Relances da conversa — 1
Pessoas em volta. Muitas pessoas. A menina tinha sua atenção em seu benfeitor, porém; o homem que lhe trouxera comida. Ele se acalmava lentamente.
O homem-raposa lhe fez uma pergunta. Sua resposta chamou sua atenção.
Pescador
Sim, ela é a minha criança...
Menina
... ?
Ela olhou para cima, observando seus olhos. Era apenas uma criança, uma cabecinha distante da sagacidade dos adultos, mas seus olhos inspecionavam o tempo todo. Inspecionavam os dele agora. Ela não entendia desta forma, com a palavra certa, mas conseguia sentir que seu benfeitor era "prudente". Não era exatamente isto que ela era, mas o resultado era parecido.
Por isso, se identificava com ele.
...
Relances da conversa — 2
A menina apontara para o bicho-feio, a coisa feia que continuava ali, que o homem-raposa parecia ignorar para falar com ela. Ele falava bastante.
E mantinha-se em seu ritmo.
Homem-Raposa
Ah, verdade ne? O Danaav era nosso oponente.
Mas a titia aqui domou ele, agora ele é amiguinho e faz exatamente o que a titia manda.
Os olhos dela o inspecionavam também, o tempo todo. E ela também não o entendia assim, com as palavras certas. "Ousado". "Bonachão". Mas conseguia senti-lo, não era prudente. Se ela colocasse aquilo em palavras, talvez alguém tivesse dificuldade em entender como alguém feroz o suficiente para enfrentar um demônio como aquele logo ao lado podia pensar assim, mas a menina não era ousada, da mesma forma que não era prudente.
Agia por receio. E regia a este receio.
Isto porque ela possuía meios para lutar contra seus medos e aquilo que os causava, como qualquer animal que tivesse garras e presas, porque, no fim, não era tão diferente de um.
...
Relances da conversa — 3
O velhinho que havia sido atacado pela coisa feia em primeiro lugar retornara. Ele queria falar, isso era óbvio. Mas uma moça não queria deixar, achou a menina.
Senhor de idade
Me chamo Nobuaki.
Se me acompanharem... podemos conversar... e poderei...
Moça estranha
Pode é? Será que você sabe mesmo?
Ouvindo aquilo, a menina ficou um pouco chocada e segurou a mão de seu benfeitor com mais força com sua mão esquerda, enquanto seu pé direito instintivamente escorregou mais para frente, preparando-se. A palavra certa para o que ela sentiu na moça era "agressiva". Essa palavra ela sabia. Outra palavra melhor seria "ríspida", mas esta a menina não conhecia.
Seus olhos a inspecionavam com maior vigor.
Tinha algo de estranho nela. Diferente da coisa feia, mas ao mesmo tempo igual. Algo... Ruim?
Menina
... ?
Mas ela havia dito outra coisa que chamou atenção...
Moça estranha
E sobre aquele... vulto que se escafedeu em sombras?
Vulto? Que vulto?
Ela olhou ao redor, seus olhos inspecionando tudo à sua volta. Pessoas, só havia pessoas. Muitas delas. Muitas indo embora, outras juntando-se e conversando; olhares prudentes, olhares assustados, também olhares curiosos e agressivos, aqui e ali. Ela pretendeu soltar a mão de seu benfeitor e ir olhar por aí. Algo instintivo lhe dizia para fazê-lo. Procurar o perigo. Achá-lo.
Mesmo com receio.
Mas o velho senhor dizia que não tinha visto vulto algum. Permanecia tranquilo. Queria conversar. A menina não entendia as coisas como os adultos, mas sentia que ele precisava falar, precisava contar alguma coisa, tirá-la do peito.
Se aproximou dele, puxando seu benfeitor com ela.
O vento soprava e o velho senhor olhava o sol. Quando baixou seus olhos, os dela lhe perguntaram o que queria dizer.
Senhor de idade
... ?
Menina
... ?