Cecilia
Cecilia se moveu e conjurou sua distração, ouvindo o que o Professor tinha a dizer. Era um bom conselho, afinal. E então, ela sentiu a presença. Algo dizia para que seu corpo parasse, e apenas com sua imensa força de vontade a garota resistiu. O Professor parecia também ter resistido, assim como Aurea. Cecilia não ouviu nada e sua visão foi pega de surpresa. Sombras tomaram o local, mas aquilo era diferente. Não era a sombra natural, e também não era sombra conjurada por magos. Aquilo era vivo. Os olhos e sorrisos que eram a única coisa visível agora deixavam claro isso.
- Ora ora... O que temos aqui. O fedor da magia antiga dos dragões permeia esse lugar. Faz muito tempo desde a última vez que um de seu povo visitou meus túneis. Eles estariam orgulhosos.
A voz era suave e imponente, vinda de todos os lugares e lugar nenhum, se manifestando dentro das mentes dos ali presentes. Era simultaneamente um trovão e o deslize sensual de seda no corpo de uma dançarina.
- A filha da tempestade me ofende ao se esconder com artifícios arcanos. Não tenha medo. Eu não mordo. Você pisa no chão que sou eu. Eu não te vejo, mas eu sinto a magia. E eu sinto seu peso.
Os olhos rodeavam os três, se movendo, cobrindo saídas e entradas. Não havia mais cima e baixo, frente e trás. Aquilo havia tomado os túneis.
- Tenho tantos visitantes interessantes hoje. Espero que sejam mais interessantes do que os últimos nessa região. O último ser que me interessou era da raça que à um dia pertenci, carregando uma arma com a essência de um deus. E vocês? O que oferecem por sua saída de meus túneis eternos?
- A Rainha nada tem de oferecer. – Disse Aurea. – O mundo à ela pertence, e seus súditos lhe devem oferenda.
A risada ecoou novamente.
- Sou mais antigo que dez mil monarquias e à nenhuma delas sirvo. Sou nascido do sangue daquelas que poderia chamar de mães, e com sua queda não conheço senhor ou mundo. O poder e autoridade dos filhos do Tirano me é tão ameaçador ou interessante quanto o menor de todos os vermes que rastejam na terra.
Os olhos e bocas se moviam, rodeando o grupo em ângulos estranhos, percorrendo a caverna, passando sob seus pés, acima de suas cabeças.
- Do lado de fora destes túneis, o Vestígio do senhor da guerra desperta e declara sua cruzada santa com seus soldados que não existem contra rebeldes, nobres, demônios e mortos. Nenhum deles é interessante. Nobres que acreditam que poder bélico define sua posição no mundo. Revolucionários hipócritas como todos os revolucionários que vieram antes deles e como todos que ainda virão. Mortos sem vontade própria, instrumentos para homens ainda menos interessantes. E um povo abissal que escapa de sua própria morte sendo parasitas no corpo de um ser mais elevado.
Cecilia ainda estava invisível, e a falta de olhos focados nela podia indicar que mesmo à sentindo, ele não à via.
- Me convençam que são mais interessantes do que aqueles que agora lutam. Me convençam que suas vias tem valor individual. Sangue dracônico, aberração que não existe e perpetuador do medo.
O Professor por fim se manifestou:
- Não tenho nada a oferecer. Não tenho itens mágicos de seu desejo, e tudo do que sou dono é meu corpo.
- Pode oferece-lo.
- Lhe ofereço servidão. Um favor irrestrito a ser cobrado um dia.
- Em um mundo morto o ser que é menos que um homem, sua carne e seus ossos substituídos por fibras feitas pelas mãos de homens, me oferece um favor. Isso é interessante. Eu aceito sua oferta.
Os olhos rodaram.
- E vocês? O que oferecem que possa me interessar? Servidão? Um corpo? Uma surpresa? Eu adoraria ver esta última.
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Helden
O rei caído se moveu, e então a escuridão se tornou maior. Mais profunda, do tipo que mesmo seus olhos não conseguiam penetrar. As sombras se moviam, e então os olhos se abriam. Olhos nas sombras. Um, dois, três... Os números aumentavam, todos focados no rei, que agora se encontrava paralisado.
- Um filho de Heredrimm...Um povo que dança perante sua própria extinção, percorrendo túneis à muito esquecidos na tentativa de uma vitória contra aqueles que recusam o sol e aqueles que não deveriam existir. Seu povo são alguns dos maiores acepipes que já tive o prazer de experimentar. Não poderia esperar menos de meus irmãos de mãe.
