Parte 5 — Os que Lá Ficaram

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DiceScarlata
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Re: Parte 5 — Os que Lá Ficaram

Mensagem por DiceScarlata » 16 Jul 2018, 22:48

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*Mesmo que mundana, sem vestígios de sonhos, fantasias ou milagres, a refeição humana, tão necessitada de sabor e tão indispensável a sobrevivência agradava o fado. Fez questão de não deixar restar sequer uma migalha. Seu corpo era imortal e pouco precisava comer, mas havia aqueles que passavam fome, que se contorceriam de dor ao ver comida desperdiçada. Em seguida, contrariando o que se espera da realeza, levou o próprio prato até o balcão e agradeceu pela refeição. Bons atos, mesmo os de obrigação profissional, merecem agradecimentos*

- Sigamos.

*Não cometeu a gafe de pousar ao ombro do anão e então apenas o seguiu o companheiro anão, sussurrando um singelo...*

- Obrigado.

*A presença de uma criança lhe preencheu de felicidade. Crianças vivem do sonhar, derramando glamour a cada suspirar. Sonham dormindo, sonham acordadas, sonham a viver. Bastou ver-lhe o sorriso, para que Dream sentisse seu coração palpitar. Então pousou na ponta de seu dedo apontado, reduzindo o próprio peso com as asas*

- Permita-me a este principe se apresentar. Dia Reluzente Exuberando Amor e Magia. Ou apenas, Dream. Filho da dama, da guerreira, da criança e da rainha. Senhora das fadas de Pondsmania. Doravante chamai-me de amigo, diminuta, porém, graciosa infante. Da realeza pertenço, mas dos seus sonhos me alimento. Em retribuição, concedo-te três pedidos mágicos. Um gênio não sou, tampouco um Qareen, mas sou um semelhante da magia. Peça e farei acontecer, pequena.

*Conforme apresentava títulos e gracas, sua magia dançava ao redor, criando formas daquilo que descrevia. Poderia perder-se na companhia da criança, mas percebeu a presença da mãe também*

- Minha senhora. Perdoai, perdoai minha intromissão em vosso cotidiano. Crime imperdoável, agravado ainda pela falta de aviso prévio. Hei de compensar-te entretanto. Acrescento minha gratidão ao oferecer-me seu nome, bondosa Eleanor. E muito prazer, infante Isolda. Preocupe-se jamais, pois um nome velho é aquela que somente as árvores sabem pronunciar. Tua graça, significa "Bela, Formosa" no dialeto do povo das florestas e druidas antigos. Orgulhe-se, pois você honra o titulo.

*Depois de mais gracejos, ergueu voou e sentou-se*

- Por hora, enquanto vossa prole decide os três desejos, bela Eleanor, gostaria de prosear. Daria-me a honra de uma pergunta respondida?
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Tiagoriebir
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Re: Parte 5 — Os que Lá Ficaram

Mensagem por Tiagoriebir » 19 Jul 2018, 00:43

Dream escreveu:- Permita-me a este principe se apresentar. Dia Reluzente Exuberando Amor e Magia. Ou apenas, Dream. Filho da dama, da guerreira, da criança e da rainha. Senhora das fadas de Pondsmania. Doravante chamai-me de amigo, diminuta, porém, graciosa infante. Da realeza pertenço, mas dos seus sonhos me alimento. Em retribuição, concedo-te três pedidos mágicos. Um gênio não sou, tampouco um Qareen, mas sou um semelhante da magia. Peça e farei acontecer, pequena.

(...)

E muito prazer, infante Isolda. Preocupe-se jamais, pois um nome velho é aquela que somente as árvores sabem pronunciar. Tua graça, significa "Bela, Formosa" no dialeto do povo das florestas e druidas antigos. Orgulhe-se, pois você honra o titulo.
Os olhos da garota brilharam quando Dream começou a falar. Ela tentava acompanhar as palavras e passes de magia da fada piscando e movendo a cabeça, vendo as luzes e ouvindo com atenção. Não foi necessária magia para deixá-la automaticamente encantada.

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— Eu... três pedidos?... Como nas histórias? — A garota abriu um sorriso doce, como apenas as crianças com sua fé verdadeira conseguem. — Eu vou pensar, tá?

