Um Mundo Moribundo, Um Ano Depois
Alto Hrothgar
Aquele mundo estava morrendo.
Quando lhes contaram isso, não acreditaram muito. Mas era verdade. Aquele mundo definhava e todos os que ali viviam sabiam que aproximavam-se inexorávelmente do fim. Havia um ar de fria resignação e tristeza.
Entretanto, ali encontrariam o que buscavam.
Era de se esperar que descansassem. Nas lendas e histórias os grandes heróis penduravam suas armas e viviam felizes para sempre.
Mas ainda havia muito a ser feito e eles não podiam simplesmente ficar parados.
Sob o peso da nevasca eles avançavam, escalando os Sete Mil Degraus que os levariam ao Alto Hroghgar. Cavalgavam, lidando com o clima como podiam. À frente ia Dom Capella, Barão de Solaris e Cavaleiro de Vitória, assim como sua esposa, Dona Mirach. À direita um hobgoblin, Capitão-Geral Heikki. Embora não tivesse sido um dos Heróis escolhidos pelos Deuses, insistira em tomar parte naquela missão. Havia sido promovido ao grau mais alto da hierarquia em Kalevala, mas estava ali como um aventureiro como outro qualquer, sob as bençãos de seu senhor.
Logo atrás ia um nagah acompanhado de uma pequena macaca. Balah e Sandra haviam sido ressuscitados pelos clérigos de Thyatis a pedido da própria Imperatriz, após seus corpos terem sido recuperados pelos gaziras da Ilha da Caveira. Ao lado da dupla ia Gael. Havia treinado como podia e agora sentia-se pronto para enfrentar qualquer ameaça ao lado dos antigos companheiros. Lilith também ali estava. Havia deixado temporariamente seu trabalho na Academia Arcana para participar daquela nova jornada.
Logo mais atrás Anser, Ankaa e Ikki fechavam a fila. De certo modo, eram os principais interessados naquela missão.
Ankaa buscava sua mãe, Ikki buscava sua esposa. Akila.
Quando Anser pedira à Vitória que ressuscitasse a fênix fêmea, esta não pode. Uma fênix era uma criatura que tecnicamente já era imortal e ressuscitava por conta própria. Se uma havia morrido, ainda mais após ter feito um Sacrifício Heroico, era em princípio impossível trazê-la de volta. Uma Divindade Maior poderia fazê-lo, é verdade, mas Vitória era apenas uma sombra, não tinha o poder de uma Deusa real.
Mas ela lhes dera pistas. Pistas que levaram a outras pistas. Durante quase um ano Anser e Ikki rastrearam todas até encontrar a resposta. No pólo sul daquele mundo moribundo havia uma enorme montanha e no topo desta montanha havia um antigo monastério chamado Alto Hrothgar. Em Alto Hrothgar vivia Paarthurnax, um sábio quase tão antigo quanto a própria Criação. Ali ele ensinava os segredos do Thu’um, um poder ancestral que nascia da própria voz. E havia um thu’um, uma palavra de poder, que podia trazer Akila de volta. Paarthurnax a conhecia - só precisariam convencê-lo a usá-la. Ou ensiná-la.
Já estavam chegando ao topo, ao monastério. No caminho haviam enfrentado bárbaros, trolls do gelo, wargs, uma tribo de gigantes e até mesmo a própria topografia e o clima era uma ameaça. Eram chamados Sete Mil Degraus, pois eram mesmo degraus esculpidos na rocha, mas havia trechos onde eles desapareciam e outros onde haviam se tornado tão escorregadios que subí-los era um risco maior do que fazer uma escalada normal. Além disso, foram informados de que não poderiam recorrer a truques – subir os Degraus era parte do desafio de chegar a Alto Hrothgar e não seriam recebidos lá se não seguissem as regras.
Enquanto desafiavam a tempestade, Heikki achou interessante fazer um comentário.
Capitão Heikki
- É uma das piores nevascas que já vi e olha que já vi muitas! Se a vencermos Ukkonen ficará muito satisfeito!
Ukkonen, o Deus da Nevasca, era uma das principais divindades kalevalanas. Alguns suspeitavam que fosse um aspecto de Tauron.
Estavam tão perto agora. Ouviram então um rugido. Diante deles pousou um dragão negro de aspecto doentio, o maior que já viram. Todos sacaram suas armas e prepararam seus feitiços. Uma figura utilizando uma armadura conhecida desceu da besta e caminhou em sua direção. A meio caminho parou e retirou o elmo, com um sorriso cruel.
Tom
- Olá, povo! Espero que tenham sentido minha falta. Vamos continuar de onde paramos?
FIM