Vestígio de Wynna
As sequência de ataques eram intermináveis. Akira atingia a deusa com dois golpes devastadores, cortando o corpo da divindade em duas partes que logo se refaziam, forçando a deusa a cair de joelhos. Ahriman se movia mais uma vez, sua espada e seu chicote contra aquele Vestígio. E então, ele errou. A deusa desapareceu por um segundo, sua imagem parecendo vibrar no ar. O balor tentou conjurar algo, mas nada aconteceu. A figura divina começou a se erguer, e sua forma mudava. Dois anéis surgiram ao redor de seu corpo. Um feito de sombras, outro feito de pura essência. A deusa começou a brilhar, e quando Alexander lançou outra magia contra ela, um raio de pura energia, tudo o que aquilo pareceu fazer foi torná-la mais forte. Akira, Ahriman e Gilliard só conseguiram ouvir o grito de Gwen antes do pior acontecer:
- Afastem-se!
Da figura de Wynna, uma imensa onda de energia surgiu. Pura essência tornada arma, a onda se expandiu, atingindo os três em contato imediato com a deusa. Gilliard e Ahriman conseguiram se firmar no lugar, mesmo que parcialmente, caindo sobre o joelho enquanto a imensa explosão de poder fazia com que sentissem que a própria pele fosse ser separada da carne. Akira, porém, recebeu o pior. A onda à atingiu com força total, lançando a guerreira cega ao chão.
Por alguns instantes, não houve som algum.
E então, os primeiros barulhos. Passos. E então risos. A deusa ria. Akira tateou até encontrar sua arma. Antiga. Ancestral. Perdida. Não sentia mais o poder nas armas. Não sentia sua aura, o espírito de seus ancestrais e de sua honra. Eram apenas blocos de ferro afiados.
Gilliard se ergueu com dificuldade, e sentiu que seus equipamentos mágicos pareciam não funcionar. Sentia uma faísca de vida mágica neles, mas pareciam estar dormentes. Aquilo era ruim. Muito, muito ruim.
As risadas do Vestígio de Wynna ecoavam pela dimensão.
Akira recebe 200 de dano e seus equipamentos mágicos permanentemente perdem os poderes.
Gilliard recebe 100 de dano, e seus equipamentos mágicos perdem os poderes por um dia.
_____________________________
Gatrius
- Quantas perguntas. Vejo que temos um homem curioso aqui. Gosto disso. Curiosidade nos leva longe. Você é um Vazio. Um ser nascido sem alma. Uma tela branca para a realidade, potencial ilimitado, muito maior do que da ralé comum. E meu objeto de estudo favorito. - A mulher continuava a analisar o corpo de Gatrius. - Eu também sou assim. E há tempos tentava replicar o estado com experimentos. De meus três projetos mais bem sucedidos, apenas uma de fato era Vazia. Recriei, com a carne dos descendentes de uma deusa, a própria deusa. Uma Rainha Dragonesa dourada. Infelizmente, uma falha. Nesse mesmo projeto, criei para ela uma gêmea. Menos divina. Mais
lefeu. Criei algo único. A mescla perfeita entre a Tormenta e Arton, além dos lefou. O próximo passo da evolução, por assim dizer. Uma arma viva, o ser mais poderoso de Arton. E essa sim era Vazia. Infelizmente, o estado mental da criatura era falho. Tive que lhe forjar memórias falsas, criando-lhe a ilusão de que vinha de outro universo, outra linha do tempo. Mas ela não resistiu. Se tornou um monstro em Yuden e agora domina Tollon, massacrando a população de seu terreno, na ilusão de que está nas terras de origem de sua suposta mãe. - A cientista falava aquilo, enquanto uma enorme criatura coberta por armadura negra entrava na sala. Gatrius diria que era um orc, mas a postura ereta e militar não combinava com aquelas criaturas. - Você já vai entender porque estou lhe dizendo isso. Você é um Vazio de nascença. Não criado. Eu gostaria de fazer... Experimentos com você. Te transformar na mesma arma viva que eu criei, para que você a mate em Tollon e a impeça antes que ela fique poderosa demais e destrua Arton. Lhe apresentarei alguém que pode te ajudar com a questão da alma se aceitar. E caso seja bem sucedido, te darei todas as respostas que puder lhe oferecer. O que me diz?
_____________________________
Zlaahael
- Você esteve em Lennórien? Como?! Como estão as defesas da cidade? Quais as tropas? Qual a situação do castelo?- Morion parecia, talvez pela primeira vez, dominado por emoções. Havia uma antecipação unid com a raiva e o triunfo nos olhos do elfo mais velho. - Não é uma questão de lembrança. Não estamos tomando a cidade como um brinde de consolação. Nós somos a Vingança. - Morion o segurou pelos ombros. - Eu sou um líder de guerra. Não um líder político. O meu objetivo é queimar cada um dos goblinóides, até que nada reste daquela raça que não memórias.
O elfo quase rosnava. Ele então se acalmou, apeou e apontou para a janela.
- Tanya está lá embaixo. Ninguém entra, ninguém sai. Quando serviçais tentaram dar comida para ela, ela matou dois. Estamos mantendo a situação encoberta, dizendo que os dois foram mortos por armadilhas goblinóides, e que Tanya está se recuperando na ala médica.
Zlaahael pôde enfim olhar. Lá estava Tanya, presa com correntes naquela torre. Respirava pesadamente, seu vestido rasgado com dois grandes cortes de espada manchando o vestido de sangue, cicatrizes deixadas para trás em seu peito e costas, além de cicatrizes com um padrão elétrico. Haviam manchas de sangue e fogo nas paredes, e em espasmos, a antiga princesa lançava magias contra as paredes, tentando se soltar de suas correntes arcanas. Era uma visão deprimente. A voz angelical de Garahel o interrompeu:
- Gilliard... Ele estava com você em Lennórien? Seus agentes disseram que ele desapareceu logo depois, diante dos olhos deles.
_______________________________-
O Rei Caído
O legionário, mesmo preso, ainda tentava atacar. Sua lança era repelida pelo Rei, e ambos se encontravam em um impasse. Nenhum conseguia de fato ferir o outro, e Asterion não parecia dar sinais de estar sentindo-se fraco. Tentou novamente se soltar, e continuou ali, preso. Os sons dos combates continuavam ao fundo, e os sons dos instrumentos de guerra dos minotauros acompanhavam.
O Rei Caído <---
Asterion