AR MOLHADO [TRPG] - ON

[DragonKing]

Thalassa suspira com as falas de Arion, para ela nada daquilo importava e era só uma tentativa de levar Kênia, a ranger não era pessoa mais inteligente e articulada por isso preferia se manter neutra nas situações, contudo não deixaria que levassem a menina depois do dinheiro ser devolvido, ela não achava certo . Por mais que as palavras de Arion fossem convincentes e fizessem algum sentido Thalassa não confiava nas pessoas , as promessas do cruzado podem simplesmente serem anuladas por qualquer outro e Kênia ser presa mesmo se desculpando. Pois era assim que a justiça dos homens funcionava.

Thalassa olhou para trás e franziu a testa ao ver Gregor trazer Kênia, balançou a cabeça negativamente, não pareceu ter sido uma boa coisa, mas ele sabia falar e poderia acabar com aquela discussão chata.-Vá buscar o anão, e resolvemos isso aqui, ela não vai a lugar algum. Não era necessário, Thalassa aperta seu tridente novamente ao ver pessoas se aproximarem do templo , portando armas e armaduras, entre eles um anão, a ranger encara Arion e se põe a frente de Gregor e Kênia.-Seu ouro tá seguro anão, Arion Tigernach está com sua algibeira. Pegue seu ouro e siga sua corrente, a menina estava apenas com fome, ela fica.-Thalassa encara os guardas e principalmente o homem mais velho, ele aprecia ser o líder dentre os guardas, ranger mantinha uma pose defensiva, não queria lutar mas faria se fosse preciso não aceitaria aquilo sem lutar.-Ela tá sob a minha guarda agora, ela não vai mais cometer nenhum crime, este é um solo sagrado, a casa do grande Oceano e não irão desrespeitar este lugar, Madre Neka aceitará feliz a menina e ela será ensinada para não voltar a ser vitima da injustiça da terra seca novamente. Então, vão embora.

[Aldenor]

Arion via como aquela raposa demoníaca sorria. Aqueles olhos verdes em busca de briga. Mas não iria ceder. Arion não podia dançar conforme a música do caos.

Arion

Não quero brigar. Quero resolver a questão de maneira simples e que ninguém saia prejudicado. Nem o anão, nem a criança.

Foi quando entrou pelo salão um homem esquisito, de capa e traje de viajante. Arion percebeu com Thalassa não achou prudente a aparição daquele homem, indicando que se conheciam. Porém, o homem dizia coisas sem sentido fazendo Arion levar a mão ao rosto.

Arion

Escute... não sou eu quem você deve convencer. Todo esse discurso procurando justiça e acusando a lei de não ser justa é irrelevante. O que vocês não estão entendendo é isso. Eu não sou a lei, eu sirvo a lei. E se o anão prestar queixas a criança...

Parou com o som de passos armadurados interrompendo Abgail em sua nova tentativa de iniciar uma briga aleatória e sem sentido.

O anão Gotharom Weissbier chegou com guardas e o mais velho deles pediu para que a criança fosse levada. Thalassa se pôs à frente do homem estranho e da criança e suas palavras foram perigosas.

Arion

Escute, capitão da guarda, eu sou Arion Tigernach, sacerdote e guerreiro de Khalmyr. Não é necessário que a menina seja punida, se o senhor Weissbier desistir de se queixar. Escute, tome aqui suas moedas, senhor Weissbier. A criança roubou por passar fome e Thalassa jurou tomar responsabilidades para que ela não roube novamente e aprenda a se sustentar sem prejudicar ninguém. Portanto, acredito que não seja mais necessário algum tipo de prisão ou algo do tipo.

Disse espalmando as mãos para o anão e para o capitão da guarda.

Magias preparadas:
Curar ferimentos leves x4, arma mágica x2, auxílio divino x2.

[Padre Judas]

Vollendann

Arion

Escute, capitão da guarda, eu sou Arion Tigernach, sacerdote e guerreiro de Khalmyr. Não é necessário que a menina seja punida, se o senhor Weissbier desistir de se queixar. Escute, tome aqui suas moedas, senhor Weissbier. A criança roubou por passar fome e Thalassa jurou tomar responsabilidades para que ela não roube novamente e aprenda a se sustentar sem prejudicar ninguém. Portanto, acredito que não seja mais necessário algum tipo de prisão ou algo do tipo.

