A Era de Prata [Concluída]

[Aldenor]

Aldred seguiu o restante do grupo com passos firmes, olhos na porta da sala de destino. Viu que o esqueleto andava ao lado do homem da cara costurada e pensou que Farrapo tinha todo direito de também estar ali, embora fosse muito grande para caber em uma das salas. Enquanto andavam pelo gramado, Aldred notou a grande fila de aventureiros menos experientes formada para Theodorimm. Um dia ele fora tão inexperiente quanto aqueles homens e mulheres, mas não estava aqui pedindo para entrar neste grupo. Estava na estrada, vivia mais nos ermos que em cidades, era mais selvagem que civilizado.

Agora passava longos dias acomodado na sede do Protetorado, fazendo pequenas cavalgadas pela cidade de Valkaria, sempre se surpreendendo com seu tamanho e com suas histórias. Therese não era nativa do reino, mas morava há tanto tempo que podia se passar por uma e gostava de lhe mostrar as coisas. Havia visitado muitos parques, praças e também lugares mais sofisticados, onde teve que se "fantasiar" com roupas caras.

Eram todas experiências satisfatória, claro. A saudade dos ermos, entretanto, permanecia como um pano de fundo.

O tamuraniano do Círculo chamou Shao-Jun para umas palavrinhas e Aldred logo sacou que se tratava de pai e filha. Fez uma careta pensando negativamente no que aquilo implicaria... sentou-se na cadeira quando a autoproclamada ladina voltou. O sprite (não sabia que existiam exemplares masculinos dessa raça) apresentou-se formalmente como um soldado. Aldred gostava disso. Foi seguido pela mesma formalidade de Jun.

Aldred

Eu sou um caçador dos ermos. Farrapo me ajuda no rastreio e luto com minhas machadinhas.

Completou, sucinto. Achou tolice mencionar "traços de personalidade". Aldred não era muito de falar, mantinha seus comentários para si e isso já era traço de personalidade o suficiente para os demais.

Entretanto, suas expressões o denunciavam. Quando "Gousti" falou da mágica relacionada a comunicação mental, pensou nos pesadelos que teria ao ouvir alguém como Domenique falando em sua mente. Fez uma careta, não apenas por isso, mas também porque este tipo de feitiço não era desconhecido a ele. Therese o mostrara, várias vezes, como a magia podia afetar a mente. Era algo perigosa, podia enveredar para uma dominação mental. Gousti era uma... um sprite, e se fosse fazer jus às sprites que ouviu falar, sabia mexer com magia de maneira natural. Porém, não havia razão para desconfiar dele, uma vez que era membro do Protetorado do Reino e este grupo mantinha um bom controle sobre o caráter de quem ali estava.

Por fim, o médico decidiu falar e, junto de seu esqueleto, apresentaram frascos com líquidos coloridos e pílulas estranhas. Queria que todos tomassem, alegando serem vitaminas. Aldred analisou calmamente o líquido oferecido a ele, a pílula.

Aldred

...

Indecisão. Olhou para os demais com cara de poucos amigos.

[Padre Judas]

Shao Jun não entendia muito bem o que o “médico” queria dizer com “che-cop”, mas sabia que Medicina era um tipo de magia desenvolvida em Salistick que permitia curar sem ajuda divina – ou pelo menos era o que se comentava. Médicos quase sempre eram nobres que podiam estudar no Colégio Real daquele país.

Ouviu o homem mal encarado falar sobre quem era. Muito rústico e bruto, pelo visto. Mas com certeza ele era bem melhor em um meio rural do que ela, habituada a lidar com palácios e fortalezas. Seria útil.

Ela vê ele pegar o medicamento e olhar com suspeita. Então faz um comentário geral, sem direcionar a ninguém em específico.

Shao Jun

- O Protetorado do Reino é uma organização respeitável e responsável com a honrosa função de zelar pelo bem comum do Reinado. Cada um de seus membros é digno da confiança de todos os demais – somos todos companheiros lutando por uma causa justa. Se não formos capazes de confiarmos uns nos outros e trabalharmos juntos, nós já fracassamos. Tomem as... vitaminas. Não me parece muito diferente das poções a que estamos acostumados.

Usou as beberagens – bem, era melhor pensar como poções – para ajudar a engolir os comprimidos. Deixava um gosto estranho na boca e ela pegou seu cantil – que como de praxe já estava carregado – e deu uma boa golada.

Shao Jun

- Alguém quer. É água pura que peguei na bica lá de casa.

Ofereceu o cantil aos demais.

[John Lessard]

Domenique seguia os demais com passos vagarosos, olhar distraído, semblante calmo. Talvez por isso ficava por último. Adentrou com os demais, sem dar muita importância para a rápida saída de Shao Jun para falar com um homem, que ao ver do mago, era da mesma etnia. Sentou-se devagar e ficou fitando a mesa, desenhando um círculo invisível, até que os demais começaram a falar. A sprite disse algo sobre falar sobre si mesmo, Domenique achava prudente cada um falar sobre suas habilidades, embora achasse desnecessário falar sobre personalidade.

