As Crônicas de Agaloon

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John Lessard
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As Crônicas de Agaloon

Mensagem por John Lessard » 11 Dez 2013, 11:44

AS CRÔNICAS DE AGALOON

Parte 1 - Prelúdio de Guerra

Prologo

Capítulo I - John

Capítulo II - Axl


Prólogo

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Rodrik corria pelas ruas sinuosas e pouco iluminadas, estava na parte mais perigosa da cidade e um bando de mercenários sanguinários o perseguida com ferocidade. Ele por sua vez mantinha o objeto roubado seguro contra o peito, embrulhado numa lona gasta. Saiu de um beco e se viu em uma rua mais larga perto do porto, era mais iluminado ali, porém cheio de prostitutas, mendigos e sujeitos mal encarados, nenhum guarda. Embora eles não fossem ajudar muito mesmo. Talvez fosse melhor se esconder no porto ou num prostíbulo. Talvez.

Escolheu o bordel, tinha um fraco para isso. Entrou correndo, ofegava enquanto olhava o lugar. Havia algumas mesas distribuídas de maneira aleatória e sem nexo, redondas e de madeira, porém muitas sem cadeiras. Aquele deveria ser um dos piores bordeis da cidade, o cheiro de urina e sexo era forte. O ladrão adentrou mais calmamente, tentando recuperar o fôlego. Algumas mulheres estavam mais ao canto rindo, usavam vestidos simples, a maioria delas eram sujas, com roupas rasgadas aqui e ali. Outra tinha as pernas abertas em cima de uma mesa, enquanto um homem grande, sujo e vestido com trapos a penetrava. Rodrik desviou o olhar, quando uma se aproximou dele.

- Quer se divertir? – perguntou ela. Uma mulher um tanto que gorda, de cabelos loiros e sebosos, um olhar quente e azul e os dentes podres. Rodrik olhou para seus seios fartos, e respondeu.

- Tudo bem, vamos para um dos quartos.

- Os quartos estão todos ocupados, teremos que fazer aqui mesmo, como eles – disse ela soltando um risinho safado e apontando para o homem e a mulher na mesma. O homem agora tinha a cabeça entre as pernas da puta.

- Sem chance, preciso de um quarto – exigiu o ladrão. A moça o olhou de cima abaixo. Rodrik não era muito alto, nem muito robusto. Vestia-se com um colete de couro por cima de uma camisa de linho branco, suas calças surradas combinavam com suas botas surradas. Tinha o rosto magro e uma barba rala nele, aparentava ser muito mais velho do que realmente era.

- Escuta aqui homenzinho, se quiser foder, terá que ser aqui na frente de todo mundo.

Rodrik não gostou nem um pouco de ser chamado de homenzinho, apesar de ser um golpista e ladrão fracassado não gostava de ser ridicularizado, muito menos diminuído, ainda por uma puta barata, mas não teve tempo de formular uma resposta, neste momento três homens entraram no bordel e eram três homens que o ladrão não gostaria de ver nunca mais.

O maior deles era Tork, um verdadeiro gigante vestido com peles de animais, carregava um machado de batalha preso as costas. Sua falta de cabelo sempre foi um problema, pois odiava que falassem dela ou que simplesmente a ficassem olhando por muito tempo. O segundo usava cota de malha e uma espada longa na cintura, seu nome Oliver, ou melhor, Sir Oliver, segundo ele havia sido cavaleiro juramentado a um Senhor de Terras, bom isso era o que ele dizia. Tinha barba grande e cabelos cumpridos, ambos em ruivo intenso e alaranjado. O último era um rapaz alto e esguio, sempre andava com duas machadinhas, calças e botas simples e um colete de couro, cabelos bem aparados e negros, rosto limpo e olhos azuis. Seu nome era Tom, protegido de Oliver, e por algum motivo Rodrik sempre o achou perfeito demais, por isso concluiu que ele era o bastardo de algum lorde menor, ou maior, quem sabe.

- Rodrik! Estávamos te procurando – anunciou Oliver ao entrar.

O ladrão não respondeu.

- Mas vejo que está em boa companhia – olhou para a prostituta – Então apenas entregue o que roubou e pode foder está puta suja.
A prostituta se ofendeu.

- Escuta aqui... – disse andando na direção do cavaleiro.

Com uma tapa reforçada pela sua manopla, Oliver a jogou no chão com o nariz sangrando. Tudo parou então, as putas pararam de rir e o homem parou de fazer sexo com a outra em cima da mesa.

- Nos dê o objeto – repetiu Oliver.

- Não - respondeu Rodrik, meio rouco e relutante.

- Não? Tudo bem. Tork pegue dele, por favor.

O grandão sorriu maliciosamente. O ladrão sentiu que todos no recinto se afastavam, até a prostituta espancada se arrastou para longe. Ele se aproximou de Rodrik, que puxou seu punhal. Ela tinha as manhas da cidade, sabia dar golpes, e roubar sem ser notado, mas combate nunca foi seu forte, tinha aquela adaga para se defender de mendigos e bêbados, não para lutar com soldados treinados, muito menos com Tork, um brutamonte, assassino, cruel e brutal.
- Não me faça rir Rodrik – disse ele.

