Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

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Tiagoriebir
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Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

Mensagem por Tiagoriebir » 16 Fev 2018, 12:09

  • Imagemo inverno, abriga-se. Os dias são mais breves, as noites mais longas.
    O frio e medo imperam. Deve-se estar atento. Observar. É tempo de cautela.
  • Imagema primavera, os dias se alongam. Os ninhos são construídos, a reprodução acontece.
    Vidas nascem, flores desabrocham, ideias germinam, planos resultam. É tempo de despertar.
  • Imagemo verão, os dias vencem. Os frutos crescem, as chuvas chegam,
    o calor submete e reina. É tempo de guerra.
  • Imagemo outono, os resultados aparecem. Os frutos estão maduros,
    os efeitos estão palpáveis e tudo é recolhido para que nada falte no frio vindouro.

    É tempo de colheita.
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Tiagoriebir
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Re: Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

Mensagem por Tiagoriebir » 26 Fev 2018, 13:00

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Imagemlgumas semanas atrás, uma carta selada chegava ao castelo de Goretz. Aquele próspero feudo de produtores de vinho e comerciantes fora rebatizado há três anos, em honra à família do conde Leon Goretzka III, a quem havia sido entregue a propriedade daquelas terras, por sua atuação exemplar na defesa da capital do Reinado durante as Guerras Táuricas.

A carta era endereçada ao nobre e trazia, na cera amarela que a fechava, a marca do galo vespertino, símbolo dos Hardfeld, uma família que certamente já vira dias melhores, mas que se mantinha firme e fiel ao condado e à marca. O patriarca, sir Aldir Hardfeld, era Senhor de Campodouro, vilarejo que governava há décadas, apesar das dificuldades pessoais — havia tido apenas uma filha, muito tarde e já em idade avançada; e perdera sua esposa para uma peste, já fazia bem dez anos —, além dos problemas do próprio feudo que governa.

O povo de Campodouro tem uma vida dura. Suas terras são menos férteis que outras partes de Deheon e seus artesão são poucos. Além disso, a proximidade com a Floresta dos Basiliscos torna Campodouro um lugar perigoso. Certamente há lugares mais fáceis de cultivar. Então por que morar aqui?

A resposta é pão e cerveja. Os fazendeiros de Campodouro cultivam campos de weiz, um grão altamente valorizado em Arton. O cultivo de weiz é notoriamente difícil e o vale onde Campodouro está localizado torna o lugar uma das poucas áreas em Arton-norte onde o grão nasce.

Campodouro fica num vale entre colinas altas, aproveitando o córrego que há entre elas e acaba em um charco, na borda da Floresta dos Basiliscos. Um forte temporário de madeira construído no topo de uma alta colina ao sul observa Campodouro. Este forte de madeira, chamado “Forte Campodouro”, é guarnecido por uma dúzia de soldados liderados por sir Loric, um impetuoso jovem cavaleiro.

Campodouro foi recentemente afetada pela construção de um forte de pedra para substituir o forte de madeira. Há algum tempo, a marquesa Branda Ollen, responsável pela região nordeste de Deheon, tem recebido relatos de que ataques de selvagens, vindos da floresta, vêm aumentando. Percebendo que entregar os campos de weiz para os bárbaros resultaria na perda de um recurso importante, a marquesa decidiu melhorar este posto avançado militar. Novos prédios estão agora sendo construídos para acomodar os trabalhadores que serão necessários para completar esta tarefa, e dentro de alguns meses a silenciosa aldeia será provavelmente uma próspera cidade.

Isto deu aos aldeões de Campodouro uma razão para celebrar, e este é o motivo da carta que chegou a Goretzka — haveria um Festival de Inauguração. Visitantes e artistas vieram de todas as partes da região e além, e montaram barracas que agora alinham-se nos limites do vilarejo. O festival foi planejado como um evento de três dias que coincide com o começo da temporada de colheita. Cada dia será repleto de entretenimento e festejos, com a cerimônia de início dos trabalhos no forte marcada para o último dia. A carta, escrita de próprio punho com a rebuscada caligrafia do velho senhor de Campodouro, convidava o conde a comparecer ao festival e partilhar das comemorações.