- Ah, vejamos, sou Domenique, mas podem me chamar de Duck... Eu sou um mago, manipulador das altes alcanas, mas pala ser mais exato, um abjulador, um especialista em magias de ploteções das mais valiadas folmas... Tenho magias ofensivas também, clalo.

Suspirou então, parecendo cansado ou desanimado. Olhou timidamente para João, pegando um dos frascos e analisando de perto.

- Selia vitamina C? Tenho muitas clises de glipe.

[Astirax]

Os demais membros do grupo se apresentam e dizem suas capacidades, enquanto o "médico" separava pílulas e líquidos que ele chamou de "vitaminas". Não devia ser muito diferente dos tratamentos com ervas e cogumelos da Floresta Encantada.

Eilistemmi "Gousti"

Agradecido senhor João, aprecio muito quando alguém tem o trabalho de fazer algo apropriado ao meu tamanho, irei toma-las.

Como era o esperado, tinha o gosto ruim, seres terrestres quando em dor e agonia se contercem e vão ao chão, já seres alados como sprites podem ter os mais variados espasmos, nesse caso Gpusti subiu rapidamente para o teto, quase batendo.

Eilistemmi "Gousti"

Tem gosto parecido com "catu abar" com "penin selina" , duas das coisas mais terriveis em gosto da minha terra, mas boas para saúde.

Aceitou um gole de água pura ofericdo por Shao-Jun. E então se lembrou que Duck queria discutir um plano

Eilistemmi "Gousti"

Então Duck, qual o plano que voce queria propor?

[Aldenor]

Aldred ouviu as palavras de Jun e pensou que ela sabia dizer exatamente o que era preciso. Tinha, de fato, um bom tino para liderança. Ainda contrariado, mas pelo menos mais convencido, o ginete engoliu a pílula no seco, sentindo uma coceirinha na garganta. Depois, bebeu a infusão de João enquanto mirava em seus olhos amendoados característicos de sua herança élfica. Era difícil ignorar aquelas costuras em sua cara.

Com um gesto e um simples meneio negativo com a cabeça, Aldred recusou a água oferecida por Jun da bica de sua casa. Afinal, o que havia de errado com o jarro de água disposto ali na mesa? A água do Protetorado era ruim? O ginete ergueu a sobrancelha pensando que já bebera tantas vezes dessa água e a achava tão límpida, tão diferente do aspecto barroso e sujo da água que era acostumado a tomar quando era um aventureiro errante...

Aldred viu como o sprite voou alto enquanto Duck "falava" sobre suas habilidades. Não entendeu quase nada, mas isso não importava. Magos eram todos iguais.

Aldred

...

Observou os novos colegas e aguardou que o mago se expressasse. Com sorte, alguém comentaria o que ele falara e deixaria suas palavras mais claras.

[John Lessard]

Duck coçou a barba.

- Plano? Eu disse algo soble plano?

Ele levou alguns segundos pensando.

- Bem, imagino que como nossa líder, Shao Jun possa pensar numa estlatégia pala nos beneficiar... Eu me dou muito bem na retagualda.

[Padre Judas]

- Bem, imagino que como nossa líder, Shao Jun possa pensar numa estlatégia pala nos beneficiar... Eu me dou muito bem na retagualda.

Shao Jun

- Não temos informações suficientes para termos um plano. Sabemos apenas que a filha de Darvos Ullott tem um problema. Lorde Grevan sugeriu que poderia ser uma doença, mas mesmo ele não tem certeza. Primeiro iremos até Villent onde encontraremos Mestre Ullott e sua filha e veremos qual a real situação. Depois pensaremos no que fazer.

- Mais importante no momento é conhecermos melhor as reais capacidades uns dos outros de modo a podermos usar isto do melhor modo possível. Temos um abjurador – ou seja, um mago especializado em proteção. Também temos um médico o que será útil caso algum de nós seja ferido. Um mateiro e um arqueiro. E uma infiltradora. Acho que temos uma boa descrição deste grupo. Vamos ajeitar isso ao longo da tarefa. Posso supor que Aldred possui boas habilidades combativas também e eu mesmo não sou ruim. Diga-me, Aldred: quão bom em combate direto você é? Gousti pode cuidar do combate à distância – ele voa e consegue se manter longe do perigo enquanto ataca, o que deixa nós dois na linha de frente. Pessoalmente prefiro atacar pelas costas, aproveitando-me da distração do oponente. Como você luta?

- E o senhor... doutor, não é? O seu esqueleto luta? Lorde Grevan é um paladino de Khalmyr, possui restrições à Necromancia, mas eu acho que devemos usar tudo que tivermos à mão. Ter um morto-vivo engajando contra o inimigo pode nos dar uma grande vantagem, inclusive psicológica.

