Vingança Élfica
E então chegara o fatídico dia.
As tropas estavam prontas. Garahel marchara com os exércitos unidos da causa élfica sob uma bandeira. Os chãos tremiam sob os pés da enorme armada que seguia até Raggrankhar. Três líderes da Aliança Negra no mesmo lugar. Após aquela batalha, se eles ganhassem, haveria apenas mais um lugar para ir. Lennórien.
Para casa.
Os exércitos se posicionaram na planície um dia chamada de Campos de Elmond, agora um campo desértico e sem vida chamado apenas de Planície dos Mortos. O que um dia havia sido vegetação rasteira agora era areia, um longo deserto aonde os esqueletos dos mortos na tomada da cidade ainda eram conservados e espalhados, criando um terreno fúnebre e amaldiçoado. Um lago, um dia límpido, agora se apresentava negro pelos dejetos industriais das máquinas de guerra da Aliança Negra.
- Um terrível agouro. Eles serão vingados. – Disse Garahel, fazendo uma breve prece para deuses que todos ali sabiam não mais ouvir.
E então, não mais tão longe, ao alcance de seus exércitos, a cidade. Um dia, fora uma grande capital aonde civis viviam. Zlaahael e Gilliard repararam quando Salazar pareceu perder sua visão, observando o que um dia fora seu lar. Agora, era uma grande fortaleza militar, cada centímetro de suas muralhas fortificado, cada ponto vigiado. Garahel se virou para as tropas, erguendo sua espada, quando Abelas retirou o grupo de invasão para longe.
Zlaahael Aranarth, o Jovem Afortunado e o Executor de Tauron. Gilliard Ard’Gwynnad, o Relâmpago Azul de Myrvallar. Kallandrael Jaeger, o atirador lefou. Bruno Salazar, o Arcanista. Annastriana Liargentum, a Princesa que Nunca Foi e a Herdeira Feérica. Cinco pessoas. Três elfos, um humano e um lefou. Haviam superado as barreiras de raça em uma causa comum. Todos possuíam suas razões, mas haviam se unido em prol de um mesmo objetivo. O que os levara até ali não importava. O que importava era a ação que cometeriam.
- Hoje, Holgor morre.
O ritual havia sido preparado. Todos eles possuíam seus equipamentos. Estavam prontos. Se posicionaram no círculo. O plano era simples. Se o exército era uma espada, eles seriam uma adaga. Usariam magia para invadir a cidade através de uma passagem secreta arcana revelada por Bruno. De dentro, iriam caçar seu alvo e então cortar a cabeça dos exércitos hobgoblins da Aliança Negra. Depois, abririam os portões do castelo.
E então, só faltaria um.
Eles pisaram no círculo e energia arcana percorreu seus corpos. E então, eles desapareceram. Mas quando abriram os olhos, não estavam aonde planejavam estar.
Um plano multicolorido estava diante deles. Pisavam no ar, que se fazia sólido. Respiraram, e sentiram seu corpo ser preenchido por pura energia arcana. Zlaahael encarou a situação enquanto seus olhos tentavam fazer sentido do que ele via. Ele ergueu a cabeça e viu a enorme mulher no centro, pele púrpura exposta pelo corpo nu e voluptuoso. Aos seus pés, centenas... Não, milhares de espíritos à louvavam e adoravam. Ele sentiu o impulso de ir adorá-la junto deles, mas conseguiu se manter no lugar. O Senhor dos Labirintos se manifestava em sua mão, o trazendo de volta para a realidade. Pois ele sabia o que era aquilo.
Ele encarava o Vestígio de Wynna.
Gilliard também via aquilo com os próprios olhos, e o esforço que ele precisara fazer para se conter fora quase físico. Seu corpo e sua mente pediam, não, imploravam para que ele abandonasse tudo e fosse servi-la. Seus poderes arcanos o atraíam em direção à ela e apenas sua extrema disciplina o impediu de se mover.
E então, houve uma explosão, e todos caíram em chão de pedra fria. Ao longe, barulhos de batalha. Se encontravam em um quarto. Um dia, aquele fora um quarto de luxo. Agora, servia de dormitório para algum oficial hobgoblin... Ou talvez uma de suas consortes. Eles exploraram a sala com os olhos e viram o cadáver de uma fêmea hobgoblin no chão com um furo em sua cabeça, cortesia de Jaeger, que se apoiava em uma estante, parecendo perturbado.
- Vocês demoraram a chegar... A batalha já começou do lado de fora. Eu mesmo cheguei atrasado, mas vocês quatro... Vocês desapareceram por meia hora. Achei que haviam sido pegos por... Aquilo.
Os quatro se ergueram. Annastriana e Bruno pareciam consideravelmente mais perturbados do que Zlaahael e Gilliard, porém. Uma porta levava ao lado de fora do quarto, e pelas descrições de Bruno, além dela um corredor os esperava, por onde desceriam uma escadaria para uma sala e então, o salão principal.
- Nós temos de ir. Eles esperam que nós sejamos os responsáveis por abrir os portões, se lembram?
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Gatrius
Foi a vez da garota com quem Gatrius antes falava se manifestar.
- Hey! Eu conheço a região, eu costumava visitar bastante a capital. Os halflings eram bons cozinheiros. Existe uma planície nas imediações da cidade. Não há nada lá, podemos atraí-lo para essa área e então... Bom, atacamos com tudo e sem colocar os habitantes da região em risco.
- Decidindo o campo de combate, poderíamos armar armadilhas antecipadamente para pegá-lo. – Um homem altamente armado sugeriu.
- Um grupo invadiria a cidade sem atacar as vítimas e os cultistas e chamaria a atenção de Verhängnis e o levaria para a planície, aonde o resto espera com armadilhas? Me parece um bom plano.
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Akira
Em seus sonhos, Akira teve uma visão.
Ela viu uma elfa que na verdade era um dragão que também era um deus. Ela viu um monstro cujas asas cobriam uma cidade, mas ela não conseguia ver o monstro. E então aquela visão desapareceu. Ela viu Hien. E ela viu outro dragão, mas este era negro. Ele parecia feito apenas de sombras, com um único olho vermelho que exalava maldade.
O dragão avançou contra ela, e a devorou.
Quando Akira acordou, ela estava em uma planície. Tudo ali havia sido queimado, e apenas cinzas e brasas restavam. Ao longe, uma cidade exalava fumaça negra e escura, aonde vários prédios haviam sido queimados. E no topo de um castelo, um enorme dragão negro estava pousado, observando seu trabalho.
Ao seu lado, Midori dormia.
O que diabos...?