O anão pega as moedas, conta-as.

Gotharom Weissbier

- É, bom... o dinheiro está aqui... muito bem, não apresentarei queixas. Mas, menina, é melhor se emendar. Em algum momento alguém não irá ceder e você acabará dividindo uma cela com criminosos de verdade.

O Oficial olha para o anão e para o cruzado. Então dá de ombros.

Oficial da Milícia

- Pois bem. Vamos embora, homens. E, mocinha, é melhor ouvir o conselho do mestre anão. Não quero ter que arrastá-la para a cadeia, é bem desconfortável lá.

Ele sai com seus soldados, com um rápido aceno de cabeça para todos os presentes. Na porta cumprimenta alguém.

Oficial da Milícia

- Boa tarde, madre. Sua benção.

Neka Águazul

- Que o Oceano lhe cubra de bênçãos, Capitão. Algum problema?

Oficial da Milícia

- Não senhora, tudo se resolveu. Se me dá licença...

E ele se vai com seus homens. Uma sacerdotisa halfling vestindo um manto azul e ostentando um diadema com o símbolo do Oceano, adentra ao recinto.

Neka Águazul

- Boa tarde. Vejo que o senhor já está de pé, Mestre Gregor. Vou avalia-lo daqui há pouco. E vocês? São devotos? O culto é ao entardecer, mas fiquem à vontade para orar perante o altar.

Gotharom Weissbier

- Desculpe, senhora, mas não tenho tempo. Já passou da hora de almoçar e tenho fome. Se me dá licença...

Neka Águazul

- Por que não almoça conosco? Venha, eu insisto. Vocês dois também... ora, um servo de Khalmyr e outra de Nimb! Que curioso! Prazer em conhecê-los, sou Neka Águazul, a sacerdotisa responsável por este templo. Por favor, fiquem e almocem conosco.

O anão aceita. Então a clériga nota a menina atrás de Gregor.

Neka Águazul

- Ora, ora. Quem é essa, Mestre Gregor? Sua namorada?

[DragonKing]

O barulho do mar tornava a cena menos tensa do que ela deveria ser. Thalassa entendia os riscos das suas atitudes porém não achava correto. Suas convicções eram diferentes das daquele povo todo ali, porém pelo menos a situação havia sido resolvida e o cruzado havia dito a verdade, suas palavras foram o suficiente para mudar o modo de pensar daquelas pessoas e deixarem Kênia em paz. Abaixou a cabeça na presença de Madre Neka e permaneceu calada, ela não sabia o que fazer e sentia vergonha pois estava usufruindo da hospitalidade do templo mesmo não sendo uma sacerdotisa.-Não foi prudente, mas obrigada- Falou baixo, olhando pra os próprios pés próximo a Gregor, olhou para Kênia e se abaixou para ficar na altura dela- Você pode ir com a Madre Neka ela vai cuidar de você, você pode ficar no templo se quiser porém terá que ajudar a manter o lugar você entende? Não precisa mais mendigar ou roubar, vou te ensinar tudo o que eu sei para que você não precisa mais fazer essas coisas.

Thalassa ficou em pé vendo as pessoas entrarem , olhou para trás vendo os guardas ido embora e encarou o cruzado por um longo tempo, não iria se desculpar, não nesse momento tinha seu orgulho e a vergonha por ter agido por impulso, naquele momento conseguia pensar nas consequências de ter desafiado a guarda e por o templo em risco, como também a pro´ria vida e a vida da Kênia, em vez de acompanhar os demais Kênia apenas correu para fora do templo, atravessou a praia e saltou na água como se fosse um peixe, precisava abstrair a mente dos pensamentos ruins e o mar era a única coisa que lhe acalmava.

[Aldenor]

Um sorriso era difícil para Arion, mas quando o anão e o capitão da guarda mostraram clemência, um pouco de satisfação transbordou para fora de seu rosto.

Arion

Fico feliz, senhores. Khalmyr é um deus justo e esta criança sofre injustiças na vida. Não é o certo vitimar os outros, mas é entendível... acho.