Goretzka fazia muito gosto do convite. O velho sir Aldir havia se mostrado um leal amigo nos últimos anos, e o próprio conde já havia visitado o pequeno feudo em outra ocasião, para firmar pessoalmente um tratado de compra de weiz. Era desejo de Goretzka que aquela terra prosperasse, e falou a favor de Campodouro quando questionado pela marquesa sobre a construção do forte de pedra.

Este era o motivo pelo qual, naquele dia cinza e chuvoso em excesso, típico do início do outono, o conde estava em sua carruagem, rumo ao pequeno domínio, acompanhado de sua esposa, Simone e seus três filhos mais novos: os gêmeos Gotze e Marta, que carregavam consigo toda a intensidade da adolescência, e o pequeno Enzo que, nascido com uma doença misteriosa e aparentemente imbatível, com nem oito verões completos já havia sentido muito mais dor do que seus irmãos juntos.

O único progresso real que o conde havia tido em relação à doença da criança foi quando conhecera, há alguns anos, Anahera, uma curandeira de Khubar, que praticava um tratamento exótico no garoto. Aquela mulher misteriosa dizia-se uma sacerdotisa das chamas; e de fato usava os segredos do fogo para curar. O receio inicial da condessa Simone em relação ao tratamento de Anahera foi substituído por alívio quando viram os primeiros sinais de que a doença não mais avançava. A sacerdotisa ainda não havia descoberto uma maneira de curar completamente o garoto, mas havia conseguido estagnar a enfermidade. Além disso, apesar de sua personalidade reclusa e quieta, Anahera não recusava-se a cuidar e oferecer conforto espiritual ao povo de Goretz, independente de classe, posses ou raça. Por conta de sua relevância, e para acompanhar o garoto enfermo, Anahera era o único não-membro da família Goretzka que os acompanhava na carruagem, naquela tarde fria com céu de chumbo.

***

Magnus Falkenmayer chegara em Campodouro há quatro dias. "O Renascido de Valkaria", como era chamado por alguns plebeus, despertava admiração e curiosidade por onde passava — dado como morto há alguns anos, o guerreiro, que era um cavaleiro da Ordem dos Libertadores, reaparecera como um celestial, com um impressionante par de asas emplumadas, dizendo que havia tido com a própria Deusa da Humanidade, e que ela lhe havia confiado uma missão. Mesmo que os mais céticos desacreditassem que o guerreiro havia morrido e falado com a deusa, o par de asas era bastante real e persuasivo.

Quando soube que um membro da Ordem deveria ser destacado para acompanhar o início da construção da fortificação de pedra de Campodouro, Magnus apresentou-se, pois naquele feudo vivia a irmã de seu pai, Aldanna, junto de seu marido Rickard, e não via os entes desde antes de sua primeira morte. Ao chegar no vilarejo, foi recebido pelos tios, que lhe apresentaram um punhado de filhos maravilhados com o "primo anjo" que tinham. O guerreiro celeste passou a auxiliar na preparação dos festejos, inabalado pela chuva constante das últimas semanas. A simples presença do enviado celeste parecia incutir ânimo à sofrida população de Campodouro.

***

Naquele primeiro dia de festividades o céu estava carregado de nuvens cinzentas e relâmpagos ocasionais, acompanhado de uma garoa incessante e fina. No meio da tarde, a caravana vinda de Goretz chegava. Além da carruagem principal, haviam três outras carroças menores, e os veículos eram escoltados por guardas do conde, a cavalo. Uma das carroças era reservada à maior parte dos servos do conde; na segunda carroça, além de mais alguns serviçais, vinham também Borys, o Ghondrinn, e a elfa Caelynn. Ele, um trovador, recomendado pelo conde Goretzka para uma performance ainda naquela noite. Ela, uma arqueira que havia terminado sua última aventura perto de Goretz há um mês e agora buscava novas oportunidades.

A terceira carroça destoava completamente das demais — era pintada de azul profundo, com motivos encurvados dourados, que emolduravam os desenhos de folhas e frutos diversos. Na soleira, dois lampiões com chamas verde-azuladas lutavam com o cinza-chumbo do dia, tentando prover mais iluminação. Mas o que mais chamava a atenção era o fato da carroça guiar-se sozinha, sem condutor ou cavalos. Pois aquele era o veículo da comitiva feérica de Pondsmania, que percorria o Reinado em constantes missões diplomáticas. A pequena carroça desdobrava-se magicamente por dentro, dando espaço a uma numerosa comitiva do povo das fadas. Em meio a eles, seu príncipe, Dream, aguardava o momento da chegada, enquanto polia mais uma vez sua impressionante armadura.

