Parte 11 - A Noite que Seguiu a Luta

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Tiagoriebir
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Parte 11 - A Noite que Seguiu a Luta

Mensagem por Tiagoriebir » 19 Dez 2018, 20:21

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Gritos. Ordens. Barulho. Todos lá fora berravam uns com os outros, ordenando ao demais o que fazer. Havia os que praguejavam, enquanto outros tentavam encorajar os companheiros. Mas a verdade era que eram pouco mais que crianças ali. Tentavam convencer a si mesmos de que estavam fazendo algo de importante, de que eram o último recurso em caso de necessidade, mas no fundo sabiam que eram só os que foram deixados para trás. Os menos aptos. Ela também sabia.

Através das grades podia vê-los correndo de um lado a outro, lanças, espadas e insegurança. Foi assim desde o início da tarde. Desde que passaram pelo forte os dois mensageiros esbaforidos. Traziam a mensagem do ataque de uma horda bárbara.

Ela havia chegado um pouco antes, acolhida por um casal de soldados, pouco mais que adolescentes, que a encontraram nas colinas enquanto patrulhavam. A levaram até o forte, uma sólida construção de madeira. Enquanto chegava, um tropel a cavalo partia. O líder dos cavaleiros, um homem louro de ar empolado e expressão brava lhe dignou um rápido olhar, pouco menos que desdém, antes de puxar as rédeas e seguir. Iam verificar a situação em Campodouro, ela soube logo mais. A cidade havia sido atacada na noite anterior e todos estavam em alerta.

Realmente, algumas horas depois, eles avistaram uma horda que não tinha fim. Pessoas que não eram mais pessoas. A pele delas tinha um tom amarelado doentio. Algumas carregavam armas, outras crispavam as unhas, tornadas em garras. Outros eram enormes, deformados. Uma quantidade de pessoas que ela jamais havia visto reunidas em um mesmo lugar. Todas passaram reto pelo forte. Seguiram o mesmo caminho dos cavaleiros, rumo a tal Campodouro.

Súbito, um barulho ensurdecedor fez com que Maria voltasse ao tempo presente. O chão tremeu e um clarão ofuscou o mundo por um instante, mais forte que um trovão. Um garoto ruivo, cheio de espinhas, caiu no chão lamacento com o tremor, atrapalhado com a própria armadura. Um homem bem mais velho chegou e ergueu o braço a ele. Ele tinha espada em punho e expressão de lobo. Era o primeiro soldado que via, desde a partida dos cavaleiros, que parecia realmente saber o que fazer. Com um tapa amigável, indicou ao garoto onde se posicionar. O soldado mais jovem agradeceu e seguiu. Então o lobo a viu e foi até ela.

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— Você é a garota que pediu para ser presa. Por que fez isso?

— Eu não queria… Eu queria me proteger do ataque — respondeu Maria, surpresa pela abordagem do homem.

— Como isso lhe protegeria? Se aqueles monstros decidissem invadir o forte, não teriam dificuldade em arrombar estas grades. Eles são muitos.

— Eu não sei — Maria se sentia contrariada por ter sua ideia contestada. Detestava ter que lidar com outras pessoas por causa de coisas como aquela. Mas ela não revelaria o real motivo de ter se trancado. Não queria correr o risco de perder a cabeça e, no frenesi, acabar matando os defensores do forte. — Eu só não queria me envolver.

— Perdão. Estava lhe tratando como um soldado. — O homem mudou o semblante e afrouxou os ombros. Estendeu a mão a ela por entre as barras da gaiola de ferro. — Sou Camacho, oficial do exército de Deheon a serviço aqui, no Forte Campodouro.

— Maria — respondeu a garota maltrapilha. Um pouco confusa sobre o que fazer com a mão estendida do soldado, não fez nada. Ele recolheu a mão.

— Entendo se quiser se manter aí. Mas preciso ser sincero. Caso soframos uma invasão, não terei como garantir sua proteção. Mal consigo coordenar estes jovens soldados.