Comentou, mas depois pareceu um pouco confuso se estava falando algum tipo de heresia. Não. Khalmyr era justo e a justiça dos homens podia ser falha. Engoliu seco ainda temeroso.

Súbito, uma mulher adentrava o templo. Era uma halfling, a tal Neka Águazul que Thalassa mencionou anteriormente. Era agitada como uma halfling, mas também altiva como uma autoridade religiosa. Arion meneou a cabeça para cumprimentá-la quando o capitão foi embora.

Arion

Eu sou Arion Tigernach, clérigo da ordem da Cruzada de Khalmyr, não sei se está familiarizada. Estou em viagens para levar um pouco de justiça aos povos, e um pouco de ordem aos que sofrem pelos males do caos.

Essa última fala foi direcionada a Abgail, quando ele a encarou com algum desdém.

Neka convidou todos para almoçar, embora o anão tenha aceitado somente depois de uma insistência. Aquilo era bom, provocaria alguma harmonia e diminuiria a possibilidade de perseguição à criança futuramente. A mulher Thalassa com seu tridente parecia encolher-se em si depois da chegada da sacerdotisa do Oceano e comentou algumas coisas com a criança, reforçando suas responsabilidades. Arion a admirou ali, não apenas sua beleza, mas sua retidão moral. Outro sorriso escapou-lhe os lábios enquanto a olhava.

Arion

Aceito de bom grado alguma refeição. Se eu puder ser útil à senhora, Neka Águazul, é só me dizer que tentarei o meu melhor.

[John Lessard]

Abgail se deixava relaxar quando tudo parecia se resolver sem violência, ao contrário do que o estranho achava, ela era a que menos queria um conflito ali. Prontamente esperou que todos falassem, para que ela própria pudesse dizer algo, a primeira frase, especialmente direcionada ao comentário de Arion.

- E eu sou Abgail, uma boa samaritana... Sabe, deveria combater outras coisas também, como o preconceito. Fica a dica.

A moça se apressou em seguir a halfling.

- Yummi, estou faminta, se me permite dizer, tive que ficar batendo perna com esse encosto atrás de mim com essa cara feia e seu mal humor.

Deu um risadinha, afinal, era óbvio que falava em forma de brincadeira...

[Toyoda]

Gregor tinha comido não a muito tempo atrás, mas ainda lhe restava espaço no estomago, assim, apenas assentiu com um movimento de cabeça e um sorriso largo. Pois então Neka lhe faz uma pergunta indiscreta:

Neka Águazul

- Ora, ora. Quem é essa, Mestre Gregor? Sua namorada?

[/quote]

Gregor

Hahaha, oras madre Neka, sabe que vim de um naufrágio, e também que estava enclausurado em um de seus cômodos até esta manhã, não acha que seria tão rápido assim, seria? Hahaha
Pois bem, Kênia esta sob os cuidados de Thalassa, e bem, estou dando uma mãozinha...

Thalassa se vai, parece que deixou a criança aos cuidados do templo. Ela realmente parecia não gostar muito do convívio com outras pessoas e se retirou no momento.
Assim, Gregor ouve a apresentação dos demais e por fim apresenta-se ele mesmo, apesar da madre já ter feito isso por ele:

Gregor

Pois bem meus caros, meu nome é Gregor, sou um feiticeiro de Sckharshantallas, descendente do próprio dragão rei!

Diz juntando as mãos e deixando que uma luminosidade surja para “demonstrar” seu poder.
Então apaga e continua com seu sorriso leve:

Gregor

Muito prazer Abgail, muito prazer Arion Tiamat! Uma dupla interessante, pelo que pude ver, ele é devoto de Khalmyr e ela de Nimb... Muito bom, o equilíbrio entre a ordem e o Caos

[Padre Judas]

Vollendann

Thalassa fala com Kênia e depois sai correndo.

Neka Águazul

- Espere, Tha... ó, ela já foi. Que coisa estranha...

- Bem, ela volta depois. Vamos entrando. Então... Kênia, não é? É amiga de Thalassa?

Kênia

- Eu... eu acho que sim, senhora.

Neka Águazul

- Que ótimo. Ela bem precisa. Gina, vamos preparar o almoço para nossos convidados!

