Herança - Ato XVIII - A Cidade Velha

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Keitarô
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Re: Herança - Ato XVIII - A Cidade Velha

Mensagem por Keitarô » 17 Mai 2018, 09:30

— Selene!

Alyssa sobressaltou com o desabafar da companheira. Três sentimentos distintos passaram por seu corpo: o susto e depois a preocupação com o bem-estar da ladina. E, simultaneamente a essas duas sensações, uma intuição curiosa... como se o lugar insistisse em querer mostrar algo, não deixando o grupo sair. Poderia ser só uma sensação errada, de toda forma.

Aproximou-se cuidadosamente do buraco e tentou olhar lá dentro, para ter uma noção de profundidade. Ou teriam de chegar até ela, ou ela teria de escalar.

— Alguém tem uma corda, ou algo assim? — lembrou-se do bordel e como às vezes os aventureiros usavam malas enormes nas viagens. Agora fazia sentido.

Aproveitou para olhar ao redor procurando alguma forma de resgatar a amiga, fosse com uma corda ou alguma pista de acesso ao lugar onde ela caíra, como Kenlee fazia. Se ela pudesse voar, desceria e a traria, mas isso não era possível sem asas ou magia...
Tentarei buscar algo para ajudar Selene. Uma corda, batente, qualquer coisa para puxar.

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Armageddon
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Re: Herança - Ato XVIII - A Cidade Velha

Mensagem por Armageddon » 18 Mai 2018, 23:07

Alyssa caminhou com cuidado pelas ruínas da prefeitura, alertado vez ou outra por Kenlee sobre a estrutura geral do prédio e possíveis pontos frágeis no piso. Encontraram uma velha corrente que provavelmente prendia alguma luminária ao teto antes de desabar com todo o resto. Gard se ofereceu para arrancar a mesma dos restos de uma velha viga, mas Alyssa recusou gentilmente, e com um puxão único e vigoroso, arrancou a corrente e os pregos de toda a estrutura.

- Ahs weize mei kesso kioce eh fhor suda! - comentou Gard com um sorriso.
- Surda? - perguntou Alyssa com uma expressão de dúvida no rosto - O que você está cantarolando, grandão?
- Creio que é melhor nos apressarmos - lembrou Kenlee apontando para o fundo da estrutura. Milena também estava preocupada e sabia muito bem o motivo. Aquela estranha caixinha quase havia derrubado o mago antes apenas para olhar para ela. E agora além de tudo, estava brilhando com cada vez mais intensidade.

Selene estava igualmente preocupada, mas, acima de tudo, estava curiosa. Sentiu-se ligada àquele artefato desde o primeiro instante em que botou os olhos nele, e agora parecia que enfim teria alguma resposta. Uniu-se ao objeto através do seu Manto e tentou manipulá-lo de alguma nova maneira.
Selene sozinha não passaria na dificuldade de dominar o poder da caixinha, então vamos começar um teste estendido aqui. Serão necessários três sucessos, pelo menos. Vou narrar eles aos poucos, começando com a própria que rolou 3+ H4 e passou. =D)
A Ladina tentou manipular o objeto para compreender o que poderia estar acontecendo agora. Ainda que suas forças escapassem da própria compreensão, a sensação de que ela tinha alguma ligação única com aquela caixinha era tão forte que ela, por pelo menos um instante, foi capaz de senti-la em toda sua imensidão. Foi um instante muito breve, e a conexção com o artefato quase se perdeu, quando então o Manto se uniu a ela, enrodilhando-se em seus braços e esgueirando-se ao redor de seus dedos.
A jogada de dados do Manto foi bem mais fraca (apenas um 2), somado com sua H1, não foi capaz de ajudar muito, mesmo com um bônus +2 por Magia Negra). Ele falhou no teste.
A reação do Manto porém foi totalmente diferente da esperada por Selene. Em vez de ajudá-la a compreender a magia envolvida, ele foi violentamente repelido pelo objeto, que agora brilhou mais do que nunca, quase ao ponto de cegá-la. Do andar superior, Kenlee notou o que estava acontecendo, pegou a corrente de Alyssa e jogou para a ladina:

- A coisa está saindo de controle! - alertou visivelmente preocupado, passando os elos para Garde e Alyssa - Vamos puxá-la logo! Segnorina, largue isso e se segure! Rápido!
Kenlee também conseguiu um 2 no dado, mas graças a sua H4 e também o bônus de +2 por Magia Elemental, conseguiu mais um sucesso para o grupo.
A ladina estendeu a mão para o socorro que lhe era estendido, mas não foi capaz de largar o item. Quando tocou a corrente, Kenlee sentiu em parte a mesma sensação anterior, quando olhou para dentro do artefato. Talvez devido a experiência anterior, conseguiu resistir melhor ao ímpeto, exceto por um crescente embrulho em seu estômago.
Alyssa TAMBÉM rolou um 2. Mas, com sua baixa H1 natural e sem nenhuma perícia, ela não foi capaz de ajudar muito e falhou. Até aqui, dois sucessos e dois fracassos. Como três deles representam falha, está tudo na mão do Gard O_o
O primeiro impulso de Alyssa foi ajudar a amiga a escapar o mais rápido possível daquela situação que parecia se agravar a cada segundo, porém, sua curiosidade falou mais alto. Ela precisava ver o que iria acontecer e por isso se manteve ligada a corrente energética que agora afetava aos três.

Milena voltou-se para Gard, assustada. Tudo agora dependia dele!

- Helacha, hapowzïnea! - falou o bárbaro, segurando a corrente com firmeza - Tah thou dooh dowmin ado!

(Roleplay liberado pra turma que quiser agir e interagir, o resultado da cena fecha até o final de domingo. Se o Gard não aparecer, vou rolar pra ele no grupo. =)

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asbel
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Re: Herança - Ato XVIII - A Cidade Velha

Mensagem por asbel » 20 Mai 2018, 14:28

Gard respira ruidosamente enquanto faz força. Os músculos ardem. Os tendões quase arrebentam. Ele grita sentindo o peito rasgando.

Pelo buraco, a luz parece ficar mais forte. Gard segue a corrente vibrar e sabe que é tarde. Não foi forte o suficiente, mas ele se recusara a acreditar. Ele olha para os companheiros e grita.
O teste do Ásbel foi, infelizmente, o último fracasso. Ele conseguiu 1 no dado (o que, nas regras atuais, "desliga" a Característica na soma. Vocês falharam no teste resistido. :twisted:
– Cheg Uren!

E, ainda firmado às contentes, o bárbaro se lança através do fosso.

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Armageddon
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Re: Herança - Ato XVIII - A Cidade Velha

Mensagem por Armageddon » 20 Mai 2018, 20:25

Gard, no ímpeto de salvar Selene, lançou-se pelo buraco no chão. Porém, o bárbaro era muito maior e mais pesado do que Kenlee e Alyssa estavam prontos para suportar, e com o puxão, caíram juntos para dentro do fosso. A luz da caixinha aumentou ainda mais em intensidade, tornando-se tão brilhante que o mundo inteiro se transformou em um borrão esbranquiçado. Selene, firmemente presa ao artefato, gritou.

E ainda estava gritando quando a luz arrefeceu até desaparecer por completo, deixando apenas a caixinha inerte em suas mãos. Seus companheiros caíram em volta, num chão repentinamente limpo e organizado demais. Ainda contavam as escoriações pela queda quando notaram que o buraco no teto havia desaparecido e agora estavam em uma espécie de despensa, com frascos, jarros, tecidos e outros objetos acondicionados em caixotes nas inúmeras prateleiras.

- O que aconteceu? - perguntou Alyssa esfregando o cotovelo ralado pelo tombo.
- Nosso companheiro impulsivo aconteceu - ralhou Kenlee verificando um amassado na prótese - Caímos lá de cima.
- Essa parte eu entendi! - falou Alyssa - A questão é que não estamos mais no mesmo lugar em ruínas de antes.
- Eu também não sei - respondeu Selene com a caixinha entre as mãos, ainda com o manto enrodilhado nos dedos. Estudava o lugar igualmente perplexa quando Gard a abraçou efusivamente, apertando-a entre os braços:

- DEHUS KOULPAH, MAGREH LIHNEA! NAWN KONSEG IH SEG HURAR!