Quando os veículos chegaram, foram primeiros recepcionados pela garoa fria que caía, deixando todos grudentos e desconfortáveis. Ventos leves também sopravam, enregelando as pessoas em roupas úmidas e ocasionalmente derrubando itens leves no chão. A garoa e o tráfego a pé tornaram o chão lamacento, automaticamente cobrindo com botas, calças e saias longas. A maioria dos aldeões tirou seus sapatos e enrolou a barra das calças para melhorar a situação, mas o tempo certamente estava estragando parte das festividades.

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À frente da carruagem de conde Goretzka, um séquito de plebeus carregando pequenos toldos aguardava a saída do nobre. Ao centro daquelas pessoas, a figura de Valerie Hardfeld, única filha do senhor de Campodouro, destacava-se por aparentemente passar incólume a todo o barro que a cercava. Com pouco menos que seus vinte anos, a garota era atraente, mas seus olhos demonstravam um espírito forte. Seus movimentos e sua voz eram graciosos quando dirigiu-se ao conde e sua esposa.

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— Meu senhor. Minha senhora. É uma honra sem dimensões tê-los presentes em nossa Campodouro. Sou Valerie Hardfeld, filha de Aldir Hardfeld, o governante desta terra, com a graça de Valkaria.

As palavras foram seguidas com uma mesura muito bem feita. Borys notou que a garota tinha naturalidade para aqueles procedimentos, embora certamente eles não fossem muito usados em um fim de mundo como aquele.

— Perdoem-me por não termos meu pai aqui neste momento. Ele sabe de sua chegada e está muito feliz por ela. Se não veio, foi por insistência minha. Apesar de sua boa saúde, sua idade avançada me inspira cuidados e temo que toda a chuva e frio possam acabar vencendo sua resistência. Espero que possam entender a preocupação de uma filha.

Em seguida, a jovem estendeu o braço a uma casa de madeira que havia ao lado. Apesar de simples, a casa parecia grande o suficiente para todos da comitiva do conde.

— Por favor, desfrutem de nossa hospitalidade. Preparamos aquela casa para acolhê-lo e onde os senhores poderão descansar à vontade da viagem. Quando estiver instalado, meu pai estará à disposição para atendê-lo. Todos nós estamos muito felizes com vossa presença em nossas festividades. O que o senhor ou algum dos membros de sua comitiva precisarem, basta pedir, e lhes será atendido.

Depois das apresentações, a garota fez mais uma vez a mesura correta com desembaraço e retirou-se, seus cabelos negros como se tivessem vida própria ao vento, deixando alguns dos plebeus com toldos à espera da comitiva do conde, para levá-los ao casarão.
OFF
Olá pessoal, esse é o quadro de informações off-game. Ele serve para colocarem todas as informações relacionadas a regras que vocês utilizarem nas postagens, assim como outras informações que acharem relevantes. Não é necessariamente um espaço para conversa, já que temos o Telegram para isso, mas podem passar por aqui informações que acharem relevantes também, caso queiram ser mais claros em sua postagem.

Então, quando fizerem um ataque, teste, usarem algum recurso que gaste PVs ou PMs; ou qualquer outra coisa sempre indiquem aqui, e eu vou atualizando o controle e status dos personagens.

Não expliquei com muitos detalhes na postagem, mas Anahera, Borys, Caelynn, Goretzka e Dream/Nightmare estão vindo juntos, viajando desde Goretz já há um dia e meio. Não precisam apresentar-se uns aos outros. Vocês não sabem que Magnus está no vilarejo, mas Magnus sabe, pelo burburinho entre os plebeus, que o conde está a caminho e chegará em breve às festividades. Ele também sabe que Borys está vindo e que foi indicado pelo próprio conde, o que faz com que os plebeus estejam ansiosos pela performance do bardo. Vocês também podem interagir com Valerie, se quiserem, antes que ela tenha saído.

Lembrando que, nesta primeira parte, o tempo de resposta será de 2 dias, diferente do que havíamos combinado inicialmente (mas só nessa primeira parte). Justamente por isso, vocês não serão penalizados em relação aos Pontos de Frequência caso levem mais tempo para responder (mas eu vou seguir com a história de toda forma). Vou avisá-los quando chegarmos ao tempo comum de respostas.

