Zlaahael e Gilliard
Zlaahael continuava seu massacre, e agora as disciplinadas linhas de soldados dos hogboblins começavam a se desfazer, seus soldados começando a ser tomados pelo medo do que aquele elfo era capaz. Gilliard também se mostrava um monstro, suas correntes elétricas fritando os corpos dos goblinoides por dentro e exalando o fétido cheiro de carne queimada através da fumaça que saía de dentro de suas armaduras e globos oculares estourados. Os corpos atingiam o chão em uma convulsão violenta que trazia o pavor ao coração dos outros. Por fim, qualquer ordem que pudessem ter foi reduzida à frangalhos quando seus próprios ogros se viraram contra eles. E por fim, movidos pela violência trazida por aqueles dois, os escravos, elfos e humanos, armados apenas com pedras e correntes, se rebelaram.
- NUURUHUINE! HERU EN' ARRNA!- Os elfos entre os prisioneiros berravam enquanto suas pedras atingiam os hobgoblins e suas correntes se prendiam à seus pecoços formando forcas cujos elos rasgavam a carne e quebravam os ossos dos goblinóides desprecavidos.
Logo as tropas haviam sido dispersadas, e os hobgoblins procuravam bater em retirada, apenas para serem pegos pelos prisioneiros tomados por cólera vingativa. A vitória havia sido atingida. Ao lado de Gilliard, uma porte foi aberta. Não haviam mais gritos dentro daquele salão. Apenas o silêncio e o barulho de gotas de sangue caindo sobre poças. De dentro, um elfo de cabelos e olhos igualmente negros. Vestia trajes rústicos, feitos com o que Gilliard reconheceu serem retalhos de couro de vários animais e certos goblinóides. Mas mesmo sem mostrar o rosto, ele soube quem era aquele homem. Um dia, ele fora um dos mais promissores alunos da Academia Militar de Lennórien, não muito longe das épocas de Gilliard e Zlaahael. Allerán combinava uma mente afiada junto de suas habilidades em combate, e tudo indicava que se tornaria um dos Espadas de Glórienn. Muitos se decepcionaram quando ele se tornou um assassino e mestre de venenos para a coroa, e poucos se surpreenderam quando após a queda ele se juntou aos elfos negros de Berforam como seu segundo em comando. Agora a missão de Zlaahael fazia sentido para Gilliard. Era para resgatar aquele homem.
- Ora ora... O que temos aqui? O próprio Relâmpago Azul de Myrvallar lutando junto de um assassino e um rejeitado. E você, Herenyaavar... Ou devo dizer Nuuruhuine? Ou prefere que lhe chame de Aranarth? O que faz aqui? Embora acho que eu os deva agradecer. Não teria conseguido escapar e destruir a orbe de controle que eles usavam sobre os ogros da região se não fossem vocês.
O Verdugo os encarava com seus olhos que traíam sua antiga aliança à uma deusa morta.
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Cecilia
Caminharam adentro à escuridão por mais meia hora. Nenhum barulho que não o de gotas caindo do teto e batendo em poças no chão. Os corredores labirínticos e uniformes confundiam a mente, e logo Cecilia sentia perder a noção de esquerda e direita, cima e baixo, mesmo que momentaneamente. O Professor seguia na frente, não alterando sua expressão. Aurea tentava puxar assuntos para com Cecilia, parecendo tentar evitar se perder no tédio e calmaria do local.
E então, o Professor parou.
- Ouviram isso?
Nada. Não haviam ouvido nada.
- Não. Está louco homem?
- Não. Eu... Acho que ouvi algo. Não tenho certeza de onde veio. Que merda...
A expressão de curiosidade do homem era estranha naquela face. Seguiram em frente, e logo se encontravam em uma encruzilhada. O homem começou a ir em direção à direita, mas logo freou.
- De novo.
Um passo para trás.
- Ouviram?
Nada novamente.
- Acho que o tal Professor está ficando doido Ciça.
- Quieta. Eu sei que ouvi algo.
Apenas o silêncio preenchia o ar.
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Drake
~Dia Seguinte~
Drake observou de seu posto as hordas ensandecidas. Seus instintos selvagens pediam por sangue e morte, sua agressividade sendo manifestada em barulhos guturais que eram ecoados por suas gargantas naquela manhã no campo tomado pela neve.
Aqueles eram os Yudenianos.
Seus mortos vivos se encontravam como tropas de choque na linha de frente, liderados pelos demônios de Ahriman e Lenneth, que havia sido forçada à servir sob a tal marilith. Drake imaginava que ela não se veria muito satisfeita com aquela situação.
- Nós somos por hora a distração. Até que Cecilia, Aurea e o Professor tenham aberto os portões, dificilmente essas tropas serão úteis para algo. - Ahriman iniciou, se materializando ao lado de Drake. - Por outro lado, isso não é conhecimento necessário para eles. E Didrika é boa com discursos.
Drake e Ahriman se encontravam em uma barraca de estratégias de onde tinham visão do campo de combate como peças em miniatura. Uma maquete arcana feita pela Doutora Faust, que se encontrava curiosamente ausente.
A primeira onda, os demônios e os mortos vivos, se moveram, sendo recebidos por flechas e água fervente jogada pelos soldados de Adelhelm por cima da muralha. Não muito efetivo, mas eles tinham a vantagem.
- Você sabe que se eles não conseguirem abrir os portões, Didrika e seus homens serão massacrados mesmo com nossa ajuda, não é?
O tom casual demonstrava a falta de interesse naquelas vidas.
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Helden
Os três yudenianos encararam o anão, mudos. E então o líder riu, retirando a luva que cobria sua mão direita. Naquela mão, um anel, que ele logo retirou:
- Lorde Helden, tenho de dizer, você certamente é um homem de valor. Lhe disponibilizarei melhor do que homens para cuidarem de tais necessidades. Obtive este anel em meus tempos de... aventureiro. Ou mercenário. Ou ladrão de tumbas. Tanto faz do que chamas. Com ele, não precisará comer, beber e sua necessidade de sono será reduzida para apenas duas horas. Normalmente estes aneis demoram uma semana para serem ativados, mas este é um modelo peculiar. De funcionamento mais rápido, porém mais frágil e mais detectável. Mas não creio que isso vá ser um problema. E não acho que passará tempo o suficiente lá para que o anel se prove necessário. Posso lhe disponibilizar algumas poções.
Algumas horas depois, tudo o que o anão tinha pedido havia sido arranjado na medida do possível. Helden foi levado até os calabouços do castelo, aonde uma pedra foi pressionada com um anel para revelar uma passagem secreta:
- O que quer que seja que tomou as minas é perigoso Lorde Helden. Tenha cuidado. - Dizia Adelhelm.
Helden entrou pela passagem e logo passou à andar pelos túneis. Aquilo lhe lembrava das rotas de Doherimm. Incluindo o cheiro de mofo deixado para trás por criaturas que espreitavam nos túneis, deixando rastros úmidos para trás misturados ao metal. A sensação era nostálgica. Mas ele não tinha tempo para lembrar. Tinha um monstro à matar. Fosse ele um ser sobrenatural ou apenas rebeldes tendo de ser colocados no lugar.
Seguiu para a escuridão, e logo só podia ouvir as gostas caindo. Não conseguia enxergar. Pausou. Não conseguia enxergar na escuridão, mesmo com sua visão. O que diabos estava acontecendo ali? Não conseguia ouvir nada que não fossem as gotas, mas a escuridão o preocupava mais do que isso.
Helden recebe 5 Poções de Curar Ferimentos Graves
10 Poções de Curar Ferimentos Moderados