Herança - Ato XVIII - Petúnia

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Armageddon
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Herança - Ato XVIII - Petúnia

Mensagem por Armageddon » 28 Fev 2018, 12:47

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Um corpinho depenado, ressecado e devidamente decapitado de pássaro pulava a esmo pelo chão sujo da mina de prata com uma chave em volta do pescoço. O exótico canário-zumbi obedecia cegamente (literalmente nesse caso) os comandos de Togs, um goblin baixinho com os olhos muito aumentados pelo efeito das lentes de dos óculos de aro grosso. Ele, junto com os irmãos Tugs e Natz, eram os últimos três mineiros de Folha-Prata. No momento, passando por maus bocados.

Haviam lutado contra um grupo de invasores e acabaram derrotados facilmente. Para aumentar sua vergonha, estavam presos e amarrados no fundo de uma gaiola. Felizmente, os aventureiros haviam esquecido do passarinho. Pelo menos em parte, já que tiveram o trabalho de arrancar o craniozinho do animal antes de abandoná-lo em qualquer lugar.

— Aqui! Bichinho, bichinho! — comandava Tugs, cada vez mais irritado — Aqui, idiota! Você já não tinha mais olhos! Você enxergava antes!

— Togs chateado porque não tinha percebido que canário estava morto? — caçoou Natz, rindo com as mãozinhas de goblin amarradas atrás das costas. Tugs também começou a rir. Tanto que Togs parou de chamar o canário para aplicar uns bons chutes contra os irmãos. A briga aumentou em intensidade, transformando-se em uma barulheira infernal de chutes e mordidas do lado de dentro da gaiola. E terminou abruptamente quando uma conhecida voz feminina chegou até os ouvidos do trio.

— Que droga vocês estão fazendo ai? — perguntou a goblinóide. Era uma fêmea, mas bem mais alta do que os três devido ao sangue humano herdado do pai. Além disso, estava grávida. O ventre já pesava, e sentia o bebê se mexendo levemente lá dentro.

Fom o Fatz fem fomefou! — ralhou Togs ainda com a canela de Tugs firme entre as presas. O outro goblinzinho estava desacordado, com uma concussão considerável na testa.

— Não interessa quem começou — respondeu Petúnia recolhendo a chave e o craniozinho do canário e encaixando ambos no lugar. O portão velho abriu com um estalo, e rangeu com força no batente — Quem prendeu vocês?

— Um cara com cara de urso… — respondeu o primeiro goblin.
— E outro com cara de tarado! — respondeu o segundo, rindo.
— E um terceiro com cara de lata. — lembrou o terceiro, recobrando a consciência no mesmo instante para participar daquela animada conversa.
— Também tinha mais gente. Duas meninas. Uma alta e outra baixinha. E um minhoboi.
— Minhotauro — corrigiu um deles.
— É minotauro que chama — lembrou o terceiro.
— No caso dele era um manetauro — brincou Natz — Ele era maneta.

Os três caíram na gargalhada com a piada, deixando Petúnia mergulhada em pensamentos. Pela descrição dos mineiros, parecia que um grupo de aventureiros havia se embrenhado nas minas. Mas o que heróis estariam fazendo em Folha-Prata?
Hora do roleplay, cara. Fique a vontade para tirar dúvidas e interagir com os três goblins. Você os conhece há poucos dias e eles te acolheram nas minas. Você não andou pela superfície desde então. São os únicos goblins da cidade.
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Matheus
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Re: Herança - Ato XVIII - Petúnia

Mensagem por Matheus » 28 Fev 2018, 15:54

— Humm... Parece que o circo chegou aqui na mina. Mas poderia ter sido pior, pelo menos eles não mataram vocês. — Petúnia começou a olhar para os lados, em buscas de mais pistas dos novos visitantes — Eles disseram algo enquanto chutavam a bunda de vocês? Procuravam por alguma coisa específica?