— Eu não preciso de proteção. Eu —

Antes que Maria completasse sua resposta, veio outro estrondo. E mais um. Três. Depois eram tantos que não foi possível contá-los. Eram tão fortes quanto o primeiro. O chão tremeu por algum tempo e o clarão foi tão forte que deixou todos cegos por instantes. Camacho recobrava o equilíbrio, apoiado na grade da prisioneira auto imposta.

— Seja lá o que for isso, espero que seja do nosso lado.

Maria não sabia quem era o responsável por aquilo, mas sabia exatamente o que era. Podia sentir o cheiro nauseabundo a quilômetros de distância.

Magia.


* * *


Nightmare ainda tentava assimilar o que havia acabado de acontecer. Tentava repassar em sua cabeça. Varreram a horda da existência, isso era certo. Enfrentou um deles que era maior. Depois o encontro com o cavaleiro poderoso e seu dragão morto-vivo. Frio. Chuva. Lama. Noite. Então se deu conta de que as próprias mãos estavam diferentes. Não eram mais suas mãos. Mas eram. Se deu conta de que, pela primeira vez em sua existência, era noite e não era Nightmare. Mas também não era Dream.

Lembrou da corte das fadas, de seu auxílio. De seu abandono. Das palavras de suas mães. Do aviso. Da punição. Não era mais o príncipe altivo das fadas, tampouco a princesa caprichosa. Era os dois em um. Era aquilo que evitava e que buscava. Um terceiro e agora único.

Era Sandman.

Chorou.


* * *


— Não estou pedindo permissão! Eu vou até lá, quer você queira ou não! — Maria quase vociferava para Camacho quando, pela terceira vez ele dizia que não seria responsável por ela.

— Certo — ele demonstrava impaciência, olhando em direção à aldeia. Em seguida, dirigiu um olhar aos outros dois soldados que estavam juntos — o mesmo casal que a recolhera mais cedo naquele dia — e deu o sinal para começarem a cavalgar. Os quatro partiram rumo a Campodouro.

Maria não tinha certeza de nada. Queria investigar, mas ao mesmo tempo temia o que poderia encontrar. A horda inegavelmente havia sido dizimada, como os restos de corpos pútridos e recobertos de sangue negro e oleoso demonstravam, e isso era o que dava confiança a Camacho para que seguissem. A chuva havia voltado à sua constância habitual, lavando tudo.

Era o fim do crepúsculo, então ainda foi possível ver o estado do terreno da aldeia. Enormes crateras redondas se apresentavam antes da cidade, algumas com profundidade suficiente para comportar dois homens um sobre os ombros do outro. Mas não havia nenhum homem lá dentro. Apenas partes de homens, mulheres, crianças e monstros. Braços. Pernas. Vísceras. Lodo negro. Tudo era devastação. Tiveram que apear dos cavalos e guiá-los a pé, para contornar as crateras e chegar na tão falada Campodouro. Algumas dezenas de metros depois dos enormes buracos, algumas pessoas estavam reunidas, no meio do barro. Alguns velhos, alguns jovens. Conversavam. E no chão, ao centro do círculo de pessoas, dois olhinhos luminosos. Uma fada.

Uma criatura de pura magia.


* * *


— Você… É Dream? — A voz do senhor Aldir estava incrédula. O velho homem chegou, acompanhado de Borys e alguns dos garotos que estavam ajudando no suporte. Sandman ainda estava chorando quando eles se aproximaram. Ergueu os olhos e pode vê-los de perto. Era como se muitos meses tivessem se passado desde a última vez que os havia visto tão próximos. Então, percebeu os contornos por detrás dele. Campodouro. Ou parte dela.

Todas as estruturas até quase a metade do vilarejo haviam virado escombros. Viu a fundação de pedra da casa onde havia estado na noite passada, junto do conde, antes do festival e do primeiro ataque bárbaro. Notou que lembrava de tudo o que fizera como Dream e como Nightmare.

Precisava colocar a cabeça no lugar. Organizar os pensamentos. Muitas coisas aconteceram em um espaço de tempo muito curto.

OFF

• E começamos a parte 11, com a estreia de um novo jogador. Seja bem-vindo, Keitaro!

• Dice, voltamos à distribuição normal de PFs. Não será mais como nas últimas partes, em que você recebia PF a cada trê posts em dia.