- Não vai levar isso!

O ladrão tentou um golpe contra a barriga do adversário, porém teve seu braço segurado com firmeza. A outra mão se fechou e desferiu um soco contra o rosto de Rodrik. Ele sentiu seu nariz se partir ao mesmo tempo em que caia sobre uma mesa e a quebrava, suas costas não demorou a encontrar o chão, que o fez soltar um som abafado de dor. Tudo estava embaçado quando ele começou a se lembrar da vez que havia conhecido Oliver. Um mercenário solitário que começava a conseguir trabalhos que não iria terminar sozinho, por isso precisava de mais gente. Precisava de um ladrão, todos alguma hora precisam de um ladrão, e foi quando ele e o cavaleiro se conheceram em Callisto, a capital de Pronterius. Rodrik na época era um trombadinha qualquer, que roubava para viver. Vivia nas ruas e em lugares abandonados. Talvez tivesse sido melhor continuar naquela vida.

Tateou em volta atrás de sua adaga, não encontrou, mas pelo menos ainda tinha o objeto embrulhado seguro consigo. Levantou-se cambaleante.
- Volta pro chão Rodrik – disse Tork, socando mais uma vez, desta vez mirando a costela, que trincou e fez o ladrão voar um metro e meio para trás.
Porque trazer um bárbaro das Montanhas Cinzentas para o grupo? Rodrik sempre soube a resposta, porém só agora sentia a verdade na pele. Bateu no chão com força e desta vez, o lábio se cortou e começou a sangrar. O sangue do corte se misturava com o sangue do nariz.

- Rodrik você não precisa morrer aqui e agora, só entregue – disse Oliver da porta.

Era mais que óbvio que Tork podia simplesmente arrancar o item roubado do ladrão quando quisesse, ainda mais agora que ele estava quebrado, mas Rodrik sabia que ele estava gostando de surra-lo. Ele virou de peito para cima, ainda deitado, se ia morrer, queria pelo menos ver o que era o item que o levou a isso. Ele tinha seus motivos para apanhar tal objeto e correrem tantos riscos, e só ele entendia, só ele sabia. Desembrulhou e encontrou uma adaga, algum centímetro maior que seu punhal, reta, com a lâmina negra e leve, muito leve, parecia uma pena na verdade, mas ao mesmo tempo, o ladrão sabia que não era uma pena, sabia que aquela lâmina era mortal. Ele apertou com força o cabo de osso e se levantou devagar. Tork iria mata-lo ali a base de pancadas, não iria nem honra-lo mostrando o corte de seu machado. O ladrão estava de pé mais uma vez, e quando o brutamonte avançou ele sabia o que fazer, embora na maioria das vezes não conseguisse agir a tempo, desta vez foi diferente, a arma era leve e parecia saber o que fazer, ou pensando bem, parecia ter vontade própria. Tork avançava por baixo visando socar a região do diafragma, quando Rodrik desferiu um arco com a adaga e causou um corte vertical no rosto do atacante, vazando um olho. O bárbaro recuou, tropeçou e caiu sobre uma mesa, que se partiu instantaneamente. Ele olhou catatônico para tudo em volta e viu o rosto de Tom se encher de fúria, Oliver tentou impedi-lo, mas o rapaz em instantes estava com suas machadinhas em mãos avançado contra o ladrão.

- Seu velho desgraçado!

A primeira foi levantada visando um golpe na cabeça, porém a adaga se levantou e bloqueou a morte certa. Então a segunda cortou por baixo, abrindo um talho no abdômen de Rodrik que recuou alguns passos. A dor aguda e sangrenta. O rapaz atacou de novo e o ladrão repeliu um ataque pela lateral, e desta vez bloqueou o ataque seguinte trocando a arma de lado, impedindo um golpe pela outra lateral, em seguida desferiu um arco na horizontal e degolou o adversário. As machadinhas foram soltas na hora, para as mãos poderem tentar estancar o sangue que jorrava. Ato inútil. O corte era profundo e muito sangue saia. O rapaz agonizava quando caiu de costas no chão. Neste momento Tork se levantava com a mão no olho e Oliver sacava sua espada.

Rodrik ouvia algo em sua cabeça, algo fraco e distante, mas claro o suficiente para saber o que dizia. Não pensou duas vezes meio cambaleante avançou e estocou o coração de um bárbaro atordoado. A lâmina negra atravessou as peles de animais como se fosse papel, destruiu ossos como se fossem gravetos e espetou o coração, de maneira singela e simples, uma dor aguda e intensa, depois uma morte rápida.

Rodrik se virou, porque uma voz em sua mente mandou. Oliver se preparava para um golpe, levantava sua espada, para enterrar sua lâmina fria no crânio do ladrão. Mas ele sabia o que fazer, ou melhor, dizendo, a adaga sabia o que fazer. Com um golpe quase ligado ao anterior, uma estocada aconteceu, antes que o cavaleiro pudesse descer sua espada. E como se não fosse nada, a lâmina partiu o metal da armadura, rasgou a pele, destruiu musculo e em segundos estava dentro da barriga do inimigo, que por sua vez deixou sua arma cair, depois tombou, com Rodrik ainda em pé diante dele.