Dream sorriu, dizendo a garota que poderia levar o tempo que quisesse. A menina correu para outra peça, provavelmente seu quarto. Sorria, maravilhada com a ideia de receber pedidos de uma criatura mágica. A fada aproveitou para se apresentar à Eleanor.
Dream escreveu:- Minha senhora. Perdoai, perdoai minha intromissão em vosso cotidiano. Crime imperdoável, agravado ainda pela falta de aviso prévio. Hei de compensar-te entretanto. Acrescento minha gratidão ao oferecer-me seu nome, bondosa Eleanor.

*Depois de mais gracejos, ergueu voou e sentou-se*

- Por hora, enquanto vossa prole decide os três desejos, bela Eleanor, gostaria de prosear. Daria-me a honra de uma pergunta respondida?
A mulher olhou por alguns instantes da fada para o anão, enquanto terminava de enxugar as mãos no pano de prato. Acabou assentindo, com um sorriso simples.

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— Porque não? Venham, sentem-se. — Ela disse, se dirigindo à mesa de madeira azul que havia ao fundo, perto do fogão de lenha. — Você é a fada que ajudou a proteger nosso vilarejo ontem à noite, não? Por Lena e Marah, como ficamos assustadas com tudo aquilo.

Em alguns instantes a mulher trouxe um bule fumegante.

— Gauderimm eu sei que gosta de chá de sálvia. Você também bebe, Dream? Só receio não ter uma caneca de seu tamanho. — Ela disse, servindo chá a todos mesmo antes do pequeno responder. Só então também se sentou.

— O que quer saber, Dream?
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Re: Parte 5 — Os que Lá Ficaram

Mensagem por DiceScarlata » 23 Jul 2018, 13:14

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- Grato por vossa prontidão. Apenas duas dúvidas minha cara.

*Gesticulou com os dedos e gotículas do chá flutuaram em direção a seus lábios. Sorveu o liquido e o aprovou com um sorriso*

- O que é a dor de uma mãe?

*Cruzou os braços enquanto voava*

- Minha progenitora, sonhou comigo. Ela é uma rainha imortal de muitas facetas e ainda que me trate com ternura, nunca soube ter a percepção exata do sofrimento que uma figura materna tem em relação a sua prole. A senhora é mãe de uma bela menina. Pode me dizer... O que é a dor de uma mãe?

*Uma pergunta estranha com certeza. Mas com objetivo. Sorveu mais três gotículas de chá e deu-se por satisfeito. Observou todos os cantos da casa, observou como eram dispostos os móveis, se havia bagunça deixada pela criança ou marcas nas paredes. Buscou por objetos que pudessem representar laços e lembranças*

- Peço perdão por incomodá-la com isso. Mas minha intuição trouxe-me até ti.
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Re: Parte 5 — Os que Lá Ficaram

Mensagem por Tiagoriebir » 23 Jul 2018, 22:45

A mulher pareceu surpresa ante o questionamento da fada. A Dream pareceu que ela esperava qualquer coisa, menos uma pergunta como aquela.

O que é a dor de uma mãe?

Dream aguardou a mulher processar a informação. Enquanto isso, observou com mais atenção a casa em que estava. Era de madeira. Simples, mas um pouco menos do que as dos demais aldeões de Campodouro. Enquanto as outras eram compostas em sua maioria de uma grande peça com, no máximo, uma divisão para a cozinha, aquela casa tinha também dois quartos.

A peça principal tinha meia parede dividindo os móveis de cozinha do resto ambiente. Em seguida, uma mesa com espaço para seis pessoas, onde eles estavam. Entre a mesa e a porta pela qual ele havia entrado na casa havia um grande tapete de pelego cinza no chão. De um lado, duas cadeiras confortáveis, também forradas de pelego; no outro extremo, uma lareira apagada. Pelos indícios, fazia ao menos dois dias que não tinha sido usada. Em um dos cadeirões confortáveis havia uma boneca de pano, com um sorriso vermelho costurado em lã, da mesma qualidade de seus cabelos amarrados em tranças. A casa era bastante limpa e organizada. Claramente estava entre as casas que não haviam sido atacadas na noite anterior.

