- Parte 1: A Grande Feira de Malpetrim
Dizem que as maiores épicas sagas dos heróis começam em uma taverna ou em uma feira, quando um grupo de aventureiros ouve um velho falar sobre estranhos barulhos em uma caverna próxima. O desafio promete monstros a derrotar, tesouros a pilhar e glória a se conquistar. Metade dessas histórias tem o início folclórico em Petrynia, O Reino das Histórias Fantásticas. Um reino onde os bardos jamais morrem de fome e muitas pessoas decidem largar a árida vida cotidiana para sair em aventuras para usar suas capacidades acima da média.
De todos os lugares de Petrynia, Malpetrim se destaca fortemente por ser a Cidade dos Heróis. À primeira vista não há nada impressionante: os muros protegem uma cidade de médio porte com um porto modesto sem muitas construções dignas de nota. O que põe Malpetrim no mapa, entretanto, são as maiores lendas de Arton que aqui passaram e onde as maiores sagas tiveram início. Foi aqui onde Vectorius e Talude se encontraram pela primeira vez e o fruto da ocasião, dizem, semeou a fundação de Vectora e a Academia Arcana. Foi em Malpetrim onde corajosos heróis partiram em busca das partes dos Disco dos Três para evitar o retorno de uma maligna entidade conhecida como Sartan que ameaçava todo o Panteão. Foi próximo à Malpetrim que ocorreu um dos maiores embates da história: O lendário Paladino de Arton contra o nefasto vilão Mestre Arsenal. Foi ali onde começou a famigerada saga dos Rubis da Virtude como consequência.
Além de tudo isso, Malpetrim goza de sua liberdade intacta. Há poucos anos os minotauros de Tapista invadiram os reinos do oeste do Reinado e promulgaram o Império de Tauron. Um a um, os reinos humanos foram derrubados e a presença táurica se tornou rotineira, cotidiana. Sua língua, seus costumes, sua cultura foram espalhados pelas cidades e aldeias. Os minotauros tomaram o poder político impondo novos governadores, prefeitos e legionários. Altrim, a capital de Petrynia caiu, mas Malpetrim não. A Cidade dos Heróis resistiu por meses a fio em batalhas dentro e fora da cidade, com aventureiros disputando quarteirões com legionários. Por fim, devido sua enorme população de heróis, os minotauros não conseguiram conquistar a cidade. Tapista reconheceu a independência de Malpetrim não deixando que fosse ligada ao Reinado. Mas não cabia mais amarras em Malpetrim, a Livre Cidade dos Heróis.
Hoje Malpetrim permite a presença de minotauros e membros do Reinado. Há um constante clima de animosidades, com intrigas provocadas pela Resistência e pelos Colaboradores, misturados com cultistas malignos, guilda de ladrões tentando lucrar com os dois lados etc. O Conselho Regente consegue manter a cidade nos eixos, deixando-a numa frágil e relativa paz. Apesar de tudo isso, Malpetrim mantêm suas tradições. E uma delas é a Grande Feira.
A tradição da Grande Feira de Malpetrim remota à saga do Disco dos Três há quase um século. Há rumores que até mesmo Thwor Ironfist visitou o evento disfarçado anos atrás. Devido à fama da cidade, centenas de mercadores de todo o Reinado (e agora Império) aparecem na Grande Feira para vender seus produtos. Nos dias de hoje o evento se tornou muito visado, como uma oportunidade única de troca e venda de materiais e mercadorias entre os mercadores do Reinado e do Império. Às vésperas, o porto fica lotado de navios, e caravanas de regiões vizinhas chegam para conferir as ofertas do “outro lado”. O comércio de pólvora liberado também se tornou um grande atrativo — bazares de armeiros e alquimistas são cada vez mais numerosos.
Neste período também há competições marciais e esportivas, quando a rivalidade entre o Reinado e os minotauros se manifesta com grande força. Os esportes e jogos mais simples tornam-se verdadeiros campos de batalha, onde os dois lados tentam provar sua superioridade sem pegar em armas. Mas mesmo com a insistência dos minotauros, o comércio de escravos é proibido no evento. No entanto, perguntando às pessoas certas, esse tipo de “mercadoria” pode ser adquirida.
Os Heróis
É metade do outono quando os aventureiros chegam à Malpetrim a tempo da Grande Feira. Outrora "Feira da Colheita", o evento atrai aventureiros e visitantes de todo o Reinado e do Império, numa comemoração que dura a semana toda.