• Vocês têm até 21/12 (sexta-feira) para postar sem perda de PFs. A próxima atualização será em 22/12.
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Keitarô
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Re: Parte 11 - A Noite que Seguiu a Luta

Mensagem por Keitarô » 20 Dez 2018, 09:20

Não conseguia pensar direito. A pressão dos outros a incomodava, mas, sobretudo, a sensação contraditória da magia. Sabia que ela estava lá, em algum lugar próximo. O "cheiro", como costumava interpretar, era um misto de sensibilidade com horror e ódio.

Maria não sabia lidar com a situação, mas talvez o costume de vivenciar tanto tal encruzilhada a fizesse ficar mais comedida. A paz, no caminho das grades até a cidade, vinha do silêncio da morte. Observando os arredores, projetou pensamentos quase autônomos: corria criança entre os despedaçados. Então, era uma heroína que atacava um dragão, que contra-atacava com um sopro de magia.

O dragão se fazia mulher, e a heroína Maria se fazia criança, encolhida numa poça de tripas, fezes e sangue. (Quase) acostumada às visões, sempre se questionava: por quê?

O cheiro foi ficando mais forte. Na cidade, menos morte e mais cheiro. Até culminar na roda de pessoas. Ali no centro, magia viva. Maria parou instantaneamente. Mesmo suas alucinações pararam, tudo prendeu a respiração.

— ... É inimigo. ...? — desviou a afirmação, baseada na sua história interna, a uma pergunta aos que a acompanhavam. Sentia sua energia tensa e exaurida para se manter neutra.

Mas a verdade é que Maria oscilava entre correr dali ou avançar na criatura mágica para fazer com que desaparecesse. Os pensamentos estavam confusos, e entrecortados por xingamentos frequentes, padrão comum a ela ao facear magia tão de perto.

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DiceScarlata
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Re: Parte 11 - A Noite que Seguiu a Luta

Mensagem por DiceScarlata » 21 Dez 2018, 22:24

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- HA!!

*Ao ver Aldir Dream saltou da cama. As lãgrimas ainda caiam, mas a criança fada pulou nos braços do homem e o abraço. Era pequena e leve claro, menor até que halfling talvez, mas ainda sim foi um bom baque*

- "De todos os sonhos que já tive, você é o mais belo da minha consciência!"

*Nightmare escalou pelo corpo do homem até o topo de sua cabeça, onde se pôs de pé, olhando os garotos*

- Existem centenas de poemas que começam com "de todos os sonhos que já tive", por que será ? É engraçado que num mundo de magias e milagres, os sonhos sejam ainda tão valorizados! No fim, todos são insatisfeitos com sua realidade!

*Não. Nem Dream. Nem Nightmare. Sandman. Tinha uma voz de uma criança, tamanho de uma, mas as palavras de desconexas de um velho lunático que se passa por filósofo profundo*

- Salvei metade do campodouro moço... Mereço metade de uma janta?

*E o olho confuso, com a ponta do dedo na boca... se é que havia uma boca ali*
Tribo Scarlata


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Re: Parte 11 - A Noite que Seguiu a Luta

Mensagem por Tiagoriebir » 14 Jan 2019, 14:01

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— É um dos aventureiros que ajudou a proteger a cidade — respondeu Camacho, tentando ignorar os tiques que Maria fazia com a cabeça, enquanto esperava pela resposta. — Ou parece um deles...

Maria não respondeu nada de pronto. Parecia estar fazendo um esforço mental enorme. E de fato estava. Ainda não compreendia o que era aquela criatura ou como lidar com ela. Ela tinha o fedor da magia, mas não era magia. Pelo menos não da forma que ela conhecia. Todo cuidado era pouco.

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— De fato. Também não sei mais se é quem eu imagino que seja — a voz do senhor Aldir tinha ficado alterada. — Os monstros atacaram, mas eu vi Dream invocando criaturas que se multiplicaram e explodiram tudo. E agora o que surge no lugar dele é você! Não sei se isso é algo que as fadas fazem, as nada do que você diz faz sentido. Metade de minha vila foi destruída! Explique-se, criatura! — As cores do rosto do velho homem haviam mudado do branco-pálido dos idosos para o vermelho-escuro dos enfurecidos.