Mais alguns instantes se passaram até que algo nos olhos de Eleanor brilhassem.

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— A dor de uma mãe... é algo que não acho que você possa entender, pequena fada. Quando se dá a vida para alguém, aquela nova pessoa se torna tudo. Cada dia que você passa, você passa pensando em seus filhos. Você quer que eles cresçam fortes. Quer fazer com que evitem os problemas. Preocupa-se com o próprio bem-estar, mas apenas o suficiente para garantir que seus filhos estejam bem até que possam caminhar pelas próprias pernas. Ser mãe é se doar. Entregar seus dias, suas forças, sua fé... Tudo pelos filhos. A dor de uma mãe... Só não é maior do que a sua capacidade de suportar a dor, pelo bem dos filhos.

Gauderimm olhava para os dois interlocutores, com uma expressão que oscilava entre a preocupação e a desconfiança. Eleanor estava com os olhos marejados. A chuva reinava enquanto suas palavras eram recebidas.

— Você disse que tinha duas perguntas, Dream — perguntou o anão, acreditando que aquele assunto já tinha terminado. — Qual é a segunda?
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Re: Parte 5 — Os que Lá Ficaram

Mensagem por DiceScarlata » 24 Jul 2018, 23:17

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- Grato Milady, pela sabedoria. Não esquecerei o conhecimento transmitido.

*Então Dream voou até a janela pousou sobre sua murada, assistindo a chuva. O questionamento do anão era esperado e bem vindo*

- Oh sim. Claro. A segunda.

*Olhou por cima do ombro, mas a sombra de seus cabelos escondiam seu olhar.*

- E... O que é a dor de uma filha?

*A interrogação de suas palavras, foram acompanhadas com o som de um trovão e o brilho de um relâmpago. Seu tom de voz foi mais pesado nesse momento*
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Re: Parte 5 — Os que Lá Ficaram

Mensagem por Tiagoriebir » 27 Jul 2018, 19:47

Os olhos de Eleanor marejaram.

— Eu... Porque me pergunta isso? — Havia um peso sofrido em suas palavras. — O que é a dor de um filho? Como eu...

— Dream — Gauderimm interrompeu — Acho que Eleanor está desconfortável... É melhor pararmos por aqui --

— Não tem problema, Gauderimm, podemos continuar — agora, Dream notou, a voz de Eleanor tinha outro tom, confessional. Ela não mais continha as lágrimas.

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— A dor de uma filha... A maior dor que uma filha pode carregar... É não ter a chance de conhecer seus pais. A mãe que a gerou por meses, dando o melhor de si para garantir o nascimento de sua cria... O pai, que tece promessas de servidão incondicional ao bem de sua família... A maior dor que uma filha pode ter é sua primeira lembrança ser o momento da morte de seus pais, nas mãos de homens perversos. Ter nas mãos o sangue de seus progenitores, passar uma vida inteira sendo levada de lado a lado, passando por todo tipo de dificuldade...

Gauderimm se aproximou da mulher simples que falava e chorava, colocando o braço sobre seus ombros. Ela prosseguiu.

— A maior dor de uma filha é crescer sozinha, amadurecer sozinha... Ser condenada a passar todos os dias sozinha... Eu jurei, fada, jurei a mim mesma que dedicaria a minha vida e tudo o que tenho e sou em prol de meus filhos, para que eles sempre tivessem um pai. Para que nunca tivessem que passar pelo que passei.

A mulher calou-se, olhando firme para o fado. As lágrimas de seus olhos não denotavam raiva, mas uma angústia profunda. Seus olhos eram páginas de um livro aberto, que contavam a história de uma existência de abandono e solidão, mesmo depois do casamento. Ficou claro que os filhos eram os alicerces da vida daquela mulher; a única coisa que ainda não a havia feito desabar.

— Vamos Dream — era Gauderimm. — Acho que esta conversa acabou indo longe demais. Perdão, Eleanor.

A chuva abafava o ruído do choro.
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Re: Parte 5 — Os que Lá Ficaram

Mensagem por DiceScarlata » 29 Jul 2018, 16:38

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- Deveras. Creio que sua resposta sanou minha dúvida. Obrigado.