Aldred
O jovem artista marcial com sangue dracônico de uma ancestral família visualiza a Grande Feira no começo da tarde quando chegou à Malpetrim, após seguir uma grande caravana por meses vindos Valkaria. Aldred recebia comida e um lugar relativamente confortável para dormir sob o manto estrelado de Tenebra, e sobre um saco de couro para dormir. Em troca disso, o rapaz vendia o que sabia fazer de melhor: lutar. Suas técnicas de luta estavam se desenvolvendo e ele sentia o auge da forma física. Apesar de seguirem por longas e seguras estradas, não foi uma viagem sem incidentes. Além da difícil negociação com tribos de gnolls a oeste de Deheon, houve o incidente com o troll em Tollon - devidamente derrotado graças ao esforço dos mercenários contratados - e, claro, houve o problema os minotauros nas fronteiras de cada reino com sua enorme burocracia alimentada por dezenas de pergaminhos e documentos diversos. Taxas, pagamentos, alfândegas.
Por esse motivo, Aldred chegava à Malpetrim sem dinheiro algum. Antes que protestasse o saldo negativo da viagem, foi argumentado pelos mais sagazes comerciantes de Valkaria que ele ganhou uma viagem para Malpetrim livre de impostos. Sua tarefa de defender a caravana foi diluída pelos custos de sua viagem como comida e descanso. Sem muita opção, Aldred agora tinha que procurar uma forma de conseguir moedas. O almoço já começava a ser uma mera lembrança em seu estômago e a cheiro de carne assada, pasteis e doces coloridos começavam a dar água na boca.
Havia muitas tendas num espaço largo e sem obstáculos de chão de terra batida. Um palco de madeira centrava no meio do lugar e ostentava uma enorme faixa com os dizeres em valkar "GRANDE APRESENTAÇÃO CIRCENSE DOS IRMÃOS THIANNATE".
A Feira não parecia em nada com as que Aldred estava acostumado em Valkaria. Não havia qualquer sinal de grandes e exóticos produtos. Em sua maioria, as mercadorias eram mundanas e quase não havia vendedores de armas, por exemplo. Havia, isso sim, um sem número de barracas com bugigangas, tralhas, petiscos e "tira-gostos". Havia também as Provas dos Campeões, num espaço separado, no lado norte da Feira. Dezenas de pessoas se reuniam ali para participar ou assistir as competições de esgrima, arco e flecha, montaria e braço-de-ferro. O clima festivo da Feira não parecia contaminar aquela parte. Era um ambiente de maior sobriedade e volúpia, onde a competição era levada a sério. Parecia uma boa forma de conseguir dinheiro.
Ash
O belo meio-elfo sabia apenas cantar e tocar seu bandolim. Pouco conhecia do mundo: tivera um passado de poucas andanças, embora as histórias dos clientes e os livros da biblioteca fizessem sua mente borbulhar em criatividade. Ash chegou à Malpetrim e visualizou as barradas e tendas da famosa Grande Feira. O sol desaparecia no horizonte do Mar Negro e a brisa fria acalentava um dia de calor contido. O outono trazia suas folhas secas que dançavam ao prazer dos ventos. As pessoas eram muitas e diversas, embora Malpetrim parecesse menor que Altrim de onde viera. A mínima presença de minotauros trazia algum alívio e Ash sabia que famosa Cidade dos Heróis era um porto seguro.
Restava agora ao meio-elfo buscar o que fazer. A Grande Feira parecia ser uma grande festa, com pessoas felizes para todos os cantos do que uma feira de comércio propriamente dita. Havia muitos mercadores, muitos caixotes com mercadorias vindas de todo o Reinado e do Império, mas não eram o objetivo principal do lugar. Além desses, havia um sem número de pessoas exóticas armadas, com chapéus pontudos, símbolos sagrados, capaz e mochilas nas costas: aventureiros. A fama da cidade atraía todo o tipo, desde cavaleiros em suas polidas armaduras até os halflings barrigudos com suas mãos leves.
Havia muitas tendas num espaço largo e sem obstáculos de chão de terra batida. Um palco de madeira centrava no meio do lugar e ostentava uma enorme faixa com os dizeres em valkar "GRANDE APRESENTAÇÃO CIRCENSE DOS IRMÃOS THIANNATE". Muitas pessoas começavam a se reunir ali para um vindouro espetáculo de circo. Ash já ouvira falar deles. Os Irmãos Thiannate, outrora errantes, agora estavam ilhados em Malpetrim, pois muitas de suas apresentações seriam consideradas proibidas no Império de Tauron.
Além disso, Ash logo descobriu que bardos contratados fariam apresentações musicais após a apresentação circense. Era costume tradicional haver apresentações musicais durante a noite toda pelas duas noites iniciais e traria todo tipo de pessoa pra dançar no centro da Feira.
