Voltando a Catriona e Gael, a faísca do romance parecia estar começando a se acender entre os dois aventureiros, mas ainda era muito cedo para afirmar qualquer coisa. Ao ver a aglomeração que acontecia frente ao templo da ambição, a aristocrata começou a guiar o dobrador novamente. Entre a breve caminhada trocavam risos e pareciam apreciar a companhia um do outro, consequentemente ficando alheios para os movimentos que Turok percebera. A igreja de Valkaria apesar de recente era um prédio grande, e o espaço fechado a sua esquerda dava sinais de que passaria por uma expansão em breve. Catriona reconhecera os mesmos padrões ondulados do cinturão de Gael nas espiras roxas que adornavam as paredes externas. Na porta haviam duas estátuas idênticas da deusa, trajando armaduras completas e erguendo seus manguais, prontas para a batalha. Uma aura de inspiração parecia emanar do local sagrado, como se a própria deusa os desafiasse a se tornarem uma versão melhor de si mesmos.
Absalon passeara seus olhos através das mercadorias disponíveis na barraca, parando-os sobre um kimono finamente trabalhado, portando o símbolo do deus dragão bordado com esmero em suas costas. Talvez considerando a ignorância do jovem como um sinal de que não conhecia muito de sua cultura, os anciões não se irritaram com o fato de ele ter referido-se ao símbolo sagrado como uma cobra. O humano sorriu mostrando quase todos os dentes e começou:
- É uma ótima escolha, garoto! - Ele puxou mais um trago do charuto antes de continuar. - Essa obra de arte foi bordada utilizando as melhores sedas de Tamu-ra! Apenas hoje pela quantia de 50 TO!
Absalon olhou para o tecido mais uma vez. Era realmente belo, além de conseguir disfarçá-lo melhor do que as roupas que utilizava no momento. O corvo apontou os outros materiais que o usurpador pedira, explicando minuciosamente sobre seu método de produção. Absalon ouviu-o até que de súbito reconheceu a cabeleira negra de Milena a distância. Ela não o vira ainda, já que do ângulo onde o usurpador se encontrava, permanecia oculto pelas pessoas que aglomeravam-se nas barracas próximas. Ele precisava ser rápido. O corvo ajeitou os óculos e observou-o por um instante, considerando sua pergunta. Tirando um velho pergaminho de debaixo das caixas atrás de si, ele colocou o estranho objeto sobre a mesa. O sorriso do humano morreu por um segundo, observando o colega intrigado.
- Nós encontramos isso no meio de nossas mercadorias algum dias atrás. - Começou ele, com um tom sério. - Não sabemos o que é ou de onde veio, só que parece emanar algum tipo de energia sombria. Algo... Profano. - O velho engoliu em seco, como se somente tocar no pergaminho o deixasse desconfortável. - Francamente não quero colocar um preço nisso. Só quero que desapareça. Mas sou obrigado a lhe dizer algo. - Ele parou por alguns instantes, olhando para os dois lados antes de continuar. - Algo sobre esse pergaminho não agrada aos deuses. Se resolver levá-lo recomendo muito cuidado.
Tecido Roxo: 10 TO
Tinta: 8 TO