Uma halfling mais jovem de cabelos com um dourado quase prata aproxima-se.

Gina

- Sim, senhora.

Ela os conduz até a cozinha e lhes senta à grande mesa enquanto preparam a refeição.

Neka Águazul

- Vocês três... – ela aponta para Arion, Abgail e Gregor - Tem cara de aventureiros. Estou certa, não é? Sabe, há alguém que precisa de aventureiros e acho que vocês são adequados para isso. Mas eu queria falar com Thalassa também. Vamos esperar que ela retorne. Enquanto isso comam, comam.

Ela serve um cação com maçã, um prato cujo preparo se revela rápido. Coloca-o sobre a mesa com vinho.

Gina

- A mestra é uma excelente cozinheira. Preparem-se para provar a fina culinária costeira halfling!

A jovem noviça fala com certo orgulho na voz. Gotharom ri e bate as palmas, animado.

Gotharom Weissbier

- Ho, ho, ho! Parece realmente delicioso! Hoje vamos nos fartar, não é padre!

Ele dá uma cotovelada amigável em Arion. Neste momento Thalassa retorna, trazendo alguns peixes consigo.

Neka Águazul

- Oras! Vejo que já trouxe o jantar, Thalassa! Muito bem, sente-se e coma também. O quê? Já comeu? Ora, que isso, coma mais um pouco! Coloque um pouco mais de carne nesses ossos, vamos lá!

Kênia, por sua vez, não se faz de rogada e também se anima com mais comida.

Neka Águazul

- Muito bem. Antes de começarmos, unam-se a mim em uma oração de graças.

Ela senta-se à cabeceira e pega na mão de Abgail à direita e Gina à esquerda. Gina segura a mão de Thalassa que segura a de Kênia e esta de Gregor. Do outro lado da mesa, Gotharom segura a mão de Arion com firmeza, mas Abgail fica receosa de pegar a mão de Arion – até ser levemente induzida por um gesto e um sorriso amoroso da clériga do Oceano.

Neka Águazul

- Ó, Grande Oceano, Senhor dos Mares, Guardião do Mundo! Nós vos agradecemos!

- Obrigada por todas as graças que o Senhor nos concedeu. Nós somos gratos pela vida de todos os familiares e amigos que estão aqui neste dia e por aqueles que não podem estar.

- Obrigada pela dádiva que é acordar a cada novo dia. Obrigada, Senhor, por nos mostrar a Fé e a preciosidade da vida através do olhar de todos aqueles que amamos. Obrigada pelas águas salgadas e doces que nos nutrem.

- Obrigada por cada refeição que o Senhor coloca em nossa mesa, pelos frutos marítimos que nos concede.

- Obrigada, Grande Oceano, por estar sempre presente em nossas vidas, olhando e velando por nós, nos guiando e nos protegendo.

- Obrigada, Senhor, por todas as graças que nos concede e por nos conceder a sua benção, hoje e sempre. Assim dizemos todos!

Ela para um instante e olha para Abgail e Arion. Então continua.

Neka Águazul

- Não nos esquecemos de agradecer também a Lorde Khalmyr por sua Justiça e Lorde Nimb por seus favores. Que continuem grandiosos nos céus e tomem parte de nossas vidas. Pois são os Deuses irmãos e assim devemos ser também. Assim dizemos todos!

- Vocês dois gostariam de dizer algo?

Ela fala com a samaritana e o cruzado. Após ouvi-los ela dá por encerrado o momento de oração, soltando a mão de Gina e Abgail.

Neka Águazul

- Podemos comer agora. Sirvam-se!

O almoço é agradável e farto. Além do prato principal também há salada de maionese com verduras e legumes e salpicão. Gregor, Thalassa e Kênia haviam acabado de comer e não há muito que possam fazer – apesar dos esforços da garota em simplesmente engolir o máximo que podia.

Neka Águazul

- Pois bem, agora sobremesa. Eu guardei algo aqui...

Ela serve um pudim de gorad ao leite. Gotharom abre a boca, quase salivando. Os olhos de Kênia brilham. Todos se servem de um pedaço.

Neka Águazul

- Quem quer um café pra arrematar?