Fargrimm
O som das trombetas e dos fogos de artifícios fizeram o anão da tradicional família Deepforge abrir os olhos. Fargrimm ainda estava se acostumando à vida na superfície, longe de sua pátria Doherimm e sua tão amada escuridão perpétua. Na superfície tinha que lidar com o odioso inimigo durante metade do dia, mas felizmente com a chegada do outono, os dias seriam mais e mais curtos, pelo menos até o fim do inverno. Era uma quantidade bem limitada de dias, mas já era um alento.
Estar em Malpetrim não dizia muito para Fargrimm. Ele sabia que em geral os humanos tinham severos preconceitos para com a Deusa da Noite, considerando-a maligna devido suas crias noturnas como trogloditas, mortos-vivos e outros. Um de seus deveres como sacerdote era pregar aos que viviam em ignorância e estar em cidades humanas era um passo importante para trazê-los à escuridão. Malpetrim não fora escolhida por algum motivo especial, apenas era a mais próxima de onde saíra da caverna que ligava à enorme rede complexa de túneis que levava à sua pátria amada.
Doherimm lhe trazia boas lembranças, mesmo que não fosse alguém exatamente muito querido entre sua gente e sua presença fosse, ironicamente, sombreada por seu irmão popular. Era um desafio não pensar nele com inveja, mas sua fé lhe dava a força necessária. Além disso, Tenebra criou os anões, o que reforçava a a ideia de que Khalmyr era um usurpador e que sua família estava errada ao devotar-se a ele através dos séculos. Felizmente, Fargrimm tinha figuras como ele na própria família para se inspirar. Clérigos de Tenebra do passado que também enxergaram o óbvio.
Agora era noite. Fargrimm não precisava ocultar-se totalmente da vil bola de fogo na imensidão insana que era o céu. Ele via da janela de seu quarto na Estalagem do Macaco Caolho Empalhado a confusão de humanos (e algumas outras raças) se amontoando em uma região cheia de tendas com explosões de sons de conversa, música e gritaria. Cheiros incompatíveis misturados causando-lhe náuseas. Os humanos realmente viviam suas curtas vidas ao limite sem se preocupar com nada...
Ladon
O lefou atraía olhares desconfiados e alguns até mesmo de nojo. Ladon estava acostumado ao tratamento. As pessoas conseguiam sentir sua natureza alienígena impregnada em sua alma, mesmo que fossem apenas os dentes como presas e seu sangue ácido que denunciasse de maneira mais clara. Havia toda uma aura estranha, diferente que evocava repulsa natural nas pessoas. Essa era a natureza de um lefou e Ladon aprendeu desde cedo a lidar com ela. Em Zakharin, principalmente quando cuidava de suas distintas irmãs, constantemente andava com um capuz e fazia aparições apenas quando muito necessário para garantir os interesses delas. Liz e Agnes não mereciam o trágico fim que se abatera sobre a família, por isso ele fazia questão de estar ali sempre para protegê-las com seu enorme corpo, seu físico avantajado e, claro, com a herança familiar: sua enorme espada.
Em Malpetrim, Ladon conseguia desviar bem dos olhares, sempre oculto em seu capuz pesado, mas também notava que as pessoas estavam felizes. Festivais e feiras sempre foram os melhores lugares para se visitar, pois a alegria muitas vezes afastava o ódio do desconhecido das pessoas. Então, mesmo que ainda sofresse com alguns olhares, a maior parte das pessoas nem o notava. Desse modo, Ladon pôde aproveitar o início da noite com tranquilidade, observando as pessoas. Ele tinha objetivos muito claros, mas precisava ser melhor, precisava se desenvolver. A busca pelo poder era uma faca de dois gumes: podia levá-lo ao seu objetivo, mas podia inebriá-lo com falsidades.
O pátio principal da Grande Feira de Malpetrim estava apinhado de gente. Havia um palco de madeira bem no centro onde as pessoas começavam a aparecer saídas das tavernas aos arredores com suas canecas às mãos. Uma apresentação circense aconteceria dentre alguns instantes. Havia também uma parte da Feira que se distinguia totalmente do que acontecia ali: ostentando uma faixa que separava praticamente a Grande Feira em duas, estava escrito "PROVAS DOS CAMPEÕES", onde as pessoas começavam a se reunir para participar ou assistir às competições de arco e flecha, esgrima, montaria e braço-de-ferro. Parecia um bom lugar para ganhar dinheiro ou fazer contatos.