Vou colocar os status de vocês agora, mas essas informações não vão se repetir em todas as postagens — apenas quando houver atualização dos status. Se notarem alguma atualização errada, me avisem. A princípio, a última atualização de status é a que vale.

Anahera. 10/10 PVs, 20/20 PMs.
Borys. 15/15 PVs, 30/30 PMs.
Caelynn. 10/10 PVs, 24/24 PMs.
Goretzka. 10/10 PVs, 10/10 PMs.
Magnus. 20/20 PVs, 10/10 PMs.
Dream. 20/20 PVs, 20/20 PMs.
Nightmare. 15/15 PVs, 25/25 PMs.

Mały. 12/12 PVs, 20/20 PMs.
Armadura Titânia. 10/10 PVs, 10/10 PMs.
Manto Albion. 10/10 PVs, 10/10 PMs.

E por enquanto é isso. Sintam-se livres para tirar dúvidas no Telegram. Espero que todos se divirtam! =D
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Padre Judas
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Re: Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

Mensagem por Padre Judas » 26 Fev 2018, 16:53

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Boryslaw Rzecz encarou a chuva com um muxoxo. Detestava dias escuros como aqueles – preferia o dia aberto, a vida que parecia explodir com força quando Azgher emergia no leste ou a noite estrelada, própria para paixões. A chuva era para encolher-se em um canto e remoer as tristezas da vida. E Borys não tinha tristezas para remoer.

- Então é aqui que pegam o grão pra fazer cerveja? Como será a cerveja deles? Estou ansioso para provar. E você, Cae? – perguntou à companheira, apenas para ter algo a dizer. Deu uma avelã a Mały e após ela responder começou a dedilhar uns acordes no violão.

- Nós estamos aqui para beber sua cerveja / E roubar seu rum na mira de uma arma / Seu álcool para nós cairá / Porque estamos aqui para beber sua cerveja...

- Opa, talvez não devesse cantar isso aqui! Hahahahaha! Não digam pra eles que eu cantei isso! Você também, Mały. Bico calado.


O pequeno esquilo sobre seu ombro pareceu encará-lo com compreensão e correu para dentro da bolsa do bardo, procurando ali dentro o calor que necessitava.

A bunda do bardo já doía de tanto ficarem sentados quando finalmente chegaram a seu destino. Caía uma chuva fina e o frio o congelava.

- Dispensa a cerveja, eu quero algo quente! Me tragam um uísque, por favor! Sabe, Cae, isso pode fazer mal para minha voz.

Uma moça linda veio recebe-los e ele parou de falar. A garota tinha habilidades sociais muito boas também. Ele aproximou-se e a cumprimentou com uma vênia, tomando sua mão e beijando-a delicadamente

- Tenha a certeza de que todos compreendemos vossos motivos, milady. Agradeço a acolhida. Espero termos a oportunidade de conversamos em outro momento.

Mały sai da bolsa e sobe no ombro do bardo.

- Ó, parece que meu amiguinho quer cumprimenta-la também. Este é Mały.

Depois que a jovem se afasta ele se volta para sua colega elfa.

- Ela é bem bonita, né, Cae? – e pisca o olho, animado. Então se volta para o Conde. - Bem, meu senhor, eu realmente gostaria de me secar e me aquecer um pouco. Podemos ir?
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Armageddon
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Re: Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

Mensagem por Armageddon » 26 Fev 2018, 22:40

Anahera sentiu a terra molhada sob os pés, deixando a lama nova escorrer entre os dedos. Não era a primeira cidade que visitava no continente, mas a impressão de que todas pareciam iguais continuava forte. Eram um misto de sujeira, doença e maldade.

O céu cinzento estava carregado de chuva, e a água gelada soprada pelo vento já escorria pelo rosto. Apanhou uma manta grossa dentro da carruagem e envolveu o menino com ela, erguendo-o nos braços em seguida. Graças as bençãos de Kurur Lianth, ela tinha um calor próprio. Sua chama iria mantê-lo aquecido até estarem ambos em segurança.