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— Senhor, com todo o respeito — Borys se adiantou, seu esquilo no ombro — Mas, por mais que tenha havido destruição, ele protegeu os inocentes. Os habitantes de Campodouro estão ilesos.

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— Todos? Você esquece dos que estavam na linha de frente — bufou o homem. — Os que não eram soldados ou combatentes, mas ainda assim ousaram defender suas terras! Eram bons homens! Eu os conhecia pessoalmente! Isso sem falar nos garotos! Os garotos! Dizimados junto dos soldados! Todos eles!

Mesmo com toda sua habilidade com as palavras, Borys emudeceu. Não havia muito o que dizer em momentos como aquele.

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— Todos eles? — Um frio percorreu a espinha de Camacho. — Isso significa...

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— Sim. Sir Loric também foi morto em combate — Gauderimm se aproximou, pousando a mão no oombro do senhor Aldir. Apesar de ser um anão, naquele momento ele parecia mais alto que o humano. — Brakto também. E tantos outros. Não sobrou nenhum soldado.

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— Exceto pelos que ficaram no forte, todos os demais soldados morreram Camacho — senhor Aldir respondeu, exasperado. — Todos! E essa... criatura me pede janta! — Os olhos injetados de Aldir fitavam Sandman com um olhar que pouco haviam visto aquele homem fazer. Era raiva.

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— A culpa não foi dele, Aldir. — Velha Sovnya surgiu, auxiliada por dois jovens que a ajudavam a se mover pelo chão lamacento. — Todos os que entraram em combate tinham consciência do que poderia acontecer, até mesmo você. Eles morreram defendendo suas famílias e amigos, como você também faria. Você está procurando um bode expiatório na fada. Respeite o desejo dos mortos e agradeça a eles por você ainda poder ver sua filha.

Era estranho ver um homem respeitado como o senhor Aldir levar um sermão, mesmo sendo da sábia da Aldeia.

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— Venha, vamos voltar à vila. Há muito o que fazer.

Gauderimm ajudou o senhor Aldir a se mover em direção aos escombros que davam acesso à vila. Velha Sovnya e seus ajudantes foram com eles. Os demais ficaram ali, sob a chuva, assimilando as informações. Maria ficou intrigada — a velha também cheirava à magia. Os tiques, em que ela virava bruscamente a cabeça para o lado, aumentaram por alguns instantes. Os demais notaram isso com estranheza, mas havia assuntos mais urgentes para tratar.

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— Onde estão os corpos dos soldados? Precisamos preparar os ritos apropriados. Sir Loric era um nobre e seu irmão chegará junto do reforço que virá amanhã. Não tenho certeza se a família tentará uma ressurreição, mas ao menos levarão o cadáver ao mausoléu dos Richta.

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— Receio que não tenha... restado um corpo em condições — retornou Borys, mostrando, com um gesto de mão, os arredores: o campo cheio de crateras estava sovado de pedaços de corpos explodidos até se tornarem massa vermelha, diluída no barro com a força das chuvas.

Camacho engoliu em seco, mas logo seus olhos se estreitaram, retomando a postura pétrea de soldado.

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— Vamos sair daqui e verificar os demais. Devemos garantir que não haja mais feridos.

Apesar da resposta em tom decidido, o soldado não montou o cavalo, mas o puxou pelas rédeas, em direção a Campodouro. O casal de soldados que também vieram do forte fizeram o mesmo. Borys dirigiu-se a Maria.

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— Olá, senhorita... Temo que não tenha chegado ao vilarejo em um bom momento. Me chamo Borys, a seu dispor.

Em seguida, voltou-se para Sandman.
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— Dream? Nightmare? Não... essa forma é nova. O que você é agora, príncipe das fadas?

OFF
• E retomamos as atividades em nosso jogo! =D

• Vocês recebem +1 PF pela chegada do novo ano, já adicionado em suas fichas.

