Capítulo 7
Sonhos Claustrofóbicos
Cada um ali tinha seus próprios pensamentos á respeito da decisão de Trevor, mas a verdade é que nunca saberiam o real motivo dela, não saberiam a história que tinha com o irmão.
O começou do caminho era amplo, com uma água rasa no chão e paredes de pedras colocadas, porém gradativamente foi se transformando em um sinuoso trajeto de rochas naturais e por fim um túnel apertado de terra. Muitos trechos pareciam sustentados por toras de madeira antigas e um desabamento poderia não ser uma surpresa. Algumas baratas muito estranhas saiam de buracos e pequenos e entravam em outros. Das paredes também, vinham raízes de árvores que deveriam estar dezenas, talvez centenas de metros acima.
Logo, não havia mais luz para se enxergar e tochas precisaram ser acesas ou magias lançadas, menos para Bror, é claro. O ranger conseguia enxergar tudo perfeitamente graças a benção de sua deusa Tenebra e ali, num túnel subterrâneo não precisava esconder sua face do Deus Sol.
E assim os três primeiros dias seguiram. Não havia chances de fim, apenas um caminho infindável por um corredor de terra estreito, no escuro, seguindo mais e mais em frente. O barulho de passos, de pedrinhas e vez ou outra de vozes, quando eles resolviam conversar. Durante as noites, na verdade quando resolviam descansar, pois não sabiam ao certo quando era dia e quando era noite, tiveram que dormir em fila, sentados e apertados no túnel. O pó e a terra impregnando nas narinas e a luz do dia apenas uma memória distante. Lilith permanecia em silêncio a maior parte do tempo e Terry e Fenyra sabiam que ela conseguia enxergar melhor que todos ali só ao ter uma luz acesa por perto. O único que lhe superava neste quesito era Bror.
No começo do quarto dia de viagem, o grupo finalmente começava a subir e algumas fendas na terra mais acima permitia que a luz do dia entrasse. Fraca, mas o suficiente. No quinto dia afundaram na terra e no escuro mais uma vez. No sexto dia novas fendas, e finalmente um espaço amplo onde puderam se espalhar e descansar. Então, escuro e terra novamente. A maioria já havia perdido a noção do tempo. Sentiam o gosto de terra na boca, os olhos arderem e as narinas congestionadas por algo. As mãos eram ásperas e calejadas, os pés tinham pouco espaço para se moverem. Era o sétimo ou o oitavo dia? Talvez fosse o nono. Terry que tivera suas alucinações em momentos oportunos nos últimos dias, pensara se aquilo não pioraria tudo.
Foi neste momento em que Grunt, que vinha por último esbarrou em algo. Um barulho abafado, uma tora de sustentação.
- Corram! - foi o que conseguiu gritar, rouco.
Pedras e terra começaram a despencar do alto pesadamente. Bror e Searinox sentiram muita terra e pedras baterem em seus copros, abrindo cortes e dificultando o avanço. Fenyra foi atingida no ombro, mas fora melhor que todos em sua corrida de fuga de mãos dadas com Lilith. Terry que estava na frente de Grunt, teve muita dificuldade, a terra caía e pedras a castigavam abrindo ferimentos e causando hematomas futuros. Ela não conseguia ver os outros, morreria ali soterrada. Até que mãos fortes a envolveram a empurraram para frente, para que prosseguisse.
O grupo emergiu sob a luz do dia e teve o ar invadindo seus pulmões. Caindo na grama, com a poeira do desabamento saindo pelo buraco do túnel. A garganta ardia pela terra. Sob as copas tranquilas da árvores, perceberam que Grunt não saíra.
FIM DO LIVRO I.
Bror 7 pontos de dano; 45 XP.
Fenyra 5 pontos de dano; 90 XP.
Searinox 7 pontos de dano; 45 XP.
Terry 12 pontos de dano;