Crônicas da Tormenta – Chamas da Guerra
Tur'Caed, o Vale da Torre - Colinas de Marah – Sudeste de Deheon
(Manhã de Vala 1 sob Cyd, 1410 CE)
(Angra, Karen e Theo)
Vocês estão em uma das trilhas que atravessam a Floresta da Dama Branca, a mata ancestral que cobre as Colinas de Marah como um manto esmeralda, seguindo para o misterioso santuário das fadas.
Ainda é noite e um denso nevoeiro cobre os vales profundos, transformando a floresta em um labirinto de ravinas sombrias e penhascos escuros. Apenas as luzes mágicas que os faunos carregam parecem manter as sombras da floresta afastadas da trilha obscura, formas indistintas que espreitam do meio da névoa cinzenta com um olhar inquietante, e cujos sussurros se confundem com o ranger das árvores. Mas, aos poucos, o brilho da manhã começa a surgir por entre as copas densas, revelando os detalhes da trilha que leva para o fundo do vale, um caminho cercado pelas ruínas de um reino cujo nome se perdeu no tempo.
A chegada da aurora marca o fim de um dia inteiro de marcha pela floresta, seguindo por trilhas que pareciam visíveis apenas para os faunos, cujo entusiasmo lendário era contido pela tensão da guerra.
O dia estava raiando quando vocês foram cercados pelo grupo de faunos, depois de passarem a noite em uma gruta escondida, um antigo refúgio de patrulheiros, ao sul da vila de Clein, de onde haviam partido na tarde do dia anterior, atrás dos tamuranianos desaparecidos. Ainda não se falava em guerra no pequeno posto comercial, quase na fronteira com Wynlla, onde o surgimento de um bando de goblins não parecia uma grande ameaça, mas, assim que os faunos surgiram da neblina, carregando os troféus de sua caçada, ficou claro que havia algo mais por trás de seus ataques.
O líder dos faunos, um caçador de cabelos negros chamado Theros, trazia na cintura um pequeno sabre tamuraniano, ou uma
wakizashi, como
Karen a chamou, uma arma que pertencia a um dos guerreiros que escoltava o artefato tamuraniano de volta para Valkaria. Ao que parecia, Theros havia encontrado a arma com o bando de golbins que abateram, horas antes, apenas um entre as dezenas que se dispersaram do pequeno exército que havia se reunido na entrada da Mina de Erelm, uma fortaleza anã abandonada, no interior da floresta. Mas, exceto pela
wakizashi, os faunos não tinham encontrado nenhuma outra arma com os goblins, apenas alguns itens estranhos, como brinquedos de madeira e moedas do Império de Jade, relíquias de um passado arruinado guardadas como lembranças pelos
bushi.
Sobre o destino dos guerreiros, os faunos nada sabiam, mas a esperança levava a crer que eles estavam na fortaleza abandonada, um lugar agora cercado pelos goblins, pois, ao que parecia, uma jovem tamuraniana havia sido resgatada por um grupo de aventureiros, alguns dias antes, perto de uma das passagens da mina.
"
Eles estão em Tur'Caed, agora", Theros lhes disse, depois de ponderar suas palavras e seus olhares. "
Talvez eles saibam mais sobre o destino dos guerreiros..."
Assim, vocês seguiram os faunos de volta ao seu santuário secreto, para encontrar os aventureiros que resgataram Nakamura Akie, a única mulher, além de
Karen, que fazia parte do grupo, antes da
samurai se desencontrar com eles perto da fronteira com Wynlla, um infortúnio que agora se mostrava um toque do destino.
A luz da manhã mostra que vocês andaram por um dia inteiro, mas, exceto por um leve cansaço, suas mentes estão despertas como o sol nascente, graças ao poder do vinho das fadas que queima em sua veias. Apenas um gole da forte bebida, imbuída com a magia das fadas, lhes deu forças para suportar a viagem por um dia inteiro, mas apenas isso não bastaria para fazê-los cruzar uma distância tão longa em tão pouco tempo,
Theo sabe, pois, enquanto atravessavam a neblina da madrugada, ele vislumbrou o misterioso Reino das Fadas.
A forma como as fadas viajavam por dentro de seu reino oculto, para saltar distâncias no mundo mortal, faz parte de incontáveis lendas, mas esse poder, na verdade uma benção de seus deuses antigos, não é visto a muitas gerações.
Angra segue logo a frente do grupo, acompanhando o passo do líder dos faunos, que, passadas as apresentações, não esconde o desejo que sente, algo natural para a raça. Até mesmo
Theo não é ignorado pelas caçadoras do grupo, que parecem tentá-lo com seus belos atributos sempre que param para descansar. Apesar disso, os faunos não tentam nada mais ousado, embora seu comportamento possa ser considerado abusado, pois, de tempos em tempos, seus pelos se eriçam quando ouvem o som de suas trompas rudimentares ecoando pela floresta, lembrando-os do perigo que os cercam.
