Finalmente pus as mãos no meu livro e pude lê-lo. E caceta, que delícia! Não tive tempo de organizar minhas ideias certinho (e essas próximas semanas estão difíceis), então vou soltar uns comentários rápidos na ordem que me surgiram enquanto eu lia o livro:
* Finalmente um livro de cenário novo! É claro que os manuais de classe, bestiários e livros de aventuras trazem material do cenário também, mas um livro com uma parcela considerável de cenário e mudança já fazia algum tempinho, até onde me lembro.
* Estranhei muito, inicialmente, a mudança do modelo planar para mundos/planetas. E, por já estar tão acostumado com o formato antigo, continuo achando estranho. Mas, apesar de estranho, adorei! Como estudante de engenharia aeroespacial e amante de Spelljammer, já estava bastante instigado desde o Só Aventuras - Volume 4. E faz de Tormenta cada vez mais um cenário que pode ser utilizado para campanhas de qualquer gênero imaginável (algo que sempre amei no cenário).
* Obrigado pelas mini-fichas dos personagens ao longo do texto. Isso sempre me fez falta em vários dos últimos livros de Tormenta e gostei muito que foi bastante utilizado no MdD.
* Por mais que pra mim não seja algo essencial, me agradou bastante os nomes e (principalmente) sobrenomes aportuguesados.
* Não senti falta das descrições de deuses, avatares ou coisa que o valha. Não significa que eu não gostaria destas descrições, mas é um livro sobre seus mundos, e nisso concordo plenamente que os deuses em si não cabem no escopo. Uma nova edição de O Panteão cairia bem, e agora teria ainda mais espaço para aprofundar os deuses em si considerando que muito do material da antiga edição já foi atualizado e/ou expandido em livros como Mundos dos Deuses, Manual do Devoto e Mundo de Arton - O Panteão.
* Aquela esperançazinha marota de ver Dado Selvagem (e tantas outras séries) concluída algum dia.
* Fiquei bastante contente em ver a grande presença de Moreau em Arbória. Fico contente com todos esses laços que reforçam que Tormenta e Moreania não se tratam de cenários desvinculados (ou mesmo de coisas realmente diferentes).
* Gostei muito dos elementos comuns a vários mundos, como o Grêmio dos Caçadores e, principalmente, o Abismo e os Nove Infernos.
* Deathok foi provavelmente meu mundo preferido, com o Templo do Despertar, Poço das Almas, Conselho dos Esquecidos e, especialmente, Nerak (mas olha, não teve um que não causou uma boa empolgação na leitura, tanto é que li o livro tão rápido).
* As várias referêncais espalhadas pelo livro também agradaram bastante, mas sinto que por eu ter estado tão longe da cultura nerd não tenha reconhecido metade (mas a minha favorita foi o Mestre Kame, hehe).
* Gostei do modo como a Divina Serpente foi colocada.
* Kaz'zil é realmente só Mago 6/Professor de Magia 10? Como reitor da maior academia de magia do multiverso, esperava um pouco mais dele.
* Estou aguardando ansiosamente o BURP ressuscitar os netbooks sobre Magibol (D20, 3D&T), agora quem sabe como oficiais. Dependendo do caso até posso dar uma mão a longo prazo. Até na época que eu era chato e detestava material não oficial eu adorava esses netbooks.
* O que foi a reaparição do Syrion? Carai, que crueldade.
* Uma coisa que eu ainda gostaria de ver, seja como web-enhancement, matéria na Dragão Brasil ou o formato que for, é alguma descrição de Ninvenciuén pré-Tormenta no mesmo estilo dos demais mundos do livro, e quem sabe aparecendo alguns elementos como os Elfos-das-Neves e Elfos-do-Deserto em regras.
* Fiquei bastante curioso com a Grande Guerra Civil citada na descrição da Academia Militar Exceler.
* Senti falta de Beluhga em Ordine.
* Também senti falta do Moóck.
* Cheguei a conclusão de que o Tex Scorpion Mako já virou tipo um easter egg dos livros de Tormenta. O cara tá em todas (Guia da Trilogia, Tormenta RPG, Manual do Combate...), haha!
* Dislik está de volta! Mas engraçado ele ter ido parar em outro lugar que não Chacina (e não menos divertido e interessante).
* A descrição das Cavernas Diltrinn, para alguém levemente claustrofóbico como eu, foi um tormento.
* Me assustei um pouco com Vitália e seu mundo não muito pacifista. Não me recordo como era nos livros anteriores, talvez por isso tenha me surpreendido um pouco.
* Senti falta de uma descrição mais detalhada do Torneio de Keenn como aquela do Tormenta Alpha, mas entendo o motivo de algo assim não entrar no livro.
* Acho que aqui vai a minha única crítica maior para o livro, apesar de entender o que levou a definição do formato final do mesmo: achei que ficou desbalanceada a proporção de material de jogo em relação à descrição dos mundos. Tenho plena concordância que, diferente de um O Reinado, era necessário sim ter uma boa parte de regras neste livro, e também sei que independente do tamanho sempre ia acabar faltando coisas (afinal, se num livro que era maior e tinha como escopo descrever meio continente já ficava muita coisa de fora, imagina um livro que precisa descrever mais de vinte mundos). E não estou criticando o que entrou, pelo contrário, gostei de absolutamente tudo (tudo mesmo!), mas a minha crítica vai no sentido de que algumas dessas coisas caberiam no escopo de outros livros (os monstros poderiam entrar num bestiário, por exemplo), já uma ou duas páginas a mais de descrição de cada mundo ou descrições mais detalhadas de outros planos são bem mais difíceis de encaixar.
* Nesse sentido, senti falta de descrições um pouquinho mais detalhadas dos planos elementais, paraelementais e quasielementais (apesar de que esses dois últimos não sei se já foram inclusos em Tormenta antes, mas era uma boa oportunidade), nos moldes da matéria que o Marcelo Wendel escreveu na DragonSlayer #18. Achei também que poderia ter a descrição mais detalhada de algum semiplano exemplo, para o qual o Reino dos Pesadelos serviria muito bem; e poderia ter descrições breves (coisa de um parágrafo ou duas ou três frases) de alguns outros mundos de exemplo, mas isso na verdade é bem passável.
* Fique com uma leve impressão de que uma partezinha ou outra acabou tendo que ser achatada para caber no livro. Mas nada que chamou demais a atenção.
* Tem uns detalhezinhos que parecem bestas, mas que enchem o cenário de cor e detalhes e mostram que ele se tornou um negócio absurdamente completo e abrangente. Um exemplo claro é que agora até signos e astrologia ele tem! E olha que eu, Vitor, adepto do materialismo histórico e dialético, abomino astrologia, mas não tive como não achar genial de encontrar esse tipo de coisa no livro.
* Sei que o tio Brauner não anda mais muito por aqui, mas fiquei numa seca pra ver aquela brincadeira de primeiro de abril dele, o Tormenta 50.000 AD, se tornar realidade depois de ler esse livro.
Enfim, gostaria de parabenizar os três autores pelo baita livro de estréia, que (apesar das críticas) eu não tenho dúvidas de que se trata de um dos melhores livros do cenário, que conseguiu captar tudo quanto é gosto de fã e inseri-lo de modos muito bem trabalhados no texto, além de trazer muita coisa nova e inesperada. Minha nota final é um 8,5/10. Fico ansioso pelos próximos trabalhos do Trio!