• Como havíamos combinado, o tempo de respostas agora será de dois dias úteis, desconsiderando finais de semana. Portanto, vocês têm até 16/01, quarta-feira para responder sem perda de PFs.
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Re: Parte 11 - A Noite que Seguiu a Luta

Mensagem por Keitarô » 16 Jan 2019, 12:18

Maria tinha muita vontade de recuar. E, talvez sem perceber, o fez várias vezes — um pé para traz, depois voltando à posição inicial, repetindo-se a cada punhado de segundos. Tentava pensar no estado da cidade, pelo clima de pesar de todos, mas logo sua atenção voltava à criatura fedida a magia, mas que não era magia em si. Sabia que era exagero de sua parte, mas, aquilo não deveria existir. A maneira como falava, como simplesmente era, não fazia sentido.

Não conseguia discernir as imagens mentais, talvez memórias, ativadas pela presença do tal Dream, Sandman, ou fosse qual fosse seu nome. "Príncipe das fadas" fazia dele uma fada. Ela nunca tinha visto uma antes, então, não sabia o que significava. Virava o pescoço buscando estralá-lo, mas ele nunca o fazia, agoniando-a um pouco mais.

Precisava sair dali.

— Prazer, Borys. O que causou essa horda a que se referem, não foi magia ou algo assim?

É verdade que queria investigar, mas também queria que a investigação acabasse logo. Para si, a conclusão fazia muito sentido.

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Re: Parte 11 - A Noite que Seguiu a Luta

Mensagem por DiceScarlata » 16 Jan 2019, 22:45

SANDMAN
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- Aaaah... Entendi... você busca um culpado...

*Em meio a discussão sobre o que havia acontecido, Sand martelou uma mão usando outra, demonstrando sua súbita compreensão*

- Dizem que isso alivia os mortais né? Né? Quando há morte, culpa o inimigo. Quando há aliados, culpam os heróis que o enfrentaram. Quando há fome e pobreza culpam o rei... Quando não há quem culpas, apontam aos deuses... Heheheheh Humanos sonham demais!

*Sandman imitava um professor, falando cada citação de maneira lenta e explicativa, como se dissesse a uma criança*

- Homem velho, quero te perguntar... Se eu disser: FUI O CULPADO, fará o que? Me matar? Me expulsar? Minha súbita culpa lhe trará felicidade mesmo sobre um mar de cadáveres? Vai, vai, me fala! Quando o delirio acabar, como você vai ficar?

*Sandman o encarava vidrado, insano. Parecia perdido em devaneios e ainda confuso*

- Ou pode me dar a janta!! VAMOS TODOS JANTAR!! Olha, desculpa a gente. Mas eram muitos e não morriam... batiamos e batiamos e não morriam... Depois veio o bichão... depois um dragão morto com um bicho mais forte que toda a horda e campoudoro juntos... Os soldados da frente lutaram e morreram. Meus aliados lutaram e perderam. A batalha foi nossa derrota, mas vcs... Os doentinhos e tooooooooooooodo o resto estão vivos!

*Bateu uma mão na outra, como quem diz: Trabalho bem feito*

- Mas eu fico feliz...

*Voou até o furioso homem*

- Um lixo de pessoa estaria aliviado por estar vivo. Uma pessoa nobre, se enfurece por cada vida perdida... Eu gosto de você. Da sua raiva. De tudo. Pode me bater se quiser e prometo...

*Era possível ver um sorriso ali*

- ... Que não te mato =)

*Rodopiou num voo leve e pulou nos braços de Borys*

- BOOOOOOOOOOOOORYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYS! TO COM FOME!!! EU AGORA SOU SANDMAN! MORPHEUS!! SANDIE!! NÃO, SEI, VOU ACHAR UM NOME AINDA... MAS MEU NOME AGORA É FOME! QUERO COMER!!

*Acariciou os cabelos do Bardo*

- Canta pra mim?
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Re: Parte 11 - A Noite que Seguiu a Luta

Mensagem por Keitarô » 17 Jan 2019, 08:52

A criatura tinha uma forma diferente de pensar.

— Seria possível julgar de maneira ruim algo pelo seu natural? O medo domina os homens, afinal.

