguiram foi aprisioná-lo. No momento final da batalha, Cyrandur Wallas sacrificou sua própria vida para deter Morcar, dando tempo para que Telor lançasse um encanto que aprisionou o feiticeiro. E aqui chegamos no ponto crucial da história, pois posso afirmar com toda certeza que o encanto de Telor vinculou a chave da prisão mística ao sangue de todos que lutaram na batalha final contra Morcar.
Zianne faz uma pequena pausa para beber um gole de água de uma taça, enquanto perscruta os olhares de todos.
- Sim, a chave para libertar Morcar exige o sacrifício de um herdeiro de sangue de cada um dos heróis que o aprisionaram... Alguém quer água?
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Apenas depois que Zianne termina sua história é que vocês percebem as esferas de luz de Lyra pairando no centro da sala, lançando uma luz lúgubre sobre os devaneios de todos.
- Não, eu acho que ele ainda não voltou a vida - diz Zianne, respondendo a pergunta de Turok, embora seja possível perceber um tom de dúvida em sua voz. - Não, acho que não. Do contrário, a garota não tentaria nos avisar do perigo. Na verdade, nem mesmo precisaria... Não, acho que ele ainda não voltou... Já se passaram quase quatrocentos anos desde a batalha, e nada garante que os herdeiros possam ter sobrevivido, ou mesmo que possam ser encontrados. Depois de todo esse tempo, é quase impossível saber quem em Petrynia descende de Cyrandur Wallas, não é Rhaysa?... Ainda assim, isso precisa ser investigado.
É nesse momento que a paciência de Will atinge o limite, e sua pergunta soa alta demais na sala silenciosa, atraindo a atenção de todos.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------A tabardo é grande demais para Lyra, então certamente vai precisar de um ajuste, mas não interfere com sua habilidade de conjuração.
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