Zidane Vess vasculhou apressadamente as gavetas do criado-mudo e da escrivaninha em busca de alguma pista. A mulher caída no chão agora estava imóvel com um ferimento na cabeça, o sangue espalhando lentamente pelo chão escuro, escorrendo por entre as pequenas brechas da madeira. O minauro sabia que tinha pouco tempo, pois logo os guardas do templo apareceriam depois do grito horrendo que a mulher deu após receber a pancada na cabeça. A espiã dos Borgia podia ser uma falsa clériga, mas ninguém acreditaria nele. Nem mesmo os possíveis paladinos que poderiam estar no templo.
O suor começou a surgir na testa quando começou a ouvir passos pelos corredores e nenhum papel ou objeto relevante para situar
Zidane estava sendo encontrado. Até que encontrou um compartimento secreto do confessionário de madeira. Havia um pergaminho que talvez pudesse incriminá-la... exceto pelo fato de conter um texto mentiroso:
O minauro sabia que as chances estavam contra ele. Não haveria muito tempo para explicações e a carta o incriminava sumariamente. Tinha que sair o mais rápido possível. Quando enrolou o pergaminho para sair dali, encontrou um broche com o símbolo de Valkaria desenhado. Guardou no bolso para analisar mais tarde e se pôs a movimentar.
Zidane tinha o corpo atlético, treinado, e pulou sem problemas para a alta janela do quarto de confissões no momento em que a porta fora aberta. Ainda houve tempo de escutar gritos femininos e ordens sendo distribuídas para caçar o criminoso, fechar o perímetro. Pulando para uma construção anexa ao templo de Marah,
Zidane percorreu o topo de telhas com cuidado e saltando por cima de um muro, dando de frente para um beco sem saída onde caixotes e outros detritos podiam ser vistos ao ar livre. Havia um goblin que estava estatelado ali no chão, moribundo, mas que não parecia dar atenção a nada.
Zidane continuou sua fuga dobrando ruelas, saltando muros e cercas até que chegou à uma via principal de Valkaria, a Cidade sob a Deusa.
Agora o minauro podia andar normalmente, sem o peso de estar sendo caçado e assim evitar suspeitas. Abaixando o capuz, seu rosto era basicamente humano, embora tivesse o nariz mais grosso, olhos grandes e um pequeno par de chifres saindo pelas laterais da testa, onde seu curto cabelo pouco fazia para escondê-los. Pensando na sacerdotisa Illiane,
Zidane pegou o broche e o analisou. Era simples, redondo, com a estátua de Valkaria desenhado sobre um fundo escarlate. Ele sabia que o púrpura e o escarlate eram as cores de Valkaria, a deusa da humanidade. Mas o que uma mulher como aquela, espiã dos Borgia trabalhando no templo de Marah na capital de Deheon teria a ver com a deusa da humanidade?
Até que um estalo veio a mente. Uma lembrança. Na Catedral de Valkaria era vendido broches exatamente iguais àquele. Foi ali que a mulher conseguiu o broche. Alguma coisa deveria ter lá, talvez o lugar onde ela encontrava seus superiores.
Zidane guardou o broche e se dirigiu para o maior templo da deusa da humanidade de Arton.
A Catedral de Valkaria desafiava o conceito de normalidade e luxo esperado para a sede do culto a um deus maior do Panteão. Ao se aproximarem da região, era possível ver, em primeiro lugar, diversas tendas de vendas de acessórios ligados à deusa. E então, a construção principal, circundada por quatro altas torres, onde uma delas estava cercada por andaimes e trabalhadores martelando e olhando pergaminhos de projetos. A entrada principal tinha uma enorme porta dupla de madeira polida e metal. Estava aberta, embora uma delas estivesse sendo pintada por três artistas, estilizando a descida da própria deusa dos céus para entregar o brilho escarlate à humanidade, traduzida pela ambição.
Valkarianos de todas as raças, classes sociais e estilos de vida circulavam entrando e saindo da Catedral, desviando das toras de madeira, dos baldes de água e dos trabalhadores empenhados na obra. Parecia que a reforma não impedia ninguém de vir buscar aconselhamento espiritual.