A bebida quente e doce desce calorosa pela garganta. Gotharom relaxa na cadeira, olhando para a xícara como quem medita profundamente.

Gotharom Weissbier

- A patroa lá em casa não pode ouvir isso, mas esta foi a melhor refeição que já provei!

Gina

- Ora, mestre anão, isto foi somente um almoço frugal. Venha nos dias de festa e terá uma verdadeira refeição.

O anão abre um enorme sorriso e balança a cabeça positivamente.

Neka Águazul

- Muito bem. Todos comemos. Agora... tem algo que preciso pedir aos aventureiros presentes.

Gotharom Weissbier

- É... e eu tenho que ir. Foi um grande prazer estar com vocês! Espero que nos encontremos novamente – senhoras, eu virei visitar o templo na próxima vez que vier à Vollendann! Padre, agradeço pelo seu tempo! Fico feliz que tudo tenha se resolvido do melhor modo para todos! Nos vemos por aí, eu espero!

Neka despede-se e pede que Gina acompanhe-o até a saída. Também pede que cuide de Kênia, após ouvir as explicações de Thalassa sobre a situação. Então se volta para os quatro restantes.

Neka Águazul

- Não tenho dúvidas de que o Grande Oceano foi quem enviou-os para cá! São aventureiros, eu bem o sei! E há uma aventura a ser realizada!

- Eu recebi uma carta de minha vila natal, Vila Marlim. Meu primo, que é o prefeito, pede ajuda para lidar com monstros marinhos que andam atacando a vila. Não posso me ausentar de meus deveres aqui ou iria eu mesma. Mas já que estão aqui, acho que podem nos ajudar.

Enquanto fala ela retira um pergaminho das vestes e o desenrola, lendo-o para todos ouvirem.

Neka Águazul

- “Há quatro dias monstros saídos do mar atacaram o vilarejo. Neste primeiro ataque eles destruíram barcos de pesca e equipamento, mas atacaram à noite e não houve vítimas. Infelizmente na noite seguinte eles voltaram a atacar e desta vez mataram o jovem Erni. Ele e Sianna passeavam pela praia quando foram surpreendidos e, segundo a moça, Erni ficou para trás para que ela pudesse escapar. Encontramos seu corpo no dia seguinte – era um bom rapaz e a vila está de luto.

- Nas noites seguintes nos escondemos e eles se contentaram em destruir o equipamento. Não somos guerreiros, prima, não podemos lutar contra essas bestas. Só temos a esperança de que alguém envie ajuda. Longe de mim desviá-la de seus deveres sagrados, mas como vive em uma cidade grande peço que encontre aventureiros e os envie. Diga-lhes que estou disposto a pagar cem tibares de ouro por aventureiro caso nos ajudem a nos defender.”

Ela deita o pergaminho sobre a mesa e encara os quatro.

Neka Águazul

- O que meu primo Berto pede não é caridade. Pedimos – pois junto minha súplica à dele – é que vão até Vila Marlim e combatam essas criaturas, sejam quais forem. Meu primo irá pagá-los. Acredito que cem tibares de ouro é uma quantia considerável e justa. Se aceitarem lhes darei um mapa até o povoado – o caminho é em boa parte por dentro do continente, atravessando as Planícies Tói-Tódi em sentido norte. Se houvesse um navio poderiam ir por mar, mas infelizmente não há nenhum – já verifiquei. À cavalo levariam um dia pra chegar e à pé levarão uns dois.

- O que me dizem?

[Aldenor]

Abgail não perdia a chance de insultá-lo. Arion lembrava de um escudeiro mais velho que respondia à menor provocação com violência extrema e era sempre punido pelos tutores. O jovem cruzado fez uma careta silenciosa pensando que agora conseguia entendê-lo um pouco. Não, não podia se entregar à raiva. Isso era um resquício de quando mais novo, quando vivia a ter escaramuças com Lívia, sua irmã mais nova. Embora, claro, Abgail fosse bem mais velha que ela.

Arion virou-se para Gregor que falava com alguma propriedade e certa maturidade, embora parecesse tão jovem quanto ele. Falou que era um descendente do próprio Rei dos Dragões Vermelhos e provocou um meio sorriso zombeteiro.

