Maryanne suspirou com um pouco de alívio quando a mulher os levou mais a sério e os conduziu por uma quebrada bastante suja e decadente. Ao ver as baratas andando pra lá e pra cá, Maryanne engoliu seco tentando segurar seu terrível nojo por insetos daquele tipo. Agora ela se sentia andando por ruas perigosas de Valkaria, ao lado de bandidos da pior estirpe. Não podia deixar um sorriso singelo transparecer com aquela mudança brusca que teve de sua vida confortável até nesse meio de aventureiros. Era a vitória de uma menina comum sobre um mundo hostil.
Porém, notava também a dificuldade e a seriedade das coisas. Aprendera em Prado Verde, Vectora, na Catedral Invertida que as histórias dos bardos servem para maquiar e tornar as histórias e canções mais agradáveis ao entretenimento. Na realidade a vida na estrada não era um mar de rosas, nem se tratava somente sobre glórias e fama, mas também de ajudar as pessoas que sofriam, como o povo de Gorsengred.
Claro que no baile de Norla Zinfraud ela se sentiu à vontade e até podia dizer que se divertiu esculachando Benignos Borgia. Era o lado pitoresco das aventuras, mais próximos às canções dos bardos. Mas agora estava diante de uma situação tensa e mais difícil. Encarava um problema duro e provavelmente o menor erro poderia levá-los a morte. Por isso, quando eles se encontraram com a senhora na casa de comércio fachada para venda de achbuld, Maryanne não entendeu a atitude de Khaled ou de John. Estavam demorando demais naquilo. O que pretendiam? Iam comprar chá pra construir uma confiança com a senhora antes de anunciar a intenção de aliança? Khaled queria mesmo um chá de achbuld? John queria mesmo camomila? Se não queriam, por que pediram? Perguntas que gravitavam sua mente.
Zidane, entretanto, mostrou claramente as cartas do jogo, mas sinceramente, esperava que John o fizesse primeiro. Mas desde a noite anterior ele parecia distante e pouco se importando com o resto do grupo. Uma postura totalmente diferente de quando se conheceram, no dia que perdeu sua mão na estrada. Maryanne não sentia confiança nele, como se estivesse sendo carregado contra a vontade e estivesse ali por obrigação, esquecendo o objetivo principal daquela contenda toda.
Maryanne
Se possível, queremos ver Taerir Hordiggard.
Disse com a cara fechada e braços cruzados, encarando a mulher como se fosse o próprio Búrash.