Jihad
O que sobrava de sua longa vida passada? Quase nada. Jihad estava há um punhado de décadas em Arton como um mortal, um reles qareen. Um meio-gênio, meio-humano. Maldita seja aquela ruiva... Não adiantava chorar o leite derramado, era necessário seguir em frente e mudar seu destino. Se havia algo que aprendera com os humanos era isso: sua constante capacidade de mudar, adaptar e crescer, evoluir. Agora que tinha o sangue desse povo também poderia ser capaz disso. Poderia desenvolver seus poderes e voltar a ser o que era.
O mundo dos humanos a sul do Deserto da Perdição era muito diferente dos beduínos nômades. Era muito mais colorido! As pessoas tinham cores de muitas tonalidades, vestiam roupas de muitos tamanhos, tipos, tecidos exóticos. E havia muito mais raças. Além dos conhecidos elfos e anões, havia os pequenos halflings e goblins, as fadas, os moreau, os hobgoblins, os minotauros, os orcs e muitos outros. Aos poucos a visão de distanciamento de Jihad foi se adaptando. Agora ele era mais um no monte deles.
Infelizmente, as pessoas do sul não eram tão aventurescas assim. Sua maioria gostava de ficar em sua aldeia durante sua curta vida em busca de estabilidade, conforto e paz. Alguns poucos, os considerados "desajustados", viviam na estrada como os nômades, em busca de confusão, aventura, ouro e conquistas. Não era à toa que nesse grupo de pessoas saíssem os maiores heróis e vilões de Arton. O povo comum mantinha-se conformada a uma vida sem brilho, enquanto aqueles com capacidades acima da média saía por aí para conquistar mais e mais.
Por isso, quando ouviu falar de Malpetrim, a Cidade dos Heróis, Jihad foi atraído como inseto pela luz. A Grande Feira de Malpetrim acontecia quando ele pôs os pés sobre o chão de terra batida. Havia um palco de madeira bem no centro onde as pessoas começavam a aparecer saídas das tavernas aos arredores com suas canecas às mãos. Uma apresentação circense aconteceria dentre alguns instantes. Malpetrim era convidativa e instigante. Tudo podia acontecer.
Notas do Mestre
Deu-se início à mais nova campanha Aurora Carmesim. Neste primeiro post introdutório criei o ambiente da Grande Feira de Malpetrim que começa oficialmente no dia 14 de Terraviva (14/05) no meio do outono, de 1410. Aurora Carmesim acontecerá no mesmo universo que O Mundo de Arton, embora em tempos diferentes. Aurora começa quatro meses depois de Mundo.
Como podem ver, não houve interação de NPCs com os personagens, apenas os coloquei no ambiente. Vocês podem, neste primeiro post, escrever com mais detalhes como vieram parar na cidade. Em alguns casos eu fiz minha interpretação dos motivos baseado-me nos backgrounds enviados. Vocês podem acrescentar detalhes aos motivos e descrever como vieram para aqui. E, claro, não esqueçam de depois postar uma ação.
Sugiro que leiam toda a introdução, não somente para seus personagens, pois pode ajudar no primeiro post de vocês. Não considerarei forçado nem nada caso alguém já queira interpelar outro personagem de jogador. Na minha próxima atualização já colocarei NPCs para interagir com vocês.
Manterei a pegada de atualizações a cada 48h, portanto, espero que sigam postando dentro desse período.
Interpretação bem feita renderá 1 ponto de ação extra, como descrito no livro sobre interpretação. O critério de julgamento é subjetivo, mas tentarei ser justo.
Podem postar mais de uma vez se quiserem, principalmente quando estiverem conversando entre si (ou fazendo reflexões internas).
Não criarei tópico OFF, portanto, qualquer dúvida deve ser perguntada no grupo do telegram. Caso eu não responda de imediato ou caso haja muita conversa e a pergunta se perca lá atrás, pergunte no privado pra mim.
No mais, é isso. Bom jogo a todos.
Dados dos Personagens
Aldred C. Maedoc III <> PV: 18/18; PE: 3/3; PA: 1/1; CA: 17 <> Condição: Normal
Ash <> PV: 13/13; PMs 5/5; PA: 1/1; CA: 12; Músicas de Bardo: 5/5 <> Condição: Normal
Fargrimm Deepforge <> PV: 18/18; PM 4/0; PA: 1/1; CA: 14; Canalizar Energia Negativa 3/3 <> Condição: Normal <> Magias Preparadas: curar ferimentos leves, curar ferimentos leves, escudo da fé, desespero
Ladon Brimstone <> PV: 23/23; PA 1/1; CA: 15 <> Condição: Normal
Scarlata Jihad <> PV: 13/13; PM 8/8; PA 1/1; CA: 13; voo 1/1 <> Condição: Normal