- Vou levar a criança - falou para o velho que os outros tratavam por Conde - Não é bom para ele ficar aqui enquanto vocês pavoneiam nesse tempo.
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John Lessard
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Re: Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

Mensagem por John Lessard » 27 Fev 2018, 07:59

O sacolejar da carroça era quase rítmico depois de um tempo, entrecortado apenas por solavancos repentinos por trechos onde as estradas eram acidentadas. Caelynn queria sair, esticar as pernas, exercitar os braços. Tinha o arco no colo, as flechas pousadas ao lado em sua aljava de couro, totalmente trançada em tiras, a maneira élfica. Fechou e abriu os punhos, percebendo que encarava o piso de madeira por muito tempo, conseguindo ver entre às tábuas a estrada que corria por baixo. Lama, pensou, estava chovendo. Sua atenção fora atraída então para Borys, que viajava junto dela, sentado em sua frente, falando sobre, cerveja. A elfa endireitou o corpo, às costas retas, encostando-se a parede de madeira.

- Você sabe que não bebo, Borys. Este tipo de bebida limita os sentidos - e detesto ficar exposta e vulnerável.

O bardo continuou, desta vez cantando. Caelynn cruzou as pernas e os braços e fechou os olhos.

- Não falarei, fique tranquilo.

Pouco tempo depois, a carroça parou. Borys parecia ansioso e saiu primeiro. A elfa prendeu sua aljava nas costas e com o arco em mãos, saltou os poucos metros que a separava do chão. A lama se espalhou, sujando suas botas. Uma chuva fina caia sem parar, até que uma lufada de vento forçou ainda mais gotas contra seu rosto. Aquilo, entretanto, não a incomodava, apenas em sua fuga de Lamnor para o norte, tinha vivenciado situações muito mais... Mortalmente incômodas.

Borys já havia se adiantado em falar com a anfitriã. Conde Goretzka e os servos já haviam se adiantado, junto de sua esposa, filhos e Anahera, com a criança em seus braços. Caelynn se limitou a medir Valerie Haldfeld de cima abaixo e se limitar a um mero aceno de cabeça, seguindo para dentro junto de Borys, que parecia animado com a beleza da moça.

- Já vi melhores.

E apertou o passo, para passar pela porta.
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João Paulo
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Re: Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

Mensagem por João Paulo » 27 Fev 2018, 10:58

Depois de um período de inatividade, o Conde Goretzka estava contente em sair de suas propriedades. Uma oportunidade de fazer algo diferente e ajudar um amigo de longa data. Mas até mesmo no lazer, o Conde encontra oportunidades de trabalho, por isso trouxe toda a família consigo, ao invés de deixar os filhos e a esposa no comando do feudo, vislumbrando mais uma oportunidade de ensinar aos gêmeos lições sobre etiqueta e para criarem laços com novos contatos.

A única coisa que não o agradou foi o clima, por isso convidou Anahera para ver consigo, o que acabou fazendo-o lembrar do filho mais velho, Goretzka IV, que indicou a curandeira para tratar do pequeno Enzo. Essa seria uma excelente oportunidade para apresentar o filho mais velho, mas há tempos que não se veem.

Ainda um pouco cansado por conta da viagem e talvez pelo peso da idade, Goretzka viu seus companheiros se adiantarem em suas decisões. Então resolveu sair da inércia e agir e foi em direção a comitiva.

- Pessoal, recomendo que todos se acomodem primeiro antes de saírem pela cidade. Temos muito o que ver por aqui e à festividade exigirá que estejamos descansados. - Gorezta lançou um olhar sério em direção a Borys - Comportem-se.

Ainda lembrando dos seus compromissos, dirigiu-se em direção a Valerie

- Fico muito contente em estar aqui. Sinto pela condição do seu pai, sei como o tempo pode castigar um velho como eu. Se possível, gostaria de vê-lo logo após acomodar meu filho mais novo.

Apóis o cumprimento de toda a etiqueta que sua posição exigia, partiu em busca da residência para verificar como ficariam instalados.

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Padre Judas
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Re: Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

Mensagem por Padre Judas » 27 Fev 2018, 12:52

- Pessoal, recomendo que todos se acomodem primeiro antes de saírem pela cidade. Temos muito o que ver por aqui e à festividade exigirá que estejamos descansados. - Gorezta lançou um olhar sério em direção a Borys - Comportem-se.
O bardo apresenta-se ao nobre com seu melhor olhar inocente e volta-se para os colegas.