O ladrão se sentiu mal, estava todo dolorido e quebrado. Seu rosto estava um caco, e perdia sangue pelo corte no abdômen. Olhou em volta, viu os corpos, depois olhou para as pessoas que se escondiam atrás das mesas. As prostitutas estavam assustadas, e o homem que antes se relacionava também se mantinha escondido, amedrontado. Olhando bem agora, parecia um marinheiro.

Rodrik voltou seu olhar para a arma e sentiu medo. Com ela suas habilidades de luta aumentavam, ele havia matado seus antigos companheiros, em um combate corpo a corpo, companheiros que eram em muito mais habilidosos que ele em combate. Isso era bom, poderia conseguir muitas coisas, aquilo devia ser uma arma mágica ou coisa do tipo, e por isso que havia sido tão difícil rouba-la daquele castelo isolado, nos confins de um lugar sem nome. Guardas sinistros a guardavam. E imaginar que algo assim cairia em suas mãos. Então se lembrou da voz. A voz que aparecia em sua cabeça, algo que acontecerá pela primeira vez naquele evento, naquela luta. Então ele percebeu. Era a adaga que falava. A forma como ela vibrava frente ao combate, a maneira que ele sabia o que fazer e só conseguia devido a sua leveza e movimentos mortais.

O ladrão sentiu medo. Medo daquele objeto estranho em suas mãos, a principio parecia algo bom, então tudo ficou duvidoso. Então se decidiu, não queria aquilo, mas era um ladrão e não sairia daquela de mãos vazias, entregaria o item para o empregador que os havia contratado para rouba-lo e ficaria com toda a recompensa. Nunca que sairia desta jogando a adaga fora e ficando apenas com um corpo quebrado. Embrulhou a adaga novamente e saiu cambaleante para as ruas, ainda daria tempo.
Seguiu pela rua larga, se apoiando nas paredes para não cair. A madrugada era plena agora, e o clima fresco. Como antes as únicas pessoas presentes, eram mendigos, prostitutas e sujeitos mal encarados e grandes. O ladrão virou à direita e encontrou o ponto de encontro no final do beco. Outro bordel, melhor que o outro aparentemente, porém abandonado. Uma casa estreita, com duas janelas compridas e uma porta larga de madeira podre. Rodrik pisou no primeiro degrau e sentiu seu corpo fraquejar.

Só mais um pouco. Continuou e adentrou. O lugar fedia a mofo forte e estava muito escuro, exceto por um ponto luminoso logo na sua frente. Existia uma escada que subia e nela estava um homem sentado, rosto pálido e armadura negra, parecia levar uma espada na cintura. Na frente dela em pé, estava um homem de capuz negro, na verdade ele era uma sombra segurando uma vela.

- Pensei que estivessem esquecidos de nosso acordo – ele olhou com atenção para o estado de Rodrik – onde estão os outros? Pensei que fossem em quatro.

- Éramos. Porém eu os matei.

O homem soltou um risinho.

- Veja Klaus, ele os matou para ficar com toda a recompensa. Mercenários nunca mudam – fez uma pausa – Enfim, não me importa a vida deles, trouxe o que pedi?

- Sim – mostrou o embrulho.

Com um aceno do homem, o outro sujeito se levantou e apanhou o objeto. Em seguida se virou e mostrou para ele.

- Muito bom, finalmente. Você a viu?

Rodrik não sabia o que dizer, não queria revelar que a havia desembrulhado o item e ainda por cima a usado.

- Espere, você matou seus companheiros com ela não foi? – aquilo parecia divertido para ele.

- Sim – disse ainda desconfiado.

- Você a sentiu não foi? Pois eu lhe digo, essa é uma das armas poderosas de Agaloon. Você viu o que ela pode fazer, e é apenas uma adaga, imagine uma espada da mesma liga forjada da mesma maneira. Com magia.

- Magia? Isso não existe, não mais – disse Rodrik, pensando em quando aquela conversa iria acabar. Estava cansado e ferido.

- A magia ainda existe, porém fraca. Entretanto essas armas não são obras recentes, são artefatos ancestrais. E para alguém que um dia irá governar todos os Nove Reinos, creio que devo possuir todas.

Governar os Nove Reinos? Esse homem é louco, preciso sair logo.

- Olha não sei quem é o senhor, e também não estou interessado em seus planos, apenas me dê meu pagamento para que eu possa ir. Se não percebeu, estou sangrando.
- Oh, minha cabeça. Klaus dê a ele o pagamento.

O guerreiro em armadura negra então segurou a adaga e com velocidade enterrou a lâmina no peito de Rodrik. Tudo aconteceu muito rápido, e quando o ladrão percebeu que a arma que uma hora o havia ajudado a matar seus companheiros havia sido enterrada no próprio peito.

- Então era esse o plano? Matar-nos no final? – perguntou ofegante.

