Filhos da Tormenta - Ato I: Ame
Província de Nigata - Verão de 1103
Vocês partem assim que
Fou chega, e logo estão seguindo pela estrada sulcada que leva para as aldeias madeireiras que ficam no norte da província, às margens da Floresta das Sombras. O dia está quente e ensolarado, mas mesmo aqueles que não tem um chapéu sentem pouco o calor, graças a brisa marinha que sopra incansavelmente da Baía de Seto, atrás de vocês, cujas águas cor de jade emolduram a cidade de Nigata, cercada por uma paliçada de pedra e madeira.
Campos de arroz e de trigo, pomares de pêssegos e maçãs, e hortas de legumes e verduras ocupam as colinas ao norte da cidade, dividindo espaço com moinhos de vento e de água e currais de cabras e ovelhas. Os aldeões os saúdam quando vocês passam pelas pequenas aldeias, nada mais do que algumas casas construídas ao redor de moinhos e celeiros, oferecendo alguns dos produtos recém-colhidos ao grupo, pois em Nigata as bençãos da terra são divididas sem distinção, e logo a carroça também leva alguns potes de mel, garrafas de vinho feitas de bambu e rodas de queijo fresco.
Hina segue à frente do grupo com
Kazuto e
Sakuya. Se a discussão a afetou, ela não demonstra, pois anda de um lado para o outro observando a paisagem com curiosidade, acenando para os aldeões que encontra como se fossem velhos amigos, embora uma vez ou outra deixe escapar uma reverência para um ancião, quando então olha de viés para ver se
Wei não está observando.
-
Não preciso provar nada para ninguém - ela diz para
Kazuto e
Kazuya, sem se voltar para ninguém em especial, quando o grupo contorna os últimos pomares e a vila desaparece nas colinas. -
Claro que tem muita coisa que eu acho que não significam o mesmo que antes, mas eu ainda amo nossa terra mais do que tudo, se entendem o quero dizer... Sim, eu pensei várias vezes em abandonar tudo isso e ficar no sul, duvido que não tenham pensado nisso, mas não seria justo com as pessoas que deram tudo por nós, não é mesmo...?
Por volta do meio-dia, o vento do mar cessa, deixando o dia quente e abafado - quem não está de chapéu logo começa a suar - mas ao mesmo tempo os primeiros bosques de pinheiros surgem nos campos ao redor, criando ilhas de sombra frescas pela estrada. Pilares de pedra foram erguidas para marcar o caminho, mas em muitos pontos a estrada diminui até se transformar em uma trilha estreita, serpentando por entre árvores imensas.
No início as árvores são pequenas, bosques avançados da grande floresta que cobre o norte da província, mas logo eles se tornam maiores, atingindo mais de trinta metros de altura, e então se torna impossível não sentir a força divina que permeia a ilha, trazida pela Conjunção...
Choveu por cento e oito dias sobre Tamu-ra, depois que a Tormenta foi destruída, uma tempestade torrencial que carregou todo o sangue akamono para as profundezas do abismo, iniciando o que os sábios chamariam de Conjunção de Mundos, quando o Reino Celestial de Sora tocou o Plano Mortal de uma forma que não acontecia desde o princípio dos tempos.
Assim que a Tormenta foi destruída pelo exército de Hikaru no Kishi, todos sabiam que o fim do flagelo era apenas o início do trabalho de reconstrução de Tamu-ra, um esforço que levaria gerações para ser completado. O modo como a chuva demoníaca feriu o mundo deixou apenas destruição e morte. No entanto, esse trabalho nunca foi responsabilidade apenas dos mortais.
Enquanto chovia, os deuses abriram o Mundo Celestial para Tamu-ra, apagou toda a devastação causada pela Tormenta. O mundo tremeu e mudou, e seres colossais foram jogados no mundo para devorar os últimos resquícios do flagelo, e quando eles finalmente terminaram, a natureza já cobria novamente a ilha com vida, transformando em poucos meses o que levaria décadas para surgir. Por isso, quando o primeiro barco trazendo os exilados surgiu nos mares do sul, o flagelo havia se transformado em uma lembrança amarga; florestas inteiras dominavam os campos, rios de águas puras deslizavam por entre as colinas e montanhas intocadas, e a vida pulsava sobre a ilha como nos primeiros dias do mundo.
Ainda assim, apesar de todas as dádivas recebidas, logo ficou claro que elas eram apenas parte do novo mundo, pois para recriar a ilha, Lin’Wu sacrificou uma parte de seu próprio reino celestial, o que trouxe não apenas as bençãos mas também as desgraças intrínsecas a natureza do plano. Ao mesmo tempo em que a vida era renovada nas florestas da ilha, com o surgimento das feras e presas, dos pássaros, dos peixes e dos espíritos da natureza, seres malignos também surgiam na escuridão, os oni, os yurei, os bakemono e os gaki, todos famintos pela força do novo mundo.
O dia está no fim quando vocês alcançam as margens da Floresta das Sombras, mas ainda faltam muitas horas até alcançarem a vila madeireira. A trilha serpenteia por entre árvores com o sol poente brilhando por entre as copas altas, desaparecendo lentamente por trás das Montanhas Vermelhas, cobertas de neva, até que mundo se torna escuridão. Oburo e Hirei acendem tochas, mas elas conseguem apenas iluminar a estrada adiante.
Um vento frio sopra das montanhas, enchendo a escuridão com um farfalhar melancólico... um farfalhar que logo se transforma no som de asas e guinchos.
-
Morcegos gigantes - Hirei diz, agitando a tocha para olhar a escuridão das árvores acima da trilha.
-
Todos vocês acendam uma tocha - diz Oburo, saltando para a caçamba da carroça e jogando uma tocha para Hina. -
Eles não se aproximam do fogo...
Mas o caçador não parece convencido, olhando para a escuridão atrás dos animais, cujo som de asas e chiados se tornam mais intensos.
-
Tem algo errado... ele diz, antes dos vultos caírem da escuridão.
Dezenas de morcegos gigantes caem sobre vocês, com as garras a frente do corpo como aves predadoras, guinchando.
Batalha da Trilha - Turno 1
Rolem Iniciativa.
Sentai
- Fou (Hanyô Wu-Jen 1): CA:13; PV: 10; PM: 13; XP: 0.
- Wei (Ryuujin Shugenja 1): CA:14; PV: 18; PM: 11; XP: 0.
- Sakuya (Humana Samurai 1): CA:16; PV: 20; PM: 7; XP: 0.
- Kazuto (Humano Ninja 1): CA:17; PV: 14; PM: 5; XP: 0.
- Muwan (Humana Shikan 1): CA:12; PV: 12; PM: 10; Especial: Ver a Verdade; XP: 0.