Nick compreendia a cautela da garota, mas achou a preocupação desnecessária naquele caso. A própria Selene compreendeu o motivo com uma rápida olhada. As portas não haviam caído devido ao tempo como acreditou à princípio, mas sim, tinham sido praticamente arrancadas dali, empurradas pelo lado de dentro. O paladino não precisou fazer muita força para abrir o que havia sobrado.
Estava bastante chamuscada pelo lado de dentro, assim como toda a sala, que tinha sido igualmente destruída pelo fogo. Pelo estado lamentável do lugar, seja lá o que havia causado o incêndio, já fazia um certo tempo. Alyssa, Kenlee e Gard também se aproximaram, mas não havia nada para ver, exceto destruição e ruína. Nessa hora, Milena se remexeu inquieta no colo do bárbaro, suspirando profundamente.
- Ah garou'tha estwá racohr dahdah...
- Ela está melhor? - perguntou Selene, preocupada. Caminhou até a menina, uma lágrima de alívio em seus olhos - Milena!
- Não entrem nessa sala ... - sussurou a clériga - Sinto tristeza ali. E dor.
- Eu também não estou confortável com esse lugar, pra ser sincero - respondeu Kenlee sentindo um certo desconforto, talvez provocado por sua paranoia natural, talvez por algo mais.
- Eu verifiquei, não há armadilhas na porta, tampouco... - respondeu Selene indo em direção ao lugar, mas Nick a segurou pelos ombros e a puxou para fora num rompante. O seu manto reagiu quase por instinto, prestes a atacar para defendê-la. Porém, sentiu que o paladino não pretendia feri-la. Ao contrário, queria protegê-la de algo. Algo ruim.
- Por todos os deuses do panteão... - falou, e se calou ante o que viu.
Haviam restos de corpos ali dentro. Muitos. Ossadas de vários tamanhos, de várias raças. Estavam todos muito próximos da saída, empilhados uns sobre os outros, visivelmente tentando escapar das chamas que consumiram o lugar. Foram todos presos juntos nas profundezas da mina e queimados vivos. Selene levou as mãos até a boca, perplexa diante daquele horror. Alyssa se antecipou e fechou a porta. Também estava abalada.
- Como tiveram coragem de fazer uma monstruosidade dessas?
Ficaram em silêncio por algum tempo. Milena se abraçou à Gard e dormiu novamente, mas lágrimas caíam de seus olhos. Toda a maldade que aquela cena evocou os feria de um jeito que não conseguiam expressar em palavras. Em dado momento, Kenlee adiantou-se:
- Talvez não seja um bom caminho este, podemos retornar pelo que viemos.
- Há uma saída aqui, com certeza - afirmou Selene - Mas podemos regressar pelo que fizemos antes. Desculpe por isso, mas não vai acontecer de novo. Enfim entendi os corredores dessa mina.
- Voltar não é uma boa ideia - falou uma vozinha de criança no limiar da luz produzida por Kenlee.
- Kem Sthar ahí? - adiantou-se Gard.
- Venha para a luz - pediu Nick achando graça da própria piada - Mas com calma, por favor.
Com alguns passinhos, a criança surgiu perante o grupo. Era uma goblin, ainda que mais alta e com feições mais delicadas, visivelmente grávida. Trazia uma das mãos escondidas dentro da mochila, e na outra trazia pelas mãos um goblinzinho menor, com cara de travesso. Ele estava com a mão livre sobre a boca, tentando esconder um sorriso.
- O outro caminho está repleto de minotauros - confidenciou - É melhor pra todo mundo se seguirmos por aqui mesmo.
Turma, a Petúnia, personagem do Matheus, encontrou vocês nessa situação. Como o grupo vai reagir aos goblins? =D