- Duck, caso entremos em combate eu gostaria que você focasse em nos proteger primeiro e depois usar magias de ataque, se for possível. Acho que estamos bem em termos ofensivos, mas em uma briga vence quem fica de pé no final.

- Mais alguma coisa? É melhor falarmos tudo agora para não termos nenhuma confusão mais tarde – falta de trabalho em equipe em campo pode ser a diferença entre a vitória e a derrota.

[Aldenor]

Aldred estreitou os olhos para encarar a "líder".

Aldred

Eu sei me virar, se é isso que perguntas. Luto montado em Farrapo com minhas machadinhas, gosto de espaços abertos. Mas dou conta a pé também. Eu e ele faremos a linha de frente, não te preocupas. Pode atacar... "pelas costas".

O ginete achava aquele modo de lutar muito sujo, mas não comentaria isso agora. Depois de responder, ouviu o restante da palestra organizacional de Jun falando sobre os outros. Quanto mais ela falava, menos ele gostava. Ela estava disposta a usar qualquer recurso para conseguir a vitória, o que não seria problemático se Aldred já não tivesse experiência com gente desse tipo. Meios tortuosos que são justificáveis para um fim. Ao final de sua explanação, Aldred comentou sisudo.

Aldred

Vou passar a limpo para não vos deixar surpresos depois. Tenho alguns princípios que pra mim são mais importantes que cumprir missões. Não participarei de nenhum "esquema", não matarei ninguém rendido, não roubarei ninguém. Não gosto de mentiras, enganações ou desilusões. Sou direto. Identifico a caça, eu caço. Mas eu tenho meus próprios parâmetros para decidir isso. Cada um tem sua consciência, não vou julgar ninguém, mas não contem comigo para certas coisas.

[Padre Judas]

Aldred

Eu sei me virar, se é isso que perguntas. Luto montado em Farrapo com minhas machadinhas, gosto de espaços abertos. Mas dou conta a pé também. Eu e ele faremos a linha de frente, não te preocupas. Pode atacar... "pelas costas".

Jun ergue o polegar direito em resposta.

Aldred

Vou passar a limpo para não vos deixar surpresos depois. Tenho alguns princípios que pra mim são mais importantes que cumprir missões. Não participarei de nenhum "esquema", não matarei ninguém rendido, não roubarei ninguém. Não gosto de mentiras, enganações ou desilusões. Sou direto. Identifico a caça, eu caço. Mas eu tenho meus próprios parâmetros para decidir isso. Cada um tem sua consciência, não vou julgar ninguém, mas não contem comigo para certas coisas.

A tamuraniana sorri e apoia o queixo na mão.

Shao Jun

- Anotado. O mundo precisa de pessoas como você.

Recosta-se na cadeira, deixando os braços nos descansos delas.

Shao Jun

- Assim como também precisa de pessoas como eu. Não se preocupe, não o envolverei em atos que tenha como desagradáveis.

- Mais alguém aqui possui restrições éticas de alguma natureza? De minha parte, não faço nada que vá contra os interesses do Reinado, mas também não envolvo inocentes. Ou pelo menos tento não envolver.

[RoenMidnight]

Ficava satisfeito ao ver que todos de uma maneira ou de outra acolhiam seus cuidados. Como uma forma de mostrar certa boa vontade, tomou sua própria dosagem medida de forma diferente das demais por ser familiar com sua própria fisiologia. Com os dedos cruzados e cotovelos pousados na mesa, mantinha-se atento ao que os outros diziam sobre suas próprias capacidades, particularmente odiava aquele tipo de conversa apesar de entender sua necessidade na organização e na boa movimentação do grupo em campo.

Diante da questão sobre como lutava João respondeu calmo e de maneira polida.

João

Particularmente não sou do tipo que pega em armas diretamente, mas sei me defender relativamente bem caso seja necessário e anos de cuidado me tornaram relativamente saudável acima da média, pelo o que pude notar com relação aos relatórios e dados que colhi, claro. Me foco mais em deixar os outros vivos de pé e tirando o máximo de suas capacidades sejam por meios físicos, emocionais ou mentais.

Ela é minha assistente. De preferencia não desejo que ela adentre em combate direto, a função dela é ajudar em meu ofício. Assim como eu ela costura feridas e aplica unguentos. Se for necessário ela também é capaz de aplicar anestesia e deixar alguns inimigos molengas.

E então fez uma pausa. Pousou o queixo na mão e então concluiu, os olhos um pouco baixos pensando em suas próprias limitações morais.

João

Desde que não me obriguem a participar de seus ritos e demais crendices não vejo qualquer problema em adotar métodos mais escusos, a não ser que que estes claramente venham a atrapalhar a execução de meu trabalho.