Maryanne sabia que era normal. Os dogmas da deusa da humanidade diziam para buscar sempre a melhoria e por isso a Catedral vivia em reformas semanais. Uma vez lá dentro,
Millyan sentiu que estava no epicentro da existência humana. Todos ali dentro, menos membros de outras raças, sentiam uma urgência de fazer algo, conversar, debater ideias e, ao mesmo tempo, sempre achando suas próprias ideias ultrapassadas a cada momento. Era uma sensação normal para
Maryanne porque era uma humana, mas para
Millyan, acostumada ao ritmo élfico de prolixidade, a deixava um pouco tonta.
Numa das laterais do salão principal havia um enorme quadro que ocupava praticamente toda a parede de pedras colocadas. Centenas de cartazes estavam pregados ali uns sobre os outros, espalhados por todas as direções. Havia também uma escada com rodinhas para alcançar os mais altos espaços do quadro. Nos arredores do lugar estavam várias pessoas nitidamente aventureiras, reunidas em círculos com vários papéis em mãos, conversando sobre as aventuras, os pedidos de ajuda, os contratos de missões. Numa mesinha simples do lado do enorme quadro havia uma centena de pergaminhos abertos em branco e uma caneta tinteiro esperando pra ser usada.
Zidane adentrou a Catedral no passar da tarde e, como sempre, estava cheia de gente. Ele se dirigiu diretamente ao clérigo Kevin Rogers, um antigo companheiro que havia sido delegado a ficar na Catedral por um tempo para provar sua fé, após fraquejar ficando preso em uma cela de minotauros por mais de um mês na mesma cidade, quebrando assim um dos dogmas de Valkaria. Kevin estava limpando um dos altares com uma vassoura simples quando
Zidane chegou. Após uma rápida troca de palavras, Kevin largou a vassoura e o levou para uma mesinha próxima ao quadro de avisos onde dezenas de pessoas se reuniam em grupos.
O sacerdote em penitência, então contou sobre Illiane. Era uma mulher que se apresentava como clériga de Marah e até possuía milagres divinos para provar. Sempre aparecia na Catedral para comungar a união com as duas igrejas, sendo bem vista por muitos sacerdotes de ambas as fés. Porém, uma vez, Kevin a viu se reunir com dois tipos estranhos. Um deles era um minotauro com roupas finas e o outro um homem alto de cabelos lisos penteados para trás, com uma jaqueta adornada com luxos. Não foi preciso muita pesquisa nas ruas para descobrir que o homem era Astos Tivanor, um lorde ahleniano. Já o minotauro era desconhecido, embora
Zidane soubesse: era Benignus Borgia.
Você vindo aqui me perguntando sobre Illiane... Eu posso sentir a mão de Valkaria nisso tudo. Veja aquelas duas meninas ali. A humana e a elfa. Eu recebi uma visão em sonhos a busca delas. Têm assuntos com... adivinhe. Isso mesmo. Astos Tivanor.
No momento que proferiu as palavras, Kevin se levanta abruptamente de sua cadeira com olhos arregalados.
Zidane podia sentir um arrepio nos pelos dos braços.
E-eu cumpri minha penitencia. Eu coloquei três almas no caminho da aventura, estou perdoado. Obrigado, Zidane. Agora devo partir e seguir em romaria até as Montanhas de Teldiskan. Adeus e que Valkaria encha os baús de tesouro de suas jornadas.
Com um abraço e uma despedida, Kevin partiu da Catedral.
Zidane agora via
Maryanne e
Millyan observando o quadro de avisos.
Dados dos Personagens
- Maryanne I. Maedoc <>
PV: 31
PA: 1
PE: 3
CA: 19 <>
Condição: Normal
- Millyan Lorthtandar <>
PV: 24
PA: 1
PM: 3/0
CA: 19/23 <>
Flechas: 100 <>
Canalizar Energia Positiva: 1 <>
Magias preparadas: Curar ferimentos leves, curar ferimentos leves, curar ferimentos leves <>
Condição: Normal
- Zidane Vess <>
PV: 24
PA: 1
PE: 3
CA: 17 <>
Pedras: 10 <>
Condição: Normal