- Sim, mas você nos poupou de três lutas desnecessárias. Muito obrigado. Klaus retirou a adaga quando Rodrik caiu. O guerreiro então entregou a arma para o homem misterioso, e por fim saíram. A morte não demorou a chegar para o ladrão, que morreu sozinho, no escuro e no mofo.
Editado pela última vez por John Lessard em 01 Abr 2014, 17:44, em um total de 2 vezes.
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Re: As Crônicas de Agaloon

Mensagem por John Lessard » 31 Mar 2014, 10:08

Capítulo I
John


John avançou pela direita e golpeou com força, Aaron bloqueou com maestria, porém recuou alguns passos para o lado. O primeiro se aproveitou e saltou, desceu um golpe em arco contra a cabeça do adversário, porém parou antes de atingi-lo, tinha vencido. De novo.

- Droga John!

O outro riu.

- Você está melhor, mas nem tanto.

- Não ria, é constrangedor perder para meu irmão mais novo.

Aaron era esguio e tinha uma beleza sofisticada, olhos cinzentos e os cabelos negros bem aparados cheios de suor. Seu rosto era perfeito, como deve ser o de um nobre, no mínimo cinco centímetros mais alto que John e sem dúvidas mais amado pela nobreza. Um ano mais velho e herdeiro das terras e fortuna dos Lessard.

John aos seus quinze anos era o oposto do seu irmão, sua beleza era selvagem e rebelde, tinha os cabelos negros cortados com uma faca de caça, literalmente, e um olhar cinzento penetrante, o favorito da plebe era melhor espadachim que seu irmão. Era melhor em uma briga de taverna também, com um corpo esguio tinha um charme natural, as pessoas gostavam dele quase que automaticamente, quase todo mundo. A maioria da nobreza não, apenas velhos lordes robustos e amantes de pelejas. Aaron era o mais velho e por isso era melhor em diálogos pomposos, em história, geografia e todas essas coisas de herdeiros, que John sempre achou uma perda de tempo. Os dois usavam coletes de couro por cima de camisas de linho branco encharcadas de suor, calças negras e botas da mesma cor, com espadas sem corte em mãos. Eles haviam treinado desde muito cedo. Saiu da arena de treinamento, um lugar circular com solo de areia e cercado por uma cerca de madeira dentro dos muros do castelo. Andaram até um corredor coberto, porém sem paredes, o céu estava azul e límpido quando um homem apontou em uma porta próxima. Ele era robusto, porém um pouco fora de forma, mas ninguém duvidava de sua força e sabedoria em combate. Vestido com um corselete de couro, e calças de couro negro, sua botas rígidas ecoavam no chão. Aproximou-se com a mão no cabo da espada.

- O que vocês dois estavam fazendo?

- Praticando obviamente – respondeu John.

- Aaron você tinha aula de história com lady Iris hoje, e não treino de combate.

- Eu sei, mas o senhor não estava no castelo e eu não queria deixar meu irmão treinar sozinho.

Aaron como herdeiro tinha muitas aulas, além de treino de combate, tinha que aprender sobre história e lendas, geografia, idiomas, matemática, religião, natureza e heráldica. Cada disciplina com um professor diferente. John por sua vez não tinha tantas obrigações, já sabia ler e escrever, e a fazer contas e o pai viu nele um combatente nato.

- Os dois estão imundos, vão se lavar e vestir-se decentemente, o pai de vocês os quer no grande salão, chegou um mensageiro de Callisto.

- Mensagem da capital? O que houve? – se interessou Aaron.

- Ainda não sei, na verdade ninguém sabe, apenas vão logo.

John se levantou rapidamente.

- Vamos logo, para acabar com essa chatice de uma vez.

- Não é chatice, são notícias da capital.

O outro o olhou com desdém, antes de entrarem no castelo. Seguiram por um corredor largo, de pedras colocadas e frias, iluminado por enormes janelas compridas. Havia quadros com familiares ancestrais e algumas armas adornando as paredes, aqui e ali. Com era de costume Aaron encontrou uma serva e pediu para ela lhe preparar um banho, John por sua vez preferia se lavar no lago do castelo quando o tempo estava bonito e agradável. Os irmãos se separaram e o rapaz mais novo apanhou algumas roupas e saiu. Chegou aos bosques reservados e despiu-se, deixou suas vestes de canto e entrou no lago. A água fresca aliviou o calor do treino, tudo estava um silêncio pleno, a grama alta e as árvores ao redor transmitiam tranquilidade. John gostava daquele lugar, ficava dentro do castelo, protegido pelos muros e de uso exclusivo da família Lessard. Distraído em seus pensamentos quase se esqueceu do compromisso com o pai, quando se lembro, saiu correndo pela grama e começou a se vestir. Colocou uma camisa branca limpa e por cima dela um colete de couto negro, calças e botas também da mesma cor bem justas, bagunçou o cabelo com as mãos e saiu. Deixou suas vestes sujas lá, depois pegaria. Seguiu por um corredor largo, com tapeçaria antiga e escassa, por algum motivo seu pai não se dava ao trabalho de decorar muito a área perto do bosque. Subiu um lance de escadas e logo estava na frente da porta dupla de carvalho escuro, entrou no grande salão. Um homem magro e vestido com roupas simples e beges estava parado diante do trono, ele trazia um pergaminho na mão. Com ele estava dois homens em cota de malha e de rostos severos, pareciam que eram guardas do mensageiro, porém não usavam armas, também não poderiam na presença de Lorde Lessard. Aaron já estava lá, assim como sua mãe e seu pai sentado em uma enorme cadeira de madeira. A mãe de John e Aaron era uma mulher de meia idade sofisticada, de cabelos castanhos claros e olhos da cor de mel, algumas rugas apareciam aqui e ali, mas ela era bonita e tinha o corpo esbelto ainda. Seu nome Helena. Por algum motivo John sempre achou que ela nunca gostou dele, pelo menos não da maneira que gostava de Aaron. Brandon Lessard, líder da família tinha um olhar sério, cabelos e barba negra, com alguns fios grisalhos. Trajava um colete de couro preto, com uma capa escarlate sobre seus ombros, a espada repousava em seu colo. Umbra era seu nome. John sempre quis e admirou aquela espada.