Petúnia então começou a examinar o corpo dos goblins para entender que tipo de ferimentos tinham conseguido na luta. Se fosse uns meses antes, iria direto para o meio da diversão, ver o que estava rolando, mas agora, com a barriga imensa, não podia mais correr tão bem caso desse algo errado. E ainda tinha um minotauro mais a frente, que é o tipo de coisa que costuma a dar muita dor de cabeça, mesmo maneta.

— E porque vocês brigaram? Me disseram que tinham cinco pessoas e um minotauro, estão querendo morrer? Era melhor só tentar fugir — Petúnia parou e pensou novamente. Se os três estavam vivos os invasores não deviam ser tão maus. Ela mesma tinha vontade de matar esses três vez ou outra.

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Armageddon
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Re: Herança - Ato XVIII - Petúnia

Mensagem por Armageddon » 01 Mar 2018, 21:22

- Eu briguei porque isso é coisa de goblin! - respondeu Natz.
- Eu briguei porque bateram no Tugs! - explicou Togs.
- Eu briguei porque... Não, eu não briguei! Eu fugi! - lembrou Tugs.
- É, ele fugiu... - ralhou Natz dando um soco no braço de Togs.

Os três deram sequencia a algaravia de acusações e golpes entre si, mas Petúnia já estava pensando muito a frente. Aparentemente os tais invasores tiveram certo cuidado para não acabar com a vida das três criaturinhas. Os ferimentos eram leves, mais para um safanão do que para um golpe sério. Desistiu de tentar encontrar explicações com aqueles três. Se quisesse respostas, precisaria seguir por conta própria. Até onde lembrava, o único lugar que poderia ser minimamente interessante para aventureiros eram os depósitos dos minotauros. Para sua sorte (ou azar) o único caminho para entrar e sair era aquele.

Eles poderiam voltar a aparecer ali a qualquer momento.
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Matheus
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Re: Herança - Ato XVIII - Petúnia

Mensagem por Matheus » 02 Mar 2018, 03:12

— HEY! HEY! HEY! — Disse Petúnia se esforçando para separar a briga como podia. — Sem mais brigas por hoje!

Petúnia olhou para os três. Não eram exatamente um exército bem treinado e já tinham apanhado para os visitantes, mas era o que ela tinha no momento.

— Eu não vou ficar aqui parada esperando que me peguem de surpresa! Se quiserem, podem vir comigo. Mas eu vou na frente! E quando nós encontrarmos alguém, deixem a conversa comigo! — Petúnia respirou fundo, e falou no tom mais assustador que podia — E se começarem arranjar confusão antes da hora eu juro que explodo essa mina com vocês dentro!

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Armageddon
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Re: Herança - Ato XVIII - Petúnia

Mensagem por Armageddon » 02 Mar 2018, 12:58

- Natz quer ir brigar com os invasores de novo! Quero dar o troco!
- Tugs não quer briga. Tugs quer fugir rápido da mina.
- Togs vai cuidar de Tugs... mas não quero sair da mina.

Petúnia escondeu o rosto por detrás das mãos enquanto os três goblins continuaram naquela discussão interminável entre si. Com um dar de ombros, se adiantou em direção às profundezas, sendo prontamente seguido pelos pequeninos faladores. Já estava há bastante tempo ali para conhecer o caminho, mas Togs fazia questão de lembrá-la o tempo inteiro de onde e para onde deveriam ir. Após uma breve caminhada, por fim chegaram até o salão principal da mina.

Estava na mais completa bagunça, com as ferramentas, armas confiscadas e tudo o mais espalhado por toda parte. No coração do salão mal-iluminado, o corpo de um minotauro jazia, imóvel. Dos outros aventureiros, nem sinal.
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Re: Herança - Ato XVIII - Petúnia

Mensagem por Matheus » 02 Mar 2018, 22:21

— Parece que o Manetauro virou um Mortotauro — Petúnia se aproximou lentamente do corpo, analisando as feridas e tentando entender que tipo de combate havia acontecido ali.

