Com a chegada da noite Ulster ajuda a montar acampamento enquanto que Tohnneim prepara a comida. Logo sentado ele começa a contar um pouco de sua vida e pede por mais contos em retorno. Com uma para contar ele se aproxima da roda sem se sentar.
- Algo sobre nós eim? Eu posso contar algo sobre mim. Sobre a minha primeira Caçada de verdade, sozinho.
O sulfure então desaparece da visão de todos, indo invisível por poucos segundos antes de reaparecer ao lado do anão, como que se teleportava. Ele tinha manga puxada para baixo, mostrando uma runa cortada. Um monstro caçado.
- O Carniçal. Besta profana que pode ser só outra luta para um aventureiro, mas devido a macabra inteligência que podem manifestar, serem um pesadelo para pobres aldeões. Vitimas não só de sua fome, mas de seu próprio medo...
O caçador então começa a contar uma história sobre uma aldeia de lenhadores que começou a ter seus aldeões mortos e devorados, com grandes partes dos cadáveres sumindo toda lua cheia. Sinais de garras e pelo de lobo achado no que restara das vitimas os fez acreditar num lobisomem entre eles, instalando um clima de paranoia que só parecia ir resultar em mais vítimas.
- E é ai que eu entro. A grande caçada tem seus modos de separar rumores falsos de verdadeiros, então meus mestres me mandaram preparado para o perigo verdadeiro...
Ulster conta sobre como chegara bem a tempo de impedir a excussão pública de um inocente suspeito de ser a fera. Por muitas semanas muitos aldeões foram acusados e presos em quarentenas a condições desumanas, mas nenhum resultado isso dava, então os aldeões liderados por um lenhador especialmente paranoico ficaram mais sedentos de sangue e justiça cada vez que viam um dos seus ser devorado. Ele conta sobre como precisara jogar água alquímica na estaca onde iam queimar o pobre homem acusado de ser lobo, pois na vila não tinha prata suficiente para uma arma, e enfiar uma flecha no joelho do agitador principal para silenciar a cidade.
- Claro, eles ficaram mais cooperativos quando realmente viram que eu tinha uma espada de prata comigo. Uma arma emprestada por um de meus mentores, mais por garantia do que podia ser atraído pelos rumores do que sua fonte em si. Mas pelo menos eu estava livre para investigar.
O caçador então relata sua procura por pistas e o exame dos corpos devorados. Os últimos que confirmaram as suspeitas da caçada, garras e dentes bestiais, mas não de lobo, e a própria carne exibia os efeitos de ter tido contato com o veneno dos Carniçais que preparam os corpos para criação de novas abominações.
- Qualquer uma que saiba algo de carniçais acharia esse comportamento estranho. Se ele se alimentasse só de uma bocada ou outra por vítima criaria uma praça inteira de devoradores. Mas minha investigação provou que não só comia demais dá vítima mas também rasgava e levava membros inteiros de volta para as matas, impedindo o inicio da transformação. Essa atitude só me deixou mais preocupado com o que iria enfrentar, preocupações essas que tomei por verdadeiras quando vi o monstro pela primeira vez...
Ulster então descreve sobre como ele usou as trilhas que encontrara na floresta, as que ele acreditava serem do monstro não da vila, e as encheu de alarmes e outras armadilhas, assim conseguindo parar o progresso da besta na noite de seu ataque. O carniçal era maior que os normais da espécie, mas não em tamanho. Onde devia estar o tronco atrofiado havia um redondo estomago porém seus membros eram secos como varetas e a criatura se cobria com uma enorme e velha pele de lobo, pondo sua cabeça entre as mandíbulas e os braços furando espaço nas patas.
- Um falso lobisomem. E que ninguém diga que um morto-vivo não pode ter macabra inteligência. Mas assustador ainda era quão óbvia era sua intenção. Ele não queria criar mais de sua laia para eliminar a vila. Ele só desejava comer e comer e comer até se tornar Lívido e eu sabia que se não o matasse ainda aquela noite, seu desejo se realizaria.
Há a rápida explicação do que é o Lívido, uma evolução antinatural da criatura trazida devido ao excesso de consumo de carne pelo carniçal, os membros secando e endurecendo para serem como pedras e o estomago fermentando um vil gás venenoso que logo estaria embebido em todo seu ser, como um novo sangue. O caçador então descreve tentar furar a barriga com flechas, mas o monstro consegue proteger a região com os braços e a pele de lobo enquanto foge para sua toca.
-Sai em disparada na trilha dele, minha missão terminava ainda aquela noite. O falso lobo parecia achar que se voltasse a toca estaria em vantagem na luta. Deixei que pensasse assim...
Então há a descrição da toca, a caverna suja onde mofo crescia por cima de poças de sangue coagulado e ossos quebrados e pedaços das vitimas ficavam jogadas nas estalagmites úmidas, deixadas a apodrecer para se tornarem mais apetitosas. Lá o carniçal tentara emboscar Ulster, mas falhara. O sulfure o prendeu na caverna ao barrar a única entrada com uma rede embebida em água benta abençoada por uma clériga de Valkaria, mais um dos presentes que receberam antes de embarcar em sua primeira missão solo, e invocara uma escuridão mágica sobre a toca, tão espessa que nem os mortos conseguiam enxergar o além.
- Mas eu via perfeitamente. Pois mesmo quando se luta na absoluta escuridão eu ainda podia sentir a Fome dele. A Fome dele por carne, por medo, por poder. Do mesmo jeito que de dia eu vi além da fumaça que levantei vi a sua Fome, Tohnneimm, sua Fome para continuar vivo...
Ulster então termina de contar como derrotara a criatura antes que se tornasse Lívido, decepando-o junta a junto com sua machadinha no meio da escuridão e então amarrar a rede benta nos restos do Carniçal e usou de sua pernedeira com ajuda de jogo alquímico para queimar a caverna inteira dos restos profanos de seu criador.
- Os moradores ficaram muito agradecidos e etecetera etecetera, eu não fiquei muito tempo lá para aproveitar ou não o lugar. Era um lugar pequeno que sofrera muitas perdas e que haviam ferido muitos entre os seus e um quase matado. Sem falar no lenhador que eu feri no joelho sem pensar e que provavelmente pode perder seu ofício.
- Em poucas palavras eu risquei a runa de meu braço e deixei eles lidarem com eles mesmos sobre o pesadelo que passaram nos últimos meses, no fim ainda tenho certeza que trouxe o Bem para aquele lugar e isso é o bastante para mim. Além que quando voltei a base pude realmente comemorar. Primeira runa, sempre especial.
Só então, com o conto terminado é que Ulster percebe com quanta fome estava e começa a se aproveitar das linguiças que sobravam na fogueira. Ansiosamente esperando para ouvir dos outros, que tipos de caçadas eles também enfrentaram.