Inclusive si mesma. Sabia muito bem disso, embora não soubesse quando tudo isso havia começado. Sabia haver um começo... Um gatilho para sua situação atual. Ou seria seu estado natural?

— O medo é a magia dos homens. Você... Entenderia?

Na verdade, falava mais pra si que para Sandman ou qualquer outro. Os olhos abertos, desfocados, um sorriso perdido.

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Re: Parte 11 - A Noite que Seguiu a Luta

Mensagem por Tiagoriebir » 17 Jan 2019, 15:00

As respostas de Sandman ao senhor Aldir injetaram os olhos do velho, mas antes que ele pudesse responder, a velha Sovnya se aproximou e o levou para a ruína de Campodouro.

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— Creio que intimidá-lo certamente não é a melhor estratégia nesse caso, meu amigo — pontuou Borys apenas para a fada. — Ele está nervoso e chocado pelo ataque que a aldeia recebeu. Sugiro que dê algum tempo a ele, que parece perdido.

Maria conseguiu dar um passo à frente, em direção ao bardo e à fada. Queria se aproximar mais, mas não conseguiu.
— Prazer, Borys. O que causou essa horda a que se referem, não foi magia ou algo assim?
— Ao que tudo indica, se trata sim, de uma doença gerada por magia. Alguns de nossos companheiros — Borys ia explicar o acontecido nos últimos dias, mas foi interrompido por Sandman.
*Rodopiou num voo leve e pulou nos braços de Borys*

- BOOOOOOOOOOOOORYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYS! TO COM FOME!!! EU AGORA SOU SANDMAN! MORPHEUS!! SANDIE!! NÃO, SEI, VOU ACHAR UM NOME AINDA... MAS MEU NOME AGORA É FOME! QUERO COMER!!

*Acariciou os cabelos do Bardo*

- Canta pra mim?
— Seja lá o que aconteceu, você mudou além da aparência, er, Sandman. Mas sim, você tem razão. Também estou com fome, e ensopado até o último fio de cabelo.. Vamos seguir Camacho e os demais. Precisamos ajudar como pudermos, e eu também preciso ver algumas pessoas — disse, e Sandman sabia que ele pensava naquela elfa artista. O bardo se voltou para Maria.

— Senhorita, não fique aqui também. Nos acompanhe, por favor.

Maria assentiu, mas não conseguia caminhar ao lado da dupla. A fada a deixava intrigada e confusa. Enquanto caminhavam rumo à aldeia, ela começou a discorrer sobre o medo dos homens de forma desconexa. Sua expressão também não ajudava a compreender o que dizia.

— De fato, não classificaria o medo como magia, senhorita — Borys, solícito, tentou dar algum sentido ao que ela dizia, enquanto ajustava os ombros às peripécias de Sandman e de seu esquilo. — Imagino que seja o estado natural daqueles que não compreendem algo.

Maria pareceu assentir, mais para si mesma do que para o bardo. Seus olhos fitavam as nuvens de chumbo negro, sem se importar com a água da chuva.

* * *

Algumas horas se passaram enquanto os inocentes não infectados eram liberados e aos poucos recolhiam o que podiam dos detroços das casas da frente. Apesar das forças lideradas por Dream e sir Loric terem vencido a horda, quase todos os defensores haviam sido mortos e cerca de um terço das casas do vilarejo foram destruídas pelo impacto das explosões arcanas. Havia choro, mas também resignação. Apesar das perdas, uma derrota completa teria apagado o vilarejo da face de Arton.

Camacho destacou quase todos os soldados do forte para ajudar as pessoas do vilarejo a recuperarem itens de primeira necessidade, assim como acondicionar aqueles que estavam sem casa. Os infectados foram mantidos no celeiro dos fundos, sob observação. Ninguém dormiria naquela noite e todos temiam que uma nova horda pudesse surgir de onde veio aquela.

O manto de Tenebra já estava profundo nos céus quando o galpão da taverna começou a ser ocupado. Três Grandes mesas foram postas, em torno das quais as pessoas se acomodaram lado a lado. Uma grande lareira ao fundo garantia algum calor contra o frio que a chuva sem fim propagava.