— A galera que passou por vocês... Estavam juntos, como companheiros? Alguém parecia ser prisioneiro ou estar sendo levado pra dentro da mina sem realmente querer ir?

Petúnia também olhou através da bagunça de armas, ferramentas e tudo o mais, em busca de algo que pudesse ajudar em uma luta mais adiante, ou algo que parecesse valioso o suficiente para vender mais tarde.

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Re: Herança - Ato XVIII - Petúnia

Mensagem por Armageddon » 03 Mar 2018, 00:08

O minotauro estava muito ferido, com marcas de batalha profundas, com cortes e hematomas pelo corpo. Haviam batido bastante nele, mas não dava pra saber apenas por olhar quanta resistência o minotauro pudesse ter imposto aos invasores. A bagunça generalizada das armas e armaduras também não faziam sentido. Parecia, ao olhar, que tudo havia sido reunido, jogado para cima e caído no entorno de uma vez só.

Nada dali parecia promissor, mas recolheu um cajado que considerou bonito. Os goblins ainda estavam discutindo entre si para decidirem se havia algum prisioneiro entre o grupo, e por fim decidiram que não. Todos pareciam se conhecer o suficiente para caminharem juntos, mas, como Natz deixou bem claro, não eram íntimos o suficiente para morderem a canela uns dos outros.
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Re: Herança - Ato XVIII - Petúnia

Mensagem por Matheus » 03 Mar 2018, 11:36

— Certo, não tem nada para fazer aqui, vamos deixar o mortotauro descansando — Disse Petúnia enquanto encaixava o cajado na mochila — Olhos bem abertos, estamos cada vez mais perto.

O minotauro morto deixou Petúnia um pouco aflita, mas ela sabia que minotauros poderiam ser bem agressivos e difíceis de se lidar. Depois de ver o que havia acontecido com o minotauro, precisava ter algum plano pra caso as coisas dessem errado. Ela decidiu por um blefe: Fazer uma bomba falsa, que parecesse poder fazer um grande estrago e soterrar todo mundo. Petúnia começou a vasculhar sua mochila e os arredores para ver se tinha material para isso.

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Re: Herança - Ato XVIII - Petúnia

Mensagem por Armageddon » 06 Mar 2018, 08:00

Não foi difícil construir a bomba. Sob os olhares curiosos dos três goblinóides, Petúnia organizou uma série de peças, fios e amarras canibalizando boa parte do lixo que estava acumulado em toda volta até conseguir construir um aparato no mínimo interessante. Uma caixa de madeira e aço, com um detonador no mínimo nada discreto formado pela empunhadura de uma espada.
Petúnia tirou um 4 no teste de Máquinas, mas como se trata de um aparato simples e que não causa dano, foi bem sucedida graças ao bônus de +2.
- Pra que serve esse botão? - perguntou Natz.
- Togs descobre, vai lá e aperta, Togs - sugeriu Tugs.
- Togs não é burro! - reclamou, claramente injuriado - Togs aperta lá fora, longe da mina.
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Re: Herança - Ato XVIII - Petúnia

Mensagem por Matheus » 06 Mar 2018, 12:05

— Ufa — Petúnia enxugou o suor na cabeça — Isso aqui meus amiguinhos, vai garantir que vamos sair vivos daqui de dentro.

Petúnia guardou a bomba falsa na mochila, mas de maneira que pudesse ser tirada rapidamente se a coisa fedesse.

— Espero não precisar usar essa belezinha, mas qualquer coisa... Enfim, vamos continuar o caminho, a gente vai acabar trombando com eles cedo ou tarde. — Petúnia não se deu ao trabalho de explicar para os pequenos colegas que a bomba era falsa. Eles poderiam acabar falando demais em um momento que não deviam.

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