- Desculpe o atraso pai.

Brandon assentiu, quando o rapaz se posicionou ao lado de Aaron.

- Pode transmitir a mensagem agora – ordenou o lorde.

O homem abriu o pergaminho e começou:

- É com grande pesar que venho aqui hoje, para anunciar a família Lessard, que Nestor Stout, rei dos Nove Reinos e Protetor de Agaloon está morto. Agora cada lorde, de cada reino é convocado a capital para prestar seus pêsames e estar presente à coroação de Alex Stout, herdeiro legítimo ao trono real.

John viu o pai apoiar o rosto nas mãos, num gesto de surpresa ruim. O rapaz nunca tinha conhecido o rei, apenas sabia que existia, mas ao que parecia a notícia havia sido um baque para o lorde.

- Está certo – começou depois de se recompor – irei compor uma comitiva e partiremos amanhã cedo. Vocês terão comida e abrigo durante a noite, podem se retirar.
Os três saíram em um silêncio total e apenas depois que bateram a porta, Brandon disse:

- Aaron, enquanto eu estiver fora, você será o Senhor de Allistia. Acha que está pronto?

- Eu estou pronto meu pai.

- Muito bem – se levantou – agora vão.

John saiu ao lado do irmão, deixando o pai e a mãe conversando.

- Vou sair do castelo, ir à taverna, você quer vir?

- Não John. Tenho deveres com lady Iris, já fui muito irresponsável por hoje ter faltando à aula. E além do mais, amanhã papai vai viajar e eu serei o Senhor de Allistia, não posso me dar esse luxo. Admira-me você, sair pra se divertir quando acaba de saber que nosso rei está morto.

- Eu nem conhecia esse velho.

- Velho? Você é inacreditável.

- Tanto faz.

Dito isso deu as costas a seu irmão, seguiu ao hall de entrada. Desceu uma enorme escadaria para um espaço circular, rodeado de armaduras vazias. Saiu pela enorme porta dupla. O sol estava brilhando forte e o jardim parecia mais verde do que nunca. Seguiu tranquilamente pelo caminho de terra batida, que passava pelo meio do lugar e levava ao portão. Cumprimentou alguns guardas nas ameias e entrou no alojamento. Encontrou alguns conhecidos, guardas em seus horários de folga. Comeu com eles e riu com eles, para só depois sair e seguir para a taverna. A noite caia e com ela vinha um pouco de frio.

John desceu a estrada sinuosa em direção à vila. As casas eram de pedras colocadas e telhados de madeira. As ruas de terras batidas. Trabalhadores voltavam para casa a essa hora e John acenava para todos, pois conhecia todos. Chegou à taverna. Uma construção de madeira, com dois andares. O térreo era um enorme salão com mesas, palco e balcão. Pessoas iam e viam, riam e conversavam, enquanto duas garçonetes cruzavam o espaço com bandejas ora cheias, ora vazias. John encontrou Paul e Joe perto do balcão tentando convencer o velho Jack, o taverneiro a os deixar beber.

- Talvez daqui a um ano. Ou dois.

John riu do homem quando se aproximou. Era um homem gordo e baixo, calvo e com um bigode negro.

- Como vai Jack?

- Ótimo príncipe John.

- Já disse para não me chamar assim. E vocês seus frouxos?

Paul era magrelo e ruivo, de um laranja bem intenso. Vestia roupas simples e sujas, enquanto Joe era um gordo baixinho de cabelos castanhos escuros. Vestido com roupas de camponês, quase não tinha pescoço. Paul era filho de um vendedor de frutas, enquanto Joe era do ferreiro.

- Estamos bem – respondeu Joe.

- Não era para responder, ele chamou a gente de frouxo.

- Não importa – disse John se sentando – e as boas novas?

- Tem uma trupe nova na cidade, parece um bando de ladrões – disse Paul.

- Trupe de que?

Joe começou:

- Músicos! Olhem eles vão subir no palco.