- Se engana em dizer que não estamos no mesmo lugar - corrigiu Kenlee ignorando a demonstração de afeto do grandalhão, enquanto Selene tentava se libertar do abraço de urso do companheiro - Eu decorei com relativa precisão as ruínas desse prédio antes e posso afirmar com grande certeza de que estamos sim no mesmo cômodo.

- E onde ficou Milena? - pediu Selene enfim se livrando do aperto do bárbaro e recompondo-se no chão - Ela não caiu?
- Deve ter ficado lá em cima, antes do teto se fechar. Para que lado fica a saída daqui?
- Há uma escada ali agora, que dá em uma portinhola de madeira. É por onde alcançamos o piso superior.

O grupo seguiu Kenlee e, de fato, ao passar pela porta estreita, o grupo ressurgiu no saguão do prédio. Era a prefeitura do lugar, com as mesmas escadas no entorno. Porém, agora, em vez de um lugar em ruínas, o que viam eram paredes caiadas de branco, com tapeçarias verdes sobre um pedestal representando o brasão de Folha Prata sobre um escudo branco. Estava muito escuro agora, e as portas estavam fechadas. Quando todos se olhavam, tentando compreender o que ocorreu, um uivo longo e assustador ressoou do lado de fora.

Um uivo que logo foi correspondido por dezenas de outros.

Roleplay jovens. =D

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Re: Herança - Ato XVIII - A Cidade Velha

Mensagem por Keitarô » 20 Mai 2018, 22:31

Alyssa ficou pegando no cotovelo, como se pegar fosse diminuir a dor. Será que diminuía? Por que geralmente todos faziam isso? Ficou curiosa com o pensamento, mas a surpresa de um lugar arrumado e fora do esperado para ruínas a distraiu de sua distração.

— Mas… não faz sentido!

Uma preocupação tomou conta dela ao construir algumas possibilidades. Considerava-se, às vezes, esperta, mas não inteligente da cabeça (apenas se soubesse magia). Teriam mudado de cômodo? Seria uma magia de transporte, ou teleporte? A caixa teriam feito viajar? Já ouvira falar de viagem entre planos, mas será que algo tão grandioso como isso poderia acontecer ali? O pior é que não pareciam realmente estar no mesmo lugar de antes, ou seja, Milena estava sozinha.

Os lobos começaram a uivar, e um certo medo instintivo assolou o corpo da guerreira garçonete. O que era pior: ser vítima de lobos ou não proteger Milena contra os "lobos" que eles mesmos estavam caçando?

— Bom… alguém sabe lidar com animais? Seja onde estivermos, parece que não somos bem-vindos — cochichou, tentando minimizar o barulho.

Por instinto, olhou ao redor tentando entender a nova geometria da prefeitura, tentando identificar o que poderia usar em caso de um combate: onde se esconder, o que usar de arma improvisada, que escadas usar para ter o terreno mais alto e coisas assim.
Não que venhamos a combater, mas já me preparo. Se possível, um teste para achar boas condições de proteção/ataque. Se não for permitido isso, o primeiro turno de um Ataque Concentrado.

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Re: Herança - Ato XVIII - A Cidade Velha

Mensagem por asbel » 21 Mai 2018, 00:35

– Wktå akõt sennû neça jōssä?

Gard não entendeu nada. Não sabia que lugar era aquele e parece que seus amigos da cidade grande também não estavam entendendo muita coisa.

Quando escutou os uivos, sentiu o arrepio correr pelos braços. Apesar de haver lobos domesticados em sua vila, ele sabia que lobos selvagens eram sempre um problema. Por isso, se aproximou da porta do carro local com cuidado, tentando ver o que acontecia lá fora.