Quando vocês chegam no fundo do vale, um dos faunos sob no que restou de uma antiga torre, para tocar sua trompa, quebrando o silêncio da floresta. A princípio, o toque da trompa dos faunos soava aos seus ouvidos apenas como o berro de um animal selvagem, um som primitivo, quase cômico, como o chamado de um alce ou cervo, mas, à medida que as notas ressoavam pelas colinas, elas pareciam se transformar no eco de um ser imemorial, cuja voz desafiadora ainda percorre o tempo. Logo, ficou claro que os bramidos não eram apenas sinais, mas uma forma muito peculiar de comunicação.
Quando vocês alcançam o outro lado do vale, o sol já ilumina as muralhas de Tur'Caed, uma fileira de rochas imensa que cercam o vale como um círculo de menires. Apenas uma passagem corta os pilares gigantes, levando para um vale côncavo, coberto por um bosque verdejante. Do topo da passagem, que desce serpenteando pelas paredes da cratera, vocês avistam uma colina rochosa, alta, de onde cai uma cascata de águas prateadas a luz da manhã. As águas da cascata formam um pequeno lago, antes de se dividir, abraçando uma ilha no meio do vale, onde se avista um círculo druídico, como uma imagem menor dos pilares de pedra que protegem o santuário, e, no centro de tudo, um menir solitário, imenso, divide espaço com uma árvore grande como um castelo.
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(Kelaste)
Você está no círculo das fadas, no centro do vale, quando o som das trompas dos sentinelas se sobrepõe ao farfalhar harmônico da Torre-Árvore, anunciando a chegada dos viajantes. A neblina ainda cobre o vale quando você chega no santuário, mas, acima da Torre-Árvore, você pode ver as nuvens rosadas da aurora deslizando sobre as colinas.
Um santuário foi erguido aos pés da árvore, em um degrau elevado como a bema de uma catedral, mas ali não há portas imensas ou janelas com vitrais coloridos, apenas a força que emana de seu propósito. No centro da bema, fica a pedra do altar, onde vários itens ritualísticos foram dispostos, jarros e taças de prata, bandejas com frutas perfeitas, velas aromáticas em castiçais adornados, tremendo sob a brisa da manha, embora nunca se apaguem. Por entre a neblina, você vê as silhuetas e escuta as vozes dos sacerdotes do templo, faunos e sprites, mas nenhum deles se aproxima de você, enquanto segue na direção do altar, onde realiza sua prece.
Então uma brisa fria começa a soprar do oeste, desafiando o vento quente da manhã, agitando a árvore sagrada, e o mundo desaparece em um mar de névoa prateada. A névoa começa a se mover, como fumaça levada pelo vento, apagando os detalhes do mundo. O círculo druídico ainda está lá, nos limites das sombras, assim como a forma da árvore e do menir sagrados, mas tudo se torna indistinto, como a lembrança de um sonho. E então uma luz surge no meio da névoa, uma luz forte como o reflexo do sol em um diamante, se aproximando pouco a pouco. E uma forma surge por trás da estrela, uma forma feminina cujos contornos começam a se distinguir conforme se aproxima.
Glórienn surge do meio da névoa como a imagem de um sonho, tão aterradoramente magnífica quanto bela. A bruma jogada pelo vento contorna o seu corpo escultural como um manto etéreo, que se confunde com seu longo cabelo púrpura, escuro como o firmamento, em sua fronte, a deusa usa um diamante brilhante como a estrela da manhã, engastado em uma fina tiara de prata.
Parado ao lado do altar, no centro do círculo druídico, você sente toda a força, como se estivesse se equilibrando no limiar da consciência, mas a deusa permanece impassível, olhando-o com o calor de uma mãe que vê seu filho retornar para casa.
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<Kelaste... A quanto tempo eu não ouvia seu coração... Por um instante, achei que estivesse sonhando, mas quando percebi sua voz em meio ao medo... Não sabe o quanto isso me deixa feliz, nesses tempos sombrio... Sinto não estar perto para ajudá-lo a suportar sua dor... O que te aflige, minha criança?>
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Dados dos Personagens
• Angra <> PVs 18/18, PMs 15/15; 0 10 <> T$ 460.
• Cornélia <> PVs 10/10, PMs 20/20; PE 0. T$ 1.181.
• Karen <> PVs 14/14, PMs 10/10; PE 0 <> T$ 1.260.
• Kelaste <> PVs 20/20, PMs 56/56; PE 1 <> T$ 501.
• Theo/Apsuria <> PVs 5/5, PMs 15/15; PE 0 <> T$ -.
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