Arion

... entendo.

As lembranças vieram involuntárias. Era criança, sua mãe ainda era viva... seu sorriso carinhoso e amoroso, aqueles olhos cor de mel. Um dia seu pai contou sobre sua reclusa família e o motivo por não conhecer seus primos. Eram rejeitados pela nobreza de Roschfallen, pela família Tigernach, porque Aaron se casou com uma plebeia estrangeira. Arion ficou mais curioso quanto às origens de sua mãe e ela lhe contou em forma de um conto de fadas, já na cama. Ela viera de um reino descrente dos deuses e seu pai era um homem distante e inalcançável. De uma família rica, não muito diferente dos Tigernach. Porém, Vanessa sequer foi reconhecida pelo pai e não recebeu o sobrenome da família Maedoc. Querendo saber mais sobre eles, Arion insistiu na história e ficou sabendo de como havia um grande reino do deserto em tempos imemoriais onde vivia uma dragoa dourada. Dizem que os Maedoc são descendentes dela nos dias de hoje.

Tudo isso passou por sua cabeça como um instante, mas Arion percebeu que Gregor fazia troça de seu sobrenome.

Arion

É Tigernach. Arion Tigernach.

Repetiu ríspido, embora não tomasse o sobrenome com orgulho, pois desprezava tanto a família de seu pai como a de sua mãe. No fundo eram nobres arrogantes. Porém, era seu nome e tinha que ser respeitado.

Uma outra halfling surgiu no meio deles e parecia ser uma empregada do templo a serviço de Neka. Arion olhou com curiosidade como se movia, diminuta, por entre eles para levá-los à cozinha. O rapaz andava olhando para o chão, sisudo quando a sacerdotisa começou a falar com os três (aliás, foi aí que Arion percebeu que Thalassa não estava mais lá).

Arion

Sim, senhora.

Respondeu marcialmente quando perguntado se era um aventureiro, embora não pudesse responder por Gregor e Abgail.

O cheiro do peixe era delicioso. Arion não entendia nada sobre as iguarias marítimas, muito menos nomes de peixes. Por sua criação em Roschfallen e pelo imaginário bielefeldiano, as coisas "do mar" eram meio que um tabu. Por alguma coisa que aconteceu no passado que Arion não tinha interesse em saber. O almoço parecia promissor e Arion apenas concordava silencioso com o anão sobre a fartura até mesmo depois de levar uma cotovelada dele. Não era de falar por amenidades.

Thalassa chegou em seguida com peixes chamando a atenção de todos. Ela parecia humana à primeira vista, mas em outras, parecia uma criatura do mar. Arion ouviu falar de histórias horripilantes das terríveis sereias que seduziam incautos no mar para devorá-los. A beleza das sereias era sua marca principal e por isso Arion ficou cauteloso quanto a Thalassa...

Neka chamou atenção para si e pediu uma oração ao Oceano. Até aí, tudo bem, Arion conhecia o ritual antes das refeições e teria que fazer uma breve e silenciosa prece antes de comer. Mas a sacerdotisa pediu para que todos se dessem as mãos. Arion não ficou nada contente em ter que dar a mão à Abgail.

Arion

T-tenho mesmo?

Foi impossível prosseguir formal naquela situação e o sussurro saiu involuntário de seus lábios acompanhado de uma breve careta. Por fim, segurou sua mão. Arion tinha a mão áspera pelo constante treinamento militar e uma pegada firme e prendeu a mão de Abgail como uma algema.

Neka ainda concedeu a palavra a Arion e a Abgail, o que foi bastante gentil de sua parte. Geralmente devotos dos deuses do Panteão não davam espaço para outras vozes e isso parecia injusto aos olhos do cruzado. Meneando a cabeça discretamente, Arion tomou a palavra.

Arion

Obrigado pela oportunidade, senhora Neka Águazul. Gostaria de agradecer a Khalmyr por ensinar a humanidade a justiça, a retidão moral e a organização da sociedade, que sem ela nós viveríamos como animais selvagens. Porém, sobretudo, gostaria de agradecer a Khalmyr por sua bondade, zelo e por nos oferecer conforto e proteção com a igualdade e liberdade. Que sua balança penda sempre equilibrada e que as espadas de seus devotos continuem afiadas para destruir os inimigos da ordem e da bondade.

