Haveria um grande festival, aparentemente, com testes e competições de capacidades. Muitas pessoas se arriscavam e mostravam ser muito ruins naquilo. Outros poucos pareciam simplesmente melhores. Mas o clima era de alegria, todos riam dos derrotados e aplaudiam os vitoriosos. Gael ficou interessado em participar de alguma coisa para se testar.
Turok sumiu de repente dizendo que os veria mais tarde, deixando Gael e Catriona solo, mas não por muito tempo. O falador Ásper apareceu com o curandeiro que não era curandeiro e cumprimentou a todos. O rapaz coçou os longos cabelos e se virou para Catriona.
Gael não tinha interesse no bardo ou no curandeiro que não era curandeiro. E nem esperou Catriona responder. Segurou sua mão e a puxou até a área onde estavam fazendo competições de luta livre. Gael sorria animado.Gael
E aí, o que quer fazer?
Mas ao chegar à fila de inscrição, percebeu que muitos dos competidores eram simples aldeões, pessoas rudes que só sabiam fechar a mão para socar de qualquer jeito. Aquilo desanimou um pouco a Gael que ficou com a cara de tédio. Felizmente havia um ou outro sujeito que parecia saber o que fazia. Animou-se um pouco depois, esperando enfrentar o sujeito.Gael
Você é boa nisso também com sua espada... eu vi contra os lacedãos. Vou mostrar do que sou capaz também.
Ao chegar na mesa para se inscrever descobriu que tinha que pagar pra lutar.
Não entendeu a lógica, mas não quis discutir. Jouji sempre lhe dissera que as pessoas da civilização amava mais os metais dourados do que suas mães. Pagou e sentou em um banco junto de outras pessoas. Havia um sujeito ali rindo alto e outro contando piada. Gael fechou a cara, pois queria se concentrar...Gael
Poxa, mas eu luto de graça...
... mas talvez estivesse levando aquilo a sério demais. As pessoas gargalhavam e estavam num clima de brincadeira. Jouji sempre lhe disse para não brigar à toa ou para subjugar alguém à sua vontade. Suas lutas deveriam ter o propósito de proteger a vida. Gael suspirou e estalou os dedos soltando faísca para se acalmar. O fogo o acalmava. Uns e outros olharam curiosos e tentaram falar alguma coisa com ele.
Disse incerto do que aquilo significava. Mas as pessoas não pareciam interessadas em veracidade, apenas em histórias. Alguns brincaram com ele e Gael sorriu contente. Estava sendo aceito, mesmo após mostrar suas capacidades que anteriormente lhe valeriam uma perseguição e consequente expulsão da aldeia.Gael
Eu sou um... guerreiro... do fogo.
Chegou sua vez de lutar. Um homem magro com olhos agitados falou as regras e Gael fez bico.
Seu primeiro adversário era um homem enorme, talvez o dobro do tamanho de Gael. Era desajeitado e tinha pernas fracas. Numa luta de verdade Gael o derrubaria em segundos. Mas como o objetivo era apenas imobilizar o adversário, o monge se precaveu. Quando o homem magro apitou, Gael sumiu da vista de seu enorme adversário. Gael estava, na verdade, debaixo de sua barriga, tão grande e protuberante que não o permitia ver o monge.Gael
Ah, é assim? Ah... tá bom...
Com um movimento rápido, ele puxou as pernas do gorducho e ele tombou pra trás. Com um salto, ele voou sobre o corpo do inimigo e chegou à sua cabeça para agarrá-la em um nó com as pernas. Imobilizado. Luta terminada. As pessoas vibraram ali atrás.
Voltando para o banco, foi cumprimentado por outras pessoas, outros competidores. Um deles perguntou pelas chamas e Gael deu de ombros.
E trouxe muitas gargalhadas, embora ele não estivesse tentando ser engraçado. Povo estranho.Gael
Não pode usar...
Sua segunda luta foi um desastre, entretanto. Encarou um homem magro, mas muito habilidoso. Seus olhos eram muito rápidos e logo encontrou brechas na postura. Gael caiu depois de tentar inutilmente aplicar sua força para se soltar.
Houve uma comoção por sua derrota. Voltou ao banco, mas as pessoas ainda o cumprimentavam e faziam piadas. Gael sentia-se bem ali. Procurou Catriona com os olhos...
Foi chamado de novo! Gael achou que a derrota o eliminaria da competição, mas os organizadores acharam que o povo gostou de ver alguém que sabia o que estava fazendo. Enfrentou uma mulher da mesma estatura que ele. A disputa foi intensa, mas Gael venceu no final quando percebeu que seus braços eram fracos, embora o jogo de pernas fosse forte. A mulher caiu e ele fez uma gravata fazendo-a desistir. O público comemorou bastante e Gael acenou com um sorriso.
Súbito, todos começaram a gritar o nome de Valdek. Gael não sabia quem era até vê-lo voltar ao ringue. Era o homem magro que o derrotara anteriormente. Gael sorriu selvagem. Estava excitado pela revanche. Valdek continuava rápido, mas dessa vez mais cansado. A luta anterior com Gael exauriu sua já limitada força. O monge, por outro lado, ainda não havia cansado de verdade. Era um guerreiro do fogo, afinal. As chamas queimavam em seus músculos e lhe davam mais energia. Rápido como seu antigo algoz, Gael o dominou com força bruta e o fez sentir um bafo quente na nuca. Gael vencera.
O meio-tamuraniano saltou erguendo os braços e dois dedos num gesto V de vitória. Houve aplausos e gargalhadas. O homem do apito o cumprimentou e lhe deu um cinturão de couro com um emblema de bronze. Um símbolo desconhecido a Gael. Feliz da vida, ele saiu dali saltitante e cumprimentou individualmente alguns camaradas feitos no banco.