John desviou seu olhar e viu quatro pessoas surgirem. Um homem alto e magro, em roupas negras parecia tocar alguma espécie de tambor. Havia uma mulher loira com um vestido carmesim desgastado que trazia uma harpa. Um garoto com trajando uma calça curta e uma camisa branca rasgada com um bandolim e uma moça de cabelos ruivos, vestido simples e marrom e olhos verdes intensos, com uma flauta. O corpo acabara de começar a aflorar. Os olhos cinzentos de John encontraram os verdes dela, antes do grupo começar a tocar. As músicas deles era animadas e logo muitas pessoas começaram a dançar, em outras o ritmo diminuía e o homem cantava sobre cavaleiros e aventuras épicas. A noite foi avançando e o espetáculo acabou os músicos começaram a interagir com as pessoas, comerem e beberem. John pensou em falar com a garota, mas tinha dificuldade nisso. Foi neste momento que ele entrou. O encrenqueiro número um da vila. Gary. Um sujeito grande e de cabelos negros, vestia roupas de camponês e se achava o melhor porque era grande e forte.

- Veja quem está aqui! O garoto Lessard.

- Já falei para não fazer essas coisas Gary, ele é filho de Lorde Lessard – alertou Jack.

- Foda-se de quem ele é filho.

John se levantou e a taverna ficou em silêncio. Sentiu todos os olhares sobre si, principalmente da garota ruiva.

- Grandão acho que você está bêbado. Volta pra sua casa.

- Volta você para sua! Opa esqueci que você mora na porra de um castelo!

- Gary pare – disse Jack.

Dois guardas de seu pai fizeram menção de agir, mas John acenou para que parassem.

- Gary...

- Volta pro seu pai, aquele velho frouxo.

- Eu volto pra ele quando você voltar pra puta da sua mãe.

O grandalhão ficou vermelho de fúria e avançou. John bloqueou o soco e desferiu um cruzado de direita, que arremessou o outro em cima de uma mesa, a tombando. Em seguida ele veio atacando novamente, dois bloqueios de John, depois uma joelhada no estomago e um soco direto no nariz, ele tropeçou e caiu inconsciente. O rapaz então deixou algumas moedas no balcão.

- Desculpe o transtorno.

Olhou para os amigos como um sinal de despedida e saiu. Seguiu para o castelo, os guardas o deixaram entrar rapidamente. Ele andou por uma fortaleza escura e silenciosa, e depois de despir-se, deitou, adormecendo automaticamente. Acordou com a luz que entrava pela janela.

Esqueci-a aberta...

Levantou-se e vestiu-se. Desceu rapidamente, pois acabará de lembrar que o pai estava de partida. Se não tivesse deixado a janela aberta não teria acordado a tempo. Deixou para comer depois, saiu para o jardim, onde estava à mãe e o irmão a frente da comitiva do pai. Era composta por mais ou menos vinte pessoas. Além do lorde, havia servos básicos, soldados, alguns cavaleiros que John não se lembrava muito bem e os enviados da capital.

- Eu volto o mais breve possível – terminava de dizer Brandon Lessard, quando John chegou.

Ele se aproximou.

- Pensei que não fosse ver minha partida John.

- Claro que não, só me atrasei um pouco – mentiu.

O pai abriu um sorriso.

- Fiquei sabendo que brigou na taverna ontem.

- Não foi nada.

- Conversaremos quando eu voltar, mais uma coisa. Na minha ausência Aaron é o Senhor de Allistia e a Umbra é dele, eu sei o quanto você gosta daquela espada...

- Tudo bem pai, eu entendo.

Por fim ele beijou a testa do filho, olhou uma última vez para Aaron e Helena e montou em seu corcel negro, partindo então em sua comitiva. John viu o pai sair do castelo e sumir no horizonte, foi uma despedida e por alguma razão o rapaz não achou que fosse breve.
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John Lessard
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Re: As Crônicas de Agaloon

Mensagem por John Lessard » 01 Abr 2014, 17:42

Capítulo II
Axl



Os cabelos de um loiro dourado de Axl Stout eram bagunçados pelo vento. Ali em uma das sacadas do Palácio Imperial ele podia ver toda a capital, toda Callisto. Sua extensão era enorme, com telhados e mais telhados se juntando aqui e ali, havia prédios baixos, casa e torres, tendas do mercado e muito falatório, embora não fosse possível se ouvir daquela altura, tudo aquilo era a cidade do rei. Mas agora o rei estava morto, seu pai estava morto. A principio o jovem príncipe não acreditara, seu pai não podia morrer, ele era Nestor Stout, o homem mais importante dos reinos e o mais importante para ele. Depois veio a compreensão, de que aquele pensamento era infantil. Ele já tinha dezessete anos, e não poderia ter pensamentos assim, então apenas aceitou. Axl era alto e bem constituído, olhos azuis e pele impecável, seus cabelos eram de um liso intenso e de um loiro dourado. Vestido com uma camisa de linho branco e calças de couro fino, ele não sentia frio naquele final de tarde. Decidiu voltar, já havia pensando demais.

Desceu da torre norte por uma escadaria em espiral, que parecia nunca acabar.