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Re: Herança - Ato XVIII - A Cidade Velha

Mensagem por Mago Dzilla » 21 Mai 2018, 05:59

– Lembro de já ter ouvido falar de magia do Tempo. Raios, EU fui acusado de fazer esse tipo de coisa, quando ajudava as pessoas da capital a se curarem. De todo modo, é um tipo de tabu mesmo entre praticantes da magia, e meus pais preferiram me mandar à casa de uma tia distante.
– Mas nada disso tem relação com o aqui e agora. Vamos ver o que está causando essa comoção toda!

Kenlee comanda o lince de gelo a sair e investigar. Imaginava que, se as suspeitas que lhe assolavam a mente estivessem corretas, o potencial de desastres temporais que poderiam causar ali era enorme!

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Re: Herança - Ato XVIII - A Cidade Velha

Mensagem por Tiagoriebir » 22 Mai 2018, 16:29

Selene despertava de uma espécie de transe ocasionado pela manifestação da caixa, quando Gard a abraçou quase tirando todo o ar dos pulmões da pequena ladina.

— Eu tô bem! Eu tô bem! — Ela tentava dizer, até que o bárbaro a largou. — Obrigada... acho. Ai.

Enquanto ela retomava o ar, os demais começaram a levantar a possibilidade de ter acontecido uma viagem temporal. Selene achou aquilo muito estranho e improvável, apesar da caixa ter feito o que fez.

— Eu adoraria ficar aqui e discutir as teorias metafísicas da magia, mas acho que os lobos que uivaram agora há pouco não vão querer se juntar à discussão, se encontrarem a Milena lá em cima. Vamos!

E seguiu, subindo pela escada reformada, para o andar superior.
Tentando usar a parte colorida da massa cinzenta.
https://twitter.com/tiagoriebir

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Re: Herança - Ato XVIII - A Cidade Velha

Mensagem por Armageddon » 22 Mai 2018, 21:33

O lince foi o primeiro a chegar ao saguão de entrada do prédio, seguido de perto pelos demais companheiros. Não havia nem sinal de Milena lá em cima, nem de mais ninguém. A porta principal, bem maior do que aquela que os separava da despensa no subsolo, estava igualmente fechada. Ali, tudo era novo e organizado. Notoriamente, apesar da escuridão, podiam notar uma luminária em forma de roda de carroção no teto, fixamente presa ao pé-direito do segundo piso por uma longa corrente. Não havia nem sinal de Milena.

Kenlee foi quem primeiro falou, em meio tom, apontando para o teto:

- Aquela corrente é a mesma que agora está com Gard. E além desta porta está a escada que subimos quando entramos no prédio em ruínas. Não há mais dúvidas, estamos no mesmo lugar.

- Impossível - reafirmou Selene - Está sugerindo que, de alguma forma, viajamos no tempo?
- Ou estamos em uma espécie de ilusão, ou presos em um sonho. Ainda não sei, mas já ouvi histórias sobre isso. Seja o que for, foi a tal Caixa que nos trouxe aqui.

O som de passos apressados do lado de fora se fizeram ouvir, logo seguido de um longo grito de criança. Mais uivos e latidos, e agora sinais de luz surgiam em toda volta, escapando por entre as frestas das janelas fechadas, além do vozerio de várias pessoas em lugares ainda distantes. Um rosnado feroz, e mais uma vez a voz da criança, agora abafado. Gard e Alyssa se entreolharam. Alguma coisa caminhava no entorno do prédio, do lado de fora ao lugar onde o grupo estava.

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Re: Herança - Ato XVIII - A Cidade Velha

Mensagem por Keitarô » 23 Mai 2018, 00:31

— Sinto que estamos sendo circulados e... encurralados. Talvez pudéssemos tentar conversar, e explicar. Ou mentir uma história...

Alyssa não era muito boa com muitas coisas, fora lutar e conversar. Ela não era uma grande manipuladora de palavras, mas sempre conseguia segurança — o que normalmente significava abrigo e comida, sem pagar. Aprendera isso no bordel, conversando com todos enquanto servia as bebidas.

Lentamente se aproximou da porta, enquanto os outros se decidiram sobre o que fazer. Evitou ficar na linha de visão das janelas. Encostou os ouvidos para tentar escutar o que conversavam, enquanto olhava o lince de gelo de Kenlee.

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