*Dream acenou para o anão e se ergueu*

- Obrigado por sua hospitalidade.

*Bateu as asas e voou em direção a porta, detendo-se a alguns centímetros da mesma*

- Mas, antes.. Me permite a opinião não requerida de um filho de outra filha?

*Dream a encarou na mesma intensidade, dessa vez, sem sorrir e sem calma*

- A maior dor de um filho. Creio que o abandono seja um. A solidão devastadora que afasta os sonhos e semeia pesadelos. A desolação de viver em um mundo de problemas sem a segurança de duas fortalezas trazidos pelo envolver de um abraço. Talvez o desprezo daquela que o trouxe ao mundo, a ausência completa do amor, outra forma de solidão. Por mais que eu tenha questionado sobre intensidade da dor, não é algo que possa ser medido. Tal qual milady descreveu-me tua dor pessoal, não é equivalente a maior dor de uma filha... Como por exemplo... Uma filha muito amada, protegida e cheia de esperanças e desejos. Sabe qual é a maior dor que consigo imaginar para esse caso?

*Suspirou, mais sereno*

- A maior dor de uma filha, é ver sua mãe sofrer.

*Colocou a mão por trás da cabeça, meio encabulado pelas próximas palavras*

- Sabe, vossa majestade, minha mãe é um ser complexo. Volta e meia é uma senhora, uma guerreira ou uma dama... E muitas vezes uma criança. Pode imaginar minha dificuldade? Eu, a prole, ter de agir como o progenitor diante de minha criadora, por que ela decidiu que alma, mente e corpo rejuvenesceriam a altura de uma mortal de dez anos de idade. Mas é nesse momento, que me deparo com sua faceta mais sincera... E sábia também.

*Entre suas mãos, pequenos sonhos se materializavam, formando imagens de crianças brincando*

- Sempre que algum male me assolava, preocupação ou temor, eu tentava me manter forte diante de minha rainha. Sou teu principe e guerreiro, não desejo preocupá-la. Sempre fui capaz de ocultar tais fraquezas de todas as formas de minha mãe... Exceto, quando é uma criança. Instintivamente ela sabe quando preciso de um afago, ou que alguém ouça minhas palavras, me convide para uma brincadeira lúdica ou apenas fique ao meu lado esperando a dor passar. Veja bem, este não é o dom de uma fada...

*A imagem mostrava uma mulher chorando e uma criança a abraçando*

- É o dom de uma criança. Minha mãe é filha de Pondsmania e nesse momento é onde demonstra seu verdadeiro amor pelo reino. Aproveita cada canto, cada árvore, cada rio ou pântano. Se algum canto do reino é ferido, ela chora. Ela sofre... Ou finge ignorância, para não preocupar os seus. Mas a sua maneira, luta para protegê-lo. Nunca se deve subestimar uma criança, minha senhora. Elas são fortes. Muito mais do que imaginamos. Capazes de entender coisas que nós mesmo não entendemos. E vencer perigos que achamos ser demais para elas. As vezes... Só as vezes...

*A imagem se desfez em pulsos de luz faiscantes*

- São os filhos que tem que proteger suas mães. Mesmo que seja delas mesmas. Era apenas isso que queria dizer. Se me dá licença. Lembre que sua filha tem três desejos. Não esqueça.

*E partiu, sem esperar reação*
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Re: Parte 5 — Os que Lá Ficaram

Mensagem por Tiagoriebir » 31 Jul 2018, 19:27

Eleanor ouviu as palavras de Dream, secando as lágrimas enquanto o ser feérico contava sobre sua relação com a própria mãe. Ela mantinha uma expressão de respeito. Era uma boa mulher, afinal de contas.

— Eu concordo com você, pequena fada. Os filhos devem proteger os pais. Mas só quando eles não tiverem mais condições de proteger a si mesmos. Enquanto eu tiver forças, enquanto puder me mexer e andar, vou proteger minha filha do melhor jeito que puder.

De olhos ainda vermelhos, ela olhou para a janela e a tempestade lá fora.