O lugar era enorme e muito fácil de perder-se, mas não para aquele rapaz que havia crescido ali. Andou por um corredor silencioso, adornado com peças caras e raras. Quadros estranhos e alguns retratos. O caminho era extremamente largo e estava vazio, com exceção do príncipe, a maioria das pessoas estavam preocupadas com o enterro do antigo rei e a coroação do novo. Alex Stout, irmão mais velho de Axl iria ser coroado em alguns dias. O príncipe mais novo não se importava com isso, sabia que o irmão era mais velho e o trono era dele por direito, o que o incomodava era a morte do pai, que sempre fora sadio e vigoroso e do nada caíra de cama doente. Outra coisa que o intrigava era o professor de história e lendas de seu irmão, ele havia surgido há quase um ano atrás de algum lugar desconhecido e virado o conselheiro do príncipe, mas isso poderia ser apenas impressão.

Quando Axl chegou ao salão principal se encontrou com Sir Ulric Voltare. Um homem alto e grisalho, vestido com uma armadura prateada, e ornamentada, com leopardos nas ombreiras e gravuras aqui e ali, numa língua antiga. Ele tinha o rosto marcado pela idade, e os olhos azuis. Levava uma espada presa à anca e uma capa negra lhe cobria as costas.

- Meu príncipe onde esteve?

- Pensando um pouco.

- Eu sei como se sente meu jovem, mas precisa se apressar, a cerimônia começara em breve.

- Eu sei Sir, se dirija para lá, que logo chegarei.

O cavaleiro assentiu e foi-se. Axl subiu mais algumas escadarias, rumou pela esquerda, em mais um corredor largo e adornado com peças de arte. Atravessou o jardim superior, com algumas árvores, grama e muitas flores, sob um céu que escurecia, e passando por dois homens com espadas nas cinturas, vestidos com meios elmos e cotas de malha, adentrou uma porta dupla de madeira. Seus aposentos.

O lugar era retangular e enorme. Havia tapetes finos, uma cama de casal fofa e muito grande, poltronas e armários de madeira escura. Peças de ouro e prata por todos os lados. O rapaz abriu um armário e despiu-se. Vestiu uma calça negra e botas negras, e por cima da camisa branca de linho, vestiu uma túnica escarlate, que batia em seus joelhos, aberta na frente e fechada atrás. Prendeu um cinto de couro marrom em volta da cintura e nele à espada. Com seu cabo dourado e incrustado de rubis.

Axl saiu do quarto e se dirigiu para os estábulos. Com rapidez por ramificações incríveis de corredores. Chegando lá encontrou uma escolta de cinco guardas, em cotas de malha e espadas, todos montados, sob o comando de Sir Ulric, que montava um corcel negro. O cavalariço trouxe um cavalo branco para o príncipe, que subiu e em instantes estavam a caminho. Os portões se abriram para eles saírem à cidade. As ruas estavam vazias, pois a noite havia caído e muitos se dirigiram para a catedral. Galoparam por uma rua larga de paralelepípedos, onde se encontrava a maior parte do comércio, agora fechado. Uma ladeira surgiu e os animais demoraram um pouco para subi-la, uma vez que diminuíram o ritmo. Quando finalmente chegaram ao topo, a catedral se ergueu imponente, talvez sua magnificência perde-se apenas para o Palácio Imperial. Suas quatro torres se erguiam a quase quarenta metros do solo, pontiagudas, como lanças de prata. Elas se encontravam em cada vértice de um retângulo enorme, que era a catedral. Quando o príncipe chegou e desmontou na frente das enormes portas de madeira de carvalho, as pessoas que lotavam as entradas começaram a murmurar, a agitação foi contida pelos guardas, quando o rapaz adentrou no recinto acompanhado por Ulric.

Um enorme caminho coberto por tapete vermelho se estendia, com inúmeros bancos compridos dos dois lados. O lugar era sustentado por poderosos pilares em ambas as laterais, brancos e grosso como carvalhos ancestrais de uma floresta antiga. Todos olharam para Axl que entrava em direção ao altar, onde o corpo do pai estava de vigília e o sacerdote falava algumas coisas. No altar de canto estava Alex seu irmão e seu conselheiro. O herdeiro mais velho tinha os cabelos compridos e dourados, olhos azuis frios e o corpo esguio, vestido com calças negras e finas, e com uma túnica escarlate bordada em ouro. O conselheiro era Fallen, um homem alto e de meia idade, trajando uma túnica negra que escorria até os pés, tinhas cabelos negros que terminavam no pescoço e olhos cinzentos. Sua boca era um risco murcho que parecia que falaria algo maligno a qualquer momento.

O sacerdote era um homem velho com sua barba branca já. Tinha o olhar cansado e usava uma roupa negra e verde, com capuz. Ele dizia palavras bonitas quando Axl chegou e percebeu que sua mãe, a rainha também estava presente. Uma mulher alta e severa, que agora escondia a dor de perder o marido. Tinha os cabelos castanhos e os olhos da cor do mel, com mais de quarenta anos, apresentava algumas rugas aqui e ali. Estava vestida com um vestido negro com bordados simples e prateados. Axl cumprimentou todos com um leve aceno de cabeça e parou para terminar de assistir celebração.