O rei sentiu seus músculos travarem no lugar, se recusando a obedecer seus movimentos, rígidos no mesmo lugar. A voz se enunciava de forma suave e poderosa, o tom baixo ecoando pelas cavernas quase sussurrados e ainda assim mais altos que um trovão. Não havia caminho para aonde quer que Helden encarasse. Apenas o escuro e os olhos.
- Recebo tantos visitantes interessantes esses tempos. Um elfo que carrega um deus. E no mesmo dia, na mesma extensão de meu corpo, um anão, uma cria de dragões, uma aberração da tempestade e um perpetuador do medo. Andando em meu corpo como pequenos ratinhos indo em direção à ratoeira.
Os olhos dançaram ao redor dele, e então o encararam:
- Me diga, anão, porque deveria lhe deixar entrar em meu território e sair livre? Pelas leis ditadas à mim por nossa mãe, devo-lhe oferecer uma chance de barganha. O que oferece por sua vida? O que oferece para que permita que se junte aos exércitos na batalha contra o vestígio divino do próprio deus da guerra e seu exército que nunca foi?
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Drake
Os dois esqueletos de tamanho descomunal avançavam em direção ao castelo, abrindo as linhas inimigas de forma desajustada, seus mortos e Lenneth seguindo o comando da Marilith trazida por Ahriman. Os gritos de combate e a maquete viva indicavam que os portões estavam prestes a serem derrubados pela violência das tropas auxiliadas pelos mortos. Os yudenianos trouxeram seus canhões, e os barulhos de explosão tomaram conta do ambiente. Talvez a defesa durasse mais.
E então Drake ouviu o primeiro relâmpago. O clima não era propenso para tempestades elétricas, pensou. Não fazia sentido, pensou. Os únicos desastres naturais que poderiam ocorrer naquela região eram nevascas e avalanches, ele sabia.
E por isso, o segundo relâmpago gelou sua alma.
A névoa se expandiu, não natural. Os barulhos dos soldados foram cessados, enquanto os dois lados recuavam e encaravam o que quer que estivesse do lado de fora. Alguma coisa forçou Drake a sair, algo como um sexto sentido. Uma enorme cúpula de nuvens havia se formado. Relâmpagos brilhavam dentro dela, consumindo o ambiente com seu barulho nebuloso. E a cada iluminação, as formas dentro da tempestade eram reveladas. Um exército. Todo um exército. Disciplinado.
Divino.
A nebulosa se abriu, e o exército saiu. Uma marcha acelerada e então uma corrida. Os rugidos do terceiro exército eram ouvidos, e um ser humanoide de cerca de seis metros, completamente coberto por sua armadura, os liderava. Portava um machado maior do que qualquer homem, e um escudo que deveria ser pesado demais mesmo para um gigante. O peso descomunal da armadura era sentido à cada passo, afundando o chão sob si enquanto aquele ser liderava um exército que não pertencia à Arton.
Uma sensação familiar tomou conta de Drake, uma sensação que ele só havia sentido em Malpetrim.
Horror religioso.
Pois o Vestígio de Keenn estava ali.
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Zlaahael e Gilliard
- É uma boa causa. Se vocês querem matar goblinoides, contem comigo. Sou seu agente. Com algumas condições...- Os olhos negros encaravam Zlaahael e Gilliard, trocando entre os dois. – Não há honra. Eu irei matar goblinoides com o que for disponível e enforcarei os corpos como recado. Eu irei pendurar seus bebês pelas tripas nas casas de seus pais como meu presente. O que cada filho de Lennórien sofreu eu trarei aos hobgoblins, goblins e bugbears intensificado infinitas vezes. Se não concordarem com meus métodos...- Ele balançou a aji.- Só haverá uma forma de lidarmos com isso.
Os olhos negros se desviavam entre os dois.
- Mas se aceitarem... Estou à disposição de sua causa para qualquer missão.
Uma criança élfica se aproximou de Gilliard puxando sua capa. A criança não tinha um olho e parecia estar ferida e perdida entre os escravos. Ela encarava o elfo maior, lágrimas nos olhos.
Zlaahael, como líder da unidade de operações secretas: Levará Allerán como agente?
Zlaahael e Gilliard: 2900 XP cada