- Vocês ouviram, pessoal. Não fiquem caçando confusão por aí...
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Re: Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

Mensagem por DiceScarlata » 27 Fev 2018, 14:43

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*Mais um dia, mais uma viagem. Quanto tempo fazia que despedira-se de sua mãe? Meses? Séculos ? Era notoriamente complicado de se medir, afinal, o tempo do mundo de fora, ocorria diferente de como eram em Pondsmania. Era interessante, por mais que a lembrança das maravilhas etéreas de seu reinos ainda encantassem sua mente com imagens deslumbrantes, o ordinário do mundo comum era igualmente cativante. Tão simples, tão passageiro e ainda sim tão amado e protegido. Os mortais vivem tão pouco tempo e por isso, faziam cada segundo de suas vidas, valioso. Era um aprendizado valioso, que obtivera com este grupo com quem viajara. Gostava disso. Aprender.*

- Ah chuva... Tu que transformas o dia em noite, obscurecendo a luz e banhando a todos com suas lágrimas. Mas, sombria como eres, traz a vida a natureza e o alivio a sede dos desesperados. Escondes o sol que tanto amo... Mas traz contigo o bem. Nightmare... devias aprender com a chuva.

*As portas de sua carroça abriram-se dramaticamente. De dentro, soprou uma ventania que rapidamente engoliu a que bailava do lado de fora. Junto com ela, pétalas de rosas, borboletas, globos de luz feéricos (alguns, sendo pequenas fadas) , tecidos flutuantes e outra beleza. Cercado de Luz, surgiu flutuando DREAM. Belo, com seus cabelos prateados a dançar. Era pequenino, como um boneco escupido por alguma divindade, mas sua presença era colossal. Outra fadinha os cercavam, bloqueando a chuva com longas folhas unidas, formando a proteção*

*Uma pequena fada adiantou-se para apresentá-lo a Valerie Hardfeld, mas Dream a impediu. Esperou o cumprimento do bardo e dos demais, para então se adiantar*


- Tu és muito educado, bela Valerie, em nome de minha comitiva, agradeço por tua recepção. Trago-vos presentes de minha terra natal, a imortal Pondsmania. Anseio para que nossos frutos e cores tornem vosso festival ainda mais memorável do que sua presença jã nos prova que será.

*Sorriu, aceitando sua mesura e voou, seguido dos seus em direção a cabana, parando próximo do conde Goretzka, uma vez dentro do espaço designado a eles*

- Conde, enfim chegamos. Permita-me?

*Esticou a mão em direção ao conde e de olhos fechados, chamou pela magia dos sonhos. A construção. Sonhos quentes e familiares, envoltos em amor e amizade. Fogueira, familia, festejo. Calor.
Logo, as vestes do conde e de seus familiares se aqueceriam, banindo o molhado das lágrimas celestes*


- Sr. Bardo, Srta. Arqueira, posso oferecer-lhes o calor dos sonhos também?

*Porventura, achou que seria inútil oferecer calor a sacerdotisa do fogo*
Utilizo meu patrono, para esta entrada triunfal e trazer os presentes que me referi. Se necessário, pode cobrar o pm.
Uso PEQUENOS DESEJOS, para secar as roupas de meus aliados. Não sei quantos pms custaria para todos que aceitarem, mas pode cobrar hahaha
Editado pela última vez por DiceScarlata em 06 Jun 2018, 23:04, em um total de 1 vez.
Tribo Scarlata


- MUNDO DE ARTON: GRUPO MADEIRA DE TOLLON (on):Angra Cabelos de Fogo
- MUNDO DE ARTON: GRUPO AÇO-RUBI (on): Jihad das Areias Vermelhas
- MUNDO DE ARTON: GRUPO JADE (on):Sr. Fuu
- JOHNVERSE: PRESA DE FERRO (on): Jinx - Cruzado da Ordem dos cabeças de Dado
- JUDASVERSO: CRÔNICAS DA TORMENTA (on): Nagamaki no Gouka!
- FUI REENCARNADO COMO MONSTRO (on): Gizmo
- OUTONO (on): Sandman

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Tiagoriebir
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Re: Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

Mensagem por Tiagoriebir » 28 Fev 2018, 19:16

— Fico muito contente em estar aqui. Sinto pela condição do seu pai, sei como o tempo pode castigar um velho como eu.
— Torno a dizer que nos sentimos muito honrados por vossa presença, meus bons senhores — a jovem dirigia-se ao casal de condes. — Sabemos o quão cansativa pode ter sido a viagem para seus filhos, por isso preparamos acomodações especiais para eles, principalmente para o mais novo. Há servos no casarão a postos para atender suas necessidades.
— Se possível, gostaria de vê-lo logo após acomodar meu filho mais novo.
— Certamente, meu senhor. A esta altura, papai já deve estar contando os instantes para encontrar o velho amigo. Se o conheço bem, ele estará no barracão dos jogos, contando histórias dos tempos de cavalaria.

— Vou levar a criança - falou para o velho que os outros tratavam por Conde - Não é bom para ele ficar aqui enquanto vocês pavoneiam nesse tempo.
A jovem concordou com a cabeça, assentindo cordialmente à afirmação de Anahera. Dois servos com pequenos toldos acompanharam a curandeira e a criança para dentro do casarão, impedindo que se molhassem mais.

— Tenha a certeza de que todos compreendemos vossos motivos, milady. Agradeço a acolhida. Espero termos a oportunidade de conversamos em outro momento.
A moça cedeu a mão, como a etiqueta exigia que a filha de um senhor fizesse, em um movimento que era automaticamente seguido de um sorriso treinado. A expressão da garota mudou sutilmente no entanto, tornando-se mais animada assim que ela se deu conta do interlocutor.

— Borys, o Ghondrinn — ela sorriu, de fato — Sua fama o precede! Confesso que ainda não tive oportunidade de presenciar uma de suas performances. Quando soube que nosso bom conde o traria, fiquei exultante pela oportunidade de ouvir suas canções e corrigir o erro. Sua animação será essencial para tornarmos este evento cinza e frio em uma festividade de fato.
Mały sai da bolsa e sobe no ombro do bardo.
— Ó, parece que meu amiguinho quer cumprimenta-la também. Este é Mały.
— Oh, olá pequenino — ela diz, afagando o esquilo, divertindo-se. Seja muito bem-vindo! Espero que goste de pão de weiz.

- Tu és muito educado, bela Valerie, em nome de minha comitiva, agradeço por tua recepção. Trago-vos presentes de minha terra natal, a imortal Pondsmanoa. Anseio para que nossos frutos e cores tornem vosso festival ainda mais memorável do que sua presença jã nos prova que será.
— A presença de um senhor das fadas apenas torna mais nobre este evento, caro lorde feérico. Agradeço os presentes recebidos e espero que nossa humilde acolhida humana lhe seja satisfatória — a moça pontuou a frase com um novo sorriso, que parecia de alguma forma vencer o frio que circundava a todos. Em seguida, voltou-se ao grande grupo.


— Pois bem. Já estou tomando muito do tempo de todos vocês e vocês precisam se aquecer. Fiquem a vontade para solicitarem o que acharem necessário, e faremos o possível para que sejam atendidos. Sejam todos bem-vindos a Campodouro.

Mais uma mesura, e a garota retirou-se, acompanhada de algumas das pessoas com os toldos. Outras ficaram para levar a comitiva recém chegada ao casarão, há uma dezena de metros de distância. Eles também ajudaram os serviçais do conde a levar as bagagens para o local.

Uma vez no casarão, constataram que o lugar não tinha nada de surpreendente. Como a fachada interna denunciava, era pouco mais que um salão simples, de madeira e telhado alto, de barro. Mas estava seco e aquecido. Além da sala principal em si, havia quatro grandes quartos, dois em cada lado do salão. Algumas plebeias do vilarejo iam e vinham, cumprimentando e carregando os pertences de todos. Elas haviam levado Anahera e o pequeno Enzo a um dos quartos da direita, destinado aos filhos do conde. O quarto ao lado estava preparado para receber o nobre e sua esposa, e era o único com uma grande cama de casal — o único móvel em todo o casarão que podia ser considerado de luxo.

Do outro lado do salão, um dos quartos era dedicado à comitiva feérica, e tinha uma dezena de camas infantis enfileiradas. O outro quarto tinha quatro camas para adultos, onde instalaram-se Caelynn, Borys e Anahera, depois de se certificar que Enzo estava confortável. Ao fundo do salão havia uma porta, que dava acesso a uma casa menor, em anexo, destinada aos demais serviçais do conde. Ao lado dela havia também um estábulo. Pelo pouco que viram do vilarejo, estava claro que não haveriam mais do que duas ou três casas como aquela em toda Campodouro.

Assim que a comitiva das fadas adentrou o ambiente, um sem-fim de pequenas fadinhas multicoloridas entrava e saía da rua para o quarto que lhes era destinado, assustando momentaneamente algumas das senhoras que ajudavam todos a se instalar. Dream prontificou-se a secar e limpar as roupas de todos com um passe de mágica, e logo todos estavam apresentáveis novamente. Enquanto todos se instalavam, uma mesa era posta pelas mulheres, no meio do salão. Frutos diversos da região eram servidos, assim como fatias de pão de weiz, vinho e água. A cerveja será melhor apreciada no festival, responderam sorrindo as mulheres, quando questionadas.

O conde e sua esposa supervisionavam os filhos, que atacavam ferozmente a comida, quando algumas batidas à porta anunciaram a chegada de um velho conhecido. Magnus, o Renascido de Valkaria chegava, acompanhado de um casal e um punhado de crianças barulhentas. O sorriso franco do rapaz alado contrastava com a imponente armadura que ele vestia e cujo peso parecia não sentir, mesmo sob a chuva.

— Senhor Leon! Estava aguardando por sua chegada! Amigos!

Não só o conde, mas todos os companheiros cumprimentaram-se. Magnus apresentou o casal que estava consigo como seus tios Aldanna e Rickard. As crianças eram seus primos e, após alguns instantes de estranhamento, logo enturmaram-se com os filhos do conde, correndo por todos os cantos, maravilhados com as fadas. Os tios de Magnus trouxeram presentes para todos, com destaque para uma amostra adiantada da cerveja de weiz, especialmente para Borys; e alguns doces para Dream, que aceitou-os de bom grado, embora não tenha entendido muito bem o porque da prenda.
OFF
• Dream não gastou nenhum PM para fazer sua entrada triunfal ou secar as roupas de todos. Só ficam com roupas sujas e molhadas aqueles que disserem especificamente que estão assim.

• De toda forma, vocês tiveram tempo para descansar um pouco da viagem, e preparar-se para os festejos. Magnus e seus tios descrevem a estrutura do festival — há várias grandes tendas em torno da praça central do vilarejo, separadas de acordo com o tipo de atividade que ocorre em cada uma delas.
  • A tenda dos alimentos, anexa à única taverna do vilarejo. Há várias pequenas tendas ali dentro, com muitos tipos de comidas e bebidas, em especial produzidas a partir de weiz.
    O palco, onde estão acontecendo apresentações artísticas diversas. Borys é aguardado como a principal atração daquele dia, em algumas horas, antes da grande ceia.
    A tenda dos jogos, em que estão acontecendo competições de diversas naturezas. O senhor Aldir e quase todos os nobres presentes estão lá.
    A tenda comunal, certamente o maior de todos os espaços, com capacidade para acomodar todos do vilarejo. É onde ocorrerá a ceia em que será anunciado o início da construção do forte de pedra, ao final daquela noite de comemorações.
Vocês estão livres para ir em qualquer das tendas ou fazer qualquer outra coisa.
Tentando usar a parte colorida da massa cinzenta.
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João Paulo
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Re: Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

Mensagem por João Paulo » 01 Mar 2018, 10:04

— É sempre muito bom revê-lo, garoto! — Não importa quanto tempo passasse, Leon sempre veria Magnus como aquele jovem impulsivo amigo do seu filho mais velho. — Certamente o festival ganhará ainda mais bênçãos com a sua presença. O sobrinho de vocês comeu por muitos anos as minhas custas, permitam que meus convidados e eu cobremos essa dúvida agora — disse em tom de brincadeira, se referindo aos presentes, e pegou um daqueles doces para o pequeno Enzo.

— Magnus, já conhece o governante da cidade? Se não, o levarei comigo para vê-lo. Ele está um pouco enfermo e acredito que a sua presença irá deixá-lo um pouco mais corado para o festival. — e então, com o semblante um pouco mais sério, falou mais baixo para que ninguém pudesse ouvir — Tem notícias do meu filho?

Quando todos terminaram suas refeições, e após alguns protestos dos gêmeos que ainda queriam comer, Leon Goretzka instruiu sua comitiva a participar do festival.

— Sejam vistos pro aí. Estamos aqui para ajudar com o festival e essa é a missão de vocês. Gastem alguns tibares, brinquem e se divirtam, mas estejam prontos para a apresentação do Borys no palco antes da ceia. Se tiverem algum contratempo, sintam-se a vontade me procurar.

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