Olhou atentamente para todos ali na catedral e reconheceu muita gente. Havia muitos lordes vassalos de seu pai, porém notou presenças mais importantes como os grandes lordes de cada reino. Hector Sparda, com seus cabelos prateados e olhos escarlates vestido de negro e prata, senhor de Lumia. Aquele era um homem cruel e poderoso. A filha dele, Ana, estava prometida a Alex e em breve seria rainha. Sua beleza era lendária, porém Axl mesmo nunca a tinha visto. Em seguida vinha Thomas Ironwood, senhor de todo o reino de Armondin, e pai da possível futura mulher de Axl, um homem alto e robusto, barba e cabelos castanhos, parecia um urso. O príncipe notou que Brandon Lessard não estava presente, mas era algo aceitável uma vez que Allistia se encontrava do outro lado do continente.

O restante de tudo o rapaz não prestou muita atenção, apenas sentiu um nó na garganta quando o caixão foi fechado e lavado para a Cripta dos Reis, e todos começaram a se levantarem para irem embora. Axl e Alex receberam os cumprimentos de alguns nobres. O príncipe mais velho saiu primeiro e em seguida a mãe chorando levemente. Axl sentiu vontade dizer algo, mas desistiu saindo em seguida, e quando montou em seu cavalo Sir Ulric o chamou.

- Meu Príncipe, preciso falar algo importante, porém não pode ser no castelo, poderia me acompanhar?

- Porque não no castelo?

- Há pessoas que não podem ouvir.

O rapaz mesmo achando estranho seguiu o cavaleiro. Ele o conhecia desde muito cedo. O homem havia ensinado ele a manejar uma espada, então Axl, seguiu pela avenida principal, depois uma virada e uma breve cavalgada em silêncio estavam no porto. O cavaleiro desmontou e o príncipe logo atrás. Caminhou com ele em silêncio, achando estranho não haver ninguém ali naquela hora, foi quando ele começou a falar:

- Axl, há muito tem algo que preciso fazer. Algo que me atormentou minha vida inteira e só agora me surgiu à oportunidade.

O rapaz se aproximou mais um pouco. O lugar estava realmente vazio, apenas aquelas duas figuras ali. Um beiral e uma escada descia para o píer, onde havia um pouco de solo e depois uma travessia de madeira, onde havia muitos barcos ancorados.

- O que foi Sir? Por que tivemos que vir para cá, a está hora? Não é perigoso?

- De fato é perigoso, porém eu informei aos guardas que eu estaria com você, mas está hora devem estar mortos. Não importa, vou cumprir minha missão com rapidez.
Axl não entendeu direito e não teve mais tempo de raciocinar, pois uma mão encouraçada virou-se contra seu rosto, desferindo um golpe violento e o fazendo cair. Sua boca se cortou e começou a sangrar muito.

- Mas o que?

O cavaleiro o chutou na barriga, o fazendo desfalecer momentaneamente, depois a manopla fria se agarrou em seus cabelos e o arremessou escada abaixou, onde ele rolou até o píer. Vários pensamentos passavam em sua cabeça agora, possíveis explicações para aquilo estar acontecendo, mas era difícil raciocinar, uma vez que ele pensava em como sair daquela situação e ao mesmo tempo tinha que lidar com a dor do lábio e das possíveis costelas quebradas. Levantou-se tonto e levou a mão até o cabo da espada, porém o cavaleiro já estava em cima, o impediu de sacar sua lâmina. Segurou sua mão e com a outra socou seu rosto, desta vez Axl sentiu que alguma coisa cortou por dentro, quando o gosto de sangue inundou seu paladar. Cambaleou para o lado e caiu sentado.

- Porque Ulric? – perguntou ofegante.

- Por quê? A resposta é simples garoto, em toda minha vida como cavaleiro real eu nunca ganhei nada! Glória não enche barriga, nem paga putas! Eu quero dinheiro, terras e poder! Poder move este mundo!

Ficou de pé mais uma vez.

- Você não é assim.

- Sempre fui! Só escondia, esperando o momento certo e agora que está oportunidade surgiu, não irei perdê-la.

O príncipe tentou sacar sua espada mais uma vez, porém o cavaleiro foi mais rápido e com um golpe em arco, na vertical abriu um corte profundo no peito de Axl. Sua túnica rasgou e se manchou com sangue, ossos ameaçavam aparecer.

O rapaz recuou com a mão no ferimento pelo caminho de madeira, entre os barcos, o cavaleiro o acompanhava devagar.

- O que pensa em fazer? Não há para onde fugir, não pode lutar contra mim.

- Eu...

O caminho havia acabado atrás, de um lado a água negra do oceano, do outro Ulric, o assassino traidor.

- O que vai fazer garoto?

Axl ficou em silêncio, então Ulric iniciou a estocada. A ponta da espada adentrou na barriga do príncipe, quando ele segurou a lâmina com uma das mãos, cortando superficialmente seus dedos.

- Maldito! Desgraçado traidor!

O cavaleiro riu.

- Morra com os cumprimentos de seu irmão.

Dito isso chutou Axl na barriga. O herdeiro mais novo de Nestor Stout caiu nas águas geladas e negras, e tudo ficou escuro.
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