Disse apertando um pouco mais a mão de Abgail, embora não o suficiente para qualquer dor.

A comida foi servida e Arion se enfartou sem protocolos. Parecia um rapaz normal sobre a mesa, sem modos ou requinte. Comia... não, devorava a comida quase da mesma forma que Kênia, a criança ladra redimida. Porém, evitou o doce. Arion não gostava de doces e aceitou o café. Depois de um tempo, o anão decidiu ir embora e agradeceu novamente ao cruzado.

Arion

Todos ficamos satisfeitos com o modo ordeiro e civilizado que resolvemos a questão, senhor Gotharom Weissbier. Evitamos com sucesso que as coisas... saíssem do controle para a loucura. Tenho certeza que Khalmyr se alegrou em sua morada.

Sorriu singelamente.

E então, Neka trouxe trabalho, aventura, um pedido de ajuda e era seu dever aceitar. Mas também era seu desejo, pois a causa parecia justa. Monstros que ameaçam o povo comum deviam ser detidos. Por fim, ela perguntou se aceitariam o pedido de ajuda. Arion levantou-se da mesa num rompante, quase batendo continência.

Arion

Sim, senhora. Que Khalmyr nos ajude. Khalmyr Vult.

Aceitara tudo. O pagamento, o mapa, a partida.

[John Lessard]

Abgail continuou junto dos demais, lançando um olhar de soslaio quando o homem de barba finalmente se apresentou como Gregor. A garota lhe lançou um sorriso feroz, após seu comentário sobre Ordem e Caos.

- Não há equilíbrio senhor feiticeiro, ele é como uma garoa fina, enquanto eu sou um furação tropical.

E gargalhou gostosamente.

Finalmente sentaram-se em volta da mesa. Abgail relutou quando teve que segurar na mão de Arion, mas o fez, em respeito a Neka. Logo Thalassa também estava ali e havia trazido peixes. A samaritana já salivava, sentindo o estomago roncar mediante a fome. Havia uma outra halfling que parecia ser a cozinheira, da qual Abgail sorriu ao ver pela primeira vez, porém agora mantinha a cabeça baixa, ouvindo a prece de Neka. Arion segurava sua mão com força, era impressionante como era um bruto até aquele momento. A garota puxou sua mão do outro lado rapidamente, e já tocava um dos dedos na comida quando Neka pediu a palavra de ambos. Abgail paralisou, encarando a halfling durante dois segundos.

- ...Amém?

Prontamente Arion começou a falar sobre Khalmyr e agradecer sobre ordem e bondade, enquanto apertava mais sua mão... Abgail deu de ombros quando ele terminou e pôs a falar também.

- Pois eu agradeço a Nimb pelo caos e pela verdadeira liberdade que nos dá, pela aleatoriedade dos eventos que tornam a vida mais interessante e real e por minha incrível sorte. Que Lorde Caos role bons dados a todos nós!

Avançou contra a comida depois disso. Não imaginava que poderia estar tão faminta, mas estava, por isso se mantinha em silêncio enquanto os demais conversavam. Não demorou muito para que Neka observasse que eles eram aventureiros. Abgail mastigava carne macia de peixe, enquanto olhava para Gregor, Thalassa e Arion. Concordou com a cabeça, lentamente ao chegar a uma conclusão. Neka ainda falou sobre monstros marinhos que atacavam pessoas indefesas e sobre a morte de Erni...

- Erni morreu?! Oh não, que terrível...

Balançou a cabeça, desolada, mas logo sorriu ao ver o pudim de Gorad, puxando um pedaço para si.

- Ai Nimbizinho nos altos céus, eu adoro doces!

E encheu a boca, enquanto Neka terminava de falar sobre a missão. Rapidamente Arion se levantou com tudo, aceitando. Abgail que tinha a boca cheia de pudim o encarou assustada, voltando a mastigar lentamente.

- Calma a aí, soldadinho de chumbo... Bem, eu irei, se mais alguém for, ninguém merece viajar sozinha com o delegado.

Disse apontando com o polegar para Arion.