Maria notou que também tinha muita fome, e saboreava com certa voracidade sua sopa de legumes quando Borys e Sandman se sentaram à frente dela na mesa. Juntos deles havia uma meio-elfa muito bela, mas de expressão triste. Chegaram junto alguns goblins.

— Podemos nos assentar aqui, senhorita Maria? — o bardo inquiriu, polido. Depois de se acomodar, ele indicou a meio-elfa — Permita-me apresentar. Esta é Dillianna. Ela, seu irmão e estes goblins vieram ao festival que aconteceu ontem. Mas todos fomos atacados por estes monstros.

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— Prazer — a meio-elfa cumprimentou, com um sorriso triste. Os goblins não se deram ao trabalho de falar nada, enquanto se esbaldavam no prato de sopa, assim como Sandman.

— Dillianna tem um irmão — prosseguiu Borys. — Ele foi atacado pelos monstros e está infectado com a mesma doença que os deixa desse jeito.

Ante a expressão de dúvida da garota humana, Borys prosseguiu.

— Mas nem tudo está perdido, adianto. Alguns de nossos companheiros partiram rumo à Floresta dos Basiliscos, onde parece haver uma erva capaz de produzir um antídoto. Tenho plena confiança de que eles voltarão logo.

Dillianna não resistiu e lágrimas furtivas despontaram de seus olhos. Borys a confortou com um abraço.

— Eles vão conseguir, Dillianna. Eles vão conseguir.

OFF
• Esse é um momento de interação, pessoal. Interajam entre si para se conhecer, e com os demais sobreviventes de Campodouro para descobrirem informações e saber como estão. Podem perguntar no Telegram, caso queiram saber se algum personagem está na taverna.

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Re: Parte 11 - A Noite que Seguiu a Luta

Mensagem por Keitarô » 17 Jan 2019, 20:28

— Naturalmente esta é a magia. O conhecimento de causar medo. Sempre é uma magia ruim…

Ela era vítima dessa magia e automagia.

Mais tarde, à noite, comia a sopa que tinham feito com relativa atenção ao nada. No nada, enxergava uma criança que parecia muito com ela, brincando com o que parecia um espírito, ou algo assim, totalmente negro, na forma de uma mulher. Apenas por observar, Maria sentia medo.

— Esta é a magia…

A mulher brincava com a pequena, o sorriso aparecendo como um espaço em branco na treva. Abraçou-a com ternura, mas Maria conhecia aquela história. Era uma ternura falsa. Embora conhecesse bem a história, não sabia o porquê, nem qual a relação que aquilo tinha dentro de sua mente, bem como todas as visões envolvendo a criança, que às vezes era ela mesma.

Quando Borys chegou, Maria apenas apontou com o rosto a cadeira. Estava comendo, e falar comendo era falta de educação. Preferiu o silêncio, até para se manter cautelosa diante da fada. Ficou um pouco curiosa com relação às figuras novas. Os goblins não faziam questão de prestar atenção em qualquer coisa que não a comida, então Maria também não deu atenção. Quanto à meio-elfa, achou algo estranho. Não soube explicar. Não sentiu compaixão.

— Prazer, e tudo bem. Ele deve estar bem, sim — afirmou com certa convicção, embora não soubesse explicar o porquê, ou talvez o motivo não fosse o desejado.

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Re: Parte 11 - A Noite que Seguiu a Luta

Mensagem por DiceScarlata » 22 Jan 2019, 16:13

SANDMAN
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*Quando alguém perguntou como era possivel Sandman comer tanto, logo após esvaziar 2/3 do caldeirão de ensopado, ele apenas respondeu*

- Estou alimentando sonhos das pessoas! Hehehehe

*E continuou a comer até que sua barriga ganhasse uma forma arredondada e saliente. Limpou a boca toda suja, embora a mesa fosse uma causa perdida e se aproximou da garota nova, que tanto parecia temer a magia. O tom rispido de Nightmare surgiu ali*

- Huuh?? Algum problema com a magia??E com o medo??? E com os pesadelos ???

*Agarrou-lhe o colarinho, adquirindo um tom "yankee" de falar*

- Quer brigar?? Huh!!HUH??? SOU FEITA DE MAGIA PO!!!
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