— Sou simples, não sou como você, uma criatura de magia, um aventureiro. Mas entendo porque faz essas perguntas. E justo por ser simples, eu digo que um pai ruim ainda é melhor do que nenhum pai.

Dream respeitosamente reforçou sua fala final, lembrando à mulher sobre os desejos de sua filha. Ela assentiu com a cabeça e se voltou mais uma vez para a janela, sem acompanhar os dois à porta.

— Até mais, Eleanor. Me desculpe pelo incômodo — disse o anão, melancólico.

Os dois saíram em silêncio, seguindo mais uma vez em direção à praça central do vilarejo. Já estavam à meio caminho, quando ouviram uma voz fina e ranhenta.

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— Esperem!

A dupla parou. Gauderimm olhou para Dream enquanto a garota se aproximava, correndo. O anão retirou a própria capa oleada e colocou sobre a garota.

— Vai ficar doente se andar desse jeito na chuva, menina.

— Não tem problema — ela respondeu. E então, para Dream. — Já sei o que quero pedir.

Os três ficaram em silêncio por um instante, em meio à chuva.

— Eu ouvi o que você disse à minha mãe. Ela é muito boa, mas não quero que ela sofra com meu pai. Quero fazer como você e proteger minha mãe. — Por mais que a chuva molhasse todo o rosto da garota, era claro que ela também chorava. Mas seus olhos estavam muito abertos, como se ela estivesse olhando algo além do próprio fado. Suas próximas palavras saíram com um tom de seriedade que nem mesmo Gauderimm havia presenciado.

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— Três desejos você me concedeu. Três desejos vou te pedir. — A garota juntou as mãos, em súplica.

— Eu quero ter saúde, para suportar qualquer dificuldade que possa surgir.

— Eu quero ter força, não só para resistir, mas para vencer qualquer dificuldade que possa surgir.

— Eu quero que meu pai seja um homem bom, para que ele honre minha mãe e nossa família.

Dream sentiu que as palavras da menina eram carregadas de fé e esperança. Aquele era um momento mágico.
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Re: Parte 5 — Os que Lá Ficaram

Mensagem por DiceScarlata » 03 Ago 2018, 15:50

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*Quando a menina chegou, Dream ergueu um escudo de luz acima da cabeça dos três, bloqueando as gotas de chuva - que afinal, para ele, eram como pequenas marteladas molhadas - E pairou a frente da menina ouvindo seus pedidos*

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— Três desejos você me concedeu. Três desejos vou te pedir. — A garota juntou as mãos, em súplica.

— Eu quero ter saúde, para suportar qualquer dificuldade que possa surgir.

— Eu quero ter força, não só para resistir, mas para vencer qualquer dificuldade que possa surgir.

*Dream pensou. Imaginaria que seriam pedidos simples também, mas a profundidade deles o tocou. "Não subestime as crianças", foi o que ele mesmo disse não? *

- Concedido. Ambas estão ao meu alcance para lhe dar, mas depende do quanto você deseja, pequena. Saúde você tem, mas suportar as coisas, você pode aprender. Força você tem, vencer dificuldades, você pode aprender. Ambas, eu posso ensinar. Há de tornar-te minha aprendiz. Ensinarei a magia dos sonhos a você. Eu nasci encantado pelos dons arcanos, mas ele é inato de todos os seres vivos. Você pode fazer o que eu faço, para proteger a ti mesma e sua mãe.

*O escudo pulsou mais forte e dele, começaram a chover pequenos sonhos sobre o trio. Imagens bonitas e heróicas vindas dos sonhos de toda Arton*

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— Eu quero que meu pai seja um homem bom, para que ele honre minha mãe e nossa família.

*Dream a contemplou e sorri*

- Deste cuido eu. Infante Isolda. Juro pelo meu nome, que farei tudo a meu alcance e mesmo além, para mostrar ao seu pai o que realmente tem valor. Mas talvez... Quando chegar a hora, eu peça sua ajuda, tudo bem?

*Acariciou os cabelos da menina*

- Vou ensiná-la tudo que sei. Mas posso te ensinar apenas enquanto Azgher raia poderoso no céu. Quando se deita, é impossível para mim.

*E olhou o céu, atento*
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Re: Parte 5 — Os que Lá Ficaram

Mensagem por Tiagoriebir » 10 Ago 2018, 23:01

Dream escreveu:- Concedido. Ambas estão ao meu alcance para lhe dar, mas depende do quanto você deseja, pequena. Saúde você tem, mas suportar as coisas, você pode aprender. Força você tem, vencer dificuldades, você pode aprender. Ambas, eu posso ensinar. Há de tornar-te minha aprendiz. Ensinarei a magia dos sonhos a você. Eu nasci encantado pelos dons arcanos, mas ele é inato de todos os seres vivos. Você pode fazer o que eu faço, para proteger a ti mesma e sua mãe.
A expressão de dúvida, que havia no rosto da garota, quando ela fez seus primeiros pedidos, foi se desmanchando, à medida em que Dream lhe dizia ser possível realizar seus desejos e os sonhos conjurados se manifestavam sobre eles. A dream pareceu, quando ele falou sobre tornar Isolda sua aprendiz, que aquilo era tudo o que a garota sempre sonhou escutar, em toda sua curta e frágil existência. Ela uniu as mãos devagar, à medida em que o príncipe falava. Quando ele terminou, antes que a criança fizesse o terceiro pedido, tudo o que ela conseguiu dizer foi

— Obrigada.

Em tom de murmuro.

Então, ela fez o terceiro pedido.
Dream escreveu:- Deste cuido eu. Infante Isolda. Juro pelo meu nome, que farei tudo a meu alcance e mesmo além, para mostrar ao seu pai o que realmente tem valor. Mas talvez... Quando chegar a hora, eu peça sua ajuda, tudo bem?
— Claro, senhor — Ela fungou mais uma vez, emocionada. — Farei o que for possível, senhor Dream!

Gauderimm olhou para Dream, ainda mantendo a capa sobre a garota. Ao fado pareceu que o anão calculava a possibilidade de realização daquele desejo, mas nenhum dos dois disse nada.

Dream acariciou os cabelos da menina.
Dream escreveu:- Vou ensiná-la tudo que sei. Mas posso te ensinar apenas enquanto Azgher raia poderoso no céu. Quando se deita, é impossível para mim.
E olhou o céu, atento. Apesar da barragem cinza e selada que as nuvens formavam, sabia que ainda era o meio da tarde.

— Não entendo tudo o que diz, senhor Dream, mas aceito ser sua aprendiz sempre que o senhor puder me ensinar.

Dream viu algo raro nos olhos da garota — esperança. Gerar aquele tipo de sentimento em uma outra criatura era como beber um raro néctar feérico. Regozijou-se em um sorriso silencioso, absorvendo aquele olhar, se dando conta de há quanto tempo não causava aquele tipo de sentimento em alguém. Fora para aquilo que ele havia sido sonhado, tinha certeza.

Sentiu-se completo.

Não havia dado tempo suficiente para que qualquer um dos três retomasse a palavra, eles ouviram uma voz de garoto, vinda do centro da vila. Ele corria em sua direção, chapinhando no lodaçal de Campodouro.

— Senhor Dream! Senhor Gauderimm!

O garoto era daqueles que ele havia designado para vigiar os arredores do vilarejo. Dream soube na hora que aquilo não podia significar algo bom. Ao menos significava que a rede de vigilância funcionava. O garoto enfim se aproximou. Suas mãos e braços estavam manchados de sangue, apesar de ele mesmo não aparentar ter ferimentos.

— Um sobrevivente senhor. Chegou agora há pouco. Há mais monstros à caminho.
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• Você chegou a 3 posts de 3 em dia. Ganhou +1 PF, ficando com 11 PFs.

• Como eu atrasei minha postagem, perco 1 PF, ficando com 10 PFs.

Você vem enfrentando uma série de problemas e decisões difíceis; e vem conseguindo resistir a todas elas de alguma forma. Este é o espírito heroico, tão raro em dias cinzas e chuvosos, como os dias de Outono. Por manter-se determinado, você aprende. E por aprender, você evolui.
Dream ganhou 1 Ponto de Personagem